22 | 스물두 번째 장
Bem-vindo de volta, leitor.
Preparem o coração, pois nesse capítulo eu me empolguei :)
Tenha uma boa leitura.
#azuldameianoite
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- JEON JUNGKOOK -
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Seis dias depois.
Faltava uma semana para o Natal. Hoje era o dia da tão temida peça que o Jimin iria apresentar. Eu estava orgulhoso por ele e por toda a sua dedicação nos ensaios, especialmente nesses últimos dias, mas ainda não consegui me acostumar com a ideia da filha do Jihoon contracenando com ele.
Ainda era cedo, e os raios de sol entravam de forma tímida pela janela, iluminando o tecido da cortina. Enquanto ainda tentava despertar, escutei a voz doce do amor da minha vida falar comigo.
— Bom dia, Kookie — disse, com um sorriso bonito que iluminava ainda mais o ambiente.
Fiz carinho em seu rosto, ainda marcado pelo travesseiro.
— Bom dia, meu amor. Pronto para peça?
Ele sorriu, e pude ver um brilho de nervosismo misturado com empolgação em seus olhos.
— Sim... na verdade, mais ou menos. Tô um pouco ansioso, mas acho que vai dar tudo certo — disse ele, esfregando os olhos ainda sonolentos.
Puxei seu corpo para mais perto, envolvendo em um abraço carinhoso. Sentia seu coração bater acelerado contra o meu, e isso me tranquilizou um pouco.
— Vai ser incrível, você se preparou muito bem.
— Espero que sim — respondeu, repousando a cabeça no meu ombro. — Você vai?
— Não perderia por nada. — prometi, segurando sua mão e dando um beijo suave nela.
Ele sorriu mais uma vez, e sua tensão pareceu aliviar um pouco.
Como eram as últimas semanas, fechamos a Sixx e liberamos todos os funcionários, assim, todos aproveitariam as festividades de fim de ano sem se preocuparem com trabalho. Isso incluía o Jimin, que, apesar de todos saberem que ele é meu noivo, continuava insistindo em trabalhar no marketing, recusando qualquer outro cargo de liderança que eu tenha oferecido.
Enquanto a gente tomava café da manhã, ele me olhou com um sorriso de canto.
— Posso te pedir uma coisa? É algo que você tá me devendo.
— O que seria? — perguntei, curioso.
— Você prometeu que me ensinaria a usar armas e não me ensinou. Já que o dia vai ser tranquilo até a peça à noite, podemos fazer isso hoje? — disse ele, com um olhar determinado.
Eu olhei para ele, sentindo um misto de preocupação e apreensão. Não era uma tarefa simples e, embora soubesse que ele queria estar mais preparado, a ideia de ensinar algo ruim me deixava aflito.
— Você sabe que não é algo que se aprende em um dia — expliquei, tentando ser cauteloso.
Ele deu com os ombros, mas continuou com um olhar decidido em seus olhos.
— Eu sei disso, mas quero aprender...
De certa forma, ensinar ele realmente era uma maneira de nos prepararmos para qualquer situação inesperada. Respirei fundo e concordei.
— Tudo bem, vamos fazer isso. Mas vou ser rigoroso e garantir que você entenda a importância e os riscos envolvidos.
Ele abriu um sorriso, satisfeito com a resposta, e levantou para se preparar.
— Vou trocar de roupa, me espere.
Eu sabia que isso significava que teríamos que ir ao esconderijo de novo, e eu realmente não queria isso. Enquanto ele se arrumava, liguei para o Hoseok, que me atendeu
— Bom dia, Hoseok — comecei.
— Opa, bom dia, JK. Aconteceu alguma coisa?
— Não, preciso de um favor seu. Sabe se aquela área de tiro perto de Seongbuk-dong ainda está desativada?
— Hmm, acho que sim, mas vou conferir, espera aí.
Ele colocou o celular em espera por um instante. Eu aproveitei para trocar de roupa também. Quando Hoseok voltou, respondeu:
— Sim, está livre. Pode usar quando precisar.
— Ok. Vou levar o Jimin para aprender o básico, depois de tanta insistência dele. Peça para algum segurança ir junto e levar uma Glock 17.
— Pode deixar. Eu mesmo vou e encontro vocês lá.
— Ok. Valeu, Hoseok.
Desliguei e encontrei Jimin já pronto, com um sorriso largo no rosto.
— Vamos lá — disse, tentando manter a calma. — Vou te levar até uma área de tiro.
Ele sorriu animado e me seguiu, enquanto eu me preparava psicologicamente para garantir que o treinamento fosse seguro para ele.
Chegamos ao local de tiro em Seongbuk-dong. Era uma área bastante isolada, rodeada de mata, e com espaço suficiente para garantir que o treinamento fosse feito de forma segura, sem testemunhas. Hoseok já estava lá, verificando os equipamentos e garantindo que tudo estivesse em ordem.
Me aproximei do Hoseok enquanto o Jimin olhava entusiasmado para o local, notando os alvos tanto longe quanto distantes.
— Tudo pronto? — perguntei.
— Tudo certo. A Glock está ali, e os equipamentos para ele também — respondeu Hoseok.
Eu estava mais nervoso que o Jimin. Na verdade, eu era o único nervoso, afinal, ele parecia uma criança ansiosa pra aprender algo errado.
Fomos até uma mesa onde estavam os equipamentos e eu comecei a explicar o básico sobre segurança e manuseio das armas.
— Primeiro, é importante entender como manusear a arma com segurança — falei, enquanto mostrava as partes da pistola semi automática. — Sempre trate a arma como se estivesse carregada, mesmo que você saiba que não está. Mantenha o dedo fora do gatilho até estar pronto para disparar.
Ele escutava atentamente, repetindo as instruções em voz baixa para si mesmo. Eu podia ver que ele estava focado e levando a sério o treinamento.
— Agora, vamos começar com a prática.
Hoseok o entregou os equipamentos de proteção. Enquanto ele se vestia com o colete à prova de balas e ajustava os acessórios de segurança, eu o observava com atenção. Ele parecia mais calmo e concentrado do que eu esperava.
— Pronto? — perguntei.
— Já nasci pronto — respondeu com um sorriso confiante.
Eu sorri de volta e entreguei a arma a ele.
— Quero que acerte aquele alvo. Ele está a 5 metros de distância de você.
