19 | 열아홉 번째 장
Oi leitor :)
Seja bem-vindo à mais um cap.
Boa leitura!
#azuldameianoite
⠀
⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀
- PARK JIMIN -
Assim que acordei, olhei ao redor do quarto e levei uns segundos pra processar que estava na mansão de novo... E pior, no quarto dele. Tentei me levantar rápido, mas uma dor forte na cabeça me fez recuar.
— Merda, o que aconteceu comigo? Como vim parar aqui? — murmurei, colocando a mão na cabeça.
Meu celular estava na mesinha ao lado da cama, com um bilhete dele pedindo para desbloquear seu número. Eu não fiz isso. Havia algumas chamadas perdidas dos meninos de ontem e também algumas do francês. Foi então que me dei conta de que meu embarque tinha sido uma hora atrás, ou seja, eu perdi o voo. Eu deveria ligar para ele e me justificar, mas sabia que ele já estaria no voo.
Enviei algumas mensagens, mas não foram recebidas. Soltei o celular na cama, desmotivado, sabendo que talvez eu tenha jogado a oportunidade da minha vida no lixo.
— Como eu sou burro, que ódio! — reclamei.
Olhei para o meu corpo e notei que estava usando roupas do Jungkook, que em mim ficavam grandes e desproporcionais. Eu tentava lembrar se fizemos alguma coisa e não me perdoaria se descobrisse que transamos, ainda mais comigo bêbado.
As roupas que eu usava ontem não estavam no quarto, então o plano era passar primeiro no meu antigo quarto, onde eu sabia que ainda tinha algumas roupas que não levei na mudança às pressas. Depois disso, eu precisava ir embora.
Levantei devagar e abri a porta. Não vi ninguém do lado de fora, então voltei, peguei minha mochila, que estava em cima da poltrona, e tentei fugir me esgueirando. No meu quarto, tudo estava impecavelmente limpo, e as coisas que deixei continuavam lá.
Peguei uma camisa e uma calça qualquer e saí do quarto, andando na ponta dos pés. Estava dando certo até eu passar pela porta de entrada da casa, onde três seguranças estavam do lado de fora. Todos me encararam.
— Sr. Park, onde o senhor vai?
— Oi, eu... hmm... eu preciso ir pra aula.
Ele pegou um celular e colocou na orelha, parecendo que estava ligando para alguém.
— Sr. Jeon, ele acordou e está tentando ir embora... Ok, vamos mantê-lo aqui. — Ele desligou o telefone.
Eu comecei a rir, incrédulo.
— Sério? Você me dedurou na minha cara?
— Desculpe, Sr. Park, estou apenas cumprindo ordens.
— Eu sei que está, mas eu e o seu chefe não temos mais nada, e eu nem moro mais aqui. Não tem motivo pra eu obedecer essas ordens. Agora, com licença.
Ele se posicionou na minha frente, e outros seguranças também.
— Só pode ser brincadeira...
— O Sr. Jeon chegará em cinco minutos, é melhor que resolva isso diretamente com ele.
— Ele é chefe de vocês, não meu!
Tentei passar de novo, mas mais uma vez me impediram. Nem se eu tivesse superpoderes conseguiria passar por esses brutamontes.
Voltei irritado para dentro da casa e fiquei sentado na sala, com minha mochila ao lado, apenas esperando o tirano para poder ir embora. Escutei alguns passos vindo de um dos cômodos, e quando olhei, era a Sra. Lee. Ela veio diretamente na minha direção, me deu um abraço e começou a chorar.
— Por que a senhora está chorando? — perguntei, sem jeito.
— Volte para esta casa, por favor. Nos deixe cuidar de você...
Eu não sabia o que responder, e isso me fez ter lapsos de memória do dia anterior. Nada fazia muito sentido na minha cabeça, como se fossem várias imagens desconexas, mas lembro de fugir... Fugir e beber, e aí tudo ficava confuso.
Nesse momento, ouvimos o carro dele estacionando.
— Vou deixar vocês conversarem. — Ela fez carinho na minha cabeça e saiu do cômodo.
Menos de um minuto depois, ele entrou na sala e olhou diretamente para mim, o que trouxe um clarão de lembranças. Comecei a lembrar de alguns flashes de ontem. Lembro de abraçar ele e de sentir a chuva caindo sobre mim... Por que diabos eu abracei ele?
Independente do que tenha acontecido, eu não podia dar o braço a torcer, não depois do que ele fez.
— Por que eu tô na sua casa? — questionei.
— Vamos para o quarto conversar.
— Eu não quero ir pra lugar nenhum com você.
Ele sentou ao meu lado e tentou fazer carinho no meu rosto, mas eu afastei a mão dele e desviei o olhar.
— Por que tentou fazer aquela merda? — perguntou.
Olhei para ele, confuso. Mesmo me esforçando ao máximo, as lembranças continuavam vindo em pedaços na minha mente.
— Do que você tá falando?
— Você não lembra?
Balancei a cabeça negativamente. Eu já estava apreensivo antes mesmo de saber e com vergonha do que pudesse ter acontecido.
Ele apertou os olhos com as mãos, respirou fundo, e voltou a me encarar.
— Você ia tentar se matar, Jimin.
Foi aí que todas as minhas memórias se juntaram. Mesmo bêbado, lembro de olhar para a rua e ver as luzes noturnas pequenininhas lá embaixo. Uma memória puxou a outra, e logo lembrei dos capangas da Sohee me seguindo.
Eu não acredito que bebi até agir feito um covarde. Eu precisava ir embora, afundar a cara em um travesseiro e chorar por toda a eternidade.
