24 | 스물네 번째 장

Oi leitor,
Seja bem-vindo à mais um cap.
Atenção: Capítulo com gatilhos de violência!
Sem mais delongas, tenha uma boa leitura! :)

#azuldameianoite

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- JEON JUNGKOOK -

Tudo estava tão confuso na minha mente que eu mal conseguia discernir o que era real e o que era sonho ou delírio. A linha que separava os dois parecia se dissolver, e os sons e vozes ao meu redor soavam distantes, como se eu estivesse flutuando fora do meu corpo, preso em uma esfera de incertezas.

— JK? Está me ouvindo?

A princípio, tudo parecia um sonho, uma ilusão nebulosa que me envolvia. As vozes se misturavam em um eco confuso; algumas eu reconhecia, outras permaneciam estranhas e distantes. Eu lutava para identificar cada som, cada palavra, como se estivesse preso em um manto de névoa. Um sentimento de angústia crescia dentro de mim, e eu mal conseguia entender o porquê disso.

— Porra, ele não acorda...

Essa voz... a reconheci imediatamente. Era o Yoongi. O que ele estava fazendo aqui? Um frio na barriga me percorreu enquanto a consciência de que aquilo não era apenas um sonho começava a se firmar em minha mente. De repente, meu corpo reagiu, como se um choque elétrico me atravessasse. Abrindo os olhos de maneira rápida, ofegante, lutei pra puxar o ar que parecia se recusar a entrar em meu pulmão. A sensação de sufocamento era quase insuportável, e eu imediatamente senti que tinha algo errado.

O Yoongi realmente estava ali, ao meu lado, com uma expressão séria que dizia tudo. Ele se inclinou para me ajudar, e eu pude sentir a firmeza das suas mãos. O Hoseok também estava por perto, andando de um lado para o outro enquanto falava ao celular, tentando organizar a situação.

Com muito esforço, consegui me sentar, e, assim que fiz isso, uma sensação de alívio me percorreu. Foi só então que consegui respirar fundo, sentindo o ar entrar nos meus pulmões.

— O que tá acontecendo? — perguntei, ainda atordoado. — Cadê o Jimin?

Yoongi trocou um olhar rápido com Hoseok antes de responder.

— Seu segurança ligou pra gente porque você não acordava. O Jimin... — ele pausou, com sua expressão ainda mais sombria. — O Jimin sumiu.

Meu cérebro demorou uns segundos pra processar. Sumiu? Impossível... Lutei contra a névoa de confusão e tentei me lembrar da última vez que o vi. Tudo estava nebuloso, misturado com flashes de sonhos e realidade.

— Como assim? — minha voz saiu rouca, e a raiva começava a se misturar com o medo. — Ele estava aqui comigo. Como pode ter sumido?

— Ele saiu daqui era umas 23h, seu segurança disse que ele falou que ia na farmácia buscar remédio pra você, sozinho — Hoseok explicou, cruzando os braços e tentando manter a calma, mas a tensão era nítida em seu rosto.

As palavras dele caíram sobre mim como um peso esmagador. Meu coração disparou com uma mistura de medo e culpa. No relógio já eram 4h da manhã, ou seja, faziam 5 horas que ele tinha sumido.

Eu tentei levantar a todo custo até conseguir. A fraqueza ainda corria pelo meu corpo, mas eu não podia ficar parado.

— Por que vocês não me acordaram antes? — explodi, a voz mais alta do que pretendia, mas o pânico já começava a me consumir.

— Nós tentamos — Yoongi rebateu. — Você tava apagado por causa dos medicamentos. Não respondia, não importava o que a gente fizesse.

Hoseok se aproximou, respondendo em uma tentativa de me acalmar.

— Já estamos tentando rastrear o carro, por sorte, ele pegou um dos seus carros, e não o dele.

Minhas mãos se fecharam em punhos, e o pensamento de que algo grave poderia ter acontecido com ele me fazia querer quebrar qualquer coisa à minha frente. Meu primeiro pensamento foi ir até o guarda-roupa, e quando abri, estava tudo revirado. Minha arma não estava lá.

— Eu vou atrás dele!

— Espera aí — Yoongi interveio, segurando meu braço. — Não adianta sair assim, sem saber onde ele tá. A gente precisa pensar com calma, caso contrário só vai piorar as coisas. Já estamos verificando também as câmeras de segurança da rua, desde o momento em que ele saiu daqui.

Minha paciência estava longe de ser minha aliada naquele momento. Cada segundo que eu passava longe era um segundo em que algo horrível podia estar acontecendo.

— Quero todos os homens procurando por ele agora, todos! — minha voz saiu grave, carregada de uma raiva que eu mal conseguia conter. — Eu vou derrubar Seoul inteira, se for preciso. Não vou descansar até encontrar o Jimin.

— Com certeza foi a Sohee.

— Eu não tenho dúvidas. Essa desgraçada sequestrou ele, e a culpa é minha por não ter agido antes.

— Não é hora de se culpar, JK. O foco agora é encontrar ele. Já mandamos reforços pra vasculhar as ruas, e toda equipe de segurança está em alerta.

Passei a mão pelos cabelos, tentando raciocinar, mas tudo o que eu conseguia pensar era em como eu deixei isso chegar tão longe. Na raiva, peguei um pequeno vaso e o joguei com toda a força contra a parede. O barulho dos cacos se espalhando pelo chão parecia fazer ecoar a minha fúria.

— Vadia do caralho! — gritei fervendo de ódio e fúria.

Yoongi deu um passo à frente, agora com uma determinação fria no olhar.

— Acorda, tá maluco? Destruir as coisas não vai resolver porra nenhuma! — Yoongi gritou, me tirando do transe de raiva. — Vamos seguir ele nas imagens, assim como fizemos no dia em que achamos ele no prédio. Você sabe que somos rápidos nisso, então relaxa!

Eu sabia que ele estava certo. A raiva e o medo faziam meu peito subir e descer descontroladamente, como se eu tivesse acabado de correr uma maratona. Eu estava disposto a matar qualquer pessoa que tenha tocado nele.

Sem perder mais tempo, troquei de roupa rapidamente, ignorando as dores que se intensificavam no corpo. Não podia me dar ao luxo de sentir nada naquele momento.

Descemos juntos, e, apesar da tensão no ar, tudo ao redor parecia uma corrida frenética contra o tempo. Alguns homens ainda estavam na casa, mantendo a segurança, mas a maioria já havia saído para seguir as pistas do Jimin. Outros, como Yoongi sugeriu, monitoravam as câmeras, rastreando cada passo dele pelas ruas de Seoul.

— Vamos logo — falei, já com o coração acelerado, enquanto me dirigia ao carro de Yoongi.

Ele entrou no volante, ainda sem dizer nada, mas o olhar dele estava focado, determinado. Assim que as portas se fecharam, ele acelerou, rasgando as ruas com uma rapidez assustadora. No fundo, sabíamos que o tempo estava contra nós.

— Vamos para Incheon. O esconderijo dela é realmente lá. Nosso ataque ia ser hoje, e eu falei para o Jimin não fazer nada precipitado antes da hora, mas ele não obedece... — Yoongi falou, o tom dele carregado de frustração.

— Como assim, antes da hora? O que vocês estavam armando? — perguntei, sem conseguir esconder minha surpresa e irritação.

Ele respirou fundo, claramente pensando na melhor forma de me explicar.

— Ele pediu para o Hoseok continuar treinando ele a usar armas. — As palavras saíram lentamente, como se ele estivesse tentando acalmar a situação. — Ele queria te vingar, mas eu deixei claro para ele não fazer isso. Só que, como você sabe, o Jimin... ele não escuta ninguém quando está decidido. Ele te ama, cara, e eu sou testemunha do que ele sofreu por tudo que aquela desgraçada fez com você.

