⤷ 𝘊𝘢𝘱𝘪𝘵𝘶𝘭𝘰 𝑽𝑰 - ❝E qual é a graça em não sermos impertinentes?❞ ϟ
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Eufêmico.
A palavra "eufêmico" é utilizada para o que diz a respeito do eufemismo. Ou seja, é provida do que busca suavizar, de alguma forma, uma frase ou uma ação.
Com isso em mente, é compreensível, para todos, que seria eufemismo dizer que Astrid, se interessava por qualquer fala que estava a sendo pronunciada.
Até porque, Astrid LeClark, não se importava.
Não se importava, com aquele ambiente, com as pessoas que a encaravam, ou com o centauro que a guiava.
Só ligava para uma coisa.
Sua mãe.
O sentimento de culpa ainda percorria todo o seu ser.
Como era possível ela ter falhado em salvar sua própria progenitora?
Não deveria estar no acampamento, não merecia essa honraria.
Todos, a partir do momento que pisavam no local, se tornariam, teoricamente, heróis.
Então, por que Astrid estava ali?
Não era uma heroína.
Jamais seria uma.
A cada momento, sua dor psicológica parecia aumentar, juntamente com a física, em sua perna.
Era um aviso.
Um aviso da missão que falhara.
Mas a garota era muito nova para saber algo do tipo.
Sua mente não a deixava prestar atenção nas palavras ditas por Quíron.
Não havia silêncio nela, estava turva com lembranças de um ato que a assombrava incessantemente.
Estava revisitando, inconscientemente, seu próprio Tártaro emocional. Na tentativa desesperada de encontrar um culpado, que não fosse a si própria.
Era orgulhosa, puxou isso do seu pai.
Pai... Que palavra engraçada.
Originada para trazer um sentimento familiar, positivo, uma calmaria sem fim.
Mas, LeClark, não sentia nada disso.
A visão mental que havia de Zeus, a causava ódio, mágoa e abandono.
Mesmo que sua mãe a dissesse, que ele fora uma pessoa agradável. Não conseguia acreditar nisso.
A imagem do enorme chalé só piorou sua opinião.
Ele nem possuía filhos no acampamento, e, mesmo assim, tinha uma cabana enorme que o representava.
— Aquele é o seu futuro chalé. — Afirmou o centauro, ganhando, enfim, a atenção da criança ao seu lado.
Astrid, não pronunciara uma palavra, até o momento.
Estava com medo da própria voz.
Passara horas gritando e chorando, nos dias anteriores.
E sempre que abria a boca, imagens percorriam sua mente, em uma velocidade sobre-humana.
Talvez ficar calada, para sempre, fosse sua punição.
Mesmo que acreditasse merecer coisa pior.
O encarou, inclinando lentamente a cabeça.
Tentava perguntá-lo, indiretamente, o porquê da palavra "futuro".
— Seu pai precisa te determinar, para que você possa morar na "casa" dele. — Respondeu o questionamento.
Isso havia deixado Astrid ainda mais confusa.
E raivosa.
Já tinha conhecimento sobre sua paternidade, por que precisava esperar que ele a declarasse como sua filha?
— Fique tranquila criança, é apenas uma precaução. Não precisa se preocupar com isso, você estará segura no chalé de Hermes.
Desviando o olhar, avistou a cabana a poucos metros de distância.
Parecia uma casa comum, porém muito velha. Era, notoriamente, o mais antigo, usado e desgastado. Pintura descascando, porta emperrada e a pequena escada, praticamente, caindo aos pedaços. A única coisa que parecia intacta no chalé, era o caduceu.
Um belíssimo bastão alado rodeado por duas serpentes, encontrava-se, praticamente, intocado.
Astrid, não conseguia se imaginar morando naquele lugar.
Não com a quantidade de crianças que saiam e entravam.
Surpreendentemente, não eram muitas. Provavelmente, pela quantidade de monstros presentes naquele local.
Um fato, era que o Acampamento Meio Sangue, em sua realidade, era uma enorme panela para os monstros. Visto que, não havia nenhuma barreira que protegesse os semideuses.
LeClark, tinha a vaga memória de ter escutado que algumas criaturas, como os centauros, ajudavam na proteção. Mas essa medida protetiva não era 100% eficaz.
Caminharam, lado a lado, até a cabana recheada de pessoas.
Parando na porta escancarada, e esperando que algo acontecesse.
A criança não sabia do que se tratava, até alguém aparecer.
A pele bronzeada, combinando, perfeitamente, com os fios castanhos, que flutuavam com a brisa que batia na entrada do chalé. Olhos do mesmo tom, tinham um brilho travesso, que transbordava curiosidade e vivacidade.
A blusa laranja, caia sobre o corpo esbelto, mas definido, do garoto. Juntamente da bermuda marrom, que encontrava-se suja e amarrotada. Em seu pescoço, havia um colar, com quatro miçangas, cada uma brilhando com suas próprias tonalidades.
Sua estatura era mais alta que a de Astrid, parecendo ter doze ou treze anos.
O sorriso brincalhão que adornava seu rosto, expandiu-se ainda mais, quando viu a menina pequena, ao lado do centauro. Parecendo feliz por tê-la ali.
— Adrian, tenho aula de arco e flecha, daqui a alguns minutos. Poderia cuidar dela, a partir daqui?
— Sim, senhor. — Disse alegremente, enquanto aproximava-se da figura menor.
Quíron, colocou uma mão sobre a cabeça da mais nova, afagando, em uma espécie de carinho.
— Sinta-se em casa, caso precise de algo, pode falar comigo. — E virou-se, caminhando na direção, de onde ela acreditava ser o campo de treinamento.
— Então... — Começou a falar, tentando chamar a atenção da garota para si. E com um sorriso gentil e amigável, iniciou a sua apresentação. — É um prazer conhecê-la, me chamo Adrian Beauchamp, e sou o conselheiro do chalé 11.
Esperou que a garota fosse fazer o mesmo, mas nada foi pronunciado por ela.
— Ok... Você não parece gostar muito de falar, não é? — Recebeu um aceno negativo em resposta. — Tudo bem, isso não é um problema. Para ser sincero, quando cheguei aqui, também não gostava muito...
De repente, sua voz começara a soar nostálgica, e menos alegre do que, inicialmente.
— Só tente relaxar e se adaptar ao local, certo? — Aquela nostalgia antes presente, desapareceu, voltando a tona sua fachada divertida. — Vamos, vou te apresentar um pouco do local, mesmo que, Quíron, já tenha te mostrado boa parte.
Estendeu a mão para a garota, imaginando que ela não pegaria.