— Eu preciso ir.
Levantei para sair, mas ele foi mais rápido, segurou meu braço e me puxou para perto.
— Você não respondeu minha pergunta.
O tempo passou, mas eu me sentia exatamente do mesmo jeito por ele, ou talvez até mais. Meu coração estava acelerado, e o nervosismo percorria cada ponto do meu corpo.
O simples fato de estar perto dele fazia meu coração disparar, como se todo o tempo que passamos separados fosse uma eternidade. Era estranho como, mesmo depois de tudo, a presença dele ainda tinha esse poder sobre mim. Eu odiava o que ele fez, odiava o que nos tornou, mas não conseguia odiar ele. Cada vez que nossos olhares se encontravam, eu sentia a dor da saudade misturada com um desejo sufocante de ter ele.
Era como se eu estivesse dividido entre o orgulho ferido e a vontade desesperada de me jogar em seus braços, de sentir o calor que só ele conseguia me dar. Mas ao mesmo tempo, o medo de me machucar de novo era tão real, tão presente. Eu ainda amava ele, muito mais que antes, e isso me apavorava.
— Fiz porque a vida é minha.
Seus olhos estavam tristes, e ver isso me machucou ainda mais. Ele apoiou a cabeça no meu ombro e me abraçou.
— Eu te amo tanto que simplesmente morreria junto. — sussurrou.
Mesmo que eu sentisse um calor interno, minhas mãos estavam completamente geladas. Meus braços, que estavam soltos, queriam mais que tudo retribuir o abraço, mas algo dentro de mim hesitava.
Ele levantou a cabeça e continuou, me olhando nos olhos.
— Eu vi as imagens de segurança de várias ruas, você estava fugindo, e sei que não era dos meus homens. Me conta o que está acontecendo com você, por favor.
Se eu contasse sobre a Sohee, com certeza ele iria atrás dela. Seria o ideal, já que ela estava me perseguindo e eu nem sei quem ela se tornou. Mas, ao mesmo tempo, não queria parecer mais fraco do que já sou.
— Não era nada.
— Você é tão óbvio quando está mentindo, garoto...
Eu estava sem jeito, querendo sair correndo.
— Me deixa só ir embora.
— Você não vai embora, sua casa é aqui.
Ele colocou a mão no meu rosto, acariciando. O toque dele era tão bom que recusar era praticamente impossível... Eu me sentia como se estivesse nas nuvens, com todos os meus problemas deixando de existir naquele instante.
— Não dificulta as coisas, Jungkook. Nós não temos mais nada, não tem por que eu voltar para a sua casa.
Ele segurou minha mão direita, e após um carinho gentil, a levou até a boca e deu um beijo no meu dedo.
— Eu quero nossa aliança aqui de novo.
Eu puxei a mão e me afastei.
— Eu não sou um brinquedo pra você terminar e voltar quando quiser.
— Eu sei que não é, mas o maior problema, que eram as acusações contra você, foi finalmente resolvido. Meu plano era voltar para você com minha vida toda em ordem, mas isso é impossível. Tenta entender que eu nunca quis terminar, e só agi assim para não te fazer mais mal.
Eu passei dois meses pensando nele a cada mísero segundo dos meus dias. Mesmo com ele me dando provas concretas de que realmente terminou para me proteger, eu sofri. Sofri pela falta de nós, pela saudade das coisas mais simples e mínimas que compartilhávamos.
— Eu... eu preciso pensar.
Ele segurou minha mão novamente e entrelaçou nossos dedos. Eu fiquei pensativo, mas não puxei minha mão mais. Eu queria parecer forte, recusar e sair andando e seguir minha vida, mas eu queria ele, queria tanto que me sentia um maluco. Eu nunca fui assim, com ninguém, com ele as coisas eram completamente diferentes.
— Vamos viajar. Pode ser para qualquer lugar que você quiser, ou mesmo, até nossa viagem para a Noruega que acabou não dando certo, vamos fazer ela agora. Se assim que voltarmos, você tiver a certeza que não quer voltar comigo, eu juro que te deixo em paz.
Eu não poderia aceitar, mas meu coração queria... eu queria ele.
O silêncio pairou entre nós enquanto eu pensava. Cada palavra dele parecia ecoar na minha mente, trazendo um turbilhão de emoções conflitantes. Olhei na sua direção e vi a sinceridade em seus olhos, o que só fazia meu coração bater mais forte.
— Confie em mim, por favor. Quero um tempo só pra nós. Sem problemas, sem qualquer outra pessoa, só eu e você.
Esse papel de forte que eu fazia era quase uma farsa, afinal, eu mal conseguia esconder meus sentimentos. Mesmo olhando para baixo e tentando disfarçar, ele notou que eu estava chorando.
— Eu senti sua falta, muita, e isso me machucou. Eu não quero sentir isso de novo.
— E não vai, nunca mais.
Sequei meus olhos com a manga da minha blusa de frio e olhei para ele. Eu sabia que se falasse que não, eu me arrependeria.
— Eu vou... mas tem um porém.
Seus olhos grandes mudaram imediatamente, acompanhado de um sorriso sútil.
— Eu aceito o que for.
— Não quero te beijar, muito menos fazer sacanagem. Se é pra gente decidir o que vai ser de nós, o ideal é que não tenha coisas assim pra me confundir.
Ele deu um sorrisinho sugestivo, mas concordou.
— Vou preparar minhas malas e te levo até o apartamento para você fazer a sua.
— Ok.
Ele subiu e fez rápido as malas, e levou para o carro. Entrei no carro dele, em silêncio, e saímos. Nossa primeira parada foi no apartamento dos meninos.
