⤷ 𝘊𝘢𝘱𝘪𝘵𝘶𝘭𝘰 𝑽𝑰𝑰 - ❝Dedicada a me tornar uma heroína, igual a ele.❞ ϟ
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Você sabe como é estar duas horas consecutivas tentando dormir, mas mal conseguir cochilar?
Bem... É, exatamente, isso que Percy Jackson está passando.
Pensava que enfrentar os monstros fosse uma tarefa complicada, porém capotar em um sono profundo, parecia ser a sua maior dificuldade possível, no momento.
Seus olhos estavam fixos no teto, recheados por frustração e exaustão.
Só queria poder fechá-los e dormir, mas era algo impossível.
O corpo, tenso e inquieto, parecia resistir aos chamados do cansaço. Se revirando de um lado para o outro, em busca de um conforto, incontrolável, porém, cada movimento que fazia, parecia piorar sua agonia, o tornando cada vez mais afobado.
Deveria ser uma maldição, uma pessoa possuir insônia e TDAH dentro de si.
Pois, todas as vezes em que acreditava estar perto de, finalmente, dormir, seu cérebro entrava num modo hiperativo, e o lembrava do quão desconfortável era dormir em um sofá.
Percy, gostaria de voltar no tempo e pedir para Medusa, comprar sofás melhores, assim, ele poderia estar, pelo menos, um pouco confortável.
Desistindo de continuar na imensa agonia, em que se encontrava, sentou-se.
O ambiente estava escuro, quase zerado de iluminação.
O menino Jackson, só conseguia enxergar as coisas ao seu redor, pela luz que vinha da direção do quarto.
Onde Grover Underwood e Astrid LeClark dormiam.
Os lugares de soneca, foram escolhidos por ordem de idade – Ideia da filha de Atena, para tornar aquilo tudo "mais justo".
Levantou-se, com o objetivo de ir até a cozinha, buscar uma água.
Ao ficar em pé, pode notar melhor, o que estava em sua volta.
Como era o caso, de Annabeth Chase.
A garota negra parecia dormir, pacificamente, no sofá.
Naquele instante, Percy, a invejou.
Queria poder estar dormindo tão tranquilamente, quanto ela.
Com os cabelos, perfeitamente, distribuídos, ao lado de seu corpo. A face despreocupada, incomum no rosto da mesma.
O filho de Poseidon, perdeu alguns minutos, quando, finalmente, notou que estava a encarando cochilar.
Algo bem estranho. Parecia um perseguidor maluco, tipo...
Tipo ela, quando ele chegou no acampamento.
Afastou-se, tirando a garota de sua vista, e indo em direção ao seu objetivo inicial.
Tomar água.
Por mais que o cansaço estivesse dominando o seu ser, Percy, estava, surpreendentemente, tranquilo.
Irritado com o fato de não conseguir dormir? Sim, mas calmo, porque uma parte da missão fora cumprida.
Sentiu o vento gélido bater em sua pele, o criando arrepios.
Cada vez que chegava mais perto da cozinha, a iluminação aumentava, fazendo Jackson estranhar.
Grover ou Astrid estavam acordados a em plena madrugada?
Enfiou a cabeça na quina da porta, tentando observar quem estava lá dentro, sem ser pego.
Missão que ele falhou miseravelmente, quando Astrid anunciou a presença do mesmo.
— Dá próxima vez, se quiser que não percebam sua presença, não pise com a força de quarenta mamutes. Sério, você está andando igualzinho a Zangado. — a voz soava pacífica e um pouco feliz.
— Eu não ando igual a Clarisse! — Afirmou, sentindo-se ofendido com o que a garota havia o proferido.
— Não... — Ash o encarou, com um sorriso brincalhão em seu rosto. — Ela não é tão desengonçada.
Percy fez uma cara chocada, enquanto aproximava-se da filha de Zeus.
Iria responder o que a outra disse, quando viu o que ela estava fazendo.
LeClark estava sentada da mesa, enquanto segurava uma caneta de pena.
