⤷ 𝘊𝘢𝘱𝘪𝘵𝘶𝘭𝘰 𝑽 - ❝Tempo o suficiente para aproveitarmos a Hora do Chá!❞ ϟ

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   É engraçado que os seres humanos consigam usar seus sentidos, para observarem certas coisas imensuráveis.

   Como, por exemplo, quando dizem que o "ar está seco", ou "essa cor é muito berrante" e diversas outras coisas.

   São variações da audição, tato, paladar, visão e olfato. Mas que não agem, de acordo com suas pré definições.

   Algo visual, em poucos minutos, pode-se tornar algo olfativo. Algo olfativo, vira algo tocável, e assim por diante.

   O uso correto de uma palavra, que expressa esse "erro" humano, é a "sinestesia".

   Nada, além de um recurso no qual permite a utilização de expressões associadas às diferentes sensações, para gerar um efeito discursivo.

   Mas até que ponto, isso deixa de ser algo normal e meramente dissertativo, para ser uma coisa que define o risco de vida presente em um determinado ambiente?

   Em que momento, a sinestesia se transforma em ondulações?

   Da mesma maneira, em que uma raiz, passa a ser um pinheiro.

   Com o Tempo.

   Tempo, uma palavra que não possui uma definição exata. Algo muito complexo, para se tornar uma mera falácia abstrata.

   Então, por que ele parecia ser o senhor de tudo? Aquele quem define o destino? Entrelaçado com a morte e a vida de um ser.

   As Moiras nunca erraram, e essa não seria a primeira vez.

   Senhoras do tempo, deusas do destino. Tecem, da suas formas, a vivência e convivência de alguém.

   Quem? Todos.

   São elas, quem impedem que as coisas desandem. São elas, quem tornam o mundo algo gráfico. Um livro, as vezes um conto de fadas, outras vezes uma história de Edgar Allan Poe.

   Mas, vamos esquecer disso por um momento, e voltaremos ao tópico anterior.

   O tempo.

   Ou melhor, a ideia de presente, passado e futuro.

   Uma constante mudança; definitivo; destinado.

   É ele.

   Ele quem transforma o mundo em caos. Ele quem permite que a vida chegue ao fim. Ele quem faz com que cada vez mais pessoas sofram.

   Apenas ele.

   No final, o tempo sempre venceria...

   "Há quem o mate por querer, sem lhe nunca tirar a vida."

   Fora essa frase que soara dentro da mente de Astrid LeClark.

   Não notara o cansaço que estava presente em si, nos últimos dias.

   Passou mais do seu limite de horas acordada, e isso a confortava.

   Sem sonhos... ou pesadelos.

   Não tinha a quem abraçar durante a noite. Estava sozinha, querendo ou não, sempre estaria sozinha.

   Ela quem deveria proteger as crianças, não o contrário. Aquela era sua função.

   Por isso, no momento em que sentiu uma forte luz em sua face, ficou desacreditada. Sabendo, exatamente, o que estava acontecendo.

   Caira em sono, sem perceber. E não estava mais, no caminhão que Ares os forneceu. Não com toda aquela iluminação em si.

   Não abriu os olhos, temendo o que poderia acontecer. A final, em um sonho, não poderia prever com ondulações.

   Aquele não era o seu domínio. Mas, com certeza, pertencia a alguém.

   Esse era o maior problema.

   Haviam deuses, deusas, e até mesmo outros seres com a dominância, perante a fantasia do adormecer.

   Hipnos, Morfeu, Ícaro, Fantasia, Fântaso, e até mesmo, Fobetos.

   Uns com mais, outros com menos poder.

   Qualquer um desses, poderia entrar dentro da mente de alguém, usando suas habilidades do sonhar.

   Para quem possuía a posse, era fácil.

   E isso aterrorizava, até mesmo a filha de Zeus.

   Era impossível, vencer um deus, quando ele se encontrava em seu domínio. Por isso, torcia, com todo seu ser, que fosse um dos com pouca relevância.

   Apertou os olhos, não querendo ver do onde vinha a luz.

   E então a frase se repetiu.

   "Há quem o mate por querer, sem lhe nunca tirar a vida..."

   Parecia que havia uma continuação, algo que não estava sendo dito. Como se o ser pedisse por uma resposta, talvez uma senha que a liberasse de tudo isso.