— Quer entrar?
Eu nem sei porque perguntei isso, mas saiu naturalmente.
— Obrigado, mas vou esperar aqui, assim aproveito e aviso o Yoongi.
— Tá, eu já volto.
Mesmo subindo as escadas, meu coração continuava acelerado. Entrei e só vi o Nam no apartamento, lavando louça na cozinha. Assim que parei na porta da cozinha, ele fechou a torneira, secou as mãos e grudou nos meus braços.
— Onde você estava ontem, moleque? Tem noção do estado que você nos deixou?
Ele parecia não saber o que fiz, e eu me senti aliviado pelo Jungkook não ter contado.
— Foi mal, Namu, eu precisava ficar um pouco sozinho, e fui beber.
Ele me soltou e colocou as mãos na sua cintura, apontando o dedo para mim.
— Nunca mais faça isso, de notícias pelo menos.
— Ok, pai — dei risada, tentando disfarçar e mudar o assunto — cadê o Tae?
— Saiu com uns colegas da turma dele. O Jeon trouxe você?
— Uhum, ele tá lá fora me esperando... Vamos viajar para a Noruega.
Ele me olhou surpreso, e com um sorrisinho de canto.
— Hmm, então quer dizer que vocês voltaram?
— Não — até afinei a voz de nervoso para responder.
Ele começou a rir da minha cara.
— Qual foi? Babaca. — questionei.
— Você quer enganar quem, Park? — continuou rindo.
Dei com os ombros.
— Só vou viajar porque ele insistiu muito, ok?
— Uhum, ok, super acredito... E seu contrato com a instituição de dança da França?
— Eu já perdi o voo há horas, só preciso resolver minha situação com o francês.
— Não se preocupe com isso agora. Vá fazer suas malas logo.
Foi o que realmente fiz. Fui para o quarto e comecei a preparar minhas malas. Por ter que levar roupas de frio, minhas roupas não couberam em uma mala só, mas sim em três. Com as três malas prontas, sentei na cama por uns minutos e fiquei olhando para elas. Eu queria muito que essa não fosse uma escolha ruim.
Preparei duas malas e uma mochila, me despedi do Namu e desci com tudo. Ele estava do lado de fora, encostado no carro e mexendo no celular.
Assim que me viu, desligou e veio ajudar com as malas.
— Eu não preciso de ajuda.
Tentei puxar a mala, mas ele não deixou.
— Não seja assim, meu amor.
Encarei ele.
— Não me chame assim, entendeu?
Ele chegou mais perto, me encurralando contra o carro.
— Me impeça, meu amor.
Fiquei todo nervoso, querendo beijar seus lábios, mas em vez disso, só coloquei a mão na maçaneta e abri a porta do carro.
— Pare de papo furado e vamos logo. — Entrei e bati a porta.
Ele guardou nossas malas e, com aquele mesmo sorriso, foi para o volante enquanto começava a dirigir.
Em vinte minutos, chegamos ao aeroporto. Achei que seria um voo comercial, mas havia um jatinho nos esperando. Dentro dele, éramos apenas nós dois, uma comissária, o piloto e o copiloto.
O avião tinha doze assentos, e ele se sentou justamente ao meu lado.
— Olha o espaço que tem, por que vai ficar aqui?
— Outro lugar não tem perfume de baunilha, então prefiro ficar do seu lado.
Eu sabia que com ele não teria acordo, então apenas aceitei.
O piloto decolou, iniciando uma longa viagem. Como estamos em um voo particular, o piloto informou que levaríamos cerca de oito horas, o que já é cansativo. Em um voo comercial, seriam mais de doze horas.
Enquanto eu olhava pela janela, observando o mar começar a aparecer abaixo de nós, ele pegou minha mão. Quando nossos olhares se cruzaram, ele se inclinou para me beijar, mas eu desviei.
— Qual era o nosso acordo? Sem beijos.
Ele inclinou a cabeça para trás, se apoiando no encosto do assento.
— Eu sei, é que você é irresistível.
— Se eu realmente fosse, você não teria ficado dois meses longe de mim.
— Fiquei pelo seu bem, mas estava cuidando de cada passo seu.
Cruzei os braços e o encarei.
— Então você confessa que estava me vigiando?
— Sim.
Eu esperava que ele negasse, então sua confirmação me deixou sem palavras por alguns segundos.
— Cara de pau.
— Eu te avisei que te protegeria. Infelizmente, falhei naquele dia, mas te prometo que isso nunca mais vai se repetir.
O voo continuou e, eventualmente, o cansaço e a monotonia começaram a pesar. Meus olhos se fecharam lentamente, e eu acabei adormecendo. O som suave dos motores e a leve vibração do avião me ajudaram a relaxar pelo restante das horas.
🫐
Tromsø - Noruega
Enquanto o avião chegava em um pequeno aeroporto depois das quase oito horas dentro do voo. Pela janela eu pude ver como a cidade de Tromsø era incrível, simplesmente o lugar mais lindo que já vi.
Já estava anoitecendo, e a cidade, toda coberta pela neve, já estava decorada com luzes natalinas por todo lado.
Nos agasalhamos no saguão do aeroporto e saímos em direção a um táxi que estava parado ali. A língua oficial era o norueguês, mas a gente teria que se virar com o tradutor do celular. Eu sabia algumas coisas em inglês, e ele também, mas não o suficiente para entender com facilidade.
Pelo menos no táxi foi fácil; só mostramos o endereço do hotel para o motorista, que seguiu para o lugar. Enquanto ele dirigia, eu não conseguia tirar os olhos da janela, observando cada detalhe da cidade, com seu charme congelante, mas acolhedora. Era início de dezembro, mesmo assim as decorações natalinas e turistas já estavam espalhados pelas ruas.