Parecia estar escrevendo algo.
Então, Percy, direcionou o seu olhar até a mesa, avistando um papel sobre ela.
O lembrava um daqueles pergaminhos antigos, principalmente, com as escritas presente nele.
O filho de Poseidon não conseguiu ler o que estava escrito, mas pode diferenciar a grafia, identificando que haviam duas pessoas escrevendo.
— Você está conversando com alguém? Como?
— O que está fazendo aqui? — Rebateu o confronto do garoto, com outra pergunta.
— Vim beber água, não consigo dormir. — Deu de ombros, enquanto proclamava sua fala, pelas ondulações da voz dele, Ash, percebeu que o mesmo, estava exausto. — Sua vez.
— Estou, não diretamente, mas estou. São pares divinos, é assim que funcionam. — Pelo jeito que ela falava, Percy, pode notar que era algo óbvio, como se ele já devesse saber o que "pares divinos" significavam.
— Eu deveria saber o que é isso?
— Se quer se comunicar em segredo, sim, deveria. — Um bufo cansado deixou a sua garganta, virando-se em direção ao mais novo. — É o seguinte... Pares divinos, são dois objetos que estão conectados, seja por sentimentos, almas, pensamentos...
— E por qual desses tipos o seu papel tá conectado?
— Hm... Boa pergunta, na verdade eu também não sei.
— Isso não é importante?
— Não, necessariamente.
— Por quê?
— Porque não, ué.
— "Porque não", não é uma resposta.
— Você quer mesmo estrar nessa discussão, de novo? — Perguntou ao garoto mais baixo, que agora a encarava com um pequeno sorriso divertido, esse que estava, sendo replicado nos lábios da mesma.
Um barulho interrompeu eles. Parecia papel, sendo raspado.
O olhar de Astrid, rapidamente, foi atraído em direção ao pergaminho em sua frente.
— O que Luke disse? — Assim que o questionamento fora pronunciado, os olhos de LeClark voltaram a face do menino Jackson novamente, com uma mistura de confusão e curiosidade.
— Quem disse que é Luke, com quem estou conversando?
— Você não me parece o tipo de pessoa que deixaria, qualquer um, entrar no seu chalé... Então, é ele, ou o garoto da festa. Acho que o nome dele é Liam, não lembro. Annabeth falou algo assim, mas eu não me importo, o Castellan é bem melhor, se eu posso opinar.
— Lee. — Corrigiu em meio a risada, ela não podia acreditar. Estava recebendo conselhos amorosos de um garoto de 12 anos? — E sim, estou falando com o Herói. — Falou, quando voltou a escrever com a caneta de pena. Molhava no tinteiro, e depois voltava com os barulhos irritantes de atrito, entre ela e o papel.
— Vocês parecem próximos... No início, pensei que se odiavam.
— É complicado.
— Tudo sobre você, parece complicado. — Afirmou Percy, enquanto soltava um bufo cansado.
— O que está querendo dizer com isso? — Sua atenção, voltou-se ao filho dos mares.
O garoto pareceu pensar bastante antes de dizer, algo muito incomum para ele.
Talvez o sono, o deixasse mais sensato que o normal, a filha de Zeus, não saberia dizer.
— Você, realmente, se jogaria na frente daquele bicho, por mim, de novo? — A indagação parecia vaga, como se não fosse, exatamente, aquilo que ele quisesse perguntar.
— Sim. Não só por você, por qualquer um... É isso que heróis fazem. — A afirmativa saiu antes que ela pudesse, se quer, pensar em uma resposta melhor.
Astrid sempre quis ser uma heroína.
Precisava daquilo, daquele sentimento.
Sentir que, depois de tanto tempo, conseguiu chegar em toda a sua glória.
— Entendi... — A resposta de Percy era pensativa. Acreditava no que ela dizia, mas não no que ela pensava. — Posso te fazer outra pergunta?
— Só prossiga, Peixinho.
— Você tem pesadelos?