— Apenas se você se sentir confortável... — Afirmou em um tom baixo, inclinando-se em direção a ela.
Astrid, hesitou, mas segurou o dedo mindinho do filho de Hermes.
Sua mão era, claramente, menor e muito mais gelada, comparada com a dele.
Adrian, sorriu com o gesto, iniciando a caminhada agradável.
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LeClark, não aguentava mais.
Pensou que andariam um pouco, e logo acabariam.
Mas não foi o que ocorreu.
Adrian, chamava atenção por onde passava. Cumprimentando e falando com todos.
Enquanto, Astrid, continuava calada em seu canto.
Detestava pessoas, especialmente, crianças, mesmo que fosse uma.
Eles pareciam felizes demais, e isso a irritava.
Pois os invejava, queria ser igual a eles.
Porém, tinha noção que isso não seria possível.
Por isso, encontrava-se sentada em um tronco de árvore cortado, esperando que o filho de Apolo, parasse de falar com Beauchamp.
Seus pés balançavam, para frente e para trás, visto que não encostavam no chão.
Depois de alguns minutos, o garoto voltou.
— Me desculpe, estava tendo uma conversa de gente grande. — Comentou brincando, enquanto olhava o garoto se distanciando. — Por sinal, aquele é Michael Yew, um dos conselheiros. É um garoto legal... Quando não está cantando. — Uma risadinha escapou de seus lábios.
Quando voltou seu olhar até Astrid, viu a menina o encarando confusa.
— O que houve? — Perguntou vendo ela, direcionar seus olhos até o garoto loiro. — Ahh, não não, ele é conselheiro de Apolo, outro chalé. Era essa a sua dúvida?
Recebeu um aceno positivo, como resposta.
— Bem, quem sabe ele não se torna seu mentor, não é? — Rapidamente, foi retribuído por uma negação. — Não? Você não quer ser filha de Apolo? Ele é um deus legal... Quer dizer, se isso é possí...
Foi interrompido pela cutucada da mais jovem.
Logo, a vendo apontar para o enorme chalé atrás de si.
O chalé 1, determinado por Zeus.
— Espera, você está querendo dizer que não é indeterminada? — Recebeu outra confirmação. — Então... Zeus... É seu pai...
— Não. — Astrid, não conseguiu impedir que sua voz saísse. Tão rápido quanto a luz, a negação surgiu.
Sua garganta ardeu, não falava por horas.
O som emitido pela mesma, fora baixo, mas, mesmo assim, Adrian conseguiu ouvir.
Viu a menina colocar a mão sobre o pescoço, tentando não permitir que algo a mais saísse.
Ele não era um expert em sentimentos ou timbres, mas pela maneira quebrada e ríspida que a palavra saíra, entendeu que aquele era um assunto íntimo e delicado.
— Certo, ele não é seu pai. — Afirmou, com um sorriso calmante em sua face. — Acho que nenhum deus é capaz de agir conforme essa palavra. — Completou, ganhando a atenção da garota.
A mente de LeClark tornou-se, momentaneamente, silenciosa.
Sim, era, exatamente, aquilo que ela pensava.
As palavras emitidas pelo menino mais velho, pareciam uma réplica perfeita de todos os seus próprios pensamentos.
Por isso, não pode evitar de olhá-lo profundamente, com, agora, brilhantes olhos negros.
E, também, não pode esquivar-se das palavras que iria proferir.
— Astrid... Meu nome é Astrid LeClark.
O rosto do filho de Hermes se iluminou por inteiro, imensamente feliz pelo acontecimento.
— Prazer em conhecê-la, Astrid, me chamo Adrian Beauchamp. — Disse, repetindo a apresentação feita anteriormente.
Ao abrir os olhos, desesperada, teve a visão do banco em sua frente.
A respiração veloz, corpo suado e coração descompassado, fizeram Astrid cair na realidade.
Havia sido um pesadelo.
Não... Não era um pesadelo, era um aviso.
Sua profecia aparentava chegar muito mais rápido do que imaginara.
Andava tendo pesadelos específicos demais, e as dores retornaram muito mais fortes.
Mechas desalinhas de fios negros caíram em sua face, quando a garota inclinou-se para a frente, tentando, urgentemente, regular sua respiração e seus batimentos cardíacos.
A lembrança de um passado, cujo ela gostaria de esquecer, voavam em sua mente.
Exercendo sua função.
Mostrar sua culpa, sua dor, e, principalmente, seu fracasso.
Os olhos dilatados, fecharam-se, buscando assumir auto controle - algo que a mesma, nunca tivera.
Sentiu uma mão, afagar suas costas. E por reflexo, a segurou, virando em sua direção assustada.
— Me desculpe Ash... Eu só queria ver se estava bem, você parecia... — Annabeth, não conseguia formular uma frase corretamente. Estava com medo do que dizer, preocupada que o que ela falasse atingisse o emocional da outra.
Era nítido que havia algo de errado com a filha de Zeus, pela maneira em que ela se encontrava.
Suas pupilas permaneciam maiores que o comum, mas estavam camufladas nos olhos totalmente negros. A pele, normalmente, branca, estava ainda mais pálida, ressaltando cada veia presente em seu rosto. Seus lábios, sempre levantados, exalando o seu espírito brincalhão, encontravam-se retos, não expressando quaisquer sentimentos.
— Estou bem, Geniazinha, não se preocupe. — A voz se esforçava para soar em um tom tranquilo, mas era, claramente, inverídico. Tornou a fachada travessa, de volta em sua face, como se nada tivesse acontecido. — Foi apenas um pesadelo.
A última frase pronunciada havia sido uma afirmativa.
Mas Annie, não saberia dizer se a garota mais velha, estava querendo afirmar aquilo para ela ou para si própria.
Tinha noção que pesadelos de semideuses, nunca eram apenas pesadelos, mas decidiu não aprofundar no assunto.
Conhecia Astrid, o suficiente, para saber que não conseguiria tirar respostas dela.
— E por aqui, como está? Perdão, não sabia que eu estava com tanto sono. — Passou as mãos na parte da nuca, sentindo-a um pouco molhada pelo sonho que tivera.
Os pensamentos começaram a correr em sua mente, a chamando de irresponsável por deixar sua equipe sozinha, enquanto dormia.
Algo poderia ter acontecido, e ela teria sido a culpada.
A menina Chase, soltou um longo suspiro, preparando-se para explicar a situação em que se encontravam.
— As fúrias estão aqui. — Sussurrou, tentando não chamar atenção.
Parecendo receber um chamado oculto, Alecto levantou-se.
— Preciso usar o toalete. — Anunciou para o ônibus inteiro, com uma voz inexpressiva, parecendo já ter ensaiado aquilo.