   Pensou e pensou, mas nada veio a mente. O que poderia terminar essa frase? Ao menos entendia sobre o que falava?

   A voz tinha um toque delicado. Um tom feminino, que não era usado a muito tempo.

   Ela podia sentir um calafrio por todo seu corpo.

   O sentimento de medo a preenchendo, mesmo sem seu poder ondulatório. Isso sim, era pavoroso.

   Ter sentimentos, sem sua natural pré disposição, era algo incomum para a mesma. Então, no momento em que sentiu pavor, sua cabeça começou a ficar ainda mais confusa.

   "Há quem o mate por querer, sem lhe nunca tirar a vida."

   Isso era o que repetia sem parar.

   Quando foi interrompido.

   — Abra os olhos, LeClark, você não precisa me temer. — A voz estava muito mais perto do que imaginara. Sentia o hálito frio bater em seu pescoço. Não era um pedido, e sim uma ordem.

   — Por que eu faria isso? — Perguntou trêmula.

   Astrid, gostaria de poder dizer que não reconhecia aquela voz, mas ela sabia muito bem de quem se tratava.

   Anneli LeClark.

   — Você não é ela, então pare com isso. — Afirmou, tentando fortificar o que dizia.

   — Como sabe disso, filha? Nem olha para mim... — O tom da mãe, se tornou magoado, triste, apenas querendo que sua menina a encarasse. — Não tem coragem, não é? Não depois de ter matado sua própria mãe.

   — Eu não a matei!

   — Mas é claro que matou... Se você fosse uma boa filha, ao menos olharia para o meu rosto e veria o que suas ações me causaram.


   Ela queria se segurar, queria resistir a tentação. Mas não poderia.

   Nunca poderia.

   Sua mãe era seu ponto fraco.

   E o ser sabia, muito bem disso.

   Abriu os olhos, piscando para ajustá-los, por conta da forte iluminação.

   Diante deles, estava o espetáculo de toda a beleza grega. O monte sagrado, brilhando com os raios celestiais.

   Estava no Monte Olimpo.

   Mas havia algo, claramente, errado.

   Olhou ao seu redor e não encontrou nada.

   Absolutamente nada.

   Todos os tronos deslumbrantes, tinham desaparecido. Ninguém estava presente - o que era impossível.

   E sua mãe...

   Não estava ali. Nem mesmo um falsário.

   Estava sozinha. Completamente, sozinha.

   Até que uma voz surgiu.

   Mas, já não era a mesma de antes.

   Nem, se quer, era a voz de uma mulher.

   Era rouca e indiferente.

   — Me responda Astrid... "Há quem o mate por querer, sem lhe nunca tirar a vida." Qual a continuação?

   Uma movimentação estranha, ocorreu em sua lateral direita. A fazendo encarar o lado, com pressa.

   Mas não havia nada lá.

   — Eu não sei do que está falando, nunca ouvi ou li sobre isso. É algum mito? Alguma história? Um conto, talvez? Do que se trata? — Começou a questioná-lo, desesperada. Precisava saber sobre o que ele falava, urgentemente.

   Novamente, uma sombra passou, mas dessa vez, pela esquerda.

   — Não sabe? — Um suspiro forte saiu, em formato de uma brisa, que atingira o rosto da semideusa. — Nem mesmo estando no Olimpo, você consegue se lembra de algo tão simples?

   — Talvez se o senhor me falasse quem é, eu lembre do que se trata. — Em imediato, quando a fala fora proclamada, uma risada o escapou.

   Não do tipo, gargalhada feliz e contagiosa. Mas sim, aqueles risos tenebrosos, de quem escondia uma força muito maior consigo.

   — Quem eu sou?... O tempo te dirá, filha de Zeus. — O nome de seu pai sairá com fúria.

   — O tempo? — Astrid, sentiu sua respiração engatar.

   Lembrou-se do motivo, pelo qual foi para a missão.

   Lembrou-se o porquê estava ali, em primeiro lugar.

   O Acordo.

   Ela sabia com quem falava.

   — Pensei que quisesse se manter escondido...

   — Apenas pelo tempo necessário, nos veremos novamente, minha querida neta. — Quando o ser, notou que a garota o reconhecera, tudo escureceu.

  A visão da Tempestade, caiu, se tornando, um misto de escuridão eterna.

   Parecia que estava no Vazio do Caos.

   Um sentimento pesado a percorreu, ao ser arrancada do seu torpor noturno, seu corpo tremendo de adrenalina e medo.