O questionamento de Jackson a pegou desprevenida, estava pronta para responder quase todas perguntas.
Menos aquela. Não aquela.
LeClark sentiu seu corpo arrepiar, um ar gélido surgindo do nada, apenas para mostrá-la o quão afetava ela podia ficar, com apenas 3 palavras.
Percy, sentia-se da mesma maneira.
— Todos os semideuses tem, só é... Diferente, para cada um. — A voz estava mais baixa, lenta e triste, que o normal. Mas o filho de Poseidon, não conseguiu notar essa diferença.
— É por isso que você, também, não está conseguindo dormir?
Astrid, respirou fundo, e com um leve sorriso no rosto, olhou na direção do outro.
— Eu tive uma ideia... E se eu te contar uma história para dormir? — Jackson ficou confuso o suficiente para se perder, do assunto que estava sendo falado anteriormente.
— Tipo um conto de fadas? — Indagou, debochando da situação.
— Não, Alga Nova, uma história minha.
— Espera... SUA? — A voz de Percy soara mais alta que o normal, a fazendo o olhar, repreensivamente. — Quer dizer... Sua?
— Sim, você não disse que tudo sobre mim, parecia complicado? — Enquanto o questionava, voltou a escrever alguma mensagem no pergaminho, logo o enrolando e enfiando no bolso de sua jaqueta.
Levantou, caminhando em direção a porta, com o garoto a seguindo atrás.
Quando chegaram no sofá, Jackson deitou-se, e Astrid sentou-se em uma poltrona que havia por perto.
— E então, qual história você quer saber? — Indagou, olhando para a face do garoto.
O loiro pensava, calmamente, qual história gostaria de saber primeiro.
A final, havia diversas coisas que ele não fazia ideia sobre a garota.
Durante a guerra entre os vastos pensamentos que rodeavam sua mente, uma menina surgiu em seus pensamentos.
Annabeth Chase.
As duas pareciam próximas o suficiente, para a filha de Atena até chegar a ouvir a mais velha.
Determinado e decidido, Percy perguntou.
— Como você, Annabeth e Luke, se conheceram?
Astrid pareceu pensar um pouco antes de responder, como se fosse necessário revisitar uma memória de muitos anos atrás.
— Bem... Vai completar cinco anos, desde que eles chegaram no acampamento...
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Eu estava cansada.
Treinar com os filhos de Apolo, era uma tarefa difícil, até para mim.
Ser uma das monitoras do acampamento com apenas de 14 anos, é um feito que poucos conseguem.
Talvez seja por isso, que eu sempre estava tão orgulhosa com tudo em minha volta.
Lembro-me bem, que durante o treino, Adrian, o conselheiro de Hermes, me interromp...
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— Conselheiro de Hermes? O que houve...
— Você prefere perguntar ou ficar quieto e ouvir a história? — Astrid indagou, um pouco irritada por ter sido interrompida por uma pergunta tosca.
Não era esse o motivo, de fato, mas ela não admitiria isso.
— Como eu estava dizendo...
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Adrian, venho conversar comigo, sobre o aumento de monstros nas redondezas do acampamento.
— Ihhhh, parece que temos uma professora em ascensão por aqui. — Disse o filho de Hermes, enquanto bagunçava meus cabelos.
— Fica na sua, Ladrão, nem venha atrapalhar as minhas aulas, DE NOVO. — Cruzei meus braços, tentando passar a imagem de garota forte e emponderada.
Mesmo sabendo que Beauchamp, nunca me veria dessa maneira.
Para ele, eu sempre seria aquela garotinha muda que acabou de chegar no acampamento, e isso me irritava.
Já se passaram cinco anos, custava ele ver o quanto eu tinha amadurecido?
Pelo menos, na minha opinião, eu tinha melhorado muito.
Não era tão baixinha e nem usava trancinhas em meu cabelo.
Meu corpo já havia começado a criar algumas curvas. Mesmo que não se comparasse em nada, com as belas garotas de Afrodite.