— Eu também. — Disseram a segunda e a terceira irmã.
O motorista pareceu irritado, mas mesmo assim, anunciou a parada.
Algumas pessoas saltaram do veículo, não conseguindo observar quantas ou quais das fúrias haviam descido.
Astrid e Annabeth, trocaram um olhar cúmplice, já sabendo o desenrolar da situação.
Ambas levantaram, virando-se em direção aos garotos que estavam no banco do lado.
— Eu vou pegar uns lanches. — Afirmou Annie.
— Vou com você. — Respondeu Percy, já levantando do banco.
— Não, Astrid vai comigo, você e Grover podem ficar.
— Mas tá com um cheiro horrível aqui. — Resmungou o menino Jackson, em resposta.
Astrid, estava preocupada demais, olhando para a janela, tentando procurar por uma das fúrias.
— Os monstros não sentem o seu cheiro com aquilo, então irá ficar.
— Eu quero votar. Quem acha que todo mundo deve tomar um ar fresco e comprar uns lanchinhos?
A pergunta de Percy, fez LeClark sorrir, desviando sua atenção do foco anterior.
Era engraçado como o garoto não parecia pensar, antes de dizer algo.
— Sem votação. — Annabeth, parecia estar começando a se estressar, elo jeito que a voz dela saíra entre dentes. — Batata e refri está bom para vocês?
— Não acho que você deveria decidir as coisas, por todos nós. Eu quero votar se pode decidir se podemos...
— Pelos raios, será que vocês podem parar? Eu só quero comer minhas balas, e tomar café, em paz. — Murmurou Ash, cansando-se de todo aquele vai e vem. — Bambi, por que você não resolve isso? — Seu olhar foi em direção ao sátiro, com um sorriso travesso no rosto.
Quando ela e Luke eram mais novos, brigavam sem parar.
E só existia uma coisa que conseguia interromper eles.
As palmas começaram, trazendo, estranhamente, um sentimento de alívio para a filha de Zeus.
— Aí caramba, a estrada está esburacada, porque eu arranjei uns amigos que não querem se dar bem. Quando a equipe tá irritada, o truque para passar por isso é cantar essa...
— O que você tá fazendo? — Perguntou Percy, em uma mistura de confusão e indignação.
— É a música do consenso, a segunda estrofe incentiva a falar coisas legais um para o outro. É só cantar um pouco, que as discussões simplesmente... — Seu olhar variou entre Chase e Jackson, vendo ambos desacreditados. — Desaparecem...
— Batata e refri esá bom para vocês? — Repetiu a pergunta anterior, recebendo confirmação de ambos, e saindo em seguida.
— Relaxa Bambi, são eles quem perdem, não sabendo apreciar sua arte. — Afirmou Ash, bagunçando o cabelo do filho de Poseidon, em repreensão.
Ela estava tentando dizer, indiretamente, para que ele tratasse Grover melhor.
O garoto, meio bode, lançou um sorriso tímido e sem graça para ela.
Assim, a garota afastou-se, indo em direção a saída do ônibus.
A última coisa que ela ouviu, foi um sussurro de Percy.
Algo sobre não fazer sentido ela poder sair e ele não.
A cesta de Astrid já estava cheia de porcarias.
Balas, chips, sucos, e, principalmente cafés, diversos tipos.
Não é como se ela fosse obcecada pelo gosto, apenas odiava dormir.
Na verdade, não era o ato em si, mas sim, as consequências dele.
Sentiu alguém esbarrar em si, e quando virou, deparou-se com uma figura de cabelos e olhos castanhos. Pele bronzeada e sorriso brincalhão.
Esfregou os olhos não acreditando no que via, e, então encontrou um senhor de cabelos brancos.
Ótimo, sua mente agora, a estava pregando peças.
Precisava de café, urgentemente.
Por isso, caminhou em direção a mini padaria do local.
Era um espaço minúsculo, que vendia pães e havia uma cafeteira.
Pegou um copo descartável e apertou o botão, esperando que o líquido quente preenchesse todo o recipiente.
— Pode colocar um pouco para mim, também?
A voz feminina madura soou atrás de si.
Um timbre grave, que LeClark reconheceria muito bem.
— Sentiu tanto a minha falta que veio atrás de mim, Tisífone?
Tisífone, era a fúria que representava o castigo, não, somente de uma maneira física, mas, também psicológica.
Ela era a culpa, em pessoa.
— Você fala, como se não nos víssemos há muitos anos, Pecadora. — Seu timbre era sussurrado, ecoando na mente da filha de Zeus.
— O que estão fazendo aqui? —Sua voz tornou-se raivosa, odiando o sentimento que aquele monstro a causava.
— Queremos o garoto.
— Não estamos com o raio, você deveria saber disso.
— E eu sei... Que curioso, sua aura está muito mais pesada que o comum... Posso te sentir a quilômetros de distância. — Tisífone, parecia se deliciar ao dizer aquilo, a final, estava sendo alimentada.
— É melhor se afastarem deles, ou, então eu não terei tanta piedade, igual a última vez. — Não hesitou, aproximando-se da fúria e a ameaçando entre dentes.
Uma risada alta ecoou.
— Piedade? Você é tao ingênua, Pecadora. — O monstro, retribui o gesto, colocando suas mãos no ombro da garota. — É melhor tomar cuidado com seu acordo, ou a culpa... Pode acabar te matando.
Não teve tempo de responder, a fúria desapareceu no ar.
E, tomando seu lugar, Annabeth apareceu.
— Tudo bem Ash? Parece que acabou de ver um fantasma. — Comentou a criança, rindo da situação.
— Sim sim, só faz algum tempo que eu não saio... É uma sensação estranha. — Mentiu, sabendo que a garota compraria, porque possuía esse sentimento.
A menina Chase sorriu, compreendendo o que a outra sentia.
— Estava indo para o caixa agora e queria saber se você já acabou.
— Ainda não, preciso...
Ambos olhares foram direcionados ao copo na cafeteira, que, agora, escorria café.
— Preciso limpar isso. — Afirmou em um tom brincalhão, e riu em conjunto. Annie, replicou com facilidade, achando graça a distração de LeClark.
— Vou lá então, não quero deixar aqueles dois sozinhos. Boa sorte com... Isso.
Assim que a filha de Atena saiu, o sorriso presente na face de Astrid caiu.
As palavras antes proferidas, ecoando em sua mente.
"A culpa pode acabar te matando."
— É melhor eu limpar essa bagunça. — Afirmou para si, tentando afastar a fala, de seus pensamentos.
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Assim que voltou para o ônibus, a filha de Zeus, foi puxada por Annabeth, até o lugar que estavam sentadas.