Casinhas tradicionais em cores de madeira se espalhavam ao longo das ruas. As pequenas lojas e cafés, com suas janelas decoradas com luzes de Natal e guirlandas, adicionavam um toque acolhedor a tudo. Eu amava essa energia natalina, e essa experiência aqui, nesse paraíso gelado, era tudo que eu precisava para minha vida.
— Isso é mais incrível do que eu podia imaginar — disse ele, olhando pela janela do carro.
— Eu também acho. É tão lindo...
Olhei na direção dele e percebi que não era para a janela que ele estava olhando, mas sim para mim. Era como no início, em que eu sentia sem jeito por qualquer coisa que ele fazia.
Era exatamente assim que eu me sentia naquele momento, como se fosse a primeira vez. Desviei o olhar, tentando esconder minha expressão.
Chegando ao hotel, a vista era ainda mais impressionante: tanto o exterior quanto o interior estavam decorados com luzes de Natal e enfeites que se integravam perfeitamente à paisagem.
— Ficaremos em quartos diferentes, né?
— Não, você vai ficar comigo.
— Que? Não, não vamos, não!
Ele riu e começou a falar com a recepcionista do hotel, me ignorando. Ele fez nosso check-in com a ajuda do tradutor do celular e subimos para o quarto. E ele realmente reservou o mesmo quarto, que pela porta já entendi que era um quarto presidencial.
Quando entramos, a sensação de encantamento só aumentou. Era lindo, parecendo um palácio, com uma decoração acolhedora e uma estética viking, que antigamente eram muito presentes nessa região.
O ambiente era iluminado por luzes em tons suave, criando um clima perfeito.
A varanda, com portas de vidro do chão ao teto, oferecia uma vista deslumbrante das montanhas cobertas de neve. O cenário era ainda mais mágico nessa hora, com as montanhas adquirindo tons azul claro e escuro. Havia uma varanda do lado de fora, com mesa, cadeiras e uma grande lareira.
A decoração era romântica, e eu sabia que ele tinha planejado isso. Até que olhei para a cama e vi um buquê de rosas vermelhas gigantesco, junto com uma caixa decorada com um grande laço.
— O que significa isso? — perguntei, apontando.
Ele olhou para as coisas na cama, e depois para mim, com um sorriso bobo.
— Não gosta de rosas?
— Gosto, mas sei o que você está tentando.
Ele se aproximou de mim, e só isso foi suficiente para estremecer meu corpo.
— É só um presente, mas se quiser que eu tente, eu vou amar.
Ele ia pegando na minha cintura, mas eu me afastei.
— O que tem na caixa? — disfarcei, meio sem jeito.
— É sua, pode abrir.
Sentei ao lado da caixa e desamarrei o laço vermelho com cuidado. Tirei a tampa e removi alguns papéis de seda que estavam por cima, até que vi uma sapatilha de dança. Mas não era qualquer sapatilha, era a Crescent Moon Swarovski, simplesmente a sapatilha de dança mais valiosa do mundo, coberta por cristais Swarovski. Um sonho para qualquer dançarino.
Eu fiquei espantado e olhei para ele, em choque.
— Para... isso... isso não é sério, né? Não pode ser.
— Você merece.
Olhei de novo para a sapatilha, ainda sem acreditar.
— Essa sapatilha é uma fortuna, eu não posso aceitar.
— E por que não?
— Não temos nada, já disse.
Ele pegou minha mão, deu um beijo nela enquanto me olhava com aquele olhar canalha que ele sempre faz.
— Se eu pudesse, te dava até as estrelas e a lua que você tanto admira no céu.
Meu coração acelerou, e eu senti uma mistura de emoções tomando conta de mim. Ele sempre teve esse poder sobre mim, de me deixar sem chão com um simples gesto, uma palavra. Eu queria resistir, ser forte e manter a distância que eu vinha tentando criar entre nós. Mas, naquele momento, era impossível negar o que eu sentia...
Eu olhei para ele, e a verdade era que eu o amava. Sempre amei e isso nunca mudou. Ele conseguia me fazer sentir especial de uma forma que ninguém mais conseguia. E, por mais que eu tentasse lutar contra isso, a realidade era que eu queria estar com ele.
Seu olhar era firme, mas cheio de uma ternura tanta que fazia meu coração acelerar feito louco. Ele queria voltar, e eu sabia que também queria. Mas o medo de me machucar de novo, de nos perdermos mais uma vez, me impedia de dar o passo que meu coração queria.
Ele se aproximou mais, mantendo nossas mãos entrelaçadas, e então, me deu um selinho demorado e afastou o rosto.
— Independente da sua decisão, eu vou continuar te amando. Não pense nisso agora, ok?! Vamos aproveitar nossa viagem.
Mesmo para alguém com a posição que ele tinha na máfia, ele conseguia ser extremamente carinhoso comigo... isso, claro, depois de me perseguir por dinheiro. Naquela época, eu entendi por que ele era o chefe de tudo. Esse carinho só existia comigo.
Ele se levantou e começou a se vestir com várias camadas de roupas de frio, incluindo um sobretudo e um cachecol elegante.
— Onde você vai? — perguntei.
— Eu não, nós. A cidade está decorada para o Natal, então vamos ver ela à noite. Tem vários lugares para visitarmos, e quero te mostrar um em específico.
Eu queria disfarçar e recusar, mas a ideia realmente me animou.
— Vamos.