— Se eu ficar na minha o que farei, então? Meu serviço é te perturbar, Trovoada. — O sorriso maroto parecia brilhar na face dele.
Ou talvez, fosse só os meus hormônios querendo mostrar o quão bonito Adrian era.
Eu não fui a única que mudei fisicamente, ele também tinha mudado.
Era bem mais alto que eu, com o corpo todo definido, o que fazia sentido, visto as diversas lutas que ele se metia.
Os cabelo castanhos, estavam maiores que o normal, caindo sobre os olhos de mesmo tom.
Sua face também havia amadurecido, não possuindo nem de sombra um menino.
Adrian Beauchamp, aos seus 17 anos, parecia um homem.
Tão lindo, e com um sorriso que brilhava em minha direção.
Não pude deixar de retribui-lo, era automático.
Já tinha me acostumada a dar sorrisos, mesmo que não quisesse.
Isso foi algo que ele me ensinou.
— Trovoada? Você tá me ouvindo? — Senti meu corpo ser movimentado em um chocalho, para frente e depois para trás.
— Perdão, me perdi encarando sua cara feia. — Ele riu em resposta, sempre ria.
Adrian era quase como um bobo da corte, sempre rindo e me divertindo das tragédias.
Era ele quem deixava tudo mais leve.
— Brincadeiras a parte, vim te avisar que está aparecendo mais monstros que o comum hoje. Melhor tomar cuidado, não quero ver você ferida por aí. — Seus lábios se expandiram, exalando calma e proteção.
O moreno sempre soube o quão bem eu sei me defender, mas, mesmo assim, sempre ficava preocupado, caso eu me machucasse.
— Obrigada por avisar, digo o mesmo para você, não fique agindo de forma inconsequente.
Ele tinha essa mania, amava se jogar em frente aos monstros, arriscando sua vida para tudo e todos.
Achava um ato heroico, porém idiota.
No fim, nem todos mereciam sua maneira protetiva.
Eu era um exemplo disso.
— Não sei do que você está falando, Trovo...
Antes que ele pudesse dizer, qualquer coisa, uma chuva forte começou a cair.
Simplesmente, do nada, uma tempestade de raios, caia sobre nós.
Não fazia sentido, havia feito Sol o dia inteiro. Por que choveria, justamente, agora?
Respirei fundo tentando acalmar meu coração, que acelerou os batimentos, ao ouvir os trovões que caíam.
Minha perna começando a doer, por mais leve que fosse.
Em momentos como esse, podia sentir minha ansiedade atacando.
O suor frio escorrendo, os tremores em minhas mãos, e, principalmente, a constante falta de ar.
Foi nessa hora, em que senti meu corpo sendo abraçado.
Minha cabeça colocada no seu peito, ouvindo os constantes batuques.
Tum, tum... Tum, tum... Tum, tum...
Sempre achava impressionante, a forma como Adrian lidava com as situações, sempre tão calmo e... pacífico.
Minha mente ainda estava poluída pelos pensamentos que desabrochavam em sequência. Mas, de fundo, pude ouvir, quando o conselheiro de Hermes, ordenou que as crianças buscassem por seu conselheiro, Michael Yew.
— Vai ficar tudo bem... Vai ficar tudo bem... — Uma de suas mãos afagava minhas costas, transmitindo um conforto indescritível, enquanto a outra, tirava, delicadamente, os fios de cabelo molhados, da minha face.
Quando meu coração pareceu se estabilizar, me afastei dele.
Sabendo o que eu deveria fazer.
Estava dedicada a seguir seus passos.
Dedicada a me tornar uma heroína, igual a ele.
— Precisamos ajudar o acampamento. — Minha voz estava recheada por determinação, eu podia sentir isso.
Não sabia usar as ondulações dela muito bem ainda, mas esperava passar a mensagem certa.
E descobri, que meu objetivo foi cumprido, quando recebi um olhar orgulhoso, vindo do mais velho.
Corremos, juntos, em direção a parte da floresta.
