03 | 세 번째 장
Oi meu amor,
Dale mais um capítulo pra vocês.
Espero que gostem,
escrevi com muito carinho,
e estou animada por essa fic.
Boa leitura pra você!
#azuldameianoite
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- PARK JIMIN -
Acordei com uma dor de cabeça insuportável, como todos os dias.
Eu não aguentava mais correr atrás da Sohee, e tudo que fiz para achar ela foi em vão. Nem a mãe dela sabia onde essa garota estava, e tudo me indicava que nunca houve uma amiga; ela fugiu com um cara.
Eu fui traído e ainda fui roubado, e graças a essa demônia, estou sofrendo com esse perturbado da Sixx me perseguindo e se divertindo enquanto me faz comer o pão que o diabo amassou.
Eu estava na merda, tanto quanto nunca estive.
Troquei de roupa e saí para a aula, pois, mesmo estando nesse furacão de problemas, a vida continua. Mas, assim que abri a porta do apartamento, dei de cara com o dono do prédio.
— Sr. Know? Bom dia.
Isso não era bom...
— Bom dia, Park. Me desculpe, mas preciso que você saia do apartamento até hoje à noite.
Eu dei um sorriso meio sem acreditar no que tinha acabado de ouvir.
— Como assim? Você está me despejando?
— Desculpe, Park, mas os vizinhos têm relatado que alguns mafiosos estão atrás de você. Não sei no que você anda envolvido, mas todos estão com medo.
Fiquei sem palavras e entrei em um desespero interno, como se estivesse sentindo um abismo se abrindo sob meus pés.
— Se eu puder te dar um conselho, fuja. Volte para o interior e saia da vista dessas pessoas, sua vida está em jogo, e você sabe disso.
— Tudo bem, obrigado pelo conselho... Agora no período da manhã eu tenho uma prova na faculdade, vou fazer ela e volto pra pegar minhas coisas.
— Obrigado por compreender.
Saí e fui até a estação, me sentindo desolado e sem chão. Eu sabia que não conseguiria achar um apartamento para me mudar hoje, e simplesmente não conseguia correr atrás de mudança e recuperar o dinheiro daquele psicopata ao mesmo tempo.
Eu estava perdido e queria sumir.
Enquanto esperava o metrô, fiquei com o olhar perdido nos trilhos por uns minutos. Eu estava tão desesperado que pensamentos ruins passavam pela minha cabeça de forma involuntária.
O metrô chegou e eu embarquei. Cheguei cedo na faculdade e tentei me acalmar para fazer a prova, mas não estava funcionando. Ela começou e, a cada minuto que eu tentava focar nas questões, só conseguia pensar se deveria voltar para o interior e passar o resto da minha vida colhendo arroz e cuidando de ovelhas. Eu realmente não queria uma vida assim, mas, a essa altura, estava sem opções.
Depois de três horas de prova, o alarme tocou, indicando o fim. Eu estava completamente desmotivado e sem energia, e fui até o refeitório comprar um energético. No caminho, encontrei o Nam.
— Que cara é essa? — perguntou.
— Fui despejado hoje de manhã...
— Isso é sério?
— Infelizmente sim, e é culpa daquele louco que está me perseguindo. Os vizinhos notaram a presença dele e pediram para o dono me tirar de lá. Todo mundo sabe que ele é um mafioso sujo.
— Que merda. Você tem pra onde ir?
— Não...
— Então você vai pra minha casa. É pequena, mas a gente se vira.
— Não precisa, não quero incomodar vocês.
— O que vai me incomodar é saber que você não tem pra onde ir. Vamos organizar suas coisas, você vai para casa hoje mesmo.
— Nem sei como te agradecer. Vai ser provisório, eu prometo, pelo menos até eu achar outro apartamento.
— Não se preocupe com isso. Sua maior preocupação tem que ser arrumar um jeito desse cara sair do seu pé.
— Sim... Eu já me conformei que não vou mais achar a Sohee, então estou tentando fazer um empréstimo no banco.
— Mas aí suas dívidas vão triplicar.
— Vão, mas não tenho outra escolha. Ou é isso, ou aquele psicopata me mata. Não tem outra forma de conseguir esse valor todo.
Ele colocou a mão na cabeça, tentando pensar em uma solução, na qual era quase impossível.
— Eu avisei diversas vezes que essa garota te meteria em problemas...
— Agora não adianta ficar remoendo o passado, eu não vou mais achar ela, e só me resta pensar em uma solução. No momento, o melhor à fazer é um empréstimo, mas nem isso eu estou conseguindo. Que banco quer emprestar dinheiro pra um universitário que veio do interior e não tem bem algum?
— Vou pedir para o meu irmão tentar. E tem uma coisa, mesmo que você consiga esse empréstimo, não vamos deixar a Sohee escapar assim. Pode passar o tempo que for, nós vamos achar essa pilantra e fazer ela te pagar cada centavo que roubou.
— A essa altura ela está bem longe de Seoul...
— Que se foda, nós acharemos ela até no inferno.
Sorri um pouco esperançoso de ter um amigo como ele, mesmo em meio a tantas coisas ruins.
— Obrigado Namu, por tudo.
— Você é meu irmão, e é mais meu irmão do que o Taehyung.
— Deixa ele ouvir isso. — brinquei.