Coloquei minhas roupas de frio e saímos. Suas roupas sempre pareciam mais adultas do que as minhas. Eu estava usando uma grossa blusa de lã branca, com um cachecol cobrindo a gola e uma touca, essencial pra aguentar o frio. As luvas também eram praticamente obrigatórias.
Descemos bem agasalhados e começamos a explorar a cidade, que, mesmo nessa época, já estava cheia de turistas. Havia várias árvores enfeitadas com ornamentos natalinos, e os cheiros de canela e café fresco se misturavam no ar frio.
— Hmm, que cheirinho bom... — suspirei, sentindo o aroma.
— Vem, vamos tomar um chocolate quente.
O frio estava intenso, com termômetros marcando -6°, então algo quente seria perfeito. Entramos na cafeteria, que estava aconchegante e quentinha, contrastando com o frio lá fora.
Sentamos em uma mesa com dois sofás pequenos como assentos.
— Que lugar lindo... Obrigado por me trazer aqui.
Ele começou a rir enquanto tirava as luvas e me olhava.
— Qual a graça? — perguntei, encarando ele e sua risadinha.
— Seu nariz está vermelho, e seus cílios e cabelo estão cobertos de neve... Ri porque você está lindo, e fiquei meio bobo te olhando assim.
Eu fiquei envergonhado e comecei a olhar o cardápio para disfarçar. Escolhi uma xícara de chocolate quente e um pedaço generoso de torta de creme de avelã com nozes. Ele optou por um simples café expresso e uma fatia de bolo.
— O que quer fazer amanhã quando amanhecer? — ele perguntou.
— Amanhecer, como assim?
Ele me olhou com uma expressão confusa, franzindo a testa.
— Nessa época do ano, aqui não tem dia, no máximo, um céu azul bem escuro. Estamos no extremo norte do planeta, então o sol não bate diretamente.
— Eu sabia que isso existia, mas não que aqui era assim.
— Você me convidou para viajar sem ao menos pesquisar sobre o lugar? — perguntei, rindo.
Ele deu com os ombros e riu também.
— Eu só sabia que era neve e muito frio...
Ele era tão bonito... Merda, como ele era lindo. No começo eu achava que ele nem era capaz de sorrir, e agora, é o que ele mais faz pra mim.
E eu amava ver isso mais que tudo.
— E eu planejando que a gente fosse praticar algum esporte quando amanhecesse. — comentou, um pouco desapontado.
— Nós podemos aproveitar o dia de outras formas. A cidade tem muitos lugares interessantes para explorar, mesmo sem a luz do sol.
— Então faremos isso, você decide nossos passeios amanhã.
Nossos pedidos chegaram, e a combinação perfeita de sabores parecia refletir o quão bem estava indo essa viagem só nossa. Eu estava amando cada momento, e isso era um perigo. Eu sabia que estava por um fio de ceder.
🫐
Terminamos de comer e saímos. Depois de caminhar mais um pouco entre as ruas cobertas pela neve, ele me levou até uma estação de motos de neve, onde alugou duas.
— Mas eu não sei pilotar isso... — falei, exalando preocupação.
— Não tem segredo, é automático. Só acelerar e frear. Não precisa ir rápido, e fique perto de mim.
— Tá...
— Esse "tá" soou bem inseguro. Vamos lá, eu confio em você.
Ele colocou o capacete, ligou a moto dele e saiu. Eu não tinha escolha, então liguei a minha e segui ele. Não era tão difícil, mas a neve atrapalhava um pouco.
Ele foi seguindo até entrarmos em uma área que já não era urbana. Como já era noite, estava tudo escuro. Nossa frente era iluminada apenas pelos faróis das motos. Fui andando ao lado dele para conseguir falar.
— Você sabe onde está indo ou está andando sem rumo?
— É um sequestro.
— Babaca...
Ele riu e acelerou um pouco mais.
— Já estamos quase lá.
Passamos por algumas árvores secas e, à medida que avançávamos, comecei a entender onde ele estava me levando. Saímos da área com árvores e chegamos a um mirante à beira de uma montanha, em uma área descampada.
— Eu não acredito nisso...
Ele parou a moto, e eu também parei ao lado dele. O horizonte se estendia diante de nós, e o céu estava iluminado pelas auroras boreais, criando um espetáculo deslumbrante de luzes dançantes. Meu corpo inteiro se arrepiou de emoção. Tirei o capacete e fiquei em pé, olhando para cima, completamente fascinado pelo espetáculo de luzes dançando no céu.
As cores vibrantes e os movimentos suaves das auroras pareciam irreais, como se estivéssemos em um sonho. Ele se aproximou, também sem o capacete, e por um momento ficamos em silêncio, enquanto olhamos para o céu.
— Incrível, né? — ele disse, com a voz suave, quase em um sussurro, como se tivesse receio de quebrar o encanto do momento.
— É mais do que incrível... — respondi, sem tirar os olhos das auroras. — É a coisa mais bonita que já vi.
Ele me olhou de lado, e mesmo sem dizer nada, eu sabia que ele queria que eu entendesse que ele não estava falando só das luzes no céu. Eu podia sentir a intensidade daquele momento, e meu coração estava batendo forte, tanto pela beleza do que nossos olhos estavam vendo, quanto pela proximidade dele.
O silêncio entre nós não era desconfortável. Pelo contrário, parecia que as palavras não eram tão necessárias. A conexão que temos era algo profundo, algo que eu sabia que não conseguiria ignorar, por mais que tentasse.
— Eu sabia que você ia gostar — ele continuou — Quando vi que as auroras estavam previstas para hoje, procurei pela internet o lugar perfeito para poder ver.