Já esperando que os monstros apareceriam por lá.
Não estávamos somente nós dois, os outros conselheiros também haviam se juntado.
Ou seja, éramos sete contra o que quer que seja, que desencadeou a raiva dos deuses.
Independente do que fosse, senti-me um pouco animada.
Fiquei cinco anos treinando e enfrentando monstros, mas nada muito surpreendente.
Nunca fui enviada para uma missão, ou qualquer coisa do tipo.
O Olimpo não confiava em mim, muito menos nas minhas habilidades, isso era óbvio.
Peguei a espada em minha cintura, tentando concentrar-me o suficiente para incendiá-la com raios.
Era uma tarefa difícil, mas já havia conseguido algumas vezes.
Respirei fundo, acalmando todo o meu ser.
O farfalhar das folhas, juntamente ao constante barulhos de passos, me relaxou.
Assim, quando abri os olhos, minha espada de cobre, estava coberta por raios.
Uma iluminação azul brilhante irradiava por toda ela, iluminando até mesmo, o ambiente ao redor.
Permitindo que visualizassemos melhor, a floresta em nossa frente.
Consegui ouvir uns sussurros impressionados e até mesmo uma vozinha reclamona me chamando de "exibida".
Tinha certeza que a última tinha sido de Clarisse La Rue, uma das poucas filhas de Ares.
A enviei um sorriso debochado, zombando de sua cara.
Mas antes que ela pudesse dizer algo para rebater, um grito cortou a floresta.
"THALIA."
Era isso que ele dizia, um nome.
Todos preparamos nossas armas.
Segurei, firmemente, minha espada, tentando ter certeza, que conseguiria a utilizar, caso fosse necessário.
Os barulhos da floresta, agora eram imparáveis, estrondosos. A movimentação estranha, como se tivesse pessoas ali, se mexendo em constância.
Meu olhar foi em direção aos outros, ao meu redor.
Pareciam estar concentrados na mata, com faces determinadas.
Queriam se provar, mostrar do que eram capazes.
E eu sentia o mesmo.
Não queria, precisava.
Precisava mostrar aos deuses o quão boa eu poderia ser.
Precisava mostrar a Zeus, que eu poderia ser uma boa herdeira.
Voltei meu foco visual em direção as árvores, no exato momento em que duas crianças surgiram delas.
Elas pareciam correr, infinitamente, sem destino, sem propósito.
O garoto, claramente, mais velho, puxava uma pequena menina pelo braço. Enquanto tentava visualizar se tinha algo atrás deles.
Vi alguns dos monitores ao meu redor, largarem as armas, indo em direção a eles.
Continuei armada, a final, existiam monstros metamorfos, não seria algo inovador ou surpreendente.
— Não se aproximem! — Gritei, ordenando que os conselheiros se mantenham onde estavam. — Eles podem ser...
Fui interrompida por outro grito, que eu descobri que saia da pequena garota.
— THALIAAA... — A olhando melhor, pude notar seus olhos começando a ficar vermelhos, lágrimas escorrendo por toda sua bochecha.
O garoto mais alto inclinou-se ao lado dela, a abraçando.
— Acalme-se Annie, vai ficar tudo bem, eu prometo. — Não podia ouvir com certeza o que havia dito, mas a voz do menino era confortável, podia sentir isso, facilmente, pelas suas ondulações.
Aquilo, era impossível...
Sempre tive dificuldade em lê-las. Então, por que, na voz dele, parecia tão fácil?
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Astrid voltou seu olhar em direção a Percy, vendo que ele esteve quieto, fazia muito tempo. Algo, extremamente, raro, para uma das marias tagarelas.
Quando aproximou-se de seu rosto, pode notar os olhos fechados, e a respiração calma.
Ele havia conseguido dormir, finalmente, estava em paz
Pelo menos, por um tempo.
Olhou ao redor, em busca do conforto que sentiu ao contar a história, mas não recebera nada.
Apenas uma forte dor em suas mãos.