Minha respiração ficou pesada de novo, o sentimento de impotência misturado com uma raiva fervente que ameaçava explodir.

— É pior do que eu imaginava... — murmurei, a voz carregada de frustração. — É por isso que ele mentiu para o segurança. Ele foi atrás dela.

Yoongi me olhou por um segundo, os olhos estreitos de preocupação.

— Mas, sozinho? Ele não é inocente e sabia que as chances dele sozinho eram zero — Yoongi balançou a cabeça, incrédulo.

— Ela deve ter usado alguma chantagem. — Minha mente girava, tentando montar as peças desse quebra-cabeça. — Sohee é manipuladora. Deve ter ameaçado ele ou alguém próximo... ou feito o Jimin acreditar que só ele poderia resolver essa situação.

Yoongi me lançou um olhar sério.

— Se é isso que te preocupa, eu tenho certeza de que ele está vivo. A Sohee é obcecada demais por ele, não o mataria. O que ela quer é controle, e ter o Jimin sob sua influência faz ela se sentir poderosa, principalmente sabendo que isso te afeta diretamente.

Aquilo deveria me confortar, mas a verdade é que eu não conseguia parar de pensar nas piores possibilidades. O que ela poderia fazer com ele? A dor, raiva e preocupação me consumiam.

— A regra é clara: quero que matem todos. E ela... deixem ela por último, eu mesmo quero me resolver com ela.

Yoongi lançou um olhar animado.

— É disso que eu gosto, mas você sabe o que isso significa, certo? Essa não é apenas uma vingança. É uma declaração de guerra entre a máfia.

— Eu não me importo, nós mataremos todos. Não existirá guerra se forem todos para o inferno. — respondi, a raiva fervendo em minhas veias.

Ele concordou, empolgado com a perspectiva do caos. Até que meu celular tocou, interrompendo nossa conversa.

— Diga?

— Senhor, rastreamos o carro. Está parado em frente a um pequeno hostel, entre Seoul e Incheon.

— Me envie o endereço agora.

Assim que desliguei, mudamos a rota. A expectativa e a raiva se misturavam em mim, enquanto meu coração implorava por Jimin.

— Estamos quase lá. — Yoongi acelerou, seu olhar fixo na estrada, como se pudesse sentir a tensão no ar.

🫐

Quando chegamos, o relógio já marcava quase 9h da manhã. O lugar que chamavam de "hostel" parecia mais um muquifo abandonado. Meu carro estava estacionado na frente, e só de observar como o Jimin deixou o veículo, dava pra ver que ele parou e saiu com pressa.

Entrei primeiro, com Hoseok e Yoongi me acompanhando de perto. As paredes descascadas, o chão imundo e as janelas cobertas por cortinas velhas e rasgadas davam ao ambiente uma sensação de decadência. O cheiro de mofo impregnava o ar, misturado com um desinfetante barato que, ao invés de limpar, só tornava o ar mais insuportável. A atmosfera estava densa, quase sufocante, aumentando a tensão crescente dentro de mim.

Atrás de um balcão desgastado, um homem de uns 40 anos nos observava com um olhar desinteressado, como se já estivesse acostumado a lidar com qualquer tipo de cliente. Ele nos avaliou de cima a baixo antes de finalmente falar, sua voz carregada de tédio.

— Querem um quarto? — Ele perguntou, arrastando as palavras, sem nenhum esforço para parecer profissional.

Sem perder tempo, peguei o celular e mostrei a foto do Jimin para ele.

— Em que quarto esse garoto está?

Ele deu uma olhada rápida na imagem, sem demonstrar interesse, e cruzou os braços.

— Não posso passar informações de hóspedes. — Ele respondeu friamente, já se virando de volta para o balcão. — Passar bem.

Uma risada amarga escapou dos meus lábios, enquanto eu guardava o celular no bolso. Senti a fúria borbulhando, meu corpo vibrando de raiva. Não tinha tempo para perder com essa teimosia.

Antes que ele pudesse dar mais um passo, avancei pelo balcão e agarrei a gola da sua camisa, puxando ele para cima com força. Em um movimento rápido, o joguei no chão com um estrondo que ecoou pelo lugar.

— Vamos lá, vou perguntar de novo: em que quarto ele está?

O homem me olhou com os olhos arregalados, a expressão de desdém rapidamente se transformando em puro medo. Ele percebeu que não estava lidando com qualquer um.

— E-eu não sei de nada! — ele gaguejou, levantando as mãos em sinal de rendição. — Não sei quem é esse moleque!

— Ahh, você sabe sim... — falei com calma, sentindo a adrenalina correr nas veias. Coloquei a mão nas costas e saquei a arma, apoiando o cano frio contra a testa dele. O metal parecia ferver na pele do homem, e sua expressão de pavor piorou ainda mais.

O homem engoliu em seco, seus olhos se arregalando em desespero. O silêncio do ambiente ficou insuportável, como se o mundo ao nosso redor tivesse parado.

— Agora, vamos fazer isso do jeito fácil ou difícil, você decide. — continuei, com a arma firme e a voz baixa, carregada de ameaça. — Abre a porra dessa boca e começa a falar.

Ele começou a tremer visivelmente, lutando contra o medo que dominava seus pensamentos. A indecisão nos olhos dele era clara, o tempo parecia se arrastar enquanto ele pensava suas opções. Um segundo se passou, depois outro, até que ele finalmente respirou fundo, derrotado, e abriu a boca para falar.

— Ele estava no quarto 203... — gaguejou, com a voz trêmula e desesperada. — Mas a mulher que reservou o quarto já saiu. Por favor, não... não faça isso!

Eu mantive a pressão da arma em sua testa, meus olhos fixos nele, avaliando cada movimento.

— Tem câmeras aqui? — perguntei.

— T-tem! O computador está ali... — Ele apontou com as mãos trêmulas para o balcão, suando de medo.

Virei a cabeça ligeiramente, mas sem perder o foco.

— Hoseok, vá até o quarto conferir e mantenha a arma em punho.

— Entendido. — Hoseok respondeu sem hesitar, segurando firme sua arma enquanto se movia rapidamente pela escada, em direção ao quarto.

— E você, Yoon, tranque a entrada e confira as imagens das câmeras. — continuei, minha voz firme enquanto ainda segurava o homem. Não podia arriscar que qualquer detalhe escapasse. Yoongi trancou e foi em direção ao computador, seus dedos rápidos já manipulando o mouse para acessar as gravações.

Eu continuei observando o homem à minha frente, que parecia à beira do pânico.

— E você? — perguntei, segurando a arma com mais firmeza. — O que sabe sobre a Sohee?

Ele hesitou, os olhos arregalados, tentando encontrar palavras que talvez pudessem salvar sua pele.

— Eu... eu não sei quem é, só sei que é uma hóspede que chegou primeiro, e esse garoto... ele chegou depois e subiu com dois seguranças dela.

Meu olhar se estreitou, com a fúria crescendo lentamente dentro de mim. Me aproximei ainda mais.

— Olhe para mim enquanto eu estiver falando!

Ele olhou amedrontado.

— É bom que você não tenha envolvimento com ela mesmo — falei, minha voz baixa, mas carregada de ameaça. — Caso contrário, não vai sair ileso disso.

O homem engoliu em seco, arregalando os olhos ainda mais. Seu peito subia e descia com mais rapidez, e ele mal conseguia me encarar. Eu sabia, com absoluta certeza, que ele estava mentindo.

Nesse exato momento, ouvi o som de passos apressados se aproximando, seguido pela voz de Hoseok.

— O quarto está vazio, mas está uma bagunça, com sinais de briga.

Meu coração disparou com aquela notícia, e o sangue ferveu nas minhas veias. Só de imaginar o Jimin tendo que lutar para se proteger, minha raiva atingiu um nível incontrolável. Eu estava à beira de perder o controle, o ódio consumindo cada parte de mim.