Eu finalmente olhei para ele, vendo o brilho nos olhos dele, que refletiam a luz das auroras. Tudo parecia tão certo, tão perfeito... Naquele instante, eu não queria pensar no futuro, nas incertezas. Eu queria apenas estar ali, com ele, e aproveitar cada segundo.
Ele deu um passo para mais perto, e eu não me afastei. Senti o calor do corpo dele contrastando com o frio da noite. Sua mão tocou a minha, entrelaçando nossos dedos. Meu olhar voltou para as luzes dançantes no céu, mas eu estava consciente de cada movimento dele ao meu lado.
— Eu sei que você está com medo de tentar de novo — ele disse, a voz baixa, mas firme. — Mas eu prometo que vou fazer tudo certo dessa vez, e ninguém nunca mais vai te oferecer perigo algum.
Respirei fundo e, sem soltar nossas mãos, olhei nos olhos dele.
— Eu também quero...
Ele apertou minha mão e sorriu.
As auroras continuavam a brilhar no céu, como se estivessem celebrando nossa decisão. Eu sabia que ao lado de alguém como ele, mas pela primeira vez em muito tempo, eu estava disposto a tentar, a acreditar que poderia dar certo.
Ainda de mãos dadas, ele deu um passo para trás, como se quisesse criar um espaço entre nós, mas sem soltar minha mão. Eu observei, confuso, até que ele colocou a outra mão no bolso do casaco. Quando voltou a se aproximar, ele segurava uma pequena caixa de veludo.
Meu coração deu um salto quando percebi o que era, mas a surpresa foi quando ele abriu a caixinha, revelando uma aliança de ouro que brilhava suavemente à luz das auroras. Meu peito se apertou, e eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo.
— Eu sei que isso pode parecer rápido demais, e talvez realmente seja, mas eu te amo, e não existem motivos que me impedem de fazer isso. Quero passar cada dia da minha vida te fazendo feliz, assim como não consigo mais imaginar um segundo da minha vida sem você. Então... Jimin, você aceita casar comigo?
Fiquei sem palavras, tentando processar tudo aquilo enquanto olhava surpreso. O peso do momento, a beleza do lugar, o significado do que ele estava me pedindo. Tudo parecia tão surreal.
O tempo parecia ter parado enquanto eu olhava para a aliança, depois para ele. Lágrimas se formaram nos meus olhos, mas desta vez, eram de felicidade. Eu sabia que o amava, que sempre o amei, e naquele momento, todas as minhas dúvidas e medos começaram a desaparecer.
— Sim... — sussurrei, antes de conseguir dizer em voz alta. — Sim, eu aceito.
Ele sorriu ao ouvir minha resposta e, antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, me puxou para mais perto, com os olhos fixos nos meus. O mundo ao nosso redor parecia desaparecer, ficando apenas nós dois sob as auroras que brilhavam intensamente no céu.
Meu coração disparou. Eu não conseguia mais segurar a emoção que estava transbordando dentro de mim. Antes que pudesse pensar em qualquer coisa, eu inclinei meu rosto em direção ao dele, fechando a distância que restava entre nós.
Nossos lábios se encontraram com uma suavidade que parecia contrastar com a intensidade dos nossos sentimentos. Era um beijo cheio de tudo o que eu estava carregando no peito; a saudade, o amor, o desejo de recomeçar. Sentia o calor dos lábios dele contra os meus, uma sensação que parecia acalmar todas as minhas inseguranças e medos.
Ele me puxou ainda mais para perto, e me envolveu com os braços, sentindo o calor dele em contraste com o frio da noite. O beijo se intensificou, e naquele momento, não havia mais dúvidas, não havia mais barreiras. Apenas nós dois, juntos.
Quando nos separamos, lentamente, meus olhos se abriram e encontrei os dele, que brilhavam tanto quanto as auroras acima de nós.
— Eu te amo tanto, garoto... — ele murmurou, encostando sua testa na minha.
— Eu também amo você — respondi, sentindo um sorriso se formar nos meus lábios.
Ele deu um beijo no meu nariz, um gesto suave e carinhoso, como se estivesse selando nossa promessa. Sob a luz das auroras, com o coração acelerado e a mente cheia de esperança, eu sabia que estava pronto para começar um novo capítulo com ele.
— Vamos para o hotel? Aqui está frio demais, e seu rosto já está todo vermelho — ele disse, limpando alguns flocos de neve que estavam no meu cabelo e rosto.
— Hotel? Não, vamos comemorar antes. Passamos por alguns pubs que estavam bem movimentados, tá na hora de beber.
— E quem disse que você vai poder beber depois do que fez?
— Eu estou com você, Jungkook. — revirei os olhos.
Ele sorriu, passou a língua pelo piercing e se aproximou, chegando com o rosto bem perto do meu.
— Você sabe que fico maluco quando você fala meu nome, então é melhor não me provocar.
— É mesmo, Jungkook? — repeti provocando.
Ele tentou me beijar de novo, mas fugi dele e subi rápido na moto.
— Se chegar mais rápido que eu, você ganha esse beijo. — Coloquei o capacete, liguei a moto e saí, e ele veio atrás de mim com a sua.
Ele riu, aceitando o desafio, e em poucos segundos já estava me alcançando. Eu sabia que ele adorava uma competição, e isso só tornava tudo mais divertido. A adrenalina corria pelas minhas veias enquanto acelerava a moto, o vento frio cortando meu rosto, mas o calor da excitação e do riso mantinha tudo aquecido.
Eu podia ouvir o ronco da moto dele logo atrás de mim, e isso só me fazia querer acelerar mais, como se eu pudesse escapar do beijo prometido, mas ao mesmo tempo, desejando ser alcançado.