   Alguém a chacoalhava, chamando seu nome.

   Ela abriu os olhos para o mundo real, mas ainda assim, podia sentir a figura sombria a seguindo.

   Como se estivesse a avisando que a perseguiria, se recusando a ser esquecida.

   Era Annabeth, quem a empurrava.

   Quando, Astrid, finalmente recobrou a visão, avistou Percy ao seu lado, Grover com a cabeça desaparecida e Chase a...

   Espera, Grover com o quê?

   Seu olhar foi, imediatamente, para o sátiro que mantia sua face, para o exterior da van, através de uma janela no topo do automóvel.

   — Ele está tentando ver onde estamos, e bom dia, Bela Adormecida. — Explicou a filha de Atena, enquanto soltava risinhos ao notar o rosto inchado da mais velha.

   — Pegou a mania de dar apelidos a todos, também, Geniazinha? — Indagou LeClark, em resposta.

   — Só para pessoas especiais. — O comentário fez Astrid sorrir.

   Foi confortável e calmo.

   Estar perto do trio a causava essa sensação, mesmo que em um cenário caótico.

   Visões do seu sonho eram repassados em sua mente, mas não a afetavam tanto, quanto nos momentos anteriores.

   Era claro que ele havia usado algum poder sobre ela. Algo que não podia compreender, em vista a falta de suas ondulações.

   Falando nelas, também se encontravam mais agitadas que o normal, provavelmente, por consequência do pesadelo que tivera.

   A final, não só localizavam sentimentos e domínios alheios, mas também, os seus próprios.

   Respirou fundo e voltou a prestar atenção na cena que decorria em sua frente.

   — Estamos quase lá. — Respondeu Grover Underwood, ao descer da pilha de caixas.

   — Acho melhor tentarmos entrar em contato com Quíron. — Disse Annie. — Seria bom, se contassemos a ele o desenrolar da missão.

   — Mas... Não podemos usar telefones, certo? — Indagou Percy Jackson, encarando-a sem entender do que a menina falava.

   Annabeth Chase, retirou o cristal brilhante do bolso.

   — Espera ai, o que é isso? — Indagou o filho de Poseidon, ao tentar encostar no objeto. Logo, recebendo um tapa da garota.

   — M. I.

   — Mensagem instantânea?

   — Não... Mensagem de Íris. — Respondeu Astrid, encarando ambos com os braços cruzados. — A mensageira dos deuses, uma querida. — Até mesmo Percy, pode notar o tom sarcástico. E fiel escudeira de Hera. Se ela estiver com boa vontade, nos ajudará.

   — Não é bem assim. Ela fará isso, caso não esteja muito atarefada e se soubermos como pedir. — Corrigiu Annie, não querendo que o menino interpretasse a deusa errado, sem ao menos conhecê-la.

   A filha de Atena, voltou a movimentar o cristal, tentando formar um arco-íris, e quando finalmente conseguiu...

   — Consegui sinal, joga o dracma, Cabeça de Alga. — Pediu ela, com urgência, mas, ainda assim, usando um apelido.

   "Então Percy era alguém especial para ela", Astrid pensou.

   — Ó deusa Íris, por favor, aceite nossa oferenda.

   Jogou a moeda, desejando que tudo ocorresse como planejado. Ela desapareceu em um tremuluzir dourado.

   — Tá bom, Acampamento Meio-Sangue, o Escritório de Quíron.

   Isso nunca vai deixar de ser estranho. — Comentou o filho do deus dos mares.

   — Se quer a atenção de um deus, tem que pagar o preço. — Respondeu a filha de Atena.

   — Mas precisa ser com dinheiro, isso não é um preço alto?

   — Fique feliz por ser apenas isso, dependendo de quem é, fica alto até demais... — Murmurou LeClark.

   Esperaram que algo acontecesse. Até que, depois de alguns instantes, um cenário apareceu em meio a névoa colorida.

   Era como se olhassem na varanda da Casa Grande. Os campos de morango no fundo e o Estreito de Long Island a metros de distância.

   Um pouco mais perto da visão da mensagem, havia um menino de costas. Os cachos castanhos, facilmente reconhecíveis, principalmente, quando utilizava aquela camiseta regata laranja.

   Os olhos de Astrid, se arregalaram ao ver para a figura de costas, reconhecendo em poucos segundos quem era.