— Ele sabe disso. Falando nele, nem pra aula ele veio, de novo. Não vou poder sair mais cedo, mas vou ligar para ele e pedir que te ajude com a mudança.
Após o intervalo, eu fui embora para o apartamento, onde comecei a embalar minhas coisas. O Tae foi até o apartamento um pouco depois, e estava me ajudando a embalar tudo dentro das caixas.
— Quantas fantasias você tem...
— Eram da época que eu ainda conseguia apresentar as peças de teatro. Tempo bom que minha única preocupação era sonhar.
— Park Jimin desmotivado? Entre a gente, você sempre foi o mais positivo.
— Pois é, acho que tô exausto de ser positivo. Quando mais faço as coisas da forma certa, mais parece que eu me afundo no buraco.
— Para agora com esse papo, quero meu amigo de volta. Você vai lá para casa e vai ficar o tempo que precisar, e logo, tudo voltará ao normal.
— Obrigado por tentar me animar.
Enquanto levava uma das minhas caixas para o carro, olhei para o lado e vi o carro do Jeon estacionado um pouco a frente. Eu já imaginei que ele apareceria, ainda mais com o fato que estou fazendo a mudança. Eu não queria que ele chegasse mais perto do prédio e me metesse ainda mais em problemas, então fui até o carro dele. Assim que me aproximei, ele saiu e acendeu um cigarro.
— Onde você pensa que está indo?
— Por sua culpa eu fui despejado, tá satisfeito?
Ele arqueou uma das sobrancelhas.
— Minha culpa?
— Sim, sua culpa. Todos têm medo de você, e sabem que você tem me perseguido. Graças a sua presença insuportável na minha vida, agora sou um morador de rua que vai ficar de favor na casa dos outros.
Ele estava com o blazer aberto, e colocou a mão no bolso da calça, enquanto mexia com a língua no piercing que tinha na boca, como se tentasse se controlar.
Ele jogou o cigarro no chão e pisou em cima.
— Você vai para minha casa.
Eu engasguei com o meu próprio ar assim que ouvi a maior barbaridade que poderia sair da boca desse desgraçado.
— O que você disse?
— Não fui claro? Você tem uma dívida comigo, e sabe que não vai conseguir pagar com dinheiro. Você vai ficar na minha casa até pagar o que deve e poderá viver sozinho novamente.
— Quem você acha que eu sou, seu louco pervertido?
Ele começou a rir sinicamente.
— Qual a graça, porra? — aumentei a voz ainda mais.
— Quem disse que eu quero algo com você? Se põe no seu lugar, garoto. Quero que você trabalhe na minha empresa, pelo menos até pagar a minha grana que você perdeu.
— Eu não preciso da sua ajuda, muito menos da sua piedade.
— No momento, isso não é uma piedade, é uma ordem. Agradeça seu amigo e dispense ele, meus funcionários virão pegar suas coisas.
— Ordem? Só pode ser brincadeira.
— Ok, se não fizer o que estou falando, vou te sequestrar e prender de novo no cativeiro, só que dessa vez, você vai sofrer bem mais que da última vez. Você vive me chamando de criminoso, então sabe muito bem que não sei ser legal com quem discorda de mim. Vá dispensar seu amigo e volte aqui.
— Você é um louco.
— Eu sei. — ele sorriu de canto, me deixando mais puto ainda.
Que merda foi essa que eu me enfiei? Fui andando enquanto me sentia desorientado e sem saída. O Tae saiu do apartamento com uma das minhas caixas nas mãos.
— Tae, eu vou ter que ir com ele.
Ele olhou na direção do carro e reconheceu quem era.
— Tá maluco? Se quer se matar, por que fazer da pior forma?
— Eu te explico mais tarde. Pode ir embora para casa.
— Eu não vou te deixar com esse cara, nem vem.
— Confia em mim, não vai acontecer nada. Eu vou enviar uma mensagem assim que chegar lá, e explico tudo na aula de amanhã.
Ele parecia inseguro, mas eu insisti. Mesmo resistente, ele concordou e foi embora. Peguei minha mochila e fui até a direção do tirano.
— Entra no carro. — Ele falou e foi até a porta do carro, onde entrou primeiro.
Eu sabia que ia me arrepender disso, mas não tinha escolha. Entrei sem jeito no carro, e fiquei completamente desconfortável dentro dele. Não pelo carro, que era incrível, mas por estar com esse perturbado.
— Por que está fazendo isso? — perguntei.
— Por que não fazer? Você me deve. É só dançar conforme o ritmo que tudo dará certo, e de dança eu sei que você entende.
Como ele sabia disso?
Eu não respondi e fiquei quieto. Ele ligou o carro e também ficou em silêncio por todo o caminho. Eu sentia que deveria abrir a porta e pular do carro, afinal estava indo de cara para um sequestro, mas não tinha essa coragem.
Ele entrou em um bairro onde só haviam mansões e casas de alto valor, até que parou em uma delas. A casa era simplesmente enorme, com grandes portões e muros que escondiam e protegiam todo seu interior.
Ele desceu e eu continuei no carro, surpreso com o tamanho da casa e dos jardins que haviam na entrada. Em segundos ele apareceu na minha janela.
— Não vai descer?
— V-vou.
Eu desci, e mesmo que tentasse disfarçar, era nítido que eu estava surpreso com tudo.
— Você vai me jogar em um calabouço, masmorra ou algo assim?