As encarou, tentando fazê-las parar com a força do pensamento.
Algo tosco, que, obviamente, não daria certo.
Soltou um riso frouxo, cínico, com pena de si própria.
De fato, merecia isso, ela sabia.
LeClark levantou-se, caminhando até a cozinha, com muito cuidado, para não acordar nenhum dos ali presentes.
Precisava terminar a conversa que tinha começado.
Quando chegou, sentou-se, novamente, na cadeira, tirando o pergaminho da jaqueta e o posicionando ao lado do tinteiro.
Leu as últimas mensagens, tentando recapitular do lugar em que haviam parado.
"Volta logo, se não, vou ficar com saudades."
Um sorriso surgiu em sua face, antes mesmo que ela percebesse.
Notou o aumento na dor em suas mãos, ao ler o que estava escrito.
Sentiu, então, o coração acelerar, e a barriga rodopiar, como se houvesse borboletas dentro de si
Parecia que ela conseguia ouvir Luke a dizendo aquilo, talvez essa fosse a "pior parte".
Mergulhou a ponta da caneta de pena no repositor de tinta, e com a melhor grafia que podia, escreveu de volta no pergaminho.
"Ainda está aí?"
Quase, imediatamente, uma escrita engarranchada chegou em resposta.
"Demorou. Conseguiu colocar nossa criança para dormir? Kkkkkkkkkk"
"Consegui sim, ele dormiu mais rápido do que eu pensava. Sabe qual história eu contei para ele?"
"Cinderela e os sete anões?"
Assim que terminou de ler, Astrid caiu em uma crise de risos imparável, a gargalhada genuína saia de dentro de si.
Teve que tampar a boca para não fazer barulho e acabar acordando os outros.
"Seu idiota, é Branca de Neve e os sete anões."
"Realmente, o SEU idiota."
O comentário só aprofundou o sentimento.
Estava acostumada com as piadas e provocações de Castellan, mas tê-lo flertando abertamente consigo, era outra situação.
"Volte a falar sobre os quadrinhos, Herói."
"Se você tá implorando desse jeito..."
Não havia dormido.
Simplesmente.
Astrid, não havia dormido durante a noite inteira.
E isso deveria estar a matando, mas não estava.
Ser uma semideusa, filha de Zeus, a dava um enorme privilégio.
Sua altíssima resistência física.
Isso a permitia evitar boa parte dos pesadelos, mantendo-se acordada pela maior quantidade de dias possíveis.
Era algo cujo já estava acostumada, fazia parte de sua rotina.
Não dormir, ou cochilar por uma ou duas horas, já bastava para si.
Por mais improvável que pareça, o sentimento de exaustão, após sua resistência atingir o máximo.
A tornava humana.
A mantinha em pé.
A mostrava que, no fim, mesmo com todo seu orgulho, teimosia, soberba... Ainda era mortal.
Respirou fundo, sentindo o aroma de café atingir seu olfato.
O cheiro delicioso, tranquilizava seu ser, deixando-a sem sono, no momento, que o líquido escuro, tocou seus lábios.
— Eu sempre fico em choque, com o quão cedo você acorda... — Comentou Annabeth, em um tom, extremamente, sonolento.
Ao olhar para Chase, Astrid encontrou a menina com as tranças presas em marias chiquinhas.
Seu rosto estava inchado e avermelhadoe, levemente, amassado pela estampa do sofá.
Os olhos entreabertos, mostrando o estado de sono, da mais jovem.
— Ser a única de seu chalé, te força a fazer isso. — Respondeu a mais velha, agora se preocupando com os pães na torradeira.
Algo útil de terem dormido na "lanchonete" de Medusa, era a boa quantidade de comida ali.
— O cheiro está muito bom, o que você tá fazendo? — Disse, enfiando o rosto ao topo do ombro da mais velha.
— Café, pães, ovos e frutas. — Apontou para cada item que falava.