Viramos em uma curva estreita, e eu vi o reflexo das luzes da moto dele se aproximando no espelho retrovisor. Eu ri, sabendo que ele estava se esforçando para não me deixar escapar. A excitação do momento, a brincadeira entre nós, fazia meu coração bater mais forte.
Finalmente, chegamos ao local de devolução das motos, ao mesmo tempo, e quando parei a moto e desci, ele estava ali ao meu lado, sorrindo vitorioso.
— Empate? — perguntei, tirando o capacete com um sorriso de desafio.
Ele desceu da moto e se aproximou de mim, os olhos brilhando com aquele olhar bonito que sempre me fazia estremecer.
— Não existe empate quando se trata de mim, então eu venci — ele disse, a voz rouca, enquanto passava o braço ao redor da minha cintura, me puxando para mais perto. — Agora, vou cobrar meu beijo.
Antes que eu pudesse responder, ele me beijou.
— Nós est... estamos em público.
— Não tô nem aí.
Depois de mais uma sequência de selinhos, continuamos caminhando pelas ruas cobertas de neve até o pub. Ainda havia vários turistas circulando, e o pub não era diferente, estava bem movimentado.
Sem mesas disponíveis, acabamos ficando no balcão. Com o básico do inglês, pedimos dois drinks típicos, ambos preparados com akevitt, a bebida destilada mais consumida na Noruega. O barman preparou e trouxe para nós.
O sabor era diferente, um pouco forte e com um toque de especiarias que eu não conseguia identificar. Era exótico, algo que eu definitivamente não estava acostumado.
— O que achou? — ele perguntou, com um sorriso de canto enquanto girava o copo na mão.
— Estranho, mas bom — respondi, dando outro gole. — Nunca tinha experimentado algo assim.
Eu sentia o calor da bebida se espalhando pelo meu corpo, contrastando com o frio do lado de fora. O ambiente aconchegante do pub, com suas luzes baixas e música suave, era o cenário perfeito para aquela noite.
Enquanto conversamos e bebemos, mais alguns turistas entravam e saíam. Era fácil esquecer o mundo lá fora, focado apenas nele, no jeito que ele ria das minhas reações à bebida, ou nas pequenas provocações que fazia, sempre com aquele olhar que me deixava sem jeito.
Ele pegou minha mão e levou aos lábios, dando um beijo suave na minha aliança enquanto me olhava com um sorriso satisfeito.
— Você é meu noivo agora, tem noção disso?!
— Isso porque era pra ser apenas uma viagem pra ver se eu voltaria com você...
Ele levantou o copo com uma expressão de triunfo.
— Esse sempre foi meu plano. Um brinde ao nosso casamento.
Eu sorri e ergui meu copo para brindar com ele, batendo levemente contra o dele antes de levar a bebida à boca.
Cada momento ali, naquela pequena cidade coberta de neve, com o som de risos e conversas ao redor, me fazia perceber que eu não precisava de mais nada. Eu estava exatamente onde queria estar, com a pessoa que fazia tudo parecer especial.
Depois de vários copos, eu já estava um pouco bêbado, mas nada muito exagerado. Ele continuava firme, e, pra ser sincero, eu nunca o vi bêbado. Não dava pra acompanhar seu ritmo.
— Você não fica bêbado nunca? — perguntei, mostrando que já estava um pouco alterado.
— Fico.
— Mentiroso, eu nunca vi... — fiz bico e empurrei sua perna, enquanto ele ria.
— Vamos para o hotel, antes que você continue bebendo.
Pegamos uma garrafa de akevitt com chocolate, que eu só quis levar embora por causa da garrafa, que era linda. Saímos e fomos caminhando pelas ruas natalinas e bem iluminadas. Como sempre, ele não tinha vergonha de nada e pegou minha mão enquanto a gente andava.
🫐
Quando chegamos ao hotel e entramos no quarto, começamos a tirar as diversas roupas necessárias pra encarar o frio lá fora. O quarto estava quentinho, com o aquecedor ligado e uma lareira acesa.
— Não me canso de me surpreender com tudo isso. É tão lindo. O hotel, a cidade, o quarto, a vista, essa aliança, tudo. Obrigado por me trazer aqui.
Ele envolveu minha cintura e me abraçou, depois me olhou e acariciou meu rosto.
— Fico feliz que tenha gostado.
Fui tomar banho enquanto ele ficou organizando nossa bagunça. A água quente caía no meu corpo, me fazendo até esquecer que lá fora estava a -7°C.
Voltei pro quarto já usando um pijama e dei de cara com um banquete na mesa do quarto.
— Uau, quanta coisa... você leu meus pensamentos, eu tô faminto.
— Eu conheço meu adolescente. Vem, vamos comer.
Sentei animado com a quantidade de coisas, mesmo sem saber o que era tudo aquilo.
— O que é isso? — apontei para o que parecia ser um bolo.
— Não faço ideia, só pedi tudo que tinha no cardápio.
Comecei a rir com a resposta dele.
— Bom, vou arriscar.
Ele me observava enquanto eu experimentava os pratos. Cada mordida era uma nova descoberta, e o gosto variava de incrível a... exótico. Mas naquele momento, com ele ao meu lado, tudo parecia perfeito.
Ele pegou um pedaço de uma das sobremesas e, enquanto comia, estendeu a colher para mim, sorrindo. Eu aceitei, e o sabor era delicioso, uma combinação de pistache com baunilha. O doce se espalhava pela minha boca, e ele se inclinou para me dar um beijo suave.
— Com o sabor dos seus lábios, que também tem gosto de baunilha, o doce fica ainda melhor.