— Yoon, pegou as imagens? — perguntei, indo até ele.

— Estou olhando, calma aí... ele respondeu, concentrado na tela do computador. Até que... - Espera... aqui!

Ele apontou para a tela, e o vídeo mostrou Jimin entrando no hostel, com dois capangas atrás dele. Pouco mais de uma hora depois, Sohee apareceu com os mesmos seguranças. Eles o arrastaram para fora, passando bem na frente do atendente. O detalhe que me fez ver tudo vermelho foi o momento em que Sohee entregou para o atendente um maço de notas amarradas com um elástico, como pagamento por seu silêncio.

Senti meu sangue ferver. A fúria que já estava em mim agora era incontrolável. Guardei a arma nas costas e, sem pensar duas vezes, dei um soco no atendente com toda a força que consegui reunir. O impacto o jogou para trás, e mesmo com ele no chão, a raiva não me deixou parar. Continuei desferindo socos.

— Eu te avisei! Sua ambição colocou a vida de um inocente em risco! — gritei, a cada palavra saindo com mais violência.

Ele tentou se proteger, mas eu não estava disposto a dar nenhuma trégua.

Ele começou a implorar por perdão, as palavras saindo com um desespero que só aumentava meu nojo. Mas com gente como ele, perdão não existe. Sem pensar duas vezes, o joguei no chão com força e limpei as mãos, como se quisesse me livrar da sensação repulsiva de ter tocado em alguém tão desprezível.

— Faça os hóspedes que restam saírem e coloque fogo em tudo. Quero esse lugar reduzido a cinzas com ele aqui dentro! — ordenei, minha voz firme, sem hesitação.

Yoongi e Hoseok concordaram, prontos para agir. O olhar do Yoon brilhou com uma animação fria, o tipo de satisfação que vinha da vingança iminente. Enquanto isso, o atendente continuava estirado no chão, gemendo e implorando mais uma vez pela própria vida.

Eu o chutei com força, ouvindo o som de dor escapar dele.

— Cala a boca, verme! — gritei. — Cadê a droga desse dinheiro?

— N-não sei... tá na gaveta, eu acho. Me deixe ir embora, por favor! — Ele choramingou, apontando trêmulo para o balcão.

Fui até o balcão, e assim que meus dedos tocaram o dinheiro que ele havia recebido daquela vagabunda, comecei a contar as notas, uma a uma.

— Você deixou sequestrarem o noivo do dono da máfia por causa dessa quantia vergonhosa de dinheiro? — perguntei, vendo o pavor estampado em seus olhos, quando ele finalmente entendeu a merda em que havia se metido.

O homem arregalou os olhos, sua pele ficando ainda mais pálida à medida que a gravidade da situação o atingia em cheio. Joguei todo aquele dinheiro sujo em sua direção, as notas caindo ao seu redor como lixo. As poucas pessoas que ainda estavam hospedadas saíram correndo sem dizer uma palavra, de cabeça baixa, sem ousar olhar para mim, da mesma forma que Hoseok frequentemente fazia quando sabia que algo estava prestes a acontecer.

— Eu não sabia quem ele era, por favor! — Ele gaguejou, a voz trêmula e implorando por misericórdia. — A mulher... ela disse que era apenas um favor...

Minha raiva borbulhava, crescendo a cada palavra que saía de sua boca.

— Não importa se era meu noivo ou qualquer outra pessoa. Você não tem noção da merda que sua ambição causou, seu imbecil?

Ele tremia, completamente tomado pelo pavor.

— Eu errei, eu sei...

— Errou — falei, com o olhar frio e determinado. — E agora vai pagar o preço por isso.

Saí do hostel sentindo a adrenalina correr em minhas veias, o som da porta se fechando atrás de mim sendo abafado pelo crepitar das chamas que começavam a consumir o prédio. Hoseok e meus outros homens se moveram rapidamente, seguindo minhas ordens sem questionar. A fumaça logo se espalhou, e a visão do lugar em chamas era quase uma extensão da raiva que queimava dentro de mim.

Parei em frente ao prédio, o vento frio da manhã trazendo a neve para misturar com o cheiro da fumaça. Acendi um cigarro, tentando encontrar um pouco de calma em meio ao caos que se desenrolava. A dor da cirurgia ainda latejava no meu corpo, alimentando minha ira e me lembrando de cada segundo que eu perdia enquanto Jimin estava nas mãos dela.

O lugar era quase deserto, sem ninguém para testemunhar o inferno que o lugar se tornou. Enquanto observava, o Yoongi se aproximaram, o brilho das chamas refletido em seu rosto.

— Peça para os seguranças continuarem a observar as imagens a partir daqui, só pra ter certeza — ordenei, soltando a fumaça do cigarro. — Mas já vamos para Incheon. Tenho certeza de que eles estão com o Jimin lá.

— Ok, farei isso agora.

Ele fez um sinal para os seguranças e se afastou, enquanto eu puxava a fumaça do cigarro, observando as chamas dançarem. A cena era até satisfatória, mas não o suficiente para a fúria que consumia minha alma. Meu garoto estava em perigo, e cada minuto que passava era um lembrete de quão vulnerável ele poderia estar nas mãos daquela ordinária.

Hoseok se aproximou enquanto eu passava as últimas instruções.

— Yoon, vou com você no carro. Hoseok, ordene que todos os nossos homens se dirijam para lá também. Quero que transformem Incheon num inferno até acharem o Jimin — falei, jogando o cigarro no chão e apagando-o com a neve.

Saímos em comboio, a tensão no ar quase palpável. O carro acelerava pela estrada, com o som do motor sendo o único barulho no silêncio sufocante. A cada quilômetro que passávamos, a expectativa e a raiva aumentavam, pulsando nas minhas veias.

Yoongi, com os olhos fixos na estrada à frente, finalmente quebrou o silêncio.

— Você acha que ela ainda está lá? — ele perguntou, a voz baixa e controlada. — Digo, ela deve desconfiar que já sabemos que ela está em Incheon.

Eu respirei fundo, tentando acalmar o turbilhão de pensamentos.

— Talvez. Se ela não estiver, vamos seguir cada pista até acharmos os dois. Não vai ter lugar no mundo onde ela possa se esconder de mim.

Yoongi deu um sorriso de canto, confiante.

— Nada e nem ninguém jamais fugiu de nós, e assim será com ela. — Ele disse, com aquela convicção que sempre o acompanhava. — Qual vai ser o plano?

— Primeiro, temos que achar o Jimin. Só vamos agir quando eu tiver certeza de que ele está fora de risco — respondi, firme. — O atirador posicionado do lado de fora vai ser a ajuda que precisamos pra garantir isso.

Yoongi concordou em silêncio, sabendo que, assim que o Jimin estivesse a salvo, nada impediria o caos que viria depois. A estrada parecia que não acabava nunca, mas cada segundo nos deixava mais perto do confronto.

O silêncio ficou no ar por um tempo, enquanto a adrenalina só aumentava conforme a gente se aproximava do litoral. Eu estava pronto pra fazer o que fosse necessário pra trazer o Jimin de volta. Destruiria o mundo por ele, queimaria tudo que aparecesse no meu caminho. Faria qualquer loucura pra ter meu garoto de volta.

🫐

Quando chegamos na região dos portos, já era pouco mais de meio-dia, e uma névoa espessa cobria tudo por causa do frio. O ambiente tinha aquele clima típico de lugar deserto, com vários armazéns espalhados pela área. O silêncio era quebrado apenas pelo som das ondas batendo ao longe, mas isso só aumentava a tensão.

Começamos a checar os armazéns um a um, focando nos que pareciam mais abandonados ou sem movimentação. O ar era denso, cada passo ecoava, e eu sabia que estávamos perto, mas ainda longe o suficiente pra que qualquer erro custasse caro.