— Geniazinha, o que...
— Vocês tem que abrir a janela! — Disse, soltando o braço da outra.
Olhando para trás, depararam-se com Alecto, em sua forma fúria.
— Merda, vão para trás. — Falou Astrid, enquanto empurrava Chase, para atrás de si.
Rapidamente, pegando uma das adagas em sua coxa, e a lançando no vidro da frente do veículo, com a maior força e pressão que conseguia.
A parte frontal se despedaçou por completo, fazendo com que o motorista expulsasse todos os viajantes presentes, enquanto gritava de pavor.
Annie, soltou um suspiro tranquilo, vendo o monstro ficar preso entre os passageiros desesperados.
Mas a tranquilidade logo passou, no momento em que uma das fúrias entrou pela parte aberta.
Sem pensar duas vezes, jogou sua faca em Megera, a vendo evaporar.
Pegou sua lâmina novamente e pulou pela janela, sendo seguida por Percy e Grover.
Astrid, olhou para trás, uma última vez, avistando Alecto.
— Mais um fracasso para sua lista. — Zombou a filha de Zeus, estendendo três dedos para o ar.
— Você vai sofrer suas consequências. — Foi a última coisa que LeClark ouviu, antes de saltar a janela.
Observando o ônibus sofrer um ataque de trovões, todos se afastaram o máximo possível do veículo.
Que, em um barulho alto, explodiu.
Um relâmpago rasgou o teto. Juntamente dele, um alto rosnado pode ser ouvido.
— Corram! Ela está chamando reforços! — Afirmou Annabeth, que saiu puxando os três outros.
— Vamos para o bosque, eu lido com a tempestade. — LeClark, correu na direção que disse. Verificando a cada minuto, se a equipe inteira estava bem.
Tudo que havia na frente deles era trevas.
E acima, uma chuva torrencial.
Isso só poderia significar uma coisa, Hades e Zeus estavam muito putos.
Os quatro pensavam o quão azarados eram para todas as coisas erradas acontecerem de uma só vez.
Bem... Cada um de sua própria maneira.
Annabeth, pensava no que Alecto havia a dito.
Percy e Grover, estavam tristes pois haviam perdido suas malas.
E Astrid, parecia preocupada demais, em manter o pergaminho embaixo de sua jaqueta, seco.
Os dois garotos começaram uma conversa, resmungando sobre o sofrimento de perderem suas roupas, dinheiro e comida.
A tempestade pareceu se acalmar, e as luzes da cidade estavam diminuindo cada vez mais.
— Em algum lugar a frente, um caminho de sátiro irá surgir. — Comentou Grover, ganhando a atenção de LeClark, que, finalmente, pode parar de se preocupar se algum raio cairia sobre eles.
— O que é um caminho de sátiro? — Perguntou Percy, e lá foram os meninos, mais uma vez entrando em uma conversa entre si.
A filha de Zeus, andava devagar, tentando evitar que algum monstro aparecesse e atacasse as duas marias tagarelas.
Para piorar, a garota Chase e o menino Jackson, começaram a discutir.
Astrid, fez questão de aproximar-se de Underwood, que de repente havia ficado quieto.
— Está tudo bem? — Perguntou em um tom baixo, enquanto inclinava seu corpo, para ficar da mesma altura que o dele.
— Sim, só estou me sentindo um pouco sobrecarregado... — Admitiu, quando ambos olhos se encontraram.
A mais nova, passou a mão sobre o ombro dele, movimento que foi replicado pelo sátiro.
— Eii, o que é que você sempre me dizia? — Começou a cutucá-lo, ainda ouvindo as crianças brigarem mais a frente. — Se você acha que não aguenta fazer isso sozinho, sempre pode pedir ajuda. — LeClark forçou uma voz mais fina sair de sua garganta, claramente, satirizando, com o menino mais velho que ela.
Antes mesmo que pudesse responder, foram interrompidos por uma fala de Percy, que roubou toda sua atenção.
— Não quer ligar para eles? Tá, vamos ligar para sua mãe.
— Como é que é?
A filha de Zeus já previa que algo de ruim sairia dali.
Annie, podia adorar sua mãe, mas nunca possuiu, de fato, contato com ela.
— Atena, sua mãe... Vocês parecem próximas, por que não pede ajuda?
— Grover, fala pro seu amiguinho se colocar no lugar dele.
— Não pode pedir para ela, não é? — Perguntou, sabendo que estava certo sobre o assunto.
Os olhos de Chase variavam entre Underwood e LeClark, pedindo por ajuda.
— Não sei porque você fica tentando colocar ele no meio, ele tá do meu lado.
— E por que você acha isso?
— Ele é meu protetor.
— Mas foi o meu protetor primeiro!
A face de Percy se encheu de confusão, não entendendo o que a garota estava querendo o dizer.
— Chega! — Gritou Astrid, cansada da situação, e querendo proteger o sátiro, das milhares de perguntas que ele receberia.
Os três a encararam. Nunca tendo ouvido a filha de Zeus gritar, ficaram quietos perante esse evento raro.
— Perseu não sabe porra nenhuma do que tá acontecendo, então não adianta querer que ele, simplesmente, adivinhe tudo. — Indicou para a Chase. — Você, não deve sair citando a família dos outros, não tendo o mínimo de noção sobre o assunto. —Sua repreensão, agora, voltou-se a Jackson. — E ambos, não deveriam colocar outra pessoa no meio da briga de vocês. — Por fim, apontou para o menino ao seu lado.
— Olha quem fala... — Comentou Grover, que foi repreendido com um olhar de LeClark. — Descul... Espera, vocês sentiram isso?
— É comida... — Respondeu alguma das crianças.
Astrid, não sabia dizer quem foi, pois estava muito concentrada no cheiro de comida frita. Gordurosa e, claramente, muito saborosa.
Começaram a caminhar em direção ao cheiro apetitoso, todos muito famintos, para perceberem o quão estranho era ter aquele cheiro no meio do nada.
Entre as árvores, encontraram o lugar de onde vinha o aroma. E, diferente do que esperavam, se depararam com um posto de gasolina.
Ele estava fechado, e com cartazes dos anos 90 ao seu redor. Mas, atrás dele, havia uma loja aberta, emanando uma luz neon e o destino daquela fragrância.
Parecia vendinha de beira de estrada, que vende decorações hippies, mel e algumas frutas duvidosas.
O letreiro luminoso, exibia belas letras cursivas em um tom de vermelho brilhante. Porém a escrita parecia indecifrável para todos os semideuses.
Astrid, podia jurar ter lido OPEMÓIR DE AÕSEN ED DRIJAN DA AIT EMM.