Jimin pegou a arma, ajustou a postura com a minha ajuda, e mirou no alvo com precisão. O ambiente estava silencioso, exceto pelo som ocasional do vento frio. Ele respirou fundo e disparou. O tiro atingiu a parte de baixo do alvo, que para uma primeira vez, foi excelente.
— Uau, isso foi incrível — elogiei, admirado com a performance dele.
Jimin sorriu, visivelmente orgulhoso com o resultado.
— Obrigado...
— Vamos continuar, continue assim.
Ele concordou animado e continuamos. Passamos as próximas três horas revisando técnicas e melhorando sua postura na hora dos disparos. Achei melhor, a princípio, ele usar apenas armas pequenas e, futuramente, apresentar armas maiores conforme sua confiança e habilidade aumentassem.
Ele se dedicou ao treinamento com empenho, ajustando sua postura e aperfeiçoando a mira com cada repetição. O progresso foi notável, e sua confiança cresceu ao longo das horas. Quando terminamos, ele estava visivelmente cansado, mas também satisfeito e feliz com o que havia aprendido.
Segurei sua cintura e o abracei, enchendo seu pescoço de beijos.
— Estou orgulhoso de você, garoto.
Ele sorriu e me deu um selinho.
— Obrigado. Isso significa muito para mim.
Dei um último beijo na sua testa antes de soltar o abraço.
— Vamos comer alguma coisa antes de ir para a peça.
— Hmm, boa ideia, eu tô faminto.
— Hoseok, vamos junto?
— Valeu, JK, mas vou encontrar o Yoon. Ele me chamou pra gente conferir o inventário. Vão vocês e se divirtam.
Eu sabia que eles estavam atrás de pistas da Sohee, e o inventário era só um pretexto pra falar perto do Jimin.
— Tudo bem.
Jimin e eu saímos juntos, procurando um lugar para comer. O clima estava leve, e eu sentia uma onda de orgulho por ver ele tão animado e focado.
Encontramos um restaurante próximo, onde aproveitamos a refeição e conversamos sobre a noite que estava por vir.
— Parece que uma pessoa da peça não participará... — ele comentou enquanto terminava de mastigar. — Vi o pessoal da minha turma falando no grupo.
Eu fiquei em silêncio por um momento, pensando. Internamente, eu queria torcer para que fosse a filha do Jihoon, mas sabia que isso prejudicaria diretamente o Jimin, já que contracenam juntos.
— Espero que isso não cause muitos problemas para seu grupo — respondi, tentando manter o tom neutro. — O importante é que você dê o seu melhor, e estou certo de que vai brilhar no palco.
Ele me deu um sorriso lindo, com seus olhos brilhando e fechando de uma forma que só ele sabia fazer.
— Nunca imaginei que teria alguém que apoiasse meus sonhos dessa forma... eu te amo, sabia?
Meu coração se aqueceu com suas palavras, e eu sorri de volta, sentindo um orgulho imenso e um amor ainda maior.
— Eu também te amo, pirralho. E quero estar sempre do seu lado, te apoiando em cada passo dos seus sonhos.
Ele sorriu, com seu olhar cheio de gratidão e afeto. Nós terminamos a refeição conversando sobre os detalhes da peça e desfrutando a companhia um do outro.
Em casa, ele foi ensaiar mais um pouco no quarto, enquanto permaneci trabalhando no escritório.
🫐
Quando o relógio marcou 13h, eu já estava pronto para sair. Ele, por outro lado, se atrasou procurando um chapéu que seu personagem usava. Quando finalmente encontrou, desceu correndo para a entrada da casa.
— Que demora, garoto.
Ele riu e entrou no carro, ofegante.
— Meu quarto tá uma bagunça, desculpa.
Dei uma apertadinha em seu queixo e partimos. Ele passou o caminho todo de olhos fechados, se concentrando para a peça. Na última apresentação, ele havia desmaiado no palco, então eu sabia o quanto estava preocupado em dar o seu melhor dessa vez.
Chegamos atrasados ao local da peça, mas nem isso abalou sua empolgação. Na entrada dos bastidores, o envolvi em um abraço e beijei seu pescoço.
— Boa sorte, meu amor.
Ele me abraçou ainda mais forte, e eu o girei, enchendo seu pescoço com vários beijos. Ele ria feliz e entrou animado para trocar de roupa.
O teatro era deslumbrante, um dos mais importantes da Coreia, e com certeza essa apresentação traria um benefício enorme para a carreira dele. Enquanto ele se preparava nos bastidores, fui em direção a plateia.
De longe, eu vi o Namjoon e o Taehyung, e estava indo em direção a eles, mas algo me impediu.
— Jeon?
Uma voz feminina soou atrás de mim. Quando me virei, era justamente a filha do Jihoon.
— Sim?
— Meu pai me contou que você e o Jimin vão se casar. Gostaria de pedir desculpas pelo beijo que nós dois demos. Eu não sabia que vocês estavam juntos, e...
Quando ouvi isso, minha respiração travou, e mal conseguia raciocinar o que ela continuou falando.
— Espera aí, vocês o quê?
— Ahh, ele não te contou? Poxa... — Ela sorriu de forma um tanto provocativa. — Aconteceu há algum tempo. Não era minha intenção causar problemas, eu só não sabia que ele estava com você.
Eu fiquei paralisado, tentando processar o que ouvi. A raiva começou a preencher cada veia do meu corpo, e se pudesse, jogava essa garota do topo de um prédio alto nesse momento.
— Então, o que exatamente você está tentando me contando isso? Me provocar?
— Se está te provocando, desculpe, mas o problema é todo seu. Só queria me desculpar e esclarecer, não tenho culpa que ele tenha escondido algo assim de você. — Ela respondeu com um tom desafiador, sem demonstrar arrependimento algum.
Aquelas palavras foram como uma faísca em um barril de pólvora. A frustração estava se acumulando em mim, e eu sabia que precisava manter a calma para não deixar a situação sair do controle. Eu não poderia acreditar apenas nela e precisava saber disso da boca dele.
— Se você é filha do Jihoon, você sabe muito bem quem eu sou. Então é melhor você abaixar a bola pra falar comigo. Caso contrário, vou ignorar totalmente a existência do seu pai e agir conforme achar necessário. Não tenho paciência pra aguentar a porra de uma adolescente oferecida que, na primeira oportunidade, se jogou em cima do meu homem.
Ela olhou para mim com uma expressão de surpresa, claramente intimidada. Eu me virei e comecei a caminhar em direção ao Namjoon e ao Taehyung, tentando deixar a situação para trás e focar no que realmente importava.