O armazém seguinte parecia o mais promissor até agora. A fachada velha, enferrujada, e as portas mal fechadas indicavam que alguém poderia estar usando o local sem chamar atenção. Fiz um sinal para Yoongi e Hoseok, e nos aproximamos em silêncio, mantendo a atenção em qualquer movimento suspeito.

— Yoon, vai pela direita. Hoseok, fica de olho na entrada. Se alguém sair, mate — falei, baixinho, enquanto já sacava a arma, pronto para o que viesse.

Eles concordaram e se espalharam, cada um assumindo sua posição. Eu avancei, mantendo o corpo rente à parede do armazém. Empurrei a porta devagar, sem fazer barulho, e me preparei para entrar.

E então, vazio. Não havia ninguém. O armazém estava completamente deserto, e o chão empoeirado, sem pegadas ou qualquer sinal de movimentação recente, deixava claro que não era ali. Um vazio frio tomou conta de mim, mas a raiva logo voltou com força total. Mais uma pista errada.

— Que merda! — murmurei, com os dentes trincados, enquanto voltava para a porta.

Yoon se aproximou rapidamente, percebendo a frustração estampada no meu rosto.

— Nada? — perguntou, já sabendo a resposta.

— Nada. Não é aqui — respondi, a voz carregada de irritação. — Vamos continuar até achar.

O sol fraco no céu tentava atravessar a densa névoa, mas o dia continuava escuro, úmido e melancólico. A atmosfera parecia refletir minha frustração enquanto nossas buscas continuaram.

Com a maioria dos armazéns abandonados, acabamos perdendo muito tempo vasculhando lugares vazios. Já se passavam mais de duas horas, e nada. Cada espaço deserto só aumentava a tensão, e o peso da incerteza começava a me desgastar.

— Esse lugar é um labirinto sem fim — murmurei, olhando ao redor, a irritação evidente em minha voz.

— Não vamos parar agora. Alguma coisa vai aparecer, só questão de tempo — disse Hoseok, tentando trazer alguma calma, mesmo que ele também parecesse cansado.

Continuamos a varredura, passando por pilhas de contêineres enferrujados e portas escancaradas que só revelavam espaços vazios e empoeirados. O som das ondas quebrando ao longe, vez ou outra, era a única coisa que quebrava o silêncio pesado, e cada passo ecoava como uma contagem regressiva na minha cabeça.

Yoongi olhava pra mim de tempos em tempos, sabendo que o que nos guiava agora era mais o instinto do que qualquer pista concreta.

— Temos que cobrir mais terreno — falei, minha frustração vazando sem controle. Hoseok deu um aceno de cabeça, mantendo a arma sempre pronta, com a expressão firme.

Passamos por mais uma série de armazéns e, finalmente, avistamos um lugar diferente. Carros estacionados à frente e uma movimentação incomum perto de uma das entradas. Meu coração acelerou. Esse tinha que ser o lugar. Meu instinto gritava isso.

A adrenalina voltou com tudo, e parei de andar por um momento, observando. O armazém parecia mais ativo do que todos os outros que passamos até agora.

— É aqui — murmurei, sentindo o sangue ferver. — Quero todos os pontos de entrada cercados. Assim que encontrarem ele, acabem com todos. Ninguém pode escapar! — ordenei, fixando meu olhar em cada um dos homens. Eles concordaram sem hesitar, prontos para agir com precisão e sem misericórdia.

Hoseok e eu fomos os primeiros a nos mover, avançando de forma silenciosa para dentro do armazém, enquanto Yoongi ficou do lado de fora, coordenando o atirador e os demais. A área externa estava deserta, aumentando ainda mais meu alerta. Caminhamos com as armas em punho; minha pistola firme nas mãos, ideal para movimentos rápidos, enquanto Hoseok carregava um fuzil, preparado para qualquer confronto mais pesado.

O ambiente dentro do armazém era sombrio e abafado. O cheiro de óleo e metal se misturava ao ar frio, e o chão rangia levemente sob nossos pés, mas continuamos com a postura focada. Nos movíamos pelas sombras, atentos a qualquer som ou movimento. Cada canto poderia esconder um inimigo, e cada passo dado era um lembrete do que estava em jogo.

Pouco depois de andar, avistamos um homem distraído, encostado em algumas caixas empilhadas, mexendo no celular enquanto fumava. A tatuagem em seu braço o entregava como um dos capangas do Won. Fiz um gesto rápido, pedindo silêncio, e sinalizei para Hoseok eliminar ele. Sem hesitar, segurei sua arma enquanto ele sacava um punhal e um pano do bolso. Ele se aproximou com a precisão de um predador, colocando o pano na boca do homem. Em um movimento ágil, cravou o punhal em seu peito e puxou o corpo para trás de outras caixas, escondendo seu corpo nas sombras.

— Vamos verificar todas as salas — murmurei, com os sentidos aguçados e a adrenalina pulsando nas veias.

Nos movemos com cautela pelos corredores escuros, desviando de obstáculos e atentos a cada som e sombra. Assim que ouvimos vozes vindo de uma sala à frente, fiz um gesto rápido. Hoseok, compreendendo imediatamente, avisou aos outros para se prepararem para uma invasão silenciosa.

Do lado de fora, agora com certeza de onde os alvos estavam, o atirador de elite se posicionou no telhado do armazém ao lado, com visão perfeita da janela aberta. Sua voz, calma e focada, soou em meu fone.

— Senhor, eles estão na sala. O Sr. Park está amarrado a uma cadeira, com a cabeça baixa. A mulher está andando de um lado para o outro e parece nervosa. Há mais três homens na sala.

— Tem alguém perto dele? — perguntei, tentando manter a calma, mesmo com a raiva queimando dentro de mim.

— Um dos homens está bem atrás dele e... — ele hesitou.

— E?

— O garoto está desacordado, e... e está todo machucado.

Aquelas palavras foram suficientes para eu perder qualquer controle. A raiva tomou conta de mim, e sem pensar duas vezes, invadi a sala. O homem que estava atrás do Jimin reagiu instantaneamente, segurando ele como refém. Mas antes que pudesse fazer qualquer outro movimento, o atirador do lado de fora agiu rapidamente, acertando um tiro certeiro na cabeça dele, que caiu logo em seguida.

O caos tomou conta do ambiente. Sohee gritou, e os outros homens apareceram. Em questão de segundos, meus homens invadiram a sala, armas em punho. A confusão foi instantânea, tiros ecoando enquanto cada um dos meus seguranças avançava, eliminando os capangas de Won. Eu me aproximei de Jimin, o coração acelerado e os olhos fixos nele, ignorando tudo ao meu redor. Só conseguia pensar em tirá-lo dali, em acabar com aquela tortura.

— Jimin! — chamei, tentando chamar sua atenção, mas ele não respondeu.

Meus dedos se moveram rapidamente para soltar as amarras que o prendiam.

Foi então que eu vi a quantidade de machucados que ele tinha, e se eu já estava cego de raiva, naquele momento tudo piorou. Com um único olhar, Yoongi entendeu o que eu queria. Ele correu até o Jimin para ajudar, enquanto eu avancei diretamente em direção a Sohee, completamente tomado pela fúria. Ela era a única que restava, e estava tentando fugir. Sem pensar duas vezes, agarrei seu cabelo e a puxei brutalmente para fora da sala.

— Me solta, seu desgraçado! — ela gritou, a voz transbordando ódio. Com um movimento brusco, joguei a desgraçada no chão do corredor.

Enquanto ela caía, para minha surpresa, começou a rir. Um riso insano, carregado de loucura e provocação. Algo dentro de mim estalou, e todo o meu controle quase desapareceu.

Ela se levantou lentamente, limpando o rosto com um sorriso provocador.