Já estava acostumada com sua dislexia, a final, passara dezenove anos com ela.
Então, olhou para Bambi, esperando que ele traduzisse o que estava escrito.
— Empório de Anões de Jardim da Tia Eme.
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Cada vez, aproximavam-se ainda mais do armazém.
— Ei... — Avisou Grover, ansioso.
— As luzes estão acessas lá dentro — Disse Annabeth. — Talvez esteja aberto.
— Lanchonete. — Percy e Chase, se encararam, falando em uníssono.
— Vocês dois estão loucos? Esse lugar é todo esquisito. — Proclamou o sátiro, observando tudo em sua volta.
— Vamos lá Bambi, tem comida lá dentro. — Exclamou Astrid, não se importando com o perigo aparente.
Pararam diante da porta da loja.
— Não bata — implorou Grover. — Sinto cheiro de monstros.
— Seu nariz está congestionado com as Fúrias — Disse-lhe Annabeth. — O único cheiro que estou sentindo é de hambúrgueres. Você não está com fome?
— Carne! — Respondeu ele, desdenhoso. — Sou vegetariano.
— Deve ter alguma comida para você, lá dentro. — Comentou LeClark.
— Talvez algumas enchiladas de queijo ou latas de alumínio. — Completou Percy.
— Vamos embora logo, parem de agir como bestas famin...
Underwood foi interrompido, quando Alecto pousou atrás deles.
Jackson, entregou a caixa de tênis a Grover, puxando a Contracorrente.
Astrid, copiou o movimento do garoto, incendiando Trovoada de raios.
— Devia ter aceitado minha oferta, quando teve a chance. — Afirmou o monstro, na direção da filha de Atena.
— Oferta? Do que ela tá falando? —Perguntou o filho dos mares, mas não obteve resposta.
Pelo menos, não da garota.
— Hoje não, amigos. Não na frente da minha casa. — Uma doce voz, surgiu de trás das crianças.
Uma mulher, coberta por um longo vestido preto, que escondia tudo menos as mãos, e sua cabeça estava totalmente coberta por um véu. Seus olhos brilhando, embaixo de um belo chapéu.
A filha de Zeus, a reconheceu. A final, como não poderia saber quem era a mulher que parecia uma diva dos anos 90?
Grover e Annabeth abaixaram as cabeças, Percy os imitando.
LeClark, continuou a encarando, imaginando que ela não faria um movimento tão arriscado com novos hóspedes.
Pelo menos, não por enquanto.
— Se tem algo para resolver, por que não entramos, e eu os ajudo? — Perguntou a mulher, exalando uma delicadeza falsificada. — Alecto, vai se juntar a nós? Não... Eu não achei que fosse... Ela não vai incomodá-los, enquanto estiverem comigo, mas também não ira desistir, porque isso significaria que ela fracassou em levar o filho de Poseidon.
Astrid, nem precisou pensar, colocando-se na frente de Jackson e pressionando a cabeça do garoto para baixo.
— Um filho proibido foi determinado, quanto tempo achou que esse segredo fosse durar? Prazer em conhecê-lo, eu sou a Medusa.
— Percy, não! Ela é um monstro. — Afirmou Annabeth.
— Nós escolhemos quem são os nossos monstros... Mas agora aquela ali, quer despedaçar vocês membro por membro e eu estou oferecendo um almoço.
— O que você quer, Erva Venenosa? —Perguntou a filha de Zeus, olhando para o chapéu, que parecia se movimentar lentamente.
— Seu pai deveria aprender a ser tão desconfiado, quanto você, Astrid. Isso o livraria de muitos atos hediondos.
— Então, está admitindo que existe um propósito por trás de sua oferta?
— Sempre tem, querida. Para descobrir, basta comer comigo.
— Não faremos... — Medusa não a deu tempo de terminar, voltando para dentro do armazém.
— Vamos entrar. — Afirmou Percy, sendo respondido por uma sequência de resmungos negativos. — Eu não sei explicar, é que... Minha mãe me contava a história dela, e eu sei que ela não é o que as pessoas pensam.
— Você só pode estar brincando. Sua mãe te contou os mitos. M I T O S. Não histórias comprovadas. — LeClark dizia, expressando sua indignação.
Ele não sabia a diferença dos contos, para os eventos reais.
Mas ela sim, e sabia como todos os monstros, eram muito piores do que as histórias contavam.
— Mesmo assim... Eu vou entrar, façam o que quiserem.
Grover não hesitou, seguindo o garoto.
Annabeth e Astrid se encararam, testemunhando o absurdo que tinha sido aquela cena.
O olhar delas voltou para a fúria, quando a mais velha começou a falar.
— Tanto faz, alguém tem que manter essa criança viva.
— Valeu, por terem vindo. — Comentou Perseu, quando viu que as duas garotas haviam entrado.
— Não é tão fácil para mim, quanto é para você. — Afirmou Chase.
— Achou que eu guardaria rancor, só por que é filha de Atena? — Perguntou a Tia Eme, quando apareceu enchendo uma das jarras de suco. — Não deveria, não somos nossos pais, não é? — Sua face foi levantada na direção da filha de Zeus. Fazendo parecer que a pergunta havia sido para ela. — Podemos ser mais parecidas, do que pensa.
Astrid, sentiu um arrepio correr sobre o seu corpo.
Ambas profecias passaram por sua mente, tentando decifrar o porquê, a rainha das serpentes, parecia conhecê-las.
O quarteto caminhou em direção a mesa, cada um sentando em uma cadeira aleatória.
— Se você não é um monstro, o que você é? — Perguntou Percy.
— Sobrevivente.
— Deve ser um pouco mais do que isso... Tem uma fúria la fora, que está morrendo de medo de você.
— Porque ela sabe o que penso dela. Detesto intimidadores. Quando um deles aparece por aqui, ficam mais tempo do que esperam. O dom que os deuses me deram, não me deixa ser intimidada.
— O que minha mãe fez com você não foi um dom, mas sim uma maldição. — Replicou a filha de Atena, arrogantemente.
LeClark, tentava se controlar, não querendo exibir sua opinião sobre o assunto.
Mas já era tarde demais, as palavras escaparam da sua boca, em um ato impulsivo.
— Depende do ponto de vista, que olhamos.
Annabeth a encarou confusa, não entendendo sua linha de raciocínio.
Ao contrário de Medusa, que possuía um sorriso curioso no rosto.
— Parece que eu estava certa quanto a você... Os deuses, realmente, não sabem o que dizem. — Afirmou Medusa, ganhando o olhar de Astrid.
A filha de Zeus inclinou a cabeça, arqueando a sobrancelha.