O desconforto em pensar nela tocando os lábios dele me deixou explodindo de raiva, mas eu sabia que precisava me concentrar no motivo pelo qual estava ali. Pelo menos, até a peça terminar.
Quando cheguei ao lado dos dois, o Namjoon percebeu imediatamente minha expressão.
— O que aconteceu? — ele perguntou.
— Um problema do trabalho, nada demais — respondi, tentando esconder minha frustração.
— Vamos para os nossos lugares. A peça está prestes a começar — disse Taehyung.
Sentamos em nossos lugares na plateia, e eu tentei me distrair, focando na expectativa para a apresentação, assim como pelo fim dela, para perguntar diretamente a ele.
Enquanto as luzes do teatro começavam a diminuir, indicando o início da peça, minha mente estava a mil. Eu sabia que precisava me concentrar no que estava prestes a acontecer no palco, mas a conversa de antes continuava ecoando na minha cabeça.
O cenário se iluminou, e Jimin apareceu em cena, tão lindo que eu realmente ficava sem palavras. Eu observava cada movimento dele, admirando o talento que ele colocava em cada gesto. Meu incômodo só piorou nas partes em que ela contracenava com ele, que eram muitas.
Cada vez que ela aparecia ao lado dele, minha tensão aumentava. Eu tentava me concentrar no talento do Jimin, na forma como ele dominava o palco, mas era impossível ignorar a presença dela sabendo que se beijaram. O sorriso que eles compartilhavam nas cenas, a proximidade, os toques... Tudo isso só fazia meu ódio crescer dentro de mim.
Eu sabia que precisava manter a calma, mas a cada interação entre os dois, minha mente voltava para aquela conversa.
Tentei respirar fundo e lembrar que o Jimin estava fazendo o que ele amava, o que sempre foi importante para ele. Mas era difícil afastar a sensação de que algo estava errado. Cada cena parecia arrastar o tempo, e eu mal conseguia esperar para finalmente falar com ele.
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Finalmente, a peça chegou ao fim, e os aplausos encheram o teatro. Jimin se curvou junto com os outros atores, um sorriso radiante no rosto. Ele parecia tão feliz, tão realizado, e isso só aumentava meu conflito interno. Eu não queria estragar esse momento para ele, mas precisava de respostas.
Quando a cortina se fechou e o público começou a se dispersar, me levantei imediatamente. Namjoon e Taehyung perceberam a minha pressa, mas não disseram nada. Eu estava determinado a falar com Jimin o mais rápido possível.
Fiquei no estacionamento, encostado no carro, esperando por ele. Assim que ele saiu dos bastidores e falou com os amigos, ele veio até a garagem, com aquele brilho nos olhos que só aparecia quando ele estava realmente feliz. Infelizmente, não consegui segurar o que eu estava sentindo.
— Tá tudo bem? — ele perguntou, notando minha expressão.
— Sim. Vamos embora.
Ele entrou no carro meio sem jeito. Liguei o motor e comecei a dirigir. Depois de mexer as mãos em cima do colo, impaciente, ele tomou coragem e falou.
— Você tá assim por causa das cenas com ela? Nós já conversamos sobre is...
— Por que você não me contou que beijou ela?
Ele então ficou em silêncio, surpreso pela minha pergunta. Eu intercalava o olhar repetidamente entre ele e a direção.
— Como soube disso?
— Ela mesma veio jogar essa merda na minha cara.
— Eu... — ele começou, mas a voz falhou. — Eu não achei que fosse importante. Ela veio pra cima de mim e roubou um selinho... isso foi quando a gente estava separado, e não significou nada.
— Achou que não fosse importante? — Minha voz saiu mais dura do que eu pretendia. — Jimin, você escondeu isso de mim.
— Eu não queria te preocupar, você já tem muita coisa pra lidar, e ela é filha de um parceiro seu, alguém que paga muito pelo seu serviço.
Parei o carro no acostamento e me virei pra ele, ainda sentindo o calor da raiva.
— Dinheiro não importa! Não quis me preocupar, mas fez eu saber pelos outros, e não por você. Isso foi muito pior.
Ele cruzou os braços perdendo a paciência, ficando ainda mais irritado que eu. Ele afundou no banco, olhando para frente com a cara fechada.
— Eu estou falando com você.
Ele virou cheio de raiva na minha direção.
— Se você não acredita em mim, então vamos terminar! Não quero alguém que não confia em mim!
— Eu confio, Jimin, e sei que o tipinho dela com certeza se jogaria pra cima de você. A questão aqui é que preciso que você seja honesto comigo. Se algo acontecer, eu quero saber, seja o que for, entende?
Ele desviou o olhar para sua janela, mordendo o lábio, ainda com raiva, parecendo lutar contra as próprias emoções.
Suspirei, tentando manter a calma. Eu queria continuar irritado, queria que ele sentisse o peso da minha raiva, mas, foi só ver seu rosto que a raiva foi diminuindo até sumir completamente. Ninguém tinha esse poder sobre mim, só ele.
— Não me ignore, garoto!
— Eu fiquei com medo de te perder de novo, tá legal? — ele gritou, enfurecido. — Não queria que a gente brigasse por causa disso.
— Essa possibilidade não existe, você nunca vai me perder, muito menos eu vou perder você. Só... por favor, não faça mais isso. Eu prefiro lidar com a verdade vinda de você, por pior que seja, do que com mentiras.
Ele desviou o olhar, ainda irritado e chateado, mas sem dizer nada.
O brilho nos olhos dele, que estava tão intenso após a peça, desapareceu completamente, por minha culpa. Eu segurei sua mão e fiz um carinho sútil nela enquanto olhava para ele.
Ele aceitou, mesmo que continuasse com um sorriso triste.
Eu era tão obcecado por ele que, às vezes, tinha medo de o sufocar. Ao mesmo tempo, não sabia controlar essa obsessão. A simples ideia de alguém tocando nele já me tirava do sério, mas beijando... porra, meu corpo tremia de raiva.
O Jungkook de um tempo atrás com certeza já teria encomendado a morte dela.
— Vamos para casa, ok?
Ele apenas concordou com a cabeça, ainda com o olhar perdido, voltado para a janela.
Liguei o carro e começamos o caminho de volta. O silêncio entre nós era quase ensurdecedor, mas dessa vez eu sabia que não adiantaria tentar forçar uma conversa. Ele precisava de espaço, e eu também precisava me acalmar.