— Sabe por que o Won, mesmo me odiando, nunca invadiu minhas áreas, Sohee? — falei, me abaixando um pouco mais, deixando o ódio transparecer em cada palavra. — Porque ele mesmo dizia que eu era a pior pessoa que ele já conheceu. Mas parece que ele não te explicou isso, não é mesmo?

Ela permaneceu em silêncio, mas seus olhos, cheios de sarcasmo e rancor, não demonstravam medo, muito pelo contrário. Na verdade, havia um brilho de desafio neles, como se ela estivesse saboreando cada segundo daquela situação.

— Você realmente acha que me assusta? — disse ela, com um sorriso desdenhoso.

Aquelas palavras só aumentaram a chama da minha raiva. Ela estava ali, na minha frente, tão arrogante e confiante, e isso só fazia eu querer agir com mais ferocidade. Agarrei seu cabelo novamente e a joguei com força contra a parede.

— Depois de tudo isso, ainda não ficou claro com quem você mexeu?

Ela riu ainda mais, um som que ecoava pelo corredor.

— Olha pra você, Jeon... louco feito um animal. — Sua voz era venenosa. — Você não é diferente de mim, muito menos do Won. Nós nascemos pra destruir a vida das pessoas, e não para amar. Esse é o nosso destino.

Minha fúria explodiu e joguei ela no chão, e seus olhos brilharam ao ver minha reação, como se ela estivesse saboreando cada segundo do meu ódio.

— Não me compare com você! — puxei seu cabelo com mais força.

— Comparo sim, é a verdade — ela riu, o som insano ecoando pelo corredor. — E digo mais, o Jimin estava comigo porque quis. Ele veio até mim... veio porque ainda me ama.

— Você é uma louca!

— Ele me ama, sim! — ela gritou, tremendo de raiva, se entregando a um estado de frustração e loucura. Seu olhar, antes desafiador, agora brilhava de forma maníaca, revelando uma obsessão que a consumia.

Então, começou a rir de forma insana, um riso que ecoava pelo corredor escuro e pela minha mente. O desespero e a fúria pareciam se misturar em sua cabeça, fazendo ela perder completamente a noção da realidade.

— Ele não pode viver sem mim! — gritou, com os olhos arregalados. — Você não entende! Ele me quer! Ele precisa de mim! Eu sou tudo o que ele precisa!

Ela começou a se mover descontroladamente, batendo os pés e gesticulando freneticamente de um lado para o outro, enquanto continuava gritando e soltando risadas que beiravam o histerismo.

— Você é uma doente! E só fez mal para ele, desde o primeiro instante em que ele cometeu a loucura de aceitar namorar com uma perturbada como você. Nós vamos nos casar, e você vai morrer com essa certeza na mente.

— É a mim que o Park ama de verdade! Você acha que pode tirar ele de mim, seu mafioso sujo? Sou a única que o faz feliz! Ele nunca foi gay e nunca será!

Seus olhos estavam repletos de insanidade, como se cada palavra fosse uma prova de sua obsessão. A forma como ela falava misturava raiva e um profundo desespero, refletindo uma necessidade obsessiva.

Então, caiu de joelhos, o riso começou a se misturar com um choro angustiado, como se a frustração por não poder ter Jimin estivesse explodindo dentro dela. As lágrimas escorriam pelo seu rosto, misturadas ao rímel borrado e o cabelo bagunçado, a tornando uma visão grotesca de loucura.

— Você não pode me separar dele! — gritou, a voz embargada. — Ele sempre será meu!

A cena era patética, uma mulher que havia perdido completamente a sanidade em sua obsessão. E, no meio de tudo isso, meu próprio desespero por Jimin crescia ainda mais.

Ela ria e chorava ao mesmo tempo, um riso histérico e sem controle, com os olhos brilhando de insanidade. De certa forma, mesmo desejando resolver tudo com minhas próprias mãos, não queria me sujar com ela. Gritei por Hoseok, que apareceu em segundos.

— Quer que eu cuide dela? — ele perguntou, com um sorriso frio no rosto.

— Sim — respondi, sem hesitar.

Ele sorriu de forma ainda mais sombria, como se estivesse se divertindo com a situação.

— Que honra! Obrigado por isso, JK.

Virei as costas para Sohee, ignorando os xingamentos que ecoavam atrás de mim, a raiva dela se transformando em uma espécie de grito desesperado.

— O Jimin nunca vai ser seu! Tá me entendendo? Nunca! Ele é meu, pra sempre meu! Ele me ama e eu amo ele, seu desgraçado! — suas palavras ressoavam cheias de desespero e ódio logo se calaram.

Cada passo que eu dava parecia mais pesado do que o anterior, mas a determinação em meu coração só crescia. Jimin precisava de mim, e eu não podia mais falhar com ele. Com a adrenalina ainda pulsando em meu corpo, empurrei a porta da sala e encontrei Yoongi ao lado dele.

Assim que entrei na sala, vi Yoongi ao lado de Jimin, já desamarrado, tentando o fazer acordar, e me aproximei depressa. Os hematomas espalhados pelo corpo, especialmente na barriga, me deixaram com um nó na garganta. A raiva que antes me consumia se dissipou instantaneamente, dando lugar a uma preocupação e culpa esmagadora.

Sem pensar duas vezes, me agachei e o abracei com força, segurando Jimin contra o meu peito, sentindo o calor do corpo dele mesmo naquela situação fria.

Ele ainda estava inconsciente, mas eu sabia que ele sentiria meu abraço, confirmando que agora estava seguro. A sensação de sua respiração contra o meu corpo era reconfortante, mas não era o suficiente para apagar a imagem de sofrimento que ficou gravada em minha mente.

— Vamos sair daqui antes que a polícia chegue — disse Yoongi, com pressa na voz. Ele estava certo. A bagunça que fizemos aqui com certeza chamou atenção da polícia.

Peguei Jimin nos braços, sentindo o peso da responsabilidade e da dor que ele carregava. Enquanto andamos apressados até a saída do armazém, era possível ver o lugar tomado por corpos caídos. Meus homens, seguindo minhas ordens, atearam fogo em tudo ao redor, destruindo qualquer vestígio do que havia acontecido. As chamas iluminavam o dia escuro, e o som crepitante do fogo parecia quase uma sinfonia macabra.

Assim que cruzamos a porta e entramos no ar livre, a brisa fria acariciou meu rosto, e eu respirei fundo, tentando me acalmar. Vários dos nossos carros já estavam do lado de fora, saindo em sequência. Com a ajuda de Yoongi, cuidadosamente coloquei Jimin no banco de trás do carro dele. Sentei ao seu lado, segurando ele contra mim enquanto partíamos.

— O que vamos fazer? — Yoongi perguntou, mantendo os olhos na estrada. — Não podemos levar ele assim pro hospital. Vamos acabar presos lá.

Respirei fundo, tentando organizar os pensamentos que corriam soltos na minha cabeça. Yoongi estava certo; não podíamos correr o risco de levar Jimin a um hospital comum.

— Eu vou ligar pro médico — respondi, pegando o celular com pressa. — Ele é discreto e já tratou o Jimin antes.

Depois de alguns toques, a chamada foi atendida, e a familiaridade na voz dele me trouxe um leve alívio.

— Alô?

— Doutor, é o Jeon. Preciso que o senhor atenda o Jimin, é urgente — falei, sentindo a pressão aumentar.

— Tem a ver com a miastenia? — ele perguntou, direto ao ponto.

— Não, machucaram ele.

— Ok, se é mais sério, preciso atendê-lo na minha clínica. Vou te enviar um endereço. Estou em casa, mas já estou a caminho — disse o médico, sua voz firme e profissional, sem perder tempo.

— Obrigado — respondi antes de desligar.

Passei o endereço para o Yoongi, que não hesitou e acelerou o carro rumo a Seoul. Cada segundo contava, e a prioridade agora era garantir que Jimin ficasse bem. Eu faria qualquer coisa por isso.