— Vou, com correntes, cobras e escorpiões por todo lado. Além das seções de chicoteamento, e almoço uma vez por semana.
Olhei assustado enquanto ele me dava as costas e subia as escadas da entrada da casa.
Ao redor vi muitos homens armados, por todo lado, e não eram armas pequenas, pareciam armamento de guerra.
Coloquei minha mochila em um dos ombros e corri até ele, que já tinha entrado na casa.
— Bom dia, Sra. Lee, peça para que preparem o quarto de visitas.
— Bom dia Sr. Jeon, ok.
Ele apontou para mim e continuou.
— Ele vai passar um tempo aqui em casa, então fique de olho nele. Vou trabalhar e volto para o jantar.
— Claro.
Ele arrumou o cabelo que estava caindo em seu rosto e se virou para mim.
— Nem pense em fugir.
— E tem como com aquele exército todo lá fora?
— Essa é a intenção.
Ele deu as costas e saiu da casa.
— Olá jovem, qual seu nome? — A senhora perguntou de forma simpática.
— O-oi, Park Jimin — respondi sem jeito.
— Jimin, que nome bonito. Me chamo Lee Wong, cuido da casa e também do Sr. Jeon. Você já almoçou?
— Ainda não, mas estou sem fome, não precisa se preocupar.
— Eu sei que está com fome, afinal você é um estudante. Venha, vou preparar algo para você enquanto as funcionárias arrumam o quarto.
Ela começou a andar pela casa enquanto eu a seguia.
— Eu, bem... eu vou ficar em um cativeiro?
Ela riu, como se eu tivesse dito algo engraçado.
— Te garanto que não é um cativeiro, mocinho.
Ela mesma começou a preparar um lámen em uma cozinha luxuosa, enquanto eu esperava envergonhado perto dela. Outra funcionária se aproximou e avisou que o quarto estava pronto.
— Vá lá conhecer seu quarto enquanto eu termino aqui.
Ainda com vergonha, levantei e segui a outra mulher, que subiu uma grande escada e andou por um corredor tão luxuoso quanto a cozinha e a sala. Haviam quadros por todo lado, e alguns pareciam ser realmente obras de arte, que eu já supus serem roubadas.
Ela apontou para a porta do quarto, e eu entrei.
— Uau, o que é isso?!
O quarto era simplesmente lindo, com uma varanda enorme, uma cama gigantesca, sofá, televisão, e tudo que jamais imaginei na vida.
Eu sabia que não poderia me iludir, afinal o dono disso tudo tem infernizado minha vida à dias, e muito provavelmente isso vai piorar, agora que estou na casa dele.
— E se ele me trouxe aqui pra me matar? E se ele sabe que sou um pobre fodido e quer me proporcionar uma vida confortável antes de acabar comigo? É isso, eu tenho certeza que é isso...
Eu comecei a suar frio, mesmo nesse paraíso. Alguém bateu na porta e eu assustei, me trazendo de volta dos meus pensamentos.
— A Sra. Lee avisou que o lámen está pronto.
— Ok, estou indo, obrigado.
Deixei minha mochila na cama e desci até a cozinha em passos tímidos.
Assim que cheguei, o lámen já estava servido em uma tigela, acompanhado de uma jarra de suco. Parecia um lamen de televisão, de tão bonito que estava.
— Obrigado. — agradeci e comecei a comer, e estava delicioso. Parecia que eu estava comendo a comida da minha mãe, e cada pedaço que eu levava à boca era uma nova surpresa.
Mas, e se estiver envenenado? Eu sentiria o gosto do veneno, eu acho. Não parecia ter veneno aqui... e eu estava pirando.
— Está gostoso?
— Uhum... está uma delícia.
— Fico feliz que gostou.
Assim que terminei de comer, ela me chamou e começou mostrar toda a casa. Tinha simplesmente tudo, desde academia, até sala de cinema. Do lado de fora havia uma grande piscina, e também uma quadra de esportes.
— Você pode aproveitar o que quiser aqui. O Sr. Jeon não usa essas áreas de lazer, então vai ser bom ver alguém finalmente usando. Os cômodos que estão trancados, você evite, e se por ventura estiverem abertos, você não deve entrar.
— Ok, sem problemas.
Era óbvio que era onde ele escondia seus crimes, mas eu não podia perguntar sobre isso.
— Vou terminar de cuidar da casa, fique à vontade para explorar sozinho e aproveitar.
Ela saiu e eu voltei para o quarto, onde fiquei mexendo no meu celular. Já haviam algumas mensagens do Namu e do Tae, preocupados comigo.
Continuamos conversando, até que ouvi um movimento do lado de fora e saí do quarto, onde olhei pela janela do corredor e vi vários homens carregando minhas caixas.
— Ele realmente trouxe tudo pra cá... — sussurrei.
Se isso se espalhar, nunca mais vou ter oportunidade alguma na vida. Ninguém vai dar chance para alguém que tem contato com um mafioso, e pior, que está hospedado na casa de um.
Eu fiquei no quarto o tempo todo enquanto as horas passavam. Passei a maior parte desse tempo procurando apartamento para alugar, mas estava impossível. Os apartamentos que estavam vazios eram caros, e os que eram baratos, já estavam ocupados ou eram a quilômetros de distância da universidade.
Joguei o celular longe e deitei na cama, enquanto respirava fundo.