Olhei de relance para ele algumas vezes, tentando encontrar algum sinal de que as coisas ficariam bem, mas ele parecia distante, mergulhado nos próprios pensamentos.
Assim que chegamos em casa, ele já foi abrindo a porta do carro pra sair.
— Vou ficar no meu quarto um pouco, licença.
Rapidamente coloquei a mão na perna dele, impedindo sua saída. Ele me encarou, e o peso do olhar dele era esmagador, cheio de mágoa.
— Me perdoa pela forma como eu agi — falei, a voz mais baixa do que eu esperava.
Ele não respondeu de imediato, apenas ficou me olhando.
— Tudo bem — ele finalmente disse, soltando um longo suspiro. — Só preciso de um tempo sozinho.
Eu soltei sua perna, mesmo sem querer, e observei enquanto ele saía do carro. Era frustrante ver ele se afastar, mas eu sabia que pressionar agora só pioraria as coisas. Fechei os olhos por um instante, tentando controlar a vontade de sair correndo atrás dele.
Ele caminhou em direção à casa sem olhar para trás, e eu fiquei ali no carro, sentindo o peso da situação.
— Droga... — murmurei pra mim mesmo, batendo de leve no volante antes de finalmente sair do carro e seguir pra dentro da casa.
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Depois desse clima entre nós, o restante do dia seguiu calmo. Pelo som da música, eu sabia que ele estava dançando no seu quarto. Eu fiquei no escritório com o Yoon, resolvendo alguns assuntos da máfia, sob o pretexto de que eram trabalhos da Sixx.
— Parece que a tal Sohee conseguiu outro aliado. É inacreditável, mas ela tem se saído melhor que o Won nas parcerias. Ela é esperta e tem feito aliados que sabe que trarão retorno para ela — Yoongi comentou.
— Isso pode complicar as coisas para nós, e minha paciência com essa vagabunda já esgotou. Assim que a encontrarem, quero que matem ela. E não só ela, todos que estiverem ligados a ela devem sumir também.
— Jeon, Jeon, você sabe que essa é minha forma favorita de resolver as coisas.
— Sei que é, por isso te deixarei encarregado disso. Não quero que o Jimin saiba, então vamos agir discretamente. Quero que ele ache que ela apenas sumiu pelo mundo.
Yoongi concordou com um sorriso maligno no rosto.
— Deixa comigo. Vou montar uma equipe e garantir que tudo seja feito sem deixar rastros, até amanhã à noite, no máximo.
— Ótimo. Me mantenha informado sobre tudo.
Conversamos mais um pouco até o celular dele tocar, e ele sair correndo da minha casa por causa de uma mulher que conheceu. Eu não julgo, afinal faria o mesmo por um certo alguém com lábios carnudos e uma tatuagem na costela.
Só de pensar no meu garoto, meu coração disparou pra ver ele.
Saí do escritório e fui para o quarto, onde a música ainda tocava. A porta estava entreaberta, e eu parei para observar. Ele estava completamente imerso na dança, se movendo com uma graça e precisão que me deixavam ainda mais doido por ele. Parecia que ele vivia a música, como se fosse parte dela. Eu me pegava admirado todas as vezes, desde a primeira vez que o vi dançar.
— Isso me lembrou que você me deve uma dança particular — falei.
Ele parou com as mãos na cintura, ofegante, e sorriu.
— E se eu não quiser? — brincou.
Eu fui me aproximando até ele esbarrar na cama e cair para trás.
— Não sei desistir de algo que eu quero — respondi, com um sorriso decidido enquanto subi em cima dele.
Ele riu, o brilho nos olhos misturado com a diversão, enquanto me deixava se aproximar. A tensão entre nós era palpável, e o clima se tornou mais intenso.
Em um movimento ágil, o Jimin segurou minha camisa e me fez cair na cama, subindo rapidamente em cima de mim. Seu olhar estava cheio de provocação e diversão, e eu não pude deixar de rir com a situação.
— Então, você acha que manda aqui agora, pirralho? — perguntei, mantendo o tom brincalhão.
Ele sorriu e se inclinou, colando seus lábios nos meus em um beijo intenso e provocante.
— Em você, eu mando — ele sussurrou com a boca ainda próxima da minha, enquanto sua mão apertava suavemente minha garganta, com os olhos fixos nos meus.
— É mesmo? — mordi de leve seus lábios. — E o que você vai fazer, já que manda em mim?
Ele riu baixinho e, com um movimento suave, começou a traçar um caminho de beijos ao longo da minha mandíbula.
— Bem... eu estava pensando em algo especial, pra compensar que você ficou bravinho comigo mais cedo — disse ele, com a voz rouca.
O toque dos seus lábios e o calor do seu corpo contra o meu eram mais do que suficientes para deixar claro que ele estava completamente envolvido no momento.
— Não me provoca assim, garoto...
— Eu quero tomar banho com você, o que acha? Tá tão calor...
Ele passou a mão pelo meu abdômen, por dentro da camisa, ainda com aquele sorriso safado.
— Eu jamais recusaria um convite desses.
Ele levantou e foi puxando minha mão até o banheiro.
Enquanto a água esquentava, ele se despia lentamente, sem tirar os olhos de mim. A visão dele assim, descontraído e confiante, fazia o coração bater mais rápido.
Quando entrei no box e a água começou a escorrer sobre nós. Ele se aproximou, envolvendo meus braços sobre meus ombros e me puxando para um beijo cheio de intensidade. A água misturada com a temperatura dos nossos corpos criavam um ambiente quase mágico, mesmo em meio ao frio do lado de fora.
Estava tudo indo deliciosamente bem, até que, enquanto ele ficou de costas para eu penetrar, ele colocou a mão na cabeça, na região das têmporas.
— O que foi? — perguntei, preocupado.
— Não sei, senti uma pontada na cabeça... vamos continuar.
— Não, não, espera aí. Não vamos continuar nada.
— Eu já tô me sentindo melh... — ele colocou a mão na cabeça de novo, contraindo o rosto com a dor.
Quando segurei seu rosto para olhar, ele desmaiou nas minhas mãos. Eu entrei em pânico no instante em que ele desabou. Chamei seu nome várias vezes, mas ele não respondia. Meu coração disparou enquanto eu tentava manter a calma.
— Jimin, por favor, acorda...
Envolvi seu corpo com uma toalha, peguei ele no colo e o coloquei cuidadosamente na cama. Minha mente estava a mil, tentando encontrar uma solução. Ele estava respirando, e seu batimento cardíaco estava lento, mas dentro do normal.
