III
Somente dois povos não foram afetados diretamente pelo vírus vermelho de Nacron a princípio, pois além de não interagirem com os demais seres, viviam em mundos considerados opostos, com os rolangs abaixo da superfície e os galangs não saindo do céu.
Os rolangs construíram inúmeras e pequenas vilas subterrâneas e retiravam da água o seu principal sustento. Eram muito bem adaptados à escuridão, apesar de se utilizarem de pedras luminosas, que eram alimentadas por magia azul. Tinham o costume de andar nus desde o nascimento e evitavam a superfície a todo custo. Ao contrário dos galangs, todas as suas cidades possuíam ligação umas com as outras e assim se ajudavam mutuamente.
A principal ilha flutuante que abrigava o povo galang era Amitarrit e mesmo ela pouco se comunicava com as demais, onde cada qual criava suas próprias regras de conduta. O costume em comum entre os galangs era o de não descer para a superfície de Azunis, pois tudo que precisavam retiravam da natureza que os cercava. Não se alimentavam de animais ou insetos, somente de pequenas frutas, e suas vestes e demais objetos eram fabricados através da magia elementar retirada da própria natureza. O sinal de alerta para os galangs surgiu quando esta magia começou a enfraquecer.
Para os rolangs o perigo se mostrou muito mais rapidamente, pois como a água que era a fonte da sua existência vinha da superfície, por pouco o vírus vermelho não os contaminou também. Toda a água que era desviada para abastecer os tanques das vilas subterrâneas passava por um antigo processo de decantação, que foi construído após surgir uma doença desconhecida que matou muitos rolangs. Os líderes chegaram à conclusão de que a doença veio da água contaminada, sua única ligação com o povo da superfície, então desenvolveram técnicas para filtrar toda a água que fossem utilizar.
Quando o vírus vermelho contaminou Azunis, a água que chegou para os rolangs, além das impurezas comuns, levou também pequenos animais mortos e os anciãos foram chamados. Perceberam que os animais mortos estavam com a coloração avermelhada e ao fazerem um exame minucioso através da magia, sem tocarem nestes animais, encontraram vestígios de parasitas se alimentando deles. Também num exame na água, os mesmos parasitas foram encontrados, então deixaram de abastecer suas reservas e marcaram uma reunião com o líder supremo, Mognoh.
Nesta mesma época os astutos galangs chegaram à mesma conclusão que os rolangs, de que o planeta estava doente. Assim que perceberam que a magia que retiravam da natureza estava mais fraca, mandaram um alerta para as outras ilhas flutuantes e todas se isolaram, criando escudos mágicos, para evitar que até os pássaros que tivessem contato com a superfície pudessem trazer a doença até eles. Não demorou muito tempo para que um conselho fosse montado e menos tempo ainda para perceberem que tinham que curar Azunis, pois a vida dos galangs dependia disso.
Sem mais o que fazer, tiveram que recorrer ao ser mais detestável e sábio de sua raça, alguém que poderia encontrar uma solução para o problema que eles enfrentavam, o único que tinha conhecimento da existência dos rolangs...
— De quem você está falando, mestre? — perguntou a bela Azirael, que além dos pulos, agora girava no ar, de tanta excitação que a curiosidade lhe causava.
Os demais alunos estavam todos calados e com expressões sérias, com exceção de Ratug, que exibia um sorriso formado por pequenos dentes pontiagudos.
— Ora, de quem mais eu posso estar falando? — Miriandant falou e flutuou um pouco acima da pedra que usava como banco, agora sem precisar abrir as asas — O sábio galang a quem me refiro é este mestre que vos fala...
607 palavras.
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