Nesse momento, alguém bateu na porta, e eu levantei rápido para atender.
— O Sr. Jeon está te chamando na sala.
Merda, ele já chegou...
— Tudo bem, estou indo.
Eu andei pela mansão enorme até chegar na sala, onde ele estava com um copo cheio de algo que parecia ser uísque.
— O que você sabe fazer?
Olhei confuso com a pergunta dele.
— Seja mais específico.
— Além de dançar, o que mais você sabe? Minha empresa é de mineração, dançar não vai ser útil nela.
— Sei fazer tudo o que me ensinarem.
Ele andou até mim e começou a me encarar. Eu não podia recuar então retribui encarando ele também.
— O que foi?
— Você tem o rosto bonito que preciso em algumas negociações, além de parecer simpático. Quero que você vá para a empresa treinar.
— Você não vai me convencer só porque me elogiou.
— E em qual momento eu te elogiei?
— Você acabou de falar que tenho o rosto bonito.
— E não tem?
— Não.
Ele deu com os ombros cheio de desdém.
— Que seja. Amanhã quero você na Sixx. Agora vá se preparar para o jantar.
— Eu tô sem fome, não quero comer. E hoje eu preciso ir para a Blue Sky.
— Você não vai mais trabalhar de barman.
Eu comecei a rir, mas o sorriso logo saiu do meu rosto.
— E quem você acha que é pra mandar no que devo ou não fazer? Eu preciso desse emprego, afinal vou pagar o que devo e cair fora. Você tá acostumado a mandar e desmandar em todo mundo, só que comigo isso não funciona. Eu te devo sim, mas não vou ficar recebendo ordens suas.
Ele cerrou os olhos, enquanto mexia no piercing da mesma forma que sempre fazia quando tentava se controlar.
— Quanto você ganha por dia de trabalho?
— O que isso importa?
— Pago o dobro.
Eu já estava pronto pra rebater o que ele ia responder, mas não esperava que fosse isso.
— Não tem a ver só com dinheiro. O dono da boate me deu emprego quando ninguém mais fez isso, eu não posso simplesmente furar assim com ele.
Ele bebeu o resto do uísque e colocou o copo em cima de um móvel.
— Seu pior defeito é não ser ambicioso. Essa sua humildade não te levará a lugar algum. Você pensa muito no próximo, precisa pensar apenas em você.
— Não quero seus conselhos.
Ele se aproximou e eu me afastei. Ele continuou se aproximando, e eu me afastando ainda mais.
— Admiro a sua coragem, acho que já se acostumou com meu lado bom, só que não sou assim o tempo todo, então não abuse. Meu motorista vai te levar até a boate, e ao fim do expediente, você volta para cá. E se tentar fugir, não vou continuar sendo bonzinho com você quando te achar.
— Eu vou voltar, não tenho outra escolha.
— Ótimo, agora vá até a mesa e sente-se. E não ouse dizer que não está com fome.
Ele apontou na direção da mesa, e sem opções, eu apenas sentei, mesmo que estivesse nitidamente com ódio dele. O desgraçado também sentou uns minutos depois, na outra ponta da mesa. Só havia nós dois sentados, e vários garçons começaram a servir uma quantidade um tanto quanto exagerada de comida.
Começamos a comer, e o mesmo silêncio continuou na mesa. Eu não sabia e nem queria puxar assunto com ele, e com certeza ele também não queria falar comigo, mas, por que está me fazendo comer com ele? Na real, por que ele me trouxe pra cá e está fazendo tudo isso, sendo que me odeia?
Ele estava bebendo vinho no jantar. O tempo todo em que eu o via ele estava bebendo ou fumando. É a porra de um cuzão que não sabe ficar sóbrio e acha que manda em todo mundo.
— Por que não pagou as dívidas da sua faculdade com o dinheiro? — a voz dele cortou o silêncio e meus pensamentos.
— Porque o dinheiro não era meu, e jamais pegaria algo de outra pessoa, mesmo que eu esteja desesperado. Pra você pode parecer ruim ou até mesmo inocente, mas não me importo em ser assim.
Ele me encarou por uns segundos, como se tentasse compreender minha atitude.
— Não usou e ainda deixou uma pilantra te roubar...
— Sim. Ela estava me traindo, e usou a grana pra fugir com o cara. Ela foi esperta, o único burro da história sou eu.
— É exatamente o que falei, gente boazinha só se fode.
Eu não respondi, pois meu subconsciente começou a dar razão para o que ele estava falando. Ele é rico, só fazendo coisa errada, e eu, um pobre mesmo fazendo tudo certo.
Ele ficou em silêncio pois sabia que conseguiu confundir minha mente, e assim continuamos o restante do jantar. Eu não podia me atrasar, então assim que terminei de comer, fui até o quarto, tomei banho e desci de novo. Ele não estava mais lá, e um motorista me esperava do lado de fora.
— Entre. — o cara falou e entrou no carro. Será possível que todo mundo aqui tem o mesmo humor de merda que o Jeon tem? A senhora era a única que parecia ter educação.
Entrei e fiquei quieto o restante do caminho.
Assim que ele parou, eu desci rápido e entrei na boate.
— Park, que bom te ver. — meu chefe falou.
— Oi, Simon, bom te ver também. Vou trocar de roupa.
— Não demore, rapaz.
Fui até o vestiário, coloquei meu uniforme de sempre e fui para o bar.