Peguei meu celular e comecei a procurar o contato do médico. No entanto, antes que eu pudesse fazer a ligação, ele voltou à consciência.
— Porra... Você não está tomando suas medicações direito? — perguntei, tentando manter a calma.
— Tô — ele tossiu — claro que tô...
— Você não sabe nem mentir — respondi, com a voz carregada de preocupação.
Ele desviou o olhar, envergonhado, não não respondeu.
— Você quer que eu conte para seus pais?
Ele se levantou rapidamente e agarrou meus braços.
— Não faça isso, por favor.
— Então qual a sua dificuldade em seguir o tratamento da forma certa?
Ele deu com os ombros, olhando para baixo.
— Queria não precisar deles, queria ser normal, assim como eu sempre fui.
Eu suspirei, tentando manter a calma apesar da preocupação crescente.
— Você sabe que isso é importante para a sua saúde. Não é uma questão de querer ou não, é algo que você precisa pra se manter bem, pra melhorar disso.
Ele ainda evitava olhar para mim, com a expressão misturando frustração e tristeza.
— Eu sei, mas é difícil...
— Eu imagino que seja, mas você não está sozinho. Está vendo isso? — segurei sua mão e beijei por cima da sua aliança. — Esse é só o começo de uma vida inteira que quero passar com você e, principalmente, cuidar de você.
Em segundos, seus olhos se encheram de lágrimas. Eu o puxei para mais perto e o abracei.
— Vamos, você precisa descansar.
— O que? Mas e o nosso banho?
— Agora só quando eu tiver a certeza de que você está bem e que está tomando as medicações corretamente.
Ele fez bico e virou o rosto, que ainda estava molhado das suas lágrimas.
— Chantagista...
— Sou, e dos melhores. Agora vem cá.
Abracei ele ainda mais forte, que cedeu e me abraçou de volta, apoiando a cabeça no meu peito.
Enquanto eu o mantinha nos braços, o Jimin foi relaxando, e sua respiração ficou mais calma e regular. A tensão em seu corpo parecia diminuir a cada instante, e logo ele estava com os olhos fechados, pegando no sono. Seu corpo ficou mais leve contra o meu, e eu pude sentir o ritmo tranquilo da sua respiração.
Continuei a observar seu rosto, passando a mão suavemente pelo seu cabelo. Ele parecia estar em paz, e eu me senti aliviado ao ver que estava melhor. Cada respiração dele era um lembrete do quanto eu me importava e da importância de estar lá para ele, independentemente do que viesse.
Fiquei olhando ele dormir por quase duas horas, pra ter a certeza que ele continuaria bem, e então, me dei ao luxo de dormir um pouco também.
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No dia seguinte.
Nos meus sonhos eu podia ouvir alguém resmungando. Era uma voz familiar, e parecia a voz do Jimin... Até que meu cérebro entendeu que não era um sonho. Abri os olhos e virei para trás, onde vi ele enrolado nas cobertas, trêmulo e suando, com o rosto vermelho.
— Droga... — Eu pulei da cama e coloquei a mão na sua testa, e ele estava ardendo em febre.
Meu coração acelerou, e meu instinto foi pegar meu celular e ligar para o médico. Enquanto esperava a ligação ser atendida, comecei a esfriar o quarto, puxando as cobertas para aliviar um pouco do calor que seu corpo estava sentindo.
— Eu devia ter ligado para o médico mesmo assim. Você está sentindo alguma dor?
Ele apontou para a sua cabeça.
— Tá doendo... — ele sussurrou baixinho.
Assim que o médico atendeu, expliquei a situação e pedi uma consulta urgente. Sem perder tempo, desligamos para que ele pudesse vir para cá.
Depois de desligar, me aproximei novamente e coloquei um pano úmido em sua testa, tentando reduzir a febre até o médico chegar. Depois das últimas coisas que passamos, tudo que acontecia com ele fazia meu corpo inteiro doer, e não foi diferente.
— Por que não me acordou?
Ele não respondeu com a dor, e eu não insisti.
A preocupação tomou conta de mim enquanto eu olhava para ele. Saber que ele estava sentindo dor fazia tudo em mim também doer, como se eu também estivesse sofrendo junto. Mesmo que pudesse ser algo simples, a angústia tomava conta, me lembrando de tudo que já passamos... tudo o que ele passou, por minha causa.
— Vai ficar tudo bem, meu garoto. Eu tô aqui com você — falei, minha voz saindo baixa, tentando esconder a ansiedade que estava me consumindo por dentro.
Ele fechou os olhos e respirou fundo, mas o desconforto ainda era evidente em seu rosto, que continuava avermelhado. Mantive o pano úmido em sua testa, esperando que o médico chegasse logo.
— Eu v-vou... — ele disse, parecendo enjoado, mas não conseguia se levantar da cama. Peguei o cesto de lixo e entreguei para ele, que vomitou dentro.
Bastou isso para meu medo triplicar.
Os minutos pareciam se arrastar, com cada segundo aumentando a tensão no ar. Eu odiava me sentir impotente, odiava não poder fazer nada para tirar a dor dele. A única coisa que eu podia fazer era ficar ali, ao seu lado, oferecendo o mínimo de conforto possível.
Até que, finalmente, a Lee apareceu na porta do quarto, acompanhada pelo médico. Ele entrou rapidamente e começou a examinar o Jimin com cuidado, fazendo anotações em silêncio. Como o doutor já acompanhava o Jimin desde que reatamos, sabia que ele tinha miastenia.
Não consegui suportar o silêncio e perguntei:
— Doutor, o senhor acha que a condição dele está relacionada com o que está acontecendo agora?
— Não posso afirmar com certeza ainda — respondeu o médico, enquanto preparava uma seringa. — Vou coletar uma amostra de sangue para verificar, mas parece que ele está com deficiência de vitamina D, o que pode estar relacionado à miastenia. A febre está alta, então vou administrar uma injeção para aliviar a dor e ajudar a baixar a temperatura mais rapidamente.
Concordei, apesar do medo, observando enquanto ele preparava a medicação. Meu garoto mal reagiu; seu corpo estava exausto demais para resistir, e também não reagiu quando o médico retirou uma amostra de sangue do seu braço.
— Ele está bem? Digo, ele mal está reagindo às agulhas.
— Sim, é normal. Ele entrou em um estágio de febre muito alto, então agora o corpo dele está tentando se defender. Nosso corpo só resfria adequadamente quando estamos dormindo.