— Como é bom poder comer comida de verdade. — Sua voz saíra de sonolenta para faminta. Annie, pegava cada uma das comidas e colocava sobre o prato. — Você viu o que Grover encontrou?
— Está falando sobre aquela bolota rosa? — Uma pequena risada saiu de seus lábios.
— Não fale assim do meu poodle! — Replicou a garota Chase, em uma falsa imitação de Grover.
— Ha ha ha, muito engraçadas vocês duas. — Disse o sátiro, expressando todo o seu sarcasmo ao entrar na cozinha.
Underwood, havia acabado de entrar no ambiente. Seu cabelo estava, completamente, bagunçado, e ele segurava o cachorro cor de rosa nos braços.
— Sério, Bambi, de onde você tirou esse mini pedaço de Barbie? — Indagou Astrid, retirando os últimos pães da torradeira, enquanto ria da delicadeza que o meio bode segurava o cãozinho.
— Ela tem um nome, ok, Nuvenzinha? — Sua voz soava como uam repreensão, mostrando que ela não deveria usar esses apelidos com o animal canino. — Gladiola.
A xícara de café que estava nos lábios da filha de Zeus, se afastaram em um gesto impulsivo.
Quando ela começou a gargalhar em disparada, cuspindo o líquido que estava dentro de sua boca.
— GLADIOLA? — Repetir o nome, só a fez rir ainda mais. Annabeth, logo se juntando a sequência de risos.
O cachorro começou a rosnar para ambas, por estarem zombando de seu belo nome.
"Criaturas humanas imprestáveis."
Foi o que Grover entendeu do pensamento da cadela.
Percy apareceu na cozinha, após o grito de LeClark.
— Por que vocês estão gritando em plena manhã? Quanto tempo estive dormindo?
— O suficiente para Ash, fazer o café da manhã. — Respondeu Annabeth, para o filho de Poseidon, oferecendo um prato para o mesmo.
— Não se esqueça do mais importante Geniazinha, tempo suficiente para Bambi encontrar um novo amigo. — Afirmou, ainda entre risinhos
O menino Jackson, parecia ter dificuldades em encontrar qualquer coisa que tivesse a, pelo menos, um metro de distância.
Quando, enfim, achou o sátiro, o viu sentado em uma das cadeiras, comendo a torrada com ovo. Tudo normal, até observar o poodle rosa, em seu colo.
O cachorro voltou a latir, expressando sua desconfiança para os três semideuses.
— Ele parece não gostar muito, da gente... — Annabeth, comentou, afastando sua cadeira para longe do animal.
— Exato, não sei porque essa Barbie Pulguenta, não vai com a nossa cara. — Disse, dando de ombros para o assunto.
— Ela entende o que vocês estão falando, sabe? É óbvio que está os odiando. — Afirmou exasperado, a cadela começou a latir, parecendo concordar com o meio bode.
— Espera ai, e você entende o que essa coisa diz? — O animal rosnou em resposta.
— Essa "coisa" é nossa passagem para o oeste. Então, seja simpático. Percy, apresento-lhe Gladiola. Gladiola, Percy.
O menino Jackson não conseguiu segurar, caindo em risada.
— Por mais engraçado que seja, isso é sério. Dê "olá" logo para ela Percy, até eu já a cumprimentei. — Afirmou a garota Chase, variando entre apontar na direção a cadela e ao filho de Poseidon.
— Todos já fizemos isso Peixinho, agora é a sua vez, vai lá. — Astrid disse, logo em seguida tomando um grande gole da sua xícara de café.
Após os cumprimentos, Grover explicou onde a encontrou. E que ela pertencia a uma família de burgueses, por isso, a recompensa por a ter encontrado, seria alta.
— Ela me disse que não quer voltar, mas fará esse sacrifício para me ajudar. — O sátiro levantou a poodle, a encarando profundamente, com um grande sorriso no rosto. — Vejam como ela é fofa, a menina mais fofa desse mundo, não? — A voz dele abaixou cerca de três tons, tornando-se baixa e cheia de fru-fru.