Os clientes foram chegando e comecei a preparar os pedidos.
Depois de algumas horas trabalhando, vi aquele homem com cicatriz no olho entrando, e reconheci ele no mesmo momento. Ele era sócio do Jeon, ou seja, isso indicava que aquele psicopata viria aqui. Era claro que ele continuaria tentando me infernizar, dentro ou fora da casa dele.
— Boa noite. Quero seu drink mais forte, por favor. — ele se aproximou e falou comigo.
— Olá, boa noite, ok. Tem um que leva uísque, rum e geleia de pimenta, pode ser?
— Maravilha, quero esse.
Ele pediu e continuou ali no balcão, esperando. Eu tentei fazer o mais rápido possível para ele sair de onde estava, mas derrubei o copo quando fui entregar para ele. O copo quebrou e espalhou vidro e bebida por todo lado.
— M-me desculpe, vou preparar outro.
— Relaxa. Vou esperar naquela mesa ali, pode fazer com calma. — ele falou e se afastou.
Ele tem cara de mal, mas é educado desde o primeiro dia em que vi ele. O Jeon tem cara de bom, com aqueles olhos grandes e expressivos, mas é a pior pessoa que já conheci na vida. Eles são literalmente o oposto um do outro.
Depois de mais meia hora trabalhando, eu senti um calafrio percorrer todo meu corpo. Ao olhar entre as pessoas, vi Jeon entrando na boate.
— Eu sabia...
Continuei fazendo meu trabalho, fingindo que não vi ele, mas não adiantou por muito tempo.
— Eu sei que você me viu chegar, fica feio fingir assim.
— Não sei do que está falando.
— Prepare o mesmo drink azul pra mim.
— Ok, pode aguardar na mesa com seu amigo, eu peço para o garçom levar.
— Eu quero aguardar aqui.
Dei com os ombros e comecei a preparar a bebida. Ele nem se dava ao trabalho de disfarçar que estava me olhando, e bastava isso pra me deixar mais nervoso do que já estava. Não derrubei o copo, mas errei a quantidade de absinto que coloquei. Eu ia refazer, mas como era pra ele, não refiz.
Entreguei o copo, e ele deu um gole.
— Essa é sua tentativa barata de me dopar?
Era claro que ele perceberia que estava mais forte.
— Esse drink não é pra todo mundo, se não aguenta, não beba. — levei minha mão na direção do copo pra pegar de volta, mas ele pegou primeiro e virou o copo todo na boca, bebendo sem fazer nenhuma expressão.
— Prepare outro desse.
Desgraçado...
— Ok.
Preparei de novo a bebida, e dessa vez, errei a quantidade de absinto de propósito. Ele pegou o copo e finalmente se afastou do balcão com o mesmo sorriso sínico.
Apoiei as mãos no balcão e suspirei.
— Eu não vou aguentar isso por muito tempo... — murmurei.
Mesmo longe, ele continuou olhando na minha direção o resto da noite. Eu tinha certeza que estava pensando em mais formas de tirar a minha paz cada vez mais.
Eu pude ver ele ir embora junto com o homem da cicatriz, um pouco antes do fim do meu expediente, e fiquei aliviado por isso. Assim que deu meu horário, arrumei o bar e fui para o vestiário tirar o uniforme.
— Park?
Olhei na porta e vi que era meu chefe.
— Conseguiu devolver os documentos?
— Documentos? Ahh, sim, consegui sim.
— Tenho notado que o dono da Sixx tem vindo mais aqui, assim como já vi ele pegar no seu pé. Está tudo bem com você?
— Tá sim, obrigado pela preocupação.
Ele não parecia convencido da minha resposta, mas não tinha outra alternativa, não posso dizer que estou na casa dele.
Assim que saí, vi um carro me esperando lá fora. Mesmo também sendo um carro todo preto, não era o carro que eu vim. Conforme me aproximei, o vidro desceu, e pra minha mais infeliz surpresa, era o próprio tirano em pessoa, em um carro diferente do Lamborghini preto que costuma usar.
— O que você está fazendo aqui?
— Você é sempre a porra de um ingrato... é inacreditável.
— Quer que eu esteja agradecido por me perseguir? Ó, muito obrigado ao meu caro sequestrador por me dar uma carona forçada.
— Odeio ironia, Park.
— Bom saber que odeia, pois continuarei sendo assim. Você disse que seu motorista me buscaria, não confia nele?
— Eu confio nele, não confio é em você.
— Como se fosse possível fugir de você e dessas suas garras do mau.
— Entra logo, moleque.
Assim que abri a porta, vi ele guardar uma arma no porta-luvas. Não sei se era a intenção dele que eu visse isso, mas fingi não ter visto nada.
Ele ligou o carro e começou a dirigir.
— Você tem aula amanhã?
— Por que quer saber?
— Após a aula, quero que vá para a Sixx.
— Eu não sei onde sua empresa fica, muito menos qual metrô vai para lá.
— E quem falou de metrô? Meu motorista vai te buscar.
Todos já estavam notando esses motoristas me buscando em todo lugar, e eu não queria isso. Virei indignado na sua direção quando ouvi isso.
— Eu posso ir, mas não sou criança pra ficar andando com babá, eu sei me virar.
— Meu motorista não é babá, mas você bem que se parece com uma criança.
— Filho da mãe...
— O que disse?
— Não falei nada.