Em poucos minutos, a medicação começou a fazer efeito, e pude ver a tensão em seu rosto se dissipando um pouco, embora ele continuasse com os olhos fechados e o rosto completamente avermelhado.
O doutor ficou em pé e começou a arrumar suas coisas.
— Ele vai precisar de bastante descanso nas próximas horas, e uma alimentação leve. Se o exame confirmar a deficiência de vitamina D, podemos tratar facilmente com suplementos e uma dieta balanceada. Então não se preocupe, ok? Vai ficar tudo bem com ele.
Eu respirei aliviado, sentindo como se um peso enorme tivesse saído das minhas costas.
— Obrigado, doutor.
— De nada, Sr. Jeon. Se a febre persistir, me avise imediatamente — orientou o médico antes de se despedir e sair.
Assim que ele foi embora, voltei para o lado de Jimin. Passei a mão pelo seu cabelo, sentindo a maciez dos fios. Seu rosto ainda estava um pouco vermelho, mas bem menos do que antes. Seus calafrios haviam parado, e ele parecia finalmente estar conseguindo dormir de verdade.
Fiquei o tempo todo com ele ali, monitorando sua respiração e seus batimentos, que pareciam melhorar um pouco após algumas horas.
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Era pouco mais de 14h da tarde, e ele continuava dormindo. O silêncio do quarto foi interrompido pelo toque do meu celular. Ao ver que era o Hoseok, saí para o corredor e atendi rapidamente.
— Alô?
— JK, você está na sua casa?
— Sim, por quê? — respondi, curioso e ansioso ao mesmo tempo.
— Capturamos dois capangas da Sohee.
Senti uma onda de alívio misturada com adrenalina.
— Que boa notícia! Onde vocês estão?
— Chegando no esconderijo.
— Estou indo. Me esperem lá.
— Ok, faremos isso — respondeu Hoseok antes de desligar.
Eu respirei fundo, sabendo que agora era o momento de obter as respostas que eu precisava.
Guardei o celular e olhei para o Jimin. Cuidadosamente, ajeitei o cobertor ao redor dele, garantindo que estivesse confortável. Eu não queria o acordar, não agora que conseguiu finalmente dormir bem, então troquei de roupa silenciosamente, coloquei a arma na cintura e desci as escadas.
— Lee, o Jimin está dormindo, e eu preciso sair. Fique de olho nele e verifique sua febre quando acordar. E, por favor, insista para que ele coma algo.
— Claro, vou cuidar dele. Mas, e se ele perguntar pelo senhor?
— Diga que estou na Sixx. Eu te ligo para saber como ele está.
— Ok, senhor Jeon.
Enquanto atravessava o corredor em direção à porta, o som dos meus passos parecia ecoar mais alto do que o normal, cada um pesando na minha consciência por deixar Jimin sozinho. Eu sabia que ele estava em boas mãos, já que a Lee cuidaria dele, mas a sensação de responsabilidade e preocupação ainda me apertava o peito.
Ao sair da mansão, o ar gelado do dia me envolveu, mas a tensão continuava ali, agarrada em mim. Precisava encontrar aquela mulherzinha, e de um jeito ou de outro, vou fazer esses capangas falarem. Eles não têm escolha.
Liguei o carro, o motor rugindo baixo na tarde fria, e dirigi até o esconderijo. Ele ficava em uma das áreas controladas por nós, isolado, mas estratégico. Cada quilômetro que passava aumentava a determinação em descobrir o que eles sabiam e, principalmente, onde encontrar aquela parasita.
O caminho até o esconderijo foi silencioso, mas minha mente estava a mil. Cada segundo me aproximava mais da chance de resolver essa situação, de finalmente descobrir o que Sohee estava tramando. Eu não podia deixar nada escapar.
🫐
Quando cheguei, a segurança no local era intensa, como esperado. Três dos nossos homens me cumprimentaram antes de abrirem o portão. Estacionei o carro e desci, o cheiro de concreto e metal misturado ao vento frio me envolveu.
Assim que entrei, Hoseok estava fumando. Seus olhos encontraram os meus, e ele acenou em direção a uma porta no fundo.
— Estão lá dentro. Até agora, nada de útil, mas eu sei que você e o Yoon vão conseguir fazer eles falarem.
Segui Hoseok pelo corredor estreito até uma das salas. Lá dentro, dois homens estavam amarrados, sujos e machucados, com expressões de medo e exaustão. Aquele era o fim da linha para eles, e, ao olhar para suas caras apavoradas, eu sabia que logo teríamos as respostas que precisamos.
— Já começou sem mim? — perguntei, entregando um cigarro para o Yoon, que segurava um taco de baseball nas mãos.
— Você sabe que sou ansioso... — ele respondeu, com um sorriso de canto.
Ri, mas minha expressão logo voltou à ficar séria quando me virei para encarar os dois desgraçados.
— Vamos lá, quero saber tudo sobre a pilantra da Sohee.
Eles ficaram em silêncio, sem ousar levantar os olhos para mim. O silêncio deles só aumentava minha irritação. Dei mais um trago no cigarro e o joguei no chão, esmagando a ponta com a bota enquanto me aproximava e jogava a fumaça neles.
Levantei, puxei uma mesinha qualquer que estava ali e peguei um machado.
— Segurem a mão desse desgraçado aqui — apontei com o machado na mão na direção de um deles.
Ele entrou em desespero, e era ótimo ver a cara dele assim. Era como reviver as coisas que o Chae me ensinava a fazer enquanto torturava as pessoas. Me abaixei bem perto e segurei seu rosto com força.
— Sabe do que eu me alimento? De desespero e sofrimento, assim como o seu.
Tomei certa distância e, sem hesitar, golpeei e arranquei dois dedos dele. Ele começou a gritar desesperado.
— Shhh, cala a boca! — disse com frieza. — Vocês são dois, o que significa que eu tenho muito tempo pra picotar cada um aos poucos... Ah, sabia que, se eu te soltar agora e você levar esses dois dedos para um hospital, ainda dá pra reimplantar? Então, é melhor falar se quiser aproveitar essa chance.
— Eu falo! Eu falo, por favor, senhor, não faz isso! Me perdoe! — ele gritou, soluçando de medo.
Abaixei o machado e me aproximei dele, mantendo meu olhar fixo no seu rosto encharcado de lágrimas. O desespero em seus olhos era evidente, e aquilo me dava a certeza de que ele falaria o que eu queria saber.