Enquanto o carro cortava as ruas desertas, o silêncio entre nós se tornava sufocante. Jimin estava quieto demais no meu colo, sua respiração pesada e irregular, e os hematomas no corpo dele me faziam sentir uma raiva que fervia dentro de mim.

Olhei para ele novamente, tentando segurar a raiva e o desespero que cresciam dentro de mim.

— Vai ficar tudo bem, meu garoto. Eu tô aqui... você está comigo agora — sussurrei, mesmo sabendo que talvez ele nem me ouvisse. Mas aquelas palavras não eram só pra ele, eram pra mim também. Eu precisava acreditar que tudo ficaria bem.

🫐

O trajeto parecia interminável, cada minuto uma tortura, mas finalmente chegamos à clínica.

Já eram 16h, e assim que Yoongi estacionou, eu saí do carro com Jimin nos braços, ignorando completamente as minhas próprias dores. Ele ainda estava desacordado, mas senti um leve movimento, pequeno, mas o suficiente pra me dar uma ponta de esperança. Um enfermeiro já nos esperava, começando a triagem sem perder tempo. O médico ainda estava a caminho, e levaria mais alguns minutos pra chegar.

Ver Jimin daquele jeito... era devastador. Não era só o estado físico dele que me destruía, era a memória da dor que se repetia. A mesma dor de quando o Won envenenou ele, e a mesma angústia de ver ele na beirada daquele prédio. Era como se todas aquelas lembranças tivessem voltado de uma só vez, me esmagando por dentro.

Enquanto ele ficou no consultório com o enfermeiro, que já adiantava alguns exames, eu me sentei na luxuosa sala de espera ao lado, incapaz de fazer qualquer coisa além de esperar. Yoongi estava comigo, em silêncio, mas sua presença me trazia algum conforto, por menor que fosse. Mesmo assim, o peso no meu peito era insuportável, como se a culpa e o medo tivessem se transformado numa dor sufocante. Pela primeira vez, deixei as lágrimas escorrerem na frente dele.

— Eu não quero mais, Yoon — minha voz saiu embargada, enquanto as palavras pareciam pesar ainda mais. — Não quero mais ser da máfia, estar envolvido com isso ou qualquer outro tipo de crime. Eu já fiz mal demais pra ele. Você sabe que eu tentei terminar tudo o que temos, pra proteger ele, mas... eu simplesmente não sei mais viver sem esse garoto. Então eu prefiro abrir mão de tudo.

Yoongi olhou pra mim, a expressão dele séria, mas também cheia de compreensão. Ele sempre entendeu o que eu sentia.

— Não é uma decisão fácil — ele começou, com a voz calma, mas firme. — Você sabe que sair da máfia tem consequências. Até mesmo pra você, que é o chefe de tudo.

Respirei fundo, me preparando para o que estava por vir, mas com a certeza de que nada mais importava se não o Jimin.

— Eu estou disposto a passar por todas as consequências.

Yoongi deu um sorriso sutil, pousando uma mão firme no meu ombro, em um gesto de apoio que falava mais do que palavras.

— Eu te ajudarei nisso, pode ter certeza. E mais... tô orgulhoso de quem você se tornou.

Desviei o olhar, tentando segurar a emoção. Sabia que essa decisão não seria o fim de todos os problemas, mas era o início de algo novo. Algo pelo qual eu estava disposto a lutar, mesmo que o preço fosse alto.

— Valeu, Yoon. De verdade. Eu nem sei como agradecer por tudo que você e o Hoseok fizeram por nós, hoje e sempre.

Ele balançou a cabeça, desprezando a ideia de agradecimentos.

— Você faria o mesmo por mim — respondeu, com a voz baixa e sincera.

Yoongi me olhou por alguns segundos, e o cansaço estava estampado no rosto dele. Eu percebi que ele precisava descansar. Depois de muita insistência, ele finalmente concordou em ir pra casa, me fazendo prometer que daria notícias assim que o Jimin estivesse melhor.

Assim que Yoongi saiu da clínica, a enfermeira me permitiu entrar no consultório. Me aproximei da cama e fiquei olhando para o Jimin deitado ali, com as marcas da dor ainda bem visíveis no rosto dele. O quarto estava mergulhado num silêncio tenso, só quebrado pelo som suave e irregular da respiração dele, que parecia frágil demais. Peguei sua mão com cuidado, como se só isso fosse suficiente para passar todo o amor que eu sentia, uma maneira de mostrar que ele não estava sozinho.

— Eu vou te tirar dessa, meu amor — sussurrei, com a voz embargada. — Prometo que nunca mais vou deixar você se sentir assim.

O tempo parecia se arrastar, cada segundo mais pesado que o anterior. Mas, finalmente, em menos de dez minutos, o médico entrou no quarto. Ele tinha uma expressão séria, e seu olhar foi direto para o Jimin deitado na maca.

— Céus... o que fizeram com ele? — perguntou, a voz cheia de preocupação, enquanto abria a maleta com pressa.

— Sequestraram ele — respondi, sentindo a raiva e a dor ainda pulsarem no peito, tão fortes que quase me sufocavam.

— Que animais... sinto muito por isso, Sr. Jeon. Vamos cuidar dele. — O médico falou com seriedade, enquanto se aproximava de Jimin.

Ele começou a examinar os hematomas espalhados pelo corpo dele, as feridas que marcavam sua pele. Cada toque cuidadoso do médico me deixava mais tenso. Meu coração batia acelerado, e tudo que eu queria era que ele soubesse exatamente o que fazer para tirar o Jimin dessa situação. O médico então pegou os exames que a equipe já havia agilizado e começou a analisar cada um deles com atenção.

— Ele está desidratado e, pelas imagens do raio-x que minha enfermeira tirou, o pé esquerdo está fraturado. Vou precisar imobilizar. Os exames de sangue mostraram uma quantidade de zolpidem no seu organismo, popularmente conhecido como "boa noite, Cinderela". Isso explica ele estar desacordado.

Senti uma onda de choque atravessar meu corpo. Não conseguia acreditar que, além de machucarem ele daquele jeito, ainda tiveram a coragem de doparem ele.

— Isso faz mal? — perguntei, a voz saindo baixa, cheia de preocupação.

O médico respirou fundo, mantendo uma expressão firme e controlada.

— Em excesso, pode ser perigoso, mas a quantidade que encontramos no sangue dele não é suficiente para causar danos maiores. Vou começar a medicação intravenosa agora. Felizmente, ou por um milagre, não encontramos ferimentos internos, que era minha maior preocupação. Ele vai se recuperar, mas isso vai exigir tempo e cuidados.

Essas palavras trouxeram um pequeno alívio, mas ver o Jimin ainda tão machucado e desacordado me impedia de relaxar. Apenas concordei, sinalizando que entendia, e apertei suavemente a mão dele, como se pudesse oferecer algum consolo.

— Faça o que for preciso, doutor. Eu vou cuidar dele... — minha voz vacilou no final, e o médico me lançou um olhar compreensivo antes de voltar a preparar o soro.

O médico terminou de preparar tudo e começou a conectar o acesso intravenoso ao braço do Jimin, com precisão e rapidez. A cada segundo que passava, sentia o peso da culpa e da impotência me esmagando. Não importava o quanto eu tentasse me convencer de que ele ia ficar bem, aquela cena estava gravada na minha mente como uma ferida aberta.

— Ele vai sentir os efeitos da medicação em algumas horas. Provavelmente vai acordar sentindo dores, mas nada que os analgésicos não resolvam — disse o médico, enquanto finalizava o procedimento e ajustava os medicamentos no soro. — A fratura no pé vai precisar de cuidados, e ele vai ter que usar uma bota ortopédica por algumas semanas.