   Seus pensamentos foram a mensagem que ele enviara, aquela sem conclusão, ainda se perguntando o porquê de não obter uma resposta.

      — Luke! — Chamou Percy, expressando toda sua felicidade em ver o mais velho.

   — Annabeth? Percy? Pelos deuses, graças a eles! Vocês estão bem? — Perguntou em um entusiasmo fabricado. Seus olhos passaram pelas duas crianças, mas continuaram percorrendo a visão da mensagem, como se procurasse por algo.

   Ou melhor, alguém.

   — Estamos bem... Mas, onde está o Quíron? — Indagou a mais nova.

   — Ele está nos chalés, tentando segurar as pontas... Todos estão aí? — Não conseguiu segurar a pergunta, ficando, notoriamente, preocupado.

   — Sim, estamos, fica calmo, Herói. — Disse Astrid, aparecendo lentamente.

   — Ah... Que bom... É... — O olhar do mais velho começou a percorrer a imagem da outra.

   Era estranho a ver sem a camiseta do acampamento, ou as roupas de festa.

   Ainda mais naquele estado.

   A blusa cinza de LeClark, estava manchada por diversas coisas diferentes, e com a marca quase desbotada por completo, mal era possível ler "GORILLAZ" ali. Sua jaqueta, antes em perfeito estado, agora possuía sinais de desgaste, exceto pelo broche, que ainda estava impecável, preso em um dos bolsos. E os jeans frouxos e rasgados, representavam, só mais uma parte do desgaste em que se encontrava.

   Sua face parecia estar mais pálida que o normal, e as bochechas menos tonalizadas. Olheiras profundas, sob seus olhos e boca, sem seu gloss característico. Os cabelos mantinham sua forma ondulada, mas estavam mais baguncados do que de costume.

   Luke Castellan, seria um estranho, se afirmasse com toda certeza o quão caoticamente bonita a garota estava?

   Talvez o pouco tempo que ficaram juntos, estivesse afetando seu cérebro. Ou, então, ele só estava feliz por, finalmente, a ver, fora dos seus pesadelos.

   — Está tudo bem? — Indagou Luke, agora a encarando.

   — Você já perguntou isso.

   — Não para você, Tempestade. — A resposta fez com que, Astrid, acenasse em um simples gesto de concordância.

   O apelido, aquele maldito apelido.

   — É sério que vocês vão brigar até por uma M.I.? — Questionou Grover, soltando um bufo cansado.

   — Não, é claro que não. — Negou, quando um sorriso brincalhão surgiu em sua face. Algo que foi replicado pela filha do deus dos deuses. — Bem, como estava falando... — O sorriso do garoto, se apagou. — Estamos tendo alguns problemas com os campistas. E oi, Grover.

   — Oi. — Berrou o sátiro, sentado nas caixas.

   — Que tipo de problemas? — Questionou Annabeth, já esperando o pior.

   — Tivemos que separar uma briga... — Antes que pudesse terminar de falar, foi interrompido.

   — Com quem? Alguém saiu ferido? — Astrid não estava, de fato, preocupada com os campistas, mas sim, com seus amigos.

   Isso era algo típico de Clarisse, esse era seu medo.

   — Um garoto do chalé de Ares, arrumou briga com outro de Hefesto. Não foi nada muito sério, ninguém se envolveu além deles. — A última parte foi uma mentira que havia dito para acalmá-la.

   A filha do deus da guerra, estava tendo diversos problemas no acampamento, arranjando discussões com todos, em todos os momentos possíveis.

   Sem LeClark ali. Ninguém poderia a impedi-la, pelo menos, não diretamente.

   Astrid soltou um suspiro, aliviada. Era bom saber que suas meninas estavam bem.

   — Mas, mesmo assim, a situação anda um bocado tensa. Os campistas descobriram sobre o impasse entre os Três Grandes. Não sabemos como, porém, acreditamos que tenha sido, o mesmo maldito que convocou o Cão Infernal. Por isso, os campistas entraram em uma espécie de Guerra de Tróia. — Antes que continuasse a falar, seus olhos se voltaram a mais velha, encarando-a com preocupação e proteção embutida. — Ares, Afrodite e Apolo, estão apoiando Poseidon. Atena, está apoiando Zeus.

   LeClark, ficou calada, sentindo os olhares em si. Os chalés dos seus melhores amigos, estavam contra seu pai, algo que ela compreendia tranquilamente.