— Então continue de boca fechada, antes que eu perca minha paciência com você.
Isso saiu em um tom ameaçador, e por mais que eu estivesse com raiva, vi que era melhor eu ficar quieto. Ele nunca fez nada pra mim, mas não posso contar com a sorte.
Descemos do carro assim que chegamos na casa dele, e enquanto eu fui andando na frente, ele voltou a falar.
— Já sabe, nada de metrô, você vai para a aula e para a Sixx de carro.
— Ok, não sou surdo, senhor Jeon. — dei as costas e subi para o quarto.
Estava tudo tão arrumado, e os lençóis da cama cheiravam a novos, assim como os tecidos pareciam extremamente macios e caros, diferente de tudo que já experimentei na vida.
O banheiro que havia no quarto era gigantesco. A água do chuveiro caia tão intensamente que eu sentia que estava abaixo de uma grande cachoeira. Eu fiquei abaixo da água por um bom tempo, apenas sentindo a água cair sobre minha cabeça.
Terminei o banho e sentei na cama. Comecei a secar meu cabelo com a toalha, enquanto meu olhar circulava por cada canto desse quarto.
— O Jimin de uns dias atrás jamais imaginaria que estaria na casa de alguém como ele. Espero que isso seja provisório e logo minha vida volte ao normal. Eu preciso continuar atrás do empréstimo.
Deitei na cama e meu corpo ficou extremamente confortável, como se eu tivesse deitado em nuvens. Eu nunca senti um colchão assim, e ficava surpreso a cada movimento que eu fazia.
Já eram mais de 01h da manhã, mas mesmo confortável, eu rolava de um lado para outro e não conseguia pegar no sono. Eu sentia minha boca seca, então abri a porta do quarto com cuidado e desci para a cozinha. Eu era tão pobre ao ponto de me surpreender até com a geladeira, que mais parecia um robô, cheia de botões e uma tela enorme.
Peguei o jarro de água e me servi. Assim que bebi, voltei para o quarto.
No corredor eu escutei a voz dele, que vinha de dentro de um dos cômodos próximo ao quarto. Ao mesmo tempo que abri a porta para entrar no quarto, essa porta também se abriu.
Eu entrei rápido e fechei. Eu me apoiei nela, buscando ar.
Se ele ouviu ou viu, vai achar que eu estava bisbilhotando ele.
Depois dessa loucura, eu deitei entre as cobertas cheias e quentes, e finalmente consegui pegar no sono.
🫐
No dia seguinte.
O dia nasceu, eram 06:40h da manhã.
Acordei antes mesmo do despertador tocar e comecei a me arrumar para a aula. Eu até queria arriscar sair sozinho e ir de metrô, mas isso seria como assinar minha sentença.
Assim que desci com uniforme e mochila nas costas, encontrei ele próximo a escada, se preparando para sair. Ele olhou para o relógio no pulso, e em seguida para mim.
— Pra quem sempre se atrasa, você tá bem adiantado.
— Não tô na minha casa, então não tenho que ficar dormindo até tarde.
Ele começou a andar perto de mim, enquanto um cheiro bom de perfume caro se espalhava por todo o meu redor.
— O Hoseok está chegando, e te levará.
— Eu já disse que posso andar de metrô.
— E eu já disse que ele te levará.
Suspirei fundo, visivelmente incomodado.
— Alguma reclamação? — perguntou.
— Esse tal do Hoseok, foi o mesmo que me acertou na cabeca, que garantia tenho que ele não vai me espancar de novo?
— Se fosse pra fazer isso, eu mesmo faria, não preciso que alguém faça por mim.
Desgraçado! Ele assume na cara dura que é louco pra me bater, como se eu também não tivesse essa vontade.
A governanta da casa veio da cozinha e se aproximou de mim.
— Jimin, fiz um lanche para você levar à aula, espero que goste — a senhora me entregou uma sacola com uma embalagem fechada dentro.
— M-muito obrigado, Sra. Lee. — agradeci sem jeito, e mesmo com o olhar dele de ódio pra mim, peguei a sacola e saí.
Ele saiu e parou do meu lado, enquanto uma pessoa parava seu carro em frente à casa.
— Não corrompa meus funcionários com essa bondade fingida sua.
Antes que eu pudesse xingar ou responder qualquer outra coisa, ele desceu as escadas e entrou na Lamborghini dele, saindo em segundos.
Depois de alguns minutos, o tal do Hoseok chegou em uma SUV. Eu entrei no carro em silêncio, e assim ele também ficou por todo o caminho.
Quando estávamos próximos, eu tossi sem jeito e falei.
— Pode me deixar um quarteirão antes, por favor.
— Minha ordem é te deixar em frente a universidade.
— Mas todos vão me ver chegando nesse carro.
— E qual o problema?
— Nada não...
Antes de descer do carro eu coloquei uma blusa de frio. E como imaginei, todos começaram a olhar enquanto eu descia. Coloquei o gorro da blusa, abaixei a cabeça e acelerei o passo até entrar, suspirando aliviado assim que passei da entrada.
Eu virei um chaveiro de criminoso, e em um dia isso já estava insuportável.
Entrei na sala de aula e a professora ainda não tinha chegado. Sentei na mesa e abaixei a cabeça em cima dela, escondendo meu rosto entre os braços.