Concordei, observando ele imobilizar o pé do Jimin e a medicação indo gota a gota para sua veia.

— Obrigado, doutor — murmurei, mal reconhecendo minha própria voz.

O médico me lançou um olhar compreensivo antes de recolher seus instrumentos.

— Não precisa agradecer, e nem ficar preocupado. Ele vai melhorar, e só precisa de tempo e cuidados, como eu disse. Assim que a medicação terminar, vou liberar ele para voltar para casa com o senhor.

Quando ele saiu, nos deixando a sós, o silêncio tomou conta da sala novamente. Me sentei ao lado do Jimin, segurando suas mãos entre as minhas, como se isso pudesse trazer algum conforto para nós dois.

— Eu estou disposto a largar tudo por você, meu garoto... — sussurrei, enquanto acariciava suavemente seu rosto com a outra mão.

Me inclinei para beijar sua testa, mas no instante em que fiz o movimento, a dor dos pontos da cirurgia, onde a bala quase acertou meu rim, voltou com força total. Agora, com a adrenalina dissipada, o desconforto era insuportável. Eu usava uma jaqueta de couro e uma blusa grossa por baixo, mas ao colocar a mão por dentro da camisa, percebi que algo estava errado... a ferida estava aberta e sangrando.

Minha primeira reação foi sair do consultório e ir até o médico, que estava encostado na parede, segurando um copo de café.

— Doutor... — chamei, com a voz baixa e cheia de dor. — Pode me dar uns pontos?

O médico levantou os olhos, surpreso ao me ver com uma expressão de dor. Ele colocou o copo de café de lado, imediatamente preocupado.

— O quê? — Ele se aproximou rapidamente, notando o sangue que começava a manchar minha camisa por baixo da jaqueta. — Você não me disse que estava ferido também!

— Na verdade, é a cicatriz de uma cirurgia que fiz para retirar um projétil. O importante era cuidar do Jimin — respondi, tentando minimizar a situação, mesmo com a dor latejante no meu corpo. — Mas acho que agora estou precisando de ajuda também.

O médico balançou a cabeça e me guiou de volta para a sala de exames, onde rapidamente pegou o material necessário para cuidar do meu ferimento.

— Tire a jaqueta e a camisa, e deite de lado na maca — disse ele, com um tom firme.

Eu obedeci, sentindo a dor aumentar a cada movimento. Assim que tirei a camisa, o ferimento ficou completamente visível, com o sangue escorrendo de forma constante. O médico franziu a testa enquanto preparava a anestesia local.

— O senhor deveria ter me avisado antes. Isso pode infeccionar. Parece que a sutura anterior se rompeu. Vou ter que refazer tudo e deixá-lo sob observação, junto com seu noivo — disse o doutor, com uma firmeza cuidadosa.

Ouvir o médico dizer "noivo" me fez sorrir, mesmo com a dor latejando. Aquelas palavras eram um pequeno raio de luz em meio à escuridão da situação. Mesmo no meio de toda a tensão, o simples fato de estarmos juntos me trazia consolo.

Eu estava deitado de lado, permitindo que o médico refizesse a sutura, mas meu olhar não deixava o Jimin. Ele estava ali, tão perto e ao mesmo tempo tão distante, ainda desacordado, e isso me deixava inquieto.

Apesar de estarmos machucados e vulneráveis, eu sentia uma estranha paz. Esse seria o primeiro Natal que eu passaria ao lado de alguém, e mesmo que o momento não fosse como eu imaginava, estar com ele fazia tudo parecer melhor. Em meio a tanta dor e confusão, eu só desejava viver em paz com meu garoto.

O médico continuou em silêncio, concentrado em refazer os pontos. Eu tentava não me mexer, mas a dor começava a ficar mais intensa a cada movimento que ele fazia. Ele parecia focado, cada movimento preciso enquanto cuidava de mim. Eu sentia que, em algum nível, ele compreendia a importância daquele momento para nós dois.

Quando ele finalmente terminou, limpou o sangue e ajustou os curativos com um toque cuidadoso.

— Pronto, Sr. Jeon. Tente não fazer muito esforço, certo? Volto daqui a uma hora para tirar o acesso do soro dele e liberar vocês.

— Ok, doutor — respondi, forçando um sorriso. Meu foco não estava em mim, mas no Jimin. Nada mais importava naquele momento além dele.

Assim que o médico saiu novamente, respirei fundo, tentando me acalmar. Voltei a me sentar ao lado dele, e o ambiente parecia mais tranquilo agora, mas ainda havia uma tempestade dentro de mim, uma mistura de ansiedade e preocupação.

Peguei sua mão de novo, apertando levemente, como se isso pudesse manter ele seguro a partir de agora.

— Você vai ficar bem. Nós vamos passar por isso juntos, eu prometo.

Olhei para o rosto dele, notando novamente as marcas da dor que ainda estavam ali. A fragilidade que eu via me fazia sentir uma vontade intensa de proteger o Jimin de tudo, e, ao mesmo tempo, me deixava vulnerável.

Comecei a conversar em voz baixa, como se as palavras pudessem atravessar a escuridão que o mantinha afastado de mim. Falei sobre coisas simples, sobre como seria nosso futuro juntos, sem crimes, até sobre novas viagens que poderíamos fazer. Lembrei do jeito como ele sorria ao ouvir suas músicas favoritas, ecoando pela casa, ou a maneira como seu olhar brilhava ao falar de seus sonhos como dançarino.

Eu precisava que ele sentisse minha presença, que soubesse que eu estava ali, ao lado dele, em qualquer circunstância, e que todos os seus sonhos ainda seriam realizados.

— Eu te amo tanto, tanto... — murmurei, acariciando seu rosto suavemente.

Seus olhos permaneciam fechados, mas eu sabia que, de alguma forma, ele poderia ouvir.

O tempo parecia passar devagar, e eu não conseguia desviar o olhar dele. Cada pequena mudança em sua respiração fazia meu coração acelerar, esperando que ele acordasse a qualquer momento. Enquanto segurava sua mão, imaginei os momentos que ainda poderíamos compartilhar, os planos que tínhamos para o futuro. Essa ideia me motivou a ser forte por nós dois.

🫐

Quando o médico finalmente nos liberou, uma sensação de alívio misturada com exaustão me dominou. O coração ainda batia acelerado, mas saber que o Jimin estava estável me trouxe um pouco de paz. Lá fora, o Hoseok já estava nos esperando e entrou no consultório. Eu queria ajudar Jimin até o veículo, segurar ele como tinha feito antes, mas o olhar sério do médico me lembrou dos pontos recém-costurados. Contrariado, deixei que Hoseok cuidasse disso.

— Vai devagar com ele, por favor — murmurei, sentindo uma pontada de frustração por não poder ser eu a ajudar.

Hoseok me lançou um sorriso tranquilizador enquanto colocava o braço de Jimin ao redor dos seus ombros.

— Relaxa, JK. Eu cuido dele. Só tenta não fazer mais besteira com esses pontos — ele respondeu, tentando aliviar a tensão com seu jeito despreocupado.

Eu caminhei atrás, observando cada movimento, pronto para intervir ao menor sinal de desconforto de Jimin, mesmo que isso me custasse mais dor. Era diferente deixar alguém fazer o que eu considerava ser meu dever, mas eu sabia que, naquele momento, era o melhor.

Quando Hoseok ajudou Jimin a entrar no carro, me forcei a aceitar que, por mais que eu quisesse proteger ele em todos os momentos, também precisava cuidar de mim se quisesse estar ao lado dele por muito mais tempo. Sentei ao lado do meu garoto e o abracei com cuidado, tentando não pressionar os pontos que ainda estavam se recuperando.

— Ele vai ficar bem — Hoseok falou de repente, como se tivesse lido meus pensamentos. — Só precisa de tempo para se recuperar, e eu vou ajudar no que for preciso.