   Mas o quanto isso a afetaria? Quanta culpa ela levaria, pelos erros dele?

   — Clarisse, está batendo em todos que falam alguma merda. — Os comentários vieram em baixo tom, mas, da mesma forma, atraindo totalmente a atenção da filha de Zeus. — Silena, já usou o charme em alguns, acho que Lacy está fazendo o mesmo. — Ele deu uma pausa, como se não soubesse se deveria continuar, ou não. — E... Ouvi dizer que Fletcher, também está conversando com o restante dos irmãos dele.

   Um pequeno sorriso apareceu na face da garota, agradecendo-o, silenciosamente, por isso.

   O problema não era ela em si, mas os seus pensamentos. Sua cabeça a fazia pensar, automaticamente, que era problemática.

   Sua própria rejeição.

   Talvez, fosse a ansiedade falando mais alto, algo que, infelizmente, a acontecia com frequência.

   — Eles estão começando a surtar, antes mesmo de saber se uma guerra acontecerá. — Afirmou Annabeth, deduzindo o que acontecia no acampamento.

   — Exatamente. Por isso, espero que me digam uma boa notícia, por favor.

   — Nós sabemos quem roubou o Raio. — Proclamou Percy, em plena certeza.

   — O quê? Como vocês sabem? — Perguntou Luke, rapidamente.

   Tempestade, o encarava, tentando sentir algo vindo da transmissão. Porém, era impossível, saber quais ondulações eram corretas, na enorme mistura que havia.

   Dúvida, pavor, ansiedade, guerra, brigas, tranquilidade, estranheza, entre outros.

   Todas vinda do acampamento. Não tinha como filtrar o que o menino sentia.

   Então, teria que confiar no seu coração.

   E isso, era um enorme problema.

   Porque o amor... Deixa as pessoas cegas, até mesmo para o mais óbvio dos questionamentos.

   — A gente encontrou Ares, Grover e Ash, fizeram ele falar e Grover, percebeu que o deus sabia quem roubou, mas tentava encobrir... E quem Ares encobriria, se não fosse...

   — A filha dele, Clarisse La Rue. — A afirmação feita por si próprio, fez com que seu olhar saísse da Chase e fosse em direção a LeClark, que os encarava com a face coberta por desgosto.

   — Eu já disse o quanto isso não faz o menor sentido! Ares, nunca fez nada por ela, não é agora que ele vai começar a fazer.

   — Ele deu sua lança a ela, isso já é um grande ato vindo dele. — Proclamou Grover.

   — PELOS DEUSES! Não era a lança dele, aquilo foi um presente de Hefesto. Todas as merdas que os deuses dão aos filhos, não são honrarias ou presentes, são peças descartadas, feitas pelo deus da forja. Será que vocês estão tão cegos pelo "amor familiar" inexistente, que não conseguem enxergar o óbvio? — A voz da garota era apressada, como se passasse por um surto de raiva.

   E ela estava. Seus olhos cinzentos provaram isso.

   — Nuvenzinha... — O sátiro tentou a acalmar, mas já era tarde demais.

   — Não Grover, chega! De verdade, da primeira vez eu ouvi calada, mas vocês estão voltando nesse ponto atoa. — Ela virou para encarar a transmissão de Luke, que a olhava com os olhos transbordando de preocupação. — Se eu souber que você comentou algo sobre esse assunto a Quíron, eu te mato.

   — ASH! — Gritou Percy, em descrença.

   — Não, não e não. Clarisse não é a ladra, e ponto final.

   — Mas, e se ela for? — Pronunciou Annie, pela primeira vez depois que a discussão iniciara.

   — Eu saberia. — A voz de Astrid, começou a abaixar, lentamente. — Ela teria me contado.

   — E se ela não contou? — Pressionou Chase.

   Por poucos segundos, o silêncio venceu, até que ele voltou a ser interrompido, pela garota que estava, anteriormente, em estado de ira.

   — E se eu dissesse que fui eu quem roubou o Raio?

   — É o que? — Perguntaram todos, com certo desespero.

   — Você não faria isso. — Respondeu Annie, não pensando duas vezes antes de contrariar.

   — Você diz isso porque me conhece, porque sabe da minha moral.

   — Assim, como você sabe sobre Clarisse...