— O que eu faço pra resolver isso? A empresa dele comete crimes, não tem como eu trabalhar lá, isso vai sujar meu histórico.
Como se eu realmente tivesse algum histórico...
— Oi Jimin, tá tudo bem?
Olhei na direção e vi que era a Minjeong.
— O-oi, tudo certo, e com você?
— Tudo bem também. Vi você de cabeça baixa, pensei que talvez estivesse precisando de algo.
— Ahh, tô com um pouco de dor de cabeça, mas logo vai melhorar.
Antes que ela pudesse responder, a professora entrou apressada na sala de aula.
— Bom dia à todos. Sentem-se em duplas, vamos memorizar algumas falas da peça. As duas aulas após o intervalo serão dedicadas aos ensaios no palco, então peço que não deixem de participar. E nem preciso dizer o quanto a peça é importante para a nota de vocês, então sejam responsáveis.
Minha cabeça estava tão cheia de problemas que simplesmente esqueci que teremos que apresentar a peça. As notas serão em dupla, e não posso prejudicar a Minjeong por causa da minha vida de merda.
Cada um segurava seu script de falas, e ficamos lendo por diversas vezes até memorizar as primeiras partes. Na peça, nós faremos par romântico, então as falas também eram bem românticas em algumas situações. Nunca tive dificuldade nisso, mas ultimamente, parecia que eu estava dentro de um limbo da falta de coragem.
Com o sinal tocando, assim que levantei, ela levantou e me acompanhou.
— Eu vou ensaiar um pouco no intervalo, quer vir comigo?
— Desculpe, mas preciso falar uma coisa com meus amigos. Te encontro após o intervalo pra continuar os ensaios.
— Tudo bem. — ela agradeceu de forma doce, como sempre, e eu saí.
O Nam e o Tae estavam sentados na arquibancada da quadra de esportes. Peguei o lanche que a Sra. Lee fez e fui até eles.
— Finalmente estamos te vendo. Já estava achando que era ele quem tivesse respondido as mensagens.
— Shhh, fala baixo Nam, antes que alguém ouve isso...
— Explica agora que porra foi essa que aconteceu.
— Nem eu tô entendendo direito. Ele quer que os capangas dele me levem pra todo lado, até eu pagar essa porcaria de dívida.
— Você sabe que isso é quase um sequestro, não sabe?
— Sei...
— Ele te tratou mal? Fez você comer ratos? Te prendeu em um calabouço? Te espancou? — o Tae falou.
— Fica quieto, babaca. — dei risada com o que ele disse, e era minha primeira risada em dias.
— Fala sério, ele não te fez nada?
— Por mais louco que pareça, não, nada. Tô em um quarto incrível. A casa é enorme, vocês precisam ver, parece mansão de filme. Tem cinema, quadra de esportes, academia, salão de jogos, fora a governanta que é um amor, e até fez esse lanche pra m... o que foi?
— Você tá gostando de ficar lá, seu masoquista. — O Nam falou enquanto dava risada.
— Não tô não, mas não tem como negar que a casa é linda. Achei realmente que ele me jogaria em algum cativeiro, mas pra minha surpresa, não fez isso.
— É tipo cuidar e engordar o peru de natal antes de matar e assar.
— Filho da puta...
Eles começaram a rir da minha cara.
Eu abri o lanche que ela fez, e até nisso eu fiquei sem jeito. Tinha alguns oniguiris, karaage e também, três mochi de sobremesa.
Comi tudo, e sinceramente, estava delicioso.
E se ele realmente está fazendo isso, pra no fim, me matar?
Eu estava correndo risco desde o momento em que aceitei ir para casa dele, mas agora era tarde.
Ao fim do intervalo, todos da minha turma foram para o auditório, onde começamos a ensaiar no palco. Enquanto as outras duplas ensaiavam, nós dois treinamos nossas falas sentados nos assentos da plateia. Eu não memorizei tudo, por mais que eu tivesse me esforcado, e teria que improvisar.
Chegou nossa vez. Subimos no palco e começamos as recitar nossas falas. No começo até que foi tudo bem, mas depois, minha mente ficou completamente dispersa.
— ...Scott, não quero que parta sem levar uma lembrança do meu amor, assim como desejo que me leve em seu coração e retorne logo. — ela disse sua fala enquanto atuava, segurando minhas mãos, mas minha cabeça só conseguia pensar em me livrar daquele tirano.
Por que ele tem aquela cara de bom moço sendo que é um hipócrita ignorante? Fica me rodeando com aquela droga de perfume caro e aquelas tatuagens na mão feito um marginal, mandando e desmandando quando quer...
— Jimin? — de repente , escutei a Minjeong me chamando.
— Me desculpe...
— Diz sua fala. — ela sussurrou.
— Anastácia, prometo voltar para seus braços em breve, onde também trarei a salvação do nosso povo. Nós seremos livres.
— Me prometa isso, Scott.
— Eu lhe prom...
— Corta. — a professora me interrompeu e começou a fazer as correções. Era óbvio que a Minjeong foi impecável, e o único fracassado merecedor de correções era eu.
Continuamos ensaiando, e ao fim da aula, a professora me chamou em particular.
— Park, vou ser sincera, estou preocupada com você. Está acontecendo alguma coisa?
Merda...
— E-está tudo bem, professora... por quê?
— Você anda disperso, distraído, o que são comportamentos que eu não via no início do seu ano letivo.