— Ótimo. Agora, me diz tudo o que sabe. E, lembra, se mentir ou esconder alguma coisa, não vou ser bonzinho e na próxima, vou decepar seu braço — levantei o machado levemente, deixando claro o que viria em seguida.
Ele respirou fundo, ainda chorando, e começou a falar rapidamente, quase tropeçando nas palavras:
— A Sohee está se escondendo em um armazém na zona portuária de Incheon. Ela mudou o esconderijo há poucos dias, tem mais gente lá, e... ela está de olho no garoto, o universitário.
Ele estava falando do Jimin.
— O que ela está planejando? — perguntei com a voz fria.
— Senhor, nós não sabemos, eu juro que é verdade. Somos só peões, ela só nos passa as ordens. Quem sabe de tudo são os aliados dela.
Troquei um olhar com o Hoseok, que já parecia entender qual seria o próximo passo.
— Ótimo, mataremos um por um até chegar nela.
— Senhor, não nos mate, por favor. Eu juro que podemos trazer mais informações sobre ela... nós dois podemos...
Eu respirei fundo, tentando processar as informações enquanto sentia a raiva crescer a cada palavra. Hoseok já estava pegando o celular, provavelmente para ligar para nossa equipe e montar uma operação.
— Levem esses dois daqui — ordenei aos meus homens, jogando o machado sobre a mesa. — Se certifiquem de que eles não falem mais nada. Nunca mais.
O Yoon, que estava em uma cadeira assistindo enquanto fumava, parou do meu lado.
— Você é a maldade em pessoa. Me inspiro muito em você, meu amigo.
— Você já tinha quebrado os dois, isso não é maldade?
Ele riu.
— Vamos pegar a Sohee antes que ela tenha a chance de tocar no Jimin.
— Você acha que ela sabe que estamos atrás dela? — ele perguntou, enquanto caminhamos pelo corredor.
— Não importa. Ela vai saber logo.
Nesse momento, meu celular tocou. Peguei o aparelho rapidamente, já temendo que fosse a Lee, e realmente era.
— Lee, está tudo bem?
— Senhor Jeon, ele está impaciente, querendo sair para comprar comida.
— Não deixe, e avise os seguranças. Diga para ele que eu estou chegando.
— Ok, farei isso. — desligamos a chamada.
— Desculpe, Yoon, mas preciso voltar para casa. Ordene que organizem um plano para ser executado o mais rápido possível.
Ele me deu dois tapas fracos no ombro, entendendo a urgência.
— Pode deixar. Vamos garantir que tudo esteja pronto.
— Valeu, Yoon.
Saí do esconderijo e fui para o carro. Enquanto dirigia de volta para casa, pensava em como resolver a situação com essa parasita.
🫐
Já era início de uma noite fria quando cheguei em casa. Entrei apressado e encontrei a Lee próxima à sala.
— Onde ele está?
— Está no quarto, mais calmo.
Subi as escadas e fui primeiro ao meu quarto. Não havia ninguém lá, então fui até o quarto dele. A porta estava trancada.
— Jimin, você está acordado?
Ouvi passos e, em seguida, o som da chave girando na fechadura. Ele abriu e me olhou dos pés à cabeça.
— Onde você esteve? — ele perguntou.
— Na Sixx. Tive que fazer uma reunião.
— A reunião foi ao redor de alguma rinha de galo?
Olhei para ele sem entender a pergunta, até que ele apontou para mim.
— Tem respingo de sangue na sua camisa...
Olhei para baixo e vi que realmente tinha. Era tão imperceptível que eu mal notei, mas ele, sem sequer se aproximar, percebeu imediatamente.
Eu olhei para ele, surpreso com a observação aguçada.
— Não é nada. Apenas um incidente que aconteceu.
Ele me encarou, ainda com uma expressão desconfiada.
— Você está bem?
— Estou. — Respondi, tentando ser convincente. — E você? Como se sente?
Ele suspirou, entrou no quarto e sentou na cama.
— Melhor... e com fome.
Fui até a cama e me sentei ao seu lado.
— Então, o que você quer comer?
— Hmm, tem uma hamburgueria nova que abriu, de uma rede norte-americana... ouvi dizer que é muito boa, além de ter pratos temáticos. Queria muito ir lá.
Eu olhei para ele, pensando na ideia.
— Não acha melhor descansar mais um pouco? Posso pedir pra entregarem aqui.
Ele fez uma careta, cruzando os braços.
— Eu quero sair, estou cansado de ficar trancado, e já tô me sentindo bem. E, além disso, só vai ser uma saída rápida.
Suspirei, sabendo que ele não ia desistir tão fácil.
— Tá bom, mas não vamos demorar mesmo. E qualquer sinal que você me der que não está bem, nós voltamos.
— Negócio fechado! — ele respondeu com um sorriso vitorioso, já se levantando com mais energia do que antes.
— Vai se arrumar, vou avisar o motorista para preparar o carro.
Ele concordou, já pegando as roupas que estavam em cima da poltrona. Saí do quarto, ainda refletindo se era uma boa ideia sair com ele depois do que aconteceu hoje, mas sabia que ele precisava de um tempo fora dali, e eu ficaria de olho nele o tempo todo.
Mesmo com tudo o que estava acontecendo, era impossível negar esse pequeno pedido dele. Talvez fosse uma forma de manter as coisas normais por um tempo, pelo menos até resolvermos toda a confusão com a Sohee.
— Senhor Jeon, o carro já está pronto — Lee me avisou ao me ver na sala.
— Obrigado. Vamos sair em alguns minutos.
Jimin desceu as escadas logo depois de mim, vestindo uma jaqueta preta e uma calça jeans justa. Meus olhos brilharam um pouco mais ao ver ele.
— Acho que fico mais apaixonado por você a cada dia que te vejo... Isso é cientificamente possível?
Ele começou a rir, e suas bochechas ficaram levemente avermelhadas.
— Vamos nessa antes que eu me derreta com esses seus elogios — brincou, abrindo a porta.
— Melhor acelerar então, porque os elogios não vão parar.
O clima leve entre nós era o que eu precisava depois de um dia tão pesado, e ver ele assim, rindo e relaxado, fazia tudo parecer um pouco melhor.
Quando saímos, a noite estava fria, com os termômetros marcando 4°C.
Caminhamos até o carro que já estava à nossa espera. Entrei no banco do motorista e partimos, seguindo a localização da hamburgueria. Enquanto dirigia, mantive a atenção nas ruas e nos retrovisores, alerta para qualquer coisa incomum, mas tudo correu na normalidade.