— O que você quer dizer com isso?
— Me disseram que você parecia o seu pai, mas não vejo nada semelhante. O senhor do Olimpo, jamais teria tal pensamento... sábio. — Os lábios do monstro se estenderam ainda mais.
— Você está mentindo.
— Estou? E por que pensa assim? Acredita tanto neles, para achar que não diriam algo assim, sobre você? — A pergunta parecia ecoar na mente de LeClark, tentando, urgentemente, encontrar algum culpado para a fala. — E você? — Direcionou-se, novamente, para Chase — Acredita em sua mãe?
— Sim... — Annie respondeu, ainda confusa, pela conversa que ocorrera anteriormente.
— Você a defende?
— Sempre! — Seu jeito arrogante, retornou a sua fala.
— Você a ama?
— Claro, que eu amo.
— E eu também, eu também... — A voz de Medusa soara doce e nostálgica. — Você conhece a história de como eu fiquei desse jeito?
— Conheço. — Respondeu Grover, certeiro, com a boca lotada de comida.
— Será?
— Conheço? — Seu tom, agora, era confuso.
— Atena... Era tudo, para mim. Eu adorava ela, clamava e amava ela, mesmo ela nunca me respondendo. — O timbre tornou-se mais sombrio, exalando uma raiva escondida. — Eu não era como você, meu bem... Eu era você. — Soltou um longo suspiro, logo retornando a falar. — E eu teria feito aquilo para sempre, quando alguém me respondeu. Um deus... Seu pai. — Disse, direcionando seu olhar a Percy. — Pensei que tinha sido vista, como nunca na vida... Mas Atena, acreditou que eu havia a humilhado e merecia punição. — Sua face, então, voltou-se para Chase. — Sua mãe fez com que ninguém mais pudesse me ver.
— Não foi o que aconteceu. — Afirmou Annabeth.
— Não mesmo... — Começou Astrid. — Quem fez isso foi Netuno e Minerva, os romanos.
— E qual é a diferença, minha querida? — Questionou Medusa, entre dentes, não querendo, de fato, uma resposta.
— Isso, você pergunta para eles, não para mim. — Jogou-se sobre as costas da cadeira, apoiando a cabeça no topo dela. — Não estou defendendo a Dona Coruja, e muito menos aquela Alga Velha. Só não acho justo misturá-los, quando eles não possuem correlação.
— Os deuses querem que acredite nisso... Mas como você tem tanta certeza? Talvez, estejam te engando, a final, são intimidadores...
— E por isso, vai transformá-los em pedra e colocá-los em seu jardim? Com certeza é uma ótima forma de aprendizado. — Debochou a filha de Zeus, ao interromper o discurso do górgona.
— Não adianta ficar escondendo seus pensamentos com piadas, minha querida. — A voz soava ainda mais irritada. — Você sabe, melhor do que eles, que eu estou certa. Os "grandes soberanos", só querem nos fazer acreditar que são infalíveis, nos culpando pelos seus próprios defeitos.
Outro arrepio percorreu no corpo de LeClark.
Quem ela queria enganar? Sabia que, Medusa estava certa.
Eles faziam isto com todos. E, principalmente, com ela mesma.
— Não foi o que aconteceu, você está mentindo! — Disse Annie, em plenos pulmões, interrompendo, completamente, a linha de pensamento da mais velha.
Por um segundo, Astrid pode jurar, que aquilo havia afetado a "sobrevivente", mas tão rápido quanto a ideia surgiu, desapareceu, quando a mesma convidou Percy, a ajudá-la na cozinha.
— Temos que sair daqui, o mais rápido possível. — Afirmou Chase, no momento em que a górgona sumiu de vista.
O sátiro e a filha de Zeus, se levantaram, prontos para fugir, na hora que Jackson voltasse.
— E o que foi aquilo? — Direcionou a pergunta para a mais velha, que não entendeu a o que a outra se referia. — Você me ajudou, a defender minha mãe... Pensei que a odiasse.
LeClark, soltou um longo suspiro, imaginando o destino da conversa.
— Você não está errada, eu a odeio. — Confirmou, fazendo com que a arrogância e orgulho, antes presentes, saíssem da face da menor. — Não estava defendendo ela, só te protegendo. Eu gostando ou não, não posso mudar seus pensamentos, Geniazinha, mesmo considerando eles, extremamente, irrealistas.
As sobrancelhas da filha de Atena, se juntaram, ao ouvir a última parte proclamada.
— Irrealistas?
Grover, foi quem suspirou agora, se cansando das milhares de discussões que estava tendo que aguentar.
— Os deuses nunca serão bons pais. Não acredito, que mereçam esse título. Por isso, acho algo irreal... Nem mesmo os mais sábios, sabem tudo. Atena, foi criada para ser uma guerreira, não uma mãe.
Antes que qualquer coisa pudesse ser dita, Percy chegou, parecendo receoso.
— Precisamos sair daqui, agora. — Exclamou sussurrando, enquanto todos procuravam por uma saída.
— Aqui venham! — Disse Grover, abrindo uma porta, que ficava localizada no canto da sala.
Desceram uma escada enorme, deparando-se com uma espécie de departamento velho.
Um enorme porão, completamente, escuro e empoeirado.
Ao terminarem de descer, as laterais da escada se incendiaram, sendo cobertas por chamas, iluminando o local.
Com essa iluminação foi possível, que observassem as diversas estátuas, mostrando cada uma das vítimas da maldição de Medusa.
Ao ouvirem um ranger, vindo de cima, começaram a correr, em busca de se afastarem do perigo eminente.
Atravessaram infinitos humanos em pedra, e alguns monstros também.
— É melhor nos separarmos, estamos em quatro, temos maior vantagem. —Começou Grover.
— Nem pense nisso, por acaso nunca assistiu filmes de terror? — Indagou Ash, preocupada com o que aconteceria, caso isso ocorresse.
— Exatamente, não é tão simples assim. — Concordou Annie, fazendo com que a filha de Zeus a olhasse com um pequeno sorriso nos lábios.
— Mas pode ser... O plano é o seguinte: Vou chamar a atenção dela, voando. E assim que eu disser "Maia", vocês... Ahh... — O sátiro começou a subir, sobrevoando incertamente.
— Você tinha que escolher, justamente, essa palavra, como o nosso comando? — Questionou, vendo o garoto ficar de ponta cabeça no ar. — Talvez, eu quem devesse usar isso...
Underwood, se afastou do trio, não por escolha própria. Fazendo com que LeClark e Jackson, encarassem Chase, esperando por uma nova ideia.
