─ 𝘗𝘳𝘰́𝘭𝘰𝘨𝘰 - ❝Você vai fazer isso.❞ ϟ


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PRÓLOGO - Você vai fazer isso.

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αδικία. αδικία. αδικία. αδικία.

A infância é o começo de tudo. Começo das emoções, das experiências e, principalmente, das memórias. Essa é a época da vida em que inicia-se a compreensão sobre tudo o que está ao redor.

Quando saímos dessa fase, sentimos saudade até mesmo da menor das coisas - como se sujar de areia, enquanto brinca em algum parquinho -, e, por isso, ela deve ser o momento mais bem aproveitado de toda a sua existência. A final, ela dura pouquíssimo tempo e, mesmo assim, será lembrada para sempre.

Com isso em mente, é injustiça.

Injustiça que, com apenas 10 anos - completados no dia anterior -, Astrid, encontrava-se perdida em um labirinto com seus medos e pesadelos. Enquanto outras crianças estavam dormindo plenamente nessa madrugada.

Injustiça que, quando a manhã seguinte chegar, e todas as mães estiverem acordando os próprios filhos, uma delas se encontrará em prantos, vendo sua filha morta em seu quarto.

Sim, Astrid, era nova, mas ela não tinha medo da morte. Ela sabia que a merecia.

Era que nem aquela moça tinha a dito, não? Ela era uma má menina, machucava a sua mãe e a moça também.

Céus, Astrid, deveria morrer. Porque ela era um monstro, um monstro que machucou uma mulher que nem conhecia.

A senhora havia a contado que o pai dela era um homem muito bom, mas se afastou por culpa dela, porque ela era um erro, um lixo que não deveria ter nascido. Então, isso significava que se ela morresse tudo ficaria mais fácil e melhor, não era? Talvez assim, sua mãe possa finalmente ser feliz, já que a mulher não teria que aguentar o fardo que a garotinha era. Pensando dessa maneira, Astrid até ficava feliz da morte ter vindo atender seus pedidos, porque pelos deuses, como aquela menininha desejava morrer. Era o que ela mais queria, pelo bem de todos.

Por isso que, mesmo quando seus batimentos se encontravam extremamente acelerados, sua respiração presa na garganta e suas mãos tremendo com o suor frio que seu corpo emitia. Ela estava bem. Bem e feliz. Graças aos deuses, a morte havia ido buscá-la.

Ouvindo o rastejar daquela pele escamosa no chão do seu quarto, seu coração pequeno e frágil começou a bater em descompasso.

Está tudo bem, você merece isso. ❞ Dizia para si mesma, tentando enganar-se do pavor que encontrava dentro de si.

Sim, Astrid, tinha mentido outra vez. Não tinha medo de morrer? Que besteira. Só crianças fortes e corajosas não tinham medo de morrer, e ela, claramente, não era uma delas.

A garota queria gritar, chamar sua mãe, para que ela matasse a enorme cobra que estava ali presente. Mas ela não podia. Não podia envolver a mãe dela nisso. Não podia ser uma má menina de novo.

Seus soluços silenciosos ecoavam na sua mente, um lamento abafado pela opressão de seus próprios receios. Enquanto seu coração, desesperado, se contraía a cada barulho que surgia na escuridão.

Não, a pequena não iria chamar sua mãe. Porque não era ela quem deveria morrer. Mesmo sabendo disso, buscava refúgio em um abraço que nunca vinha, em lágrimas que secavam antes de caírem.

Pai... Por favor, pelo menos, faça isso não doer, eu juro que estou tentando ser boa para o senhor... Então, eu te imploro, por favor, me ajude.

Ela não conseguia, seus soluços ficavam cada vez mais altos, mesmo que tentassem segurar, era mais forte. Seus músculos tensos e estáticos na cama, presa em sua própria escuridão, trancafiada com um pavor sem fim.

Seu pai parecia não conseguir ouvi-la, o que Astrid já esperava. A moça tinha dito que ele só ouvia heróis corajosos, e isso era tudo que a menina não era. Mesmo assim, tentou mais uma vez, só que nessa, ela tentara usar os resquícios da sua voz.

─ P-Pai... ─ iniciou sua sentença de maneira tão baixa, que nem ela própria se escutava. ─ Pai, eu sei que... não sou uma heroína... ─ Um soluço alto cortou sua fala, a fazendo prender a respiração rapidamente. O deslizar da cobra parecia ainda mais alto agora, como se ela estivesse muito mais perto do que no momento anterior. Como se ela tivesse achado sua próxima presa. E ela tinha, a garotinha sabia que ela tinha, por isso se apressou. ─ Muito menos corajosa... mas por favor, eu imploro ao senhor, deus dos céus, raios, trovões... Rei dos deuses... Por favor pai, deixe que sua filha morra de forma rápida... E faz não doer tanto... Não quero gritar, a mamãe tem que dormir bem... Por favor, pai, eu imploro a ti.