Olhei para minha mão entrelaçada com a do Jimin, e o toque dele me trazia uma sensação de paz em meio ao caos. Era como se, de alguma forma, nosso vínculo estivesse mais forte. Soltei um sorriso sutil, como se finalmente uma parte do peso estivesse saindo dos meus ombros.

— O Yoongi já te falou sobre minha escolha? — perguntei, mantendo a voz baixa, quase um sussurro, como se temesse que o mundo ao nosso redor pudesse ouvir.

— Sim, ele falou. — Hoseok respondeu, mantendo os olhos fixos na estrada à frente. Sua expressão era séria, mas havia um entendimento nas suas palavras que me tranquilizou. — Você tem certeza sobre deixar tudo?

Respirei fundo, sentindo o peso daquela decisão se instalar em meu peito. Era um fardo pesado, mas, ao mesmo tempo, havia uma certeza profunda que há muito tempo não sentia. Olhei pela janela, observando as luzes da cidade passarem rapidamente, como se refletissem o turbilhão de sentimentos dentro de mim.

— Tenho. — Falei firme, deixando claro que não havia volta. Essa decisão era final. — Tanta certeza quanto nunca tive em toda minha vida. Quero que você e o Yoon continuem com isso, se quiserem, claro.

Hoseok desviou o olhar da estrada por um momento, me observando pelo retrovisor.

— Eu... isso... eu nem sei como te agradecer.

— Não quero agradecimentos. Vocês são meus amigos, e vou ficar satisfeito se souber que tudo está nas mãos de vocês.

— Obrigado, JK. Prometo cuidar de tudo.

— Eu sei que vai. E o Yoongi também.

O silêncio no carro se estabeleceu por um momento, e eu deixei minha mente vagar, refletindo sobre tudo o que tinha acontecido. A estrada se estendia à nossa frente, e o futuro parecia incerto, mas ao mesmo tempo, eu sentia uma sensação de liberdade que há muito não experimentava.

Era como se, ao tomar essa decisão, eu estivesse finalmente me soltando das correntes que me prendiam ao passado. O peso dos erros e das escolhas erradas começou a se dissipar, e eu visualizei um novo começo. Uma vida onde as cicatrizes poderiam se curar, e onde eu poderia finalmente viver sem olhar para trás, sem temer minha própria sombra.

Conforme a cidade passava, as luzes brilhantes começaram a se misturar com as estrelas no céu, criando uma cena mágica. Eu fechei os olhos por um momento, imaginando o futuro. Um futuro onde eu e Jimin poderíamos rir, amar e construir nossos sonhos juntos.

🫐

Assim que chegamos em casa, era pouco mais de 19h20. A cena se repetiu; Hoseok ajudou a levar Jimin até meu quarto. Ele o colocou cuidadosamente na cama, e eu garanti que meu garoto estivesse confortável e bem aquecido.

— Vou dormir aqui e ficarei lá fora. Me avise se precisar de algo — disse Hoseok, sua expressão tranquila, mas protetora.

— Ok. Obrigado mais uma vez.

Ele deu um sorriso satisfeito e saiu do quarto, fechando a porta lentamente atrás de si. A quietude tomou conta do ambiente, e eu me sentei na beira da cama, observando Jimin, que parecia tão vulnerável ali, mesmo que não fosse alguém vulnerável.

Com cuidado, peguei sua mão, entrelaçando nossos dedos, e respirei fundo. Era um pequeno gesto, mas me dava um conforto imenso. O toque dele sempre foi um calmante para minha alma, e naquele momento, era como se nossa conexão se fortalecesse ainda mais, mesmo na fragilidade da situação.

Olhei para seu rosto sereno, admirando os traços que eu amava. As sombras de dor ainda estavam presentes, mas havia uma paz em seu semblante que me fazia acreditar que tudo ficaria bem. O silêncio no quarto era acolhedor, e eu me perdi em pensamentos, imaginando como seria a vida quando tudo isso passasse.

Aguardei ansiosamente por um sinal de que ele estava começando a despertar, a esperança pulsando dentro de mim a cada segundo. Eu estava cansado, destruído e me sentia tão traumatizado que até o simples ato de deixar Jimin sozinho no quarto para tomar banho fazia meu coração apertar.

Respirei fundo, dei uma última olhada nele, absorvendo cada detalhe do seu rosto, e finalmente fui ao banheiro. A água quente que caía sobre minha pele ajudou a aliviar um pouco a tensão acumulada em meu corpo. Enquanto me ensaboava, minha mente não parava de vagar, lembrando de tudo o que Jimin havia passado. O modo como ele lutou, como se manteve firme mesmo nas piores situações, tudo isso me fazia admirar ainda mais a força dele.

Com a água escorrendo, tentei me concentrar em algo mais positivo, mas só pensava nisso. As lembranças das situações difíceis que enfrentamos juntos, os perigos que o cercaram e o olhar de dor que ele tinha me assombravam. O medo de perder ele era uma sombra constante em minha mente, e eu não sabia como viver com isso.

A pressão da água massageava meus músculos, mas não aliviava a ansiedade que crescia dentro de mim. Enxuguei o corpo rapidamente, desejando voltar ao quarto e ver Jimin acordado, falando comigo, rindo como sempre fez, mas, ao voltar, vi que ele continuava do mesmo jeito que o deixei.

Coloquei um shorts simples, refiz o curativo dos meus pontos com cuidado e, após tomar dois analgésicos, me deitei ao seu lado.

Me aproximei dele, sentindo a temperatura do seu corpo, e deixei que minha mão descansasse sobre a dele, entrelaçando nossos dedos. O toque era reconfortante e, mesmo após tudo o que aconteceu, ele ainda tinha o cheiro doce de baunilha. Afundei meu rosto na sua nuca, absorvendo seu perfume familiar, enquanto o silêncio do quarto era quebrado apenas pelos sons dos meus beijos delicados em sua pele e da sua respiração suave.

A cada respiração dele, sentia um misto de alívio e dor. O fato de ele ainda estar ali, mesmo que inconsciente, me dava forças.

— Quero ouvir sua voz logo... quero olhar esses olhos pequenos, quero ouvir sua risada, ver seus passos de dança, até mesmo a bagunça que você deixa no seu quarto. Eu não sei ficar sem você, então, por favor, volta pra mim logo — sussurrei contra a sua pele, sentindo a urgência das minhas palavras se misturarem com o silêncio do quarto.

A cada segundo que passava, minha ansiedade crescia. Meus dedos desenhavam pequenos círculos na sua mão, tentando transmitir todo o amor que eu sentia por ele. A esperança de que ele pudesse me ouvir me dava forças para continuar, mesmo que a escuridão da incerteza me cercasse.

Deslizei meus dedos pelo seu cabelo, sentindo a suavidade das mechas. A lembrança dos nossos momentos juntos me envolveu como um cobertor quentinho, aquecendo meu coração em meio ao medo e à dor. Cada memória era um lembrete do que tínhamos construído, da conexão que nos unia de uma forma que eu nunca havia experimentado antes.

Fechei os olhos, deixando o cansaço me envolver enquanto ainda o segurava. Era difícil não imaginar ou criar expectativas sobre o que o futuro nos reservava, mas eu sabia que, independentemente do que acontecesse, eu não desistiria dele. Eu lutaria por nós, sempre.

E assim, envolto na esperança e no amor que sentia por ele, deixei o cansaço me levar, mesmo que a necessidade de sua presença fosse mais forte que qualquer sonolência. Estava ali, ao lado dele, esperando pacientemente por um sinal, esperando o momento em que eu pudesse olhar nos olhos dele novamente e saber que tudo ficaria bem.
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Oi leitor :)
Obrigado por ter chegado até aqui!

Estamos nas retas finais, então aproveitem.
Te vejo no próximo capítulo.

Até lá! 💙

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