Quando a doce voz, começou a ecoar
— Nós não somos os nossos pais... Até escolhermos virar eles. — Assim que a fala foi pronunciada, começaram a correr em direção oposta ao som. — E vocês escolheram...
O corpo de Astrid, parecia reagir, contra ela, sempre que aquela frase era proclamada. Detestando o sentimento que causara em si.
Detestando o fato, de que, no fundo, acreditava naquilo.
— A filha de uma mãe arrogante, que escolheu ser igualzinha a ela. — Começou as citações em seu discurso. — Perseu... Você poderia ter mostrado ao seu pai, como é defender alguém que se ama, poderia ter escolhido sua mãe, invés de obedecer alguém que nunca te amou... — Continuou a falar, seus passos cada vez mais próximos do filho de Poseidon. — E você, minha querida... Ah, eu tinha tantas expetativas... Que foram destruídas... — Sua voz soara decepcionada. — Ao perceber que eles estavam certos... Você é idêntica a ele Astrid, tão orgulhosa, quanto.
Tempestade, travara no lugar em que estava.
Não sabia o poder que aquelas palavras tinham sobre ela.
Se quer poderia prever sua própria reação perante aquilo.
— Eu não tenho nada a ver com aquele desgraçado de merda.
Falava sem pensar.
Sempre fez isso.
Mas não dessa vez.
A filha de Zeus controlava as ondulações de sua voz, a fazendo ecoar por todo o ambiente, sem ter um lugar de destino.
— Não? Então prove. Pare de ser uma covarde, igual a ele. Ensine-os a lição que eles merecem.
— E quem disse que eu não vou? — Trovoada brilhou em sua mão, pronta para atacar, no momento que fosse preciso.
O chicote divino chamou atenção pela iluminação azul, fazendo, Medusa, virar-se em sua direção.
— Então vamos punir eles, juntas... Apareça e se una a mim. — A voz doce, estava encharcada com desejo obscuro. Ash, sentia isso, claramente, na maneira em que ela pronunciava.
— Sinto muito, Erva Venenosa... Mas nunca irei me juntar com quem quer ferir as minhas crianças.
O brilho desapareceu, e a voz de LeClark soou do lado oposto em que a górgona estava.
— O que foi, se confundiu com um pequeno jogo de luzes?
Antes que o monstro pudesse responder, Grover, apareceu em berros, caindo ao seu lado.
Confusa com o sátiro alado, não percebeu, quando, Annabeth, colocou o boné sobre suas cobras, a tornando invisível.
— Agora! — Afirmou a filha da sabedoria, para Percy.
Que cortou a cabeça da górgona, sem pensar, se quer, uma vez.
Assim, Perseu matou Medusa... Novamente.
Mas, agora, com a ajuda de seus amigos.
A cabeça, caiu rolando sobre o chão.
Ou, pelo menos, foi isso, que eles imaginaram.
— Você está bem? — Perguntou Chase, para Underwood, preocupada com o protetor, que havia despencado "dos céus",
LeClark, o ajudou a levantar, limpando o que conseguia, da blusa do amigo.
Jackson, estava a distância, ajoelhado ano chão, segurando... o ar?
— Eai, achou? — Perguntou Astrid, aproximando-se dele, com Grover apoiado em seu ombro.
— Acho que sim... É meio difícil ver algo... Invisível... — Fez um comentário zombeteiro, tentando aliviar toda a tensão que estava presente.
— E então, o que fazemos agora? — Perguntou Grover, vendo o menino segurando o vento.
— Tem um monstro nos esperando lá fora... E se... — Percy, começou a falar seu plano, buscando confirmação em algum dos rostos em frente a si.
A filha de Zeus riu com a ideia tosca do garoto, mas acenou com a cabeça.
— Só, me deixe levar isso... Por precaução. — Comentou, retirando co cuidado, a "cabeça" das mãos de Jackson. — Você já tropeçou muitas vezes, melhor não corremos o risco disso acontecer de novo, e boom, viramos o "Coisa", do Quarteto Fantástico.
A piada fez as crianças rirem, enquanto começavam a voltar para a parte superior do armazém.
— Espera ai, você gosta de quadrinhos? — Perguntou o filho de Poseidon, com os olhos brilhando.
— É quase uma regra Percy... Todos os semideuses são meio nerds... — Afirmou o sátiro, animado com a ideia de falarem sobre super heróis.
— Sim, de vez em quando, Lu... — O olhar de Astrid, voltou-se a Annie, que a analisava atentamente. — Os filhos de Hermes, né? Eles roubam alguns e acabamos lendo, é bem divertido.
— Que engraçado Ash, nunca fiquei sabendo disso... — Começou Chase, de repente, parecendo muito interessada com o assunto.
— É uma coisa mais privada... Da próxima eu te chamo. — Um sorriso gentil apareceu em sua face, mascarando a mentira. — Aí o, chegamos, toma isso aqui e vai lá matar aquele Corvo dos Infernos.
Entregou a cabeça para Jackson, esperando que ele fizesse o trabalho.
E, também... Que o assunto terminasse.
Grover encarava a estátua com olhos cheios de lágrimas, enquanto Astrid o abraçava lateralmente, tentando o consolar, mesmo sem palavras.
— O que foi? — Perguntou Annabeth, ao ver a cena.
— O Tio Ferdinando...
— Grover... Eu sinto muito...
— Foi até aqui que ele chegou... Mas olha para ele... Não parece temer como os outros... — Disse o sátiro, enquanto olhava para seu parente em forma de pedra. Logo, soltando um pigarro. — Vocês usaram a cabeça, para matar a fúria? — Percy concordou em resposta. — Certo... Melhor irmos então, já vai escurecer.
— Mas o que faremos com isso? — Questionou, apontando para o que segurava. — Não podemos, simplesmente, deixá-la aqui... Coloca o seu boné nela e então, a escondemos. — Afirmou, direcionando a fala para Chase.
— Claro... Só que antes... Podemos falar do grande problema aqui?
— Que problema? O fato de que devemos agradecer a Atena, por esse monstro?
— A seu pai, na verdade. Foi ele quem abusou da Medusa, desonrando o templo da minha mãe. Por que motivo você acha que ela estava sendo, claramente, mais legal com você? Por benevolência? Bondade? Não! Porque ela gosta de Poseidon, e você deve ter a lembrado dele. — Proclamou a filha da sabedoria, irritada com o que ocorria.
— Então, agora, a culpa dela ter nos atacado é minha? — Indagou Percy, ficando cada vez mais estressado.
— Você quem acreditou num mito idiota e quis entrar, então sim, é sua culpa! Mas esse nem é o principal problema aqui. — A garota respirou fundo, e com uma voz insanamente doce, pronunciou. — "Você poderia ter salvado a sua mãe", ela disse como se vocês tivessem conversado. Sua mãe ainda tá viva?
