Extensão da cor


ginny & jazzy, kalon.

Ele gostava de ter-me em suas mãos como tinha as flores selvagens mais delicadas. Tocava-me sereno, medindo a força, e quando não isso, medindo os centímetros. Passeando as grandes pontas dos dedos pelos arrepios involuntários. Tinha-me como uma pedra preciosa, dizia sempre. Apreciava a delicadeza da pele que avermelhava-se ao mínimo toque mais esforçado, gostava de ter os lábios sempre colados aos interiores dos braços, onde brincava de arrancar-me gargalhadas por sua barba espessa e grossa provocar minhas sensibilidades. Fazia assim: depois do sexo, ainda guardando seu cheiro e seus restos, colocava-me de costas à força que era e tão cuidadoso imperava sobre mim. Sentava ao final da curva da minha coluna, esticava os dedos sobre minha carne nua daquele ponto baixo ao mais alto do que estava exposto, livrava minha nuca dos meus próprios cabelos quase sempre esquecidos dos cuidados e beijava minha nuca. Beijava sempre e demoradamente. Sentia que queria morar naquelas minhas pequenas partes escondidas. Quando não enfiava-se aos vãos dos braços e das coxas, era na nuca que suspirava e declarava amor. Declarava-se sempre. Não esquecia de lembrar-me dos seus sentimentos.

A vida começou quando senti você.

De olhos fechados eu ouvia o que o homem largo tinha para dizer. Gostava de senti-lo gigante como era atrás de mim. Gostava de como cobria-me de carícias e uma pujança que surgia assim desprendida do seu controle, natural dos grande músculos. Sentia quando os braços me envolviam novamente e tomavam meu corpo de surpresa, forçando carinhosamente a existência de espaço para eles entre minhas nádegas já machucadas. Sobre as dores eu nada poderia dizer, pois gostava também de ser machucado naturalmente. Ele, o homem largo, penetrava-me demoradamente. Abria-me completamente. Era grande por inteiro como são os homens nórdicos. Um guerreiro formado. Enquanto movia-se sobre mim, eu experimentava do cheiro da sua trança dourada e comprida que caía sobre o meu rosto. Brincava com ela, com os fios soltos grudados em minha pele suada. Durante os gemidos sempre intensos eu a puxava e fazia a boca grande e quente dizer-me coisas amorosas ao pé do ouvido e às vezes colada aos meus lábios. Eu tinha o homem como queria e o tinha sempre. Tinha sempre dos seus líquidos seguidas vezes. Era uma fonte inesgotável de prazer.

E quando cansado ou suficientemente machucado, novamente deitava-me de costas para o meu homem e ele tornava a desenhar seus mapas em minhas curtas costas. Quando sabíamos que um dia se formava lá fora, ele abria a janela acima de nós e do nosso corpo nu, e assim deixava a luz banhar os vestígios do nosso amor.

Você é a extensão da cor, ele dizia. A cor desse novo dia. Você é azul, Andri.

Observava-me cor. Sempre isso: o azul. Beijava o que eu era: a extensão daquele tom. Beijava-me inteiro. Nada escapava dos lábios quentes e apaixonados. Beijava-me até que dormisse. Até que fosse outro lugar. Longe. Menos extremo e perigoso.

.

E vendo minha mãe guardar os cabelos brancos dentro daquele lenço que até bordado na mesma cor fora, lembrei do que fui um dia.

- Você sempre gostou de azul, não é? Lembro que todas as crianças usavam vermelho e amarelo ou até o azul mais claro, mas você não... - Ela terminava por completar um laço na altura da nuca. - Os tons mais escuros de azul eram sempre os seus preferidos.

- A felicidade das outras cores me deixa tonto - fiz minha defesa.

- Ele dizia que você era azul - Anton disse baixinho do seu canto na mesa, de onde nos observava.

- Como é?

- Pascal - ele antecipou. - Lembro que ele te chamava de "azul". Dizia que gostava dessa cor.

- Anton... - murmurou Halla, repreensiva.

- O que foi? Lembrar um detalhe não ressuscita os mortos - foi como se defendeu.

Diante dos olhares sérios que trocavam todos e que depois paravam em mim, eu fui silêncio.

- - -

Notinha: faz tempo que não deixo um recadinho, então sintam-se todos abraçados. Verdadeiramente e violentamente abraços, porque meu carinho é pesado. haha

Importante: doente está o portador do preconceito, do ódio e da intolerância. Doente está aquele que recusa a existência e necessidade do outro. Doente está o que diminui, toma, impede ou rouba. Amar e somente amar nunca será uma doença.

Sigamos!

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