Assim que chegamos, a hamburgueria estava lotada. Enquanto Jimin se dirigia ao restaurante animado, eu observava desconfiado, atento a todos os lados. Eu detestava lugares cheios, mas sabia que precisava fazer esse esforço por ele.
Entramos no restaurante e fomos recebidos pelo barulho de conversas e risadas. Ele parecia empolgado com a atmosfera vibrante e a decoração moderna.
— Esse lugar parece ótimo, né? — ele comentou, olhando ao redor com entusiasmo.
— É, bem animado, mais do que imaginei — respondi, tentando esconder meu desconforto com a agitação ao nosso redor.
Depois de alguns minutos, conseguimos fazer o pedido e encontramos uma mesa próxima à janela. Ele se sentou, claramente feliz, e começou a conversar sobre como estava ansioso para experimentar o hambúrguer que havia lido sobre.
— A recepção foi bem melhor do que eu esperava, mesmo sendo um fast food — ele disse, com um sorriso satisfeito.
— Espero que seja tão bom quanto prometem. — comentei.
Eu continuei observando o ambiente ao nosso redor, mantendo o olhar atento.
Quando nossos pedidos chegaram, ele deu a primeira mordida no hambúrguer e seus olhos se iluminaram ainda mais.
— Isso tá incrível! — ele exclamou, olhando para mim com uma expressão de pura alegria. — Toma, prova o meu.
Ele esticou o braço até mim e eu dei uma mordida, tentando ignorar o barulho e a multidão. Não era o meu tipo de lugar, mas ver meu garoto animado depois de ficar doente tornava tudo mais suportável.
Enquanto comíamos, ele continuava a falar sobre coisas normais, como o que fez hoje tentando se distrair sozinho em casa, ou até mesmo sobre a nova série que estava assistindo. A sensação de normalidade era um alívio bem-vindo após o caos do meu dia.
— Tô ansioso pra voltar a estudar no instituto de artes. Só espero não encontrar aquele maluco com quem briguei... herdeiro do instituto.
— Não vai, fique tranquilo — reforcei.
— E como sabe disso?
Eu continuei comendo e não respondi.
— Ah, Jungkook, o que você aprontou?
— Você sabe que fico excitado quando você fala meu nome, então para com isso. Estamos em público.
Ele cerrou os olhos e continuou:
— Não mude de assunto. O que você fez?
— Só falei para o diretor do instituto para manter aquele sem noção sob controle. Não matei ele, se essa é sua dúvida.
Ele deu um suspiro aliviado, fazendo uma careta.
— Você sabe que eu sou capaz de tudo pra te proteger, garoto.
Ele sorriu, com os olhos pequenos brilhando.
— Eu sei, e é por isso que te amo, mas não quero que se envolva em encrenca por minha causa. Eu também bati nele.
— Ok, já entendi pirralho.
Ele sorriu e fez aquele bico que eu amo olhar.
🫐
Terminamos de comer e saímos do restaurante, e eu olhei para os lados, me certificando de que tudo estava em ordem do lado de fora antes de seguirmos para o carro. Ele continuava contente e relaxado, o que fez com que o esforço do dia valesse a pena.
No caminho de volta, ele estava distraído, conversando com os amigos por mensagem, enquanto eu o observava discretamente, aliviado por ver ele bem após o estado em que esteve de madrugada.
— O que acha de continuar nosso banho quando a gente chegar em casa? — ele sugeriu.
— Você já sabe nosso acordo; só quando você estiver totalmente bem.
— Eu já tô bem. E outra, eu não fiz acordo algum.
Comecei a rir com a insistência dele.
até que, quando virei a esquina, notei um carro parado, atravessado na rua. Era noite, e aquele era o único veículo na área. Demorei menos de um segundo para processar a situação, até que quatro homens mascarados desceram do carro, armados. Sem dizer uma palavra, eles apontaram suas armas na direção do meu carro.
Minha reação foi imediata: segurei Jimin e o puxei para baixo, cobrindo o corpo dele com o meu. Então, uma sequência de tiros começou a ser disparada em direção ao carro. O barulho dos disparos ecoou pela rua enquanto eu tentava proteger Jimin, mantendo ele o mais baixo possível.
Continuamos abaixados até que os tiros pararam e o som do carro dos homens se afastou cantando pneus. O Jimin estava tremendo, e assim que me levantei de cima dele conferindo se estava bem, a falta de ar e uma dor aguda me atingiu. O olhar desesperado dele para mim me fez perceber o que havia acontecido: um dos tiros havia acertado minha cintura, na direção da costela.
A dor foi imediata, e uma onda de calor se espalhou pelo local da bala, espalhando por todo meu corpo. Minha respiração se tornou difícil, e ele entrou em desespero.
— Eu não acredito! Jungkook?! Fala comigo, por favor — ele gritava enquanto chorava e tentava estancar o sangue, que não parava.
Vi ele pegando o celular com as mãos repletas de sangue, e ligando para alguém. Sua mão tremia ao segurar o telefone, e ao mesmo tempo, minhas pálpebras ficavam cada vez mais pesadas.
— Por favor, me ajude, atacaram nós dois e acertaram o Jungkook! Alvejaram o carro! — ele suplicou no telefone.
Minha visão começou a escurecer, e eu fui perdendo as forças de todo o meu corpo. Ele tentou ligar o carro, que mal funcionou após tantos disparos.
— Jungkook! Fica comigo, por favor!
A partir desse momento, tudo parecia se tornar uma sequência de lembranças fragmentadas. Senti minha visão escurecer muito rápido, e meu corpo já não respondia. A voz do Jimin estava distante, como se eu estivesse submerso em água.
Eu lutava para me manter consciente, mas a dor era insuportável. A última coisa que eu percebi antes de perder completamente a noção foi o rosto do Jimin.
Então, a visão do rosto feliz do Jimin preencheu minha mente, mas a escuridão que me envolveu ficou maior que a lembrança, e então eu não soube mais o que estava acontecendo.
Na verdade sim, eu sabia... eu estava morrendo.
— Eu... eu t-te amo, g-garoto...
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Que dor! :(
Peço desculpas por qualquer errinho, e também pela demora para escrever e postar esse, eu estava em mudança e a semana foi corrida.
Preparem o coração pois o próximo capítulo promete.
Te esperarei ansiosa no próximo capítulo.
Até lá! 💙
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