Senti meu rosto esquentar.
Enquanto conversando sobre como foram nossas vidas nesses dois meses, ele voltou ao assunto que eu estava tentando evitar a todo custo.
— Agora que estamos juntos, o que acha de me contar o que realmente aconteceu naquele carro da sua ex?
Nosso dia foi tão bom que eu mal lembrei disso, e eu tentei continuar evitando.
— Não foi nada.
Ele cerrou os olhos grandes e me encarou.
— Vocês se beijaram?
— O quê? Não, claro que não! — me exaltei com a pergunta dele.
— Ok, eu acredito em você, mas me diz logo, o que ela queria com você?
Comecei a mexer as mãos em cima da mesa, nervoso, tentando encontrar as palavras certas... mas não existiam. Eu nem sabia mentir sem disfarçar.
— Ela queria que eu fingisse que tinha voltado com ela, pra tentar te atingir. Quando namorei com a Sohee, era só uma estudante, mas agora... não sei o que se tornou. Tinha seguranças ao lado dela, e ela me ameaçou.
Ele olhou para o lado e soltou uma risada cheia de ódio, a mais assustadora que já ouvi dele.
— Eu sei exatamente no que essa mulherzinha se transformou. Ela se casou com o Won, o mafioso que te envenenou. E não é só isso, ela tomou controle de outras regiões no lugar dele. Em outras palavras, ela também está infiltrada na máfia, e é por isso que quer me atingir.
Eu o encarei, assustado, e sentei na cama. De repente, tudo começou a fazer sentido, desde o tempo em que eu ainda namorava com ela.
Minha mente estava um caos, misturando lembranças e suposições, como peças de um quebra-cabeça que finalmente começavam a se encaixar.
— Eu devia ter percebido antes... — murmurei, mais para mim mesmo do que para ele.
Ele puxou a cadeira para mais perto e se aproximou de mim.
— Não tinha como você saber dessas coisas, ela sempre foi e ainda é muito manipuladora, por isso conseguiu aliados.
Olhei para baixo, pensativo, sentindo uma mistura de vergonha e alívio por finalmente desabafar.
— Sobre o dia no prédio... era dela que eu estava fugindo.
Ele me olhou, surpreso.
— Espera aí, o que disse?
— Eu já estava mal, e... bem, acabei bebendo demais. Ver aquela mulher e seus seguranças me seguindo de novo me deixou surtado de ódio da minha própria vida. Só pensei em fugir, entrar em qualquer lugar e acabar com tudo isso.
Ele respirou fundo, absorvendo minhas palavras, e depois deu uma apertadinha no meu queixo, tentando me confortar.
— Obrigado por ser sincero comigo.
— Você vai fazer alguma coisa? Não quero me sentir culpado por nada.
— Eu? Não, pode ficar tranquilo, meu amor. Agora vamos terminar de comer. Prove esse bolinho, parece ser recheado com pernil e barbecue.
Ele me ofereceu e, sinceramente, era muito bom; acabei comendo todos os outros que estavam no prato.
Depois de terminar, escovamos os dentes juntos, rindo e fazendo cócegas um no outro. Fomos para a cama, e eu coloquei um filme qualquer para assistirmos. Ou pelo menos tentei, porque, assim como no cinema da casa dele, ele mal prestava atenção no filme e só queria me beijar.
— Você sabe que não vamos fazer nada, né?
— E por que não?
Eu ia responder, mas comecei a bocejar, o que fez ele rir.
— Nem precisa responder, já entendi o recado.
— Foi mal — ri também. — Nosso dia foi incrível, mas também bem cansativo.
Ele apoiou a mão na minha nuca e me deu um beijo na testa, seguido por outro no nariz.
— Está tudo bem, já que vamos nos casar, ainda temos muito tempo pela frente. Amanhã, inclusive.
— Ok, senhor tirano.
Ele riu e fez cócegas na minha cintura, por dentro da blusa. Puxou meu corpo para mais perto, os braços envolvendo minha cintura, e continuou falando, agora com um tom mais suave.
— Sabe, eu estava com saudade até das suas ofensas... Te ver aquele dia na frente do prédio todo marrento me deixou com o coração acelerado. Você é incrível, mesmo quando tenta se esconder atrás daquele jeito durão.
Eu senti meu rosto esquentar, um misto de vergonha e de carinho pelo que ele disse. Eu já estava desacostumado a ser elogiado daquele jeito.
— Se eu fosse durão, talvez teria conseguido me afastar de você.
Ele sorriu, os olhos brilhando com algo que parecia ser uma mistura de alívio e alegria.
— Fico feliz que não tenha conseguido.
Ele me puxou mais para perto, e nós nos acomodamos melhor na cama, os corpos se encaixando como se fosse algo natural. O filme continuava passando, mas nenhum de nós prestava atenção. Estava bom demais só ficar ali, juntos, compartilhando aquele momento.
Pouco tempo depois, o cansaço começou a me vencer, e meus olhos foram se fechando aos poucos, com ele acariciando meu cabelo.
— Boa noite, meu amor — ouvi ele sussurrar, já com a voz ficando distante.
Antes que o sono me tomasse por completo, eu consegui responder:
— Boa noite, Kookie...
E assim, com o corpo aquecido pelo dele e o coração tranquilo, eu finalmente dormi, sentindo que, pela primeira vez em muito tempo, estava exatamente onde deveria estar.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀
🫐
⠀
⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀
O pedido veio! 💍
Espero que tenham gostado desse capítulo e estejam apreciando o decorrer dessa história.
Te vejo no próximo capítulo.
Até lá! 💙
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top