Como se respondesse a um chamado oculto, a serpente se ergueu. E com a luz da noite emitida da janela, Astrid a enxergou pela primeira e última vez. Sem tirar o olhar do que ela imaginou que fosse os olhos da cobra, sentou-se na cama.

─ Vá em frente, eu sei que mereç ─ Antes que a afirmação escapasse por completo da boca da garota, a porta do seu quarto abriu, com uma força estrondosa.

─ ASTRID!

NÃO. NÃO. NÃO.

Sem pensar duas vezes, a menina gritou para a mãe deixar seu quarto. Mas vendo a situação diante dela, ela jamais faria isso.

Antes que qualquer uma pudesse dizer ou fazer alguma coisa, a cobra avançou. Astrid sentiu os dentes fisgarem em sua perna, sentindo a dor absurda, pela qual não esperava.

Seu pai não havia atendido o seu pedido. Nem quando ela encontrava-se em seu leito de morte ele a escutou. O quão inútil a garota era para ele, se nem assim ele a ouvia.

Seus olhos lacrimejavam, sua testa estava franzida e sua boca estava sangrando pela forte mordida que dava. Até que a dor diminuiu. Acabou? Então, era isso? Assim que era morrer?

Quando ela abriu os olhos, esperava encontrar fogo, escuridão, um castelo de sombras, ou qualquer coisa que remetia ao submundo. Porém a visão dela foi muito pior.

Sua mãe havia retirado, na força, a píton de cima dela, e estava no chão, lutando contra uma cobra mitológica gigantesca.

Não teve tempo, apenas estendeu a mão e esperou que algo acontecesse. Droga, ela era uma semideusa, deveria ter poderes, deveria ser uma heroína, igual Perseus foi.

Mas Astrid não era, e jamais seria, Perseu. Ela era apenas Astrid, o monstro inútil.

E, por isso, nada aconteceu.

Viu, bem em sua frente, sua mãe desaparecer.

Ela sumiu como pó, se foi como cinzas.

A única pessoa que um dia já a amara, tinha falecido, bem diante de seus olhos, e ela não fez nada. Nem uma mísera coisa.

Estava estagnada, não ligava se a cobra a atacasse. Estava, completamente, parada, olhando para o lugar onde a alguns segundos atrás havia uma mãe. Uma mãe desesperada para manter um lixo como ela viva.

Uma mulher... Não! Uma heroína corajosa, que mesmo assim não foi salva, nem por ela, nem por nenhum daqueles deuses de merda.

Então, Astrid, naquele momento estava pouco se fudendo, se aquela serpente queria matá-la.

Assim, fechou seus olhos e fez uma última oração, com uma voz quebrada e fraca.

─ Zeus... Eu espero que você se foda.

...

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...

Estava esperando um ataque que nunca veio. Quando abriu os olhos novamente, a cobra estava morta, com diversas flechas presas em seu corpo. E havia uma figura encapuzada em frente a sua janela.

Esse ser, que até então não saberia dizer se era um humano ou não, caminhou até a sua direção, e abaixou-se até ficar da sua altura. Agora, Astrid podia ver com clareza, a imagem de uma linda mulher. Os cabelos longos presos em duas tranças negras, a pele pálida que a lembrava da Lua, os olhos negros brilhantes como estrelas e um leve sorriso que tentava transmitir calma e compreensão. Ela se inclinou, até que seus braços estivessem ao redor da figura pequena da garotinha e então a apertou com o máximo de força que podia usar, sem machucá-la, ainda mais.

─ Ele vai, eu te prometo, irmãzinha. Você vai fazer isso.

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Avisos da autora:

ϟ 001. Me desculpam? <333 Eai amores o que acharam do prólogo??? Fiz ele para começar a apresentar a Astrid para vocês e também para mostrar que, as ações e emoções dela, por mais duvidosas que sejam, elas SÃO JUSTIFICÁVEIS. Basicamente, só estou preparando vcs para o pior.

ϟ 002. Já deixo de aviso que sexta-feira inicia-se o tão esperado Ato 1, e no domingo será lançado o PRIMEIRO CAPÍTULO, ansiosos? Pq eu estou e muito kkkkkkkkk

ϟ 003. Espero que vocês tenham gostado do prólogo meus amores, mesmo ele sendo um tiquinhoooo triste. Comentem e cliquem na estrelinha, se possível, obrigada pela atenção e carinho benss <33

ϟ 004. Uma última perguntinha para vocês, esse é só uma escrita introdutória, ou seja, está bem resumida com apenas mil e poucas palavras. Quantas palavras, mais ou menos, vocês gostam de ler por capítulo? (Não prometo seguir uma quantia exata, mas só para eu ter uma noção de até onde eu posso ir)

ϟ 005. Frase/Spoiler do dia: O mais triste sobre as traições, é que elas nunca surgem de um inimigo.

© paracossmo

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