   — Exatamente. Se eu disse que ela não fez isso, é porque sei que a La Rue, que eu conheço, pode matar quem quer que seja, mas ela é leal a sua própria moral. — Quando o silêncio permaneceu por tempo maior que o esperado, Astrid, virou-se em direção a Luke. — Não diga a Quíron, sobre isso... Por favor, Herói.

   O garoto a encarou, conseguindo ver, através dos seus olhos, a maneira como aquele assunto a chateava. A ideia de Clarisse ter traído sua confiança, doía demais para a garota, tanto que ela não gostaria nem de pensar.

   Castellan, tentou forçar as palavras a saírem de sua boca. Mas as emoções da acalorada discussão, fizeram o pensar em suas próprias ações.

   Acreditava fielmente, que a filha de Zeus iria para o seu lado, quando descobrisse. Mas... Ainda existia certa insegurança, sobre sua resposta final.

   Por isso, não conseguiu deixar nada, além de um sussurro escapar.

   — Não irei, Tempestade. Eu prometo.

   Um bufo aliviado deixara a garota, no instante em que as palavras foram pronunciadas. Paz atingindo o seu ser, ao saber que sua amiga, estava a salvo.

   — Bem... Então... Ares, né? Como foi? — Questionou Luke, desviando o assunto, para tentar empurrar a culpa para o seu âmago.

   — Bom... Em comparação com a Quimera, na segunda e a Medusa, no domingo, poderia ter sido bem pior. — Comentou Percy, usando seu tom irônico.

   — Na verdade, a Medusa foi no sábado. — Corrigiu a filha de Atena.

   — Não foi no domingo?

   — Não, no domingo não teve monstro. Aí, na segunda vocês despencaram do Arco, e quase morreram...

   — Espera ai, quem quase morreu? — Interrompeu Castellan, voltando com sua preocupação.

   — Percy e Astrid. — Gritou Underwood, do outro lado da van.

   — Oi? — A voz do filho de Hermes soara indignada, quando ele olhou para LeClark. — Essa é a sua definição de "estar tudo bem"?

   — Te faço a mesma pergunta, senhor "Guerra de Troia". — Relembrou do que ele falou minutos atrás, sendo que havia a dito, pelas cartas, que estava "tudo bem".

   — Você tem que tomar cuidado... Ainda tem uma promessa para cumprir. — Disse, com orgulho, transbordando todo o seu ser.

   O comentário fez com que o sátiro e a filha de Atena, os encarassem.

   — E desde quando, eu vou contra a minha palavra?

   Isso o calou, sabendo que não tinha o direito de exigir uma resposta dela.

   Ou melhor, não tinha direito de exigir nada. Não quando se tratava de sua Astrid.

   — Verdade, foi no sábado... — Afirmou Percy, ainda pensativo sobre o calendário bagunçado em que estavam. Sem saber reconhecer qual dia era.

   — Céus... O que é isso?

   — O quê? — Perguntaram Jackson e Chase, em conjunto.

   — Quando foi que vocês viraram um casal de velhos? — Indagou Luke, em resposta.

   Underwood e LeClark, caíram em gargalhada, ao ouvirem o que estava sendo dito. Porque sim, ele estava certo, o termo combinava, perfeitamente, com os dois mais novos.

   — Você não pode falar isso quando os mais velhos aqui, são a Ash e o Grover! — Teimou o filho de Posekdon, claramente, envergonhado.

   — Mas eles não são um casal. — Respondeu o filho de Hermes, ríspido.

   — Relaxa Luke, nós sabemos quem é o casal de quem, aqui. — A fala do sátiro soara de maneira brincalhona, mas logo mudou, ao ver LeClark e Castellan, o encarando com raiva e choque. — É brincadeira, pessoal. Ha ha ha, piadas, calma lá. 
  
   — Sei querer mudar de assunto, mas, já mudando. — Interviu Percy, ao ver a face de "ME AJUDE!", que Grover o enviara. — Eu queria pedir um conselho seu... Estamos indo para Las Vegas, encontrar o seu...

   A transmissão fora cortada, de modo automático, por Annabeth.

   — O que foi isso?

   — Você não pode falar sobre Hermes, com Luke!

   — Bom... Agora, eu, realmente, não posso.

  — Se você falar que veremos o pai dele, ele fará de tudo para desistirmos. E essa é a última coisa que precisamos agora.