— Desculpe, professora, ando com umas preocupações pessoais, mas logo tudo vai melhorar.
Ela me olhou com preocupação, mas não insistiu.
— Se precisar de alguém pra conversar, estou por aqui. Não quero ver você desistir do seu sonho, você nasceu para isso.
— Ok, obrigado professora.
Eu saí meio desnorteado, e vi que a Minjeong estava me esperando do lado de fora do auditório.
— Quer ir até a estação comigo? Soube que inaugurou um café no caminho, seria bem legal ir com você.
Olhei para o relógio e vi que a aula terminou mais cedo, então eu teria tempo de ir com ela. Eu topei e nós fomos caminhando. Na saída até olhei para todos os lados, conferindo se não teria ninguém a mando dele, e não tinha.
Assim que chegamos no café, sentamos em uma mesa em frente a uma grande janela de vidro. O café tinha uma decoração aconchegante, com várias plantas ao redor. Uma garçonete se aproximou e anotou os pedidos. Ela pediu um doce e um capuccino, já eu, apenas um ice americano.
— Estou feliz que você topou vir.
Eu parecia um fugitivo, olhando pra todos os lados. Até minha sanidade aquele louco conseguia perturbar.
— Eu também estou... preciso ser rápido aqui, preciso voltar e ajudar o Namjoon em uma lição.
— Prometo que seremos rápidos.
Os pedidos não demoraram pra chegar, e assim que dei o primeiro gole, ela voltou a falar.
— Jimin, bem... — ela colocou o cabelo atrás da orelha — você não está mais com aquela garota do curso de moda?
— Não, nós terminamos. Era melhor cada um seguir seu caminho.
Ela estava com as bochechas coradas, e parecia querer falar algo, até que olhei pela janela e vi a Lamborghini estacionando.
— Eu não acredito... — pensei alto enquanto sentia meu coração acelerar.
— Tá tudo bem?
Eu sou uma pessoa livre, não tem porquê eu ficar assim.
— T-tá sim, tudo certo.
Ele desceu, arrumou o cabelo e veio na direção do café.
Eu imaginei que ele estivesse com a arma que guardou no carro... É isso, ele vai me matar aqui mesmo.
O sino da porta do café tocou assim que abriu. Ele entrou, me olhou e foi primeiro até o balcão. Vi ele pedir um café. Ele pegou o copo, e em seguida, veio até nossa direção.
— Que surpresa te encontrar aqui, Jimin.
Eu congelei. A Minjeong estava olhando confusa para nós dois, até que ele virou pra ela.
— Você é a...?
— Minjeong...
Ele puxou uma cadeira e sentou entre nós.
— Minjeong, eu adoraria estender o papo, mas eu e meu amigo aqui temos algo para resolver juntos, então nos dê licença.
Ele levantou e me encarou, e eu virei a cara.
— Vamos Jimin.
Não é possível que ele ficaria me tratando como se fosse meu dono. Eu não poderia colocar ela em risco, muito menos levantar as suspeitas dela, então apenas aceitei.
— Eu vou indo, amanhã na aula a gente se fala.
Me despedi dela, levantei e fui até ele, que já estava entrando no carro. Eu entrei e bati a porta, furioso.
— Que porra foi essa? Quem você acha que é? — perguntei com a respiração ofegante de raiva.
— A ordem era que o Hoseok te buscaria e te levaria para a Sixx. Você não tem tempo para encontros, está em dívida comigo.
— Não era um encontro! E eu não sou seu cachorrinho pra você ficar mandando e desmandando a hora que quiser, eu já disse.
— Abaixa o tom pra falar comigo, moleque.
— Que se foda. — eu gritei ainda mais e cruzei os braços, mas ele foi mais rápido e avançou o corpo para cima de mim.
— Repete.
Eu não repeti e fiquei em silêncio, mesmo encarando ele.
— Acho bom você se comportar, caso contrário, não vou medir esforços pra fazer você se arrepender por cada vez que me enfrentou.
— Me leva embora, vou pegar minhas coisas e sair da sua casa.
— Não, você não vai, não antes de pagar o que deve — ele sorriu de canto — tenta pisar pra fora da casa que eu te pego e realmente te coloco em um cativeiro.
Ele parecia muito mais ameaçador que o normal, e eu sei que ele é realmente capaz de fazer isso. Tenho que aceitar que tô realmente na merda e não há mais solução.
Ele se afastou de mim e eu fiquei com a cara fechada o restante do caminho. Ele também não insistiu em falar comigo.
Assim que chegamos na casa dele, eu fui na frente até o quarto e me tranquei. Eu não estava em posição de fazer birra estando na casa dele, mas se era pra ficar aqui forçado, ia fazer da vida dele um inferno, assim como ele fazia com a minha vida.
Continuei na internet procurando algumas casas pra alugar, assim como mais algumas empresas de empréstimo. A Sra. Lee veio até a porta me chamar para jantar, mas eu recusei.
Pela primeira vez em vários dias, eu chorei de raiva. Eu não aguentava mais passar por tudo isso, e me sentia cada vez mais sufocado.
Deitei na cama, e em meio às lágrimas, acabei pegando no sono, rápido e certeiro.
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Eita eita, isso promete.
Espero muuuito que esteja gostando,
Comentem bastante, é tão bom ler e saber o que estão achando.
Te vejo no próximo capítulo.
Até lá! 💙
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