— Ela tá com o Hades, mas eu agradeço a preocupação.
— Gente... parem.. — Grover tentou interromper.
— E por que eu tive que descobrir isso só agora? — Perguntou Chase, indignada.
— Se é assim, "devia ter aceitado minha oferta, quando teve a chance", o que ela estava falando? E por que, descobrimos isso pela Alecto?
— Só fiquem quietos! — Gritou Astrid, que estava aguentando ficar quieta por tempo demais. — Vocês dois estão errados e não percebem isso, porque são teimosos para um caralho. Não é culpa de ninguém estarmos aqui, a não ser da merda dos nossos pais. Então, será que vocês aguentam ficar um segundo sem picuinha? Porque, eu não sei se perceberam, mas ainda temos uma cabeça para guardar.
Tanto Percy, quanto Annabeth, encararam a garota, em silêncio.
Era a segunda vez, em um só dia, que ela havia gritado, por culpa deles.
— Obrigado, Nuvenzinha! — Exclamou o sátiro, feliz pela discussão ter chegado ao fim. — O boné é um presente da mãe dela, é a única coisa que as conecta. — Repreendeu, o filho dos mares. — E você, sério? A mãe dele tá viva! Ele tá tendo que escolher, literalmente, entre o destino do mundo e da vida da única pessoa que já amou ele. — Direcionou sua repreensão para Chase.
— O Oráculo me disse que um de vocês ia me trair. — Afirmou Jackson, quase em prantos, não aguentava mais pensar naquilo, e manter a informação somente para si. — Eu escolhi Annabeth, porque achei que nunca seríamos amigos. — A expressão da filha da sabedoria, tornou-se, quase, ofendida. —Você, porque se fosse preciso ter alguém do meu lado, independente, de tudo, seria você. — Apontava, sem hesitar, para Grover. — Ash... Eu fui obrigado a ter você aqui. E ainda não sei, se isso é uma bênção ou uma maldição, porque uma hora você quer me jogar aos leões, e na outra está me dizendo que vai salvar minha mãe. — Aquilo deixou LeClark chocada. — Então, eu só tô muito sozinho... Não sei em quem pensar, ou confiar... — Vendo os rostos em sua direção, completou. — Eu não... quis dizer isso.
— Alecto, ofereceu ajudar na missão, se eu te entregasse a ela — O olhar confuso de Percy, foi o suficiente para ela continuar — Eu matei a irmã dela.
— A Medusa, ofereceu ajudar a minha mãe, se eu entregasse vocês dois... Eu cortei a cabeça dela...
Jackson, direcionou o olhar para a mais velha, tentando entender se ela diria, ou não, algo a seguir.
— Não leve o que aconteceu no Capture, pro coração. Eu me joguei na frente de um Cão do Inferno, por você, e eu faria isso de novo, quantas vezes forem necessárias. — Um longo suspiro deixou a sua garganta. — Quanto a sua mãe... Todas crianças merecem ter amor familiar, então, se existe alguma possibilidade de eu te ajudar com isso, eu irei. — Seu tom de voz não era só determinado, mas, também, escorria veracidade.
Astrid LeClark, não falava aquilo da boca para fora, dizia isso do fundo do teu coração.
— Acho que podemos concordar, é que, enquanto estivermos juntos, não estaremos sozinhos. — Começou Underwood. — E se for para continuarmos duvidando um do outro, é melhor desistimos, porque não iremos conseguir.
— Eu tenho uma ideia... — Afirmou Percy, parecendo decidido.
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— Não podemos fazer isso, os deuses não vão gostar... — Proclamou Annabeth, imaginando as consequências daquele ato.
— Nem um pouco, nadinha. — Confirmou o sátiro.
— Eles verão isso como impertinên...
Antes que Chase pudesse concluir seu raciocínio, foi interrompida por uma Astrid veloz, roubando a caneta de Percy.
— E qual é a graça em não sermos impertinentes? — Perguntou, enquanto virava a caixa, escrevendo: "PRESENTE DA MAIOR TEMPESTADE JÁ VISTA, ASTRID LECLARK".
Entregou a caixa e a caneta, de volta a Jackson, afastando-se para observar a obra prima que havia feito.
Os deuses a odiariam por isso... Ou melhor, seu pai a odiaria por isso.
E essa era a melhor parte.
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˚₊‧꒰ა ϟ ໒꒱‧₊˚
Avisos da autora:
ϟ 001. OIIII MEUS BENNSSSSS!!!!!!! COMO ESTÃO? Espero que bem, continuo passando mal KKKKKKKK Mas, alguma hora eu supero isso.
ϟ 002. PRIMEIRAMENTE, quero agradecer vcs IMENSAMENTE por todo o carinho, amor e repercussão, porque amoresssssss, NÓS BATEMOS 5K!!!!!!!!!!!!!!!!!!! EU FIQUEI SEM ACREDITAR JURO, TAVA EM CHOQUE POR MUITO TEMPO!!!! MUITO OBRIGADA MESMO PESSOAL, POR TUDO ♥︎♥︎♥︎♥︎♥︎♥︎ Gostaria de pedir que, se possível, comentem seu feedback do capítulo e votem nele, também, fazendo o favor!!!!!
ϟ 003. O assuntinho de hoje é o seguinte: A mudança do nome da fic 🤭🤭🤭 PEÇO PERDÃO QUANTO A ISSO!!! Mas a burrice aqui, quando postou a fic, colocou o nome do primeiro ato, e não o da saga. Além disso, a estética da saga oficial também mudou, sendo agora OFICIALIZADA, como roxa. (Vocês podem ver isso, no Prólogo, Cast e etc.)
ϟ 004. A perguntinha desse episódio, COMO PARTE DA COMEMORAÇÃO DE 5K (além dos, quase, 8k de palavras no capítulo----), na realidade, será feita por vocês!!!!! Me façam perguntas que vocês gostariam de fazer para os personagens da fic (Não abusem também, se for para dar um PUTA spoiler, pedirei para escolherem outra).
ϟ 005. Sinceramente, torço para que tenham gostado do capítulo, de verdade ♥︎♥︎♥︎♥︎♥︎ ESPERO VOCÊS NO PRÓXIMO DOMINGO, ÀS 22H (Pensando seriamente em mudar para 23H, pelos problemas que ando tendo com o horário ☠️☠️☠️)
Obs: O mini spoiler de hoje é:
Tudo bem, que história para dormir você quer? Eu tenho muitas para contar...
© paracossmo
˚₊‧꒰ა ϟ ໒꒱‧₊˚
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