   — Entenda, Peixinho. Você é um dos poucos que, aparentemente, consegue lidar bem com seu pai. Então, se possível, não aja como se todos, tivessem a mesma sorte. — A frase, era para ser um conselho, mas, por ainda se encontrar um pouco emburrada, pela briga anterior, saiu como uma repreensão.

   — Então... Eles não se dão bem?

   — Nem um pouco. — Afirmou Annie.

   O clima, de repente, parecia mais pesada do que antes. Até que Grover começou a falar.

   — O que posso dizer, é que os motorista não são caras legais. São contrabandistas.

   — Bem, se não atrapalhar na nossa missão, podemos arranjar um jeito de tirá-los daqui. — Disse Chase, referindo-se aos animais.

   — Na verdade, já está tudo certo, eles tem um plano! E a gente vai junto. São muito espertos, só precisavam de uma peça que faltava.

   — E qual é? — Questionou Percy, não necessariamente, curioso com o assunto.

   — Polegadas! MAS, estamos aqui, então tá tudo ok.

   — E depois dessa "Fuga das Galinhas", versão Zoológico, eles tem um plano? — Indagou LeClark, ainda chateada com o menino, mas não conseguindo impedir o comentário sarcástico de sair.

   Grover era importante demais para a filha de Zeus, e mesmo, depois da desavença que tiveram, não conseguia ficar brava com ele.

   Ele era seu terapeuta.

   Seu melhor amigo.

   Seu Bambi...

   — É... Eles tem... E eu achei muito legal... Artístico, para ser sincero. — Sua fala saíra picotada, como se estivesse vergonha de falar com a outra. Tendo em vista, as coisas que ambos falaram. Estava, claramente, cabisbaixo.

   — Está bem, vamos lá, Bambi.

   Assim que o apelido fora pronunciado, um sorriso feliz apareceu na face do satiro, que a seguiu animado.

   — ARTÍSTICO? O QUE TEM DE ARTÍSTICO NA ARCA DE NOÉ CORRENDO PELAS RUAS? — LeClark gritou em desespero, ao ver os animais correndo no meio das rodovias de Los Angeles.

   — Ela não tá errada, Grover. Isso parece perigoso... — Concordou Percy.

   — Relaxem gente, eles ficaram bem, me disseram.

   — Tenho quase certeza, que não acontecerá o mesmo com as pessoas. — Debochou Astrid.

   — Bem... As pessoas... Elas... Acho que vão... Sobreviver?

   — Melhor irmos antes que a polícia apareça. — Disse Annabeth, que encarava a cena em choque, olhando o caos que haviam feito.

   — Como saberemos qual hotel é o Lótus? — Indagou o menino Jackson, virado na direção de Chase.

   — Então... Se aquele troço não for o Casino, é melhor corremos, porque eu acabei de achar o esconderijo da Hera Venenosa. — Respondeu a filha de Zeus, apontando para o prédio enorme, em formato de flor.

   — Pelo menos, dessa vez, não foi Annabeth, quem descobriu.

   — Eii! — A seu gritinho soara, completamente, indignado.

   — Qual é, é verdade, as vezes você poderia deixar um de nós, responder as mais fáceis.

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   Caminharam até a entrada do local, podendo escutar uma música alta. Além de terem sido recebidos, pela iluminação berrante, do ambiente.

   — Ei, crianças. Vocês parecem cansados. Querem entrar e sentar? — Questionou o porteiro, sendo, surpreendentemente, simpático.

   Depois da última semana, o quarteto já esperava ser recebido por monstros e maldições. Então encontrar alguém legal, era uma surpresa muito agradável.

   Eles acenaram, entrando no local.

   O saguão era enorme, uma sala de jogos gigantes. Em volta do elevador de vidro, tinha um toboágua, que parecia subir por todos os quarenta andares. Também existia, uma parede de escalada – sem lava –, e uma ponte interna, somente para bungee jumping. Realidade virtual com pistolas lasers, jogos de arcade, centenas de videogames com TVs gigantes.

   Era o lugar perfeito para atrair crianças.

   Na verdade, para atrair, qualquer um.

   Tudo o que você pedisse, estava bem ali, na sua frente. Coberto de luz, um cheiro maravilhoso e muitas cores.

   — Ah, olá! — Cumprimetou um mensageiro. — Sejam bem-vindos ao Hotel e Casino Lótus, sempre um prazer tê-los presente. — Puxou algo do bolso de seu colete, entregando na mão de Percy e Astrid. — Aqui estão, as chaves para os quartos de vocês.