Aquele tipo de voz que é feita somente com bichinhos fofos ou bebês.
— Mas como ela sabia sobre a recompensa? — Questionou Percy, ainda sem entender 100% da situação que desenrolava ao seu redor.
— Ela leu nos cartazes, ué. — Respondeu Underwood, como se a sua fala fosse a coisa mais óbvia do mundo.
— Ah claro, que bobagem a minha, como não pensei nisso.
— Então nós entregamos Gladiola,
recebemos o dinheiro e compramos passagens para Los Angeles. Simples. — Explicou Annabeth, em seu melhor tom de estrategista.
— E iremos de trem. — Acrescentou Astrid, já antecipando o medo que o garoto sentiria ao ouvir a frase, sem o complemento. — Existe uma estação em Amtrack, e pelo o que a Barbie disse, tem saída para o oeste ao meio-dia. Então... — Apontou para o relógio, na frente dela, fazendo os quatro, encararem o objeto. — É melhor nos apressarmos, se quisermos chegar a tempo, porque temos um quilômetro a pé, pela frente.
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Avisos da autora:
ϟ 001. OIIII MEUS BENNSS!!!!!!!!!!! EAI, COMO ESTÃO? Espero que bem, FINALMENTE MELHOREI DE SAÚDE, depois de duas semanas passando mal------- Agradeço demais a todas que desejaram melhoras, muito obrigada meus bens ♥︎♥︎♥︎♥︎♥︎
ϟ 002. Para começar, venho aqui em agradecimento DE NOVO, juro, vocês me mimam demais meu deussss, só pode. Vim agradecer pelos quase 7k de vizus EEEEEEE QUASE 1K DE VOTOS!!!!!!!! Além dos 300 seguidores, é uma bomba de comemorações de uma vez só, querem me matar de felicidade????? É isso????? Então, meus amores, muito obrigada, de verdade, por todo apoio, carinho, amor, repercussão, cuidado... Vocês são uns anjinhos na minha vida e eu fico, IMENSAMENTE, feliz por cada voto e comentário que recebo aqui.
ϟ 003. O assunto de hoje é mais simples que os outros, sério. Gostaria, na realidade, de falar sobre esse capítulo em específico, já que ele foi bem menos caótico que o normal (dei uma folga para vocês), na leitura de hoje, vocês conheceram um pouquinho mais da Ash EEEEEE TIVERAM DIREITO de uma mini narração dela. LEMBRANDO QUE, essa não é a narração OFICIAL da Astrid e sim, uma visão dela criança. Ou seja, a parte em primeira pessoa, desse episódio, não mostra, de fato, como é os pensamentos da Ash de 19 anos, e sim da de 15.
ϟ 004. Continuando com a vibe mais leve do capítulo, a perguntinha de hoje, também será mais tranquila: Que personagens vocês diriam que a Astrid possui um kinnie/ semelhança?
ϟ 005. COMO SEMPRE!!!!! Espero que tenham gostado desse capítulo, de verdade. Se possível, deixem aqui o seu feedback do episódio e deixem também sua estrela (o votinho de sempre), porque ambos me motivam muito a continuar a escrever ♥︎♥︎♥︎♥︎♥︎ Próximo capitulo será lançado DOMINGO ÀS 23H.
ϟ 006. Sim, o horário mudou, e explicarei o porquê. Deixando, bem claro que, sou uma aluna de ensino integral (escola e técnico), e estudo para concursos e vestibulares, ou seja, minha rotina é MUITO corrida. Por isso, só estou conseguindo postar nos domingos. E, para piorar, minhas provas começaram, então estou usando meus fins de semana para estudar. Dessa maneira, estava me atrasando para publicar os capítulos, então preferi adiar o horário de postagem. Mas prometo recompensá-los por isso, assim que eu tiver mais tempo.
Obs: Juro, os mini spoilers sempre são a coisa mais divertida de criar ou escolher.
E desde quando, eletricidade e água, são uma boa dupla?
© paracossmo
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