   — Mas... — Tentou começar Jackson, porém, fora interrompido.

   — Nananinanão! A conta já foi paga. Sem taxas extras, sem gorjetas. Vocês só precisam ir até o último andar, quartos 4001 e 4002. E SE DIVERTIREM! Caso precisem de qualquer coisa, basta ligar para a recepção. — Deu uma espécie de cartão de crédito verde, para cada um do quarteto. — Esses são os famosos "GranaLótus", são os pagamentos usados para nossos restaurantes e brinquedos.

   — E... Quanto tem aqui? — Perguntou Grover, impressionado ao ver o "ticket" em suas mãos.

   — Como assim?

   — Quero dizer, quanto temos de crédito? — Imediatamente, após a fala do sátiro, o homem começou a gargalhar.

   — Que piada maravilhosa! Muito legal, aproveitem sua estadia. — Disse ao se retirar dramaticamente.

   — Foi impressão minha, ou aquele cara era igual ao Chapeleiro Maluco? — Questionou Astrid, vendo o moço saltitar pelo restante da enorme sala.

   — Na verdade... Ele era muito parecido... — Comentou Annabeth, ficando pensativa, ao encará-lo também.

   — Assim, só por curiosidade, quanto tempo nos resta? — A pergunta de Percy, era, claramente, refletida, em sua própria face infantil, que encarava todo o lugar com olhos esbugalhados.

   — Tempo o suficiente para aproveitarmos a Hora do Chá! — A mais velha sorriu, encarando o trio, que estava, extremamente, entretido.

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Avisos da autora:

ϟ 001. OIOIOIIIIIIII TUDO BEM, MEUS BENS? Não minto, comigo está tudo virado de ponta cabeça, tô morrendo com toda a correria. Por isso, já me desculpo pelo capítulo um pouco menor que o normal. (Meus caps, normalmente, tem entre 5k-6k e esse ficou com 4k-5k 😭😭😭😭)

ϟ 002. ANTES DE TUDO, gostaria de falar um assunto muito importante!!!!!!
FELIZ ANIVERSÁRIO LETTTTTTTTTTT 🎂🎂🎂🧨🧨🎇🎇🎆🎆 JUROOO, FIQUEI TAO FELIZ QUANDO TU COMENTOU QUE CAIRIA NUM DOMINGO, coloquei imediatamente no calendário, porque você merece e muito! Muito obrigada por sempre estar aqui, meu amor, você é uma pessoa sensacional. Uma das minhas primeiras leitoras 😭😭😭😭 E sempre comenta e interage em tudo!!! Você é uma fofa, super amigável, educada, carinhosa, engraçada e amo todos os seus comentários. Sou, eternamente, grata por sua presença aqui, e me sinto muito honrada por isso. Te desejo todo o amor do mundo e carinho também!!! Saiba que escrevi esse capítulo inteiro pensando em você, e esperando que você gostasse, porque sua opinião é sempre importante para mim. Você tinha que ver, quando descobri que tu era escritora, eu surtei KKKKKKKKKK Para finalizar, espero que esteja tudo bem contigo, e que sua vida sempre seja incrível e repleta por coisas boas. Sinta-se a vontade para falar comigo, quando quiser, estou aqui para o que precisar (ate mesmo para desabafar sobre voce sabe o que KKKKKKKK) 💞💞💞

ϟ 003.  De verdade amores, espero que tenham gostado desse capítulo. Se possível, deixem aqui o seu feedback do episódio e deixem também sua estrela (o votinho de sempre), porque ambos me motivam muito a continuar a escrever ♥︎♥︎♥︎♥︎♥︎ Próximo capitulo será lançado DOMINGO ÀS 23H.

ϟ 004. Tava com saudades de fazer perguntinhas para vocês, então aqui vai: Quais são suas séries e filmes favoritos?

Eu começo! Minhas séries favs, com certeza, são Sherlock Holmes e Criminal Minds. Agora com filmes, é complicado, mas pela nostalgia, acaba sendo Homem de Ferro (Vulgo meu pai KKKKKKKKKKK)

Obs: Foi aqui que pediram um mini spoiler DUPLO???????

Nós merecemos um descanso, não é?

Aquilo era impossível... Como minha mãe estava ali?

© paracossmo

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