Capítulo 35 - Sobre tapas e caixas

Primeira explicação.

Primeiramente começo pedindo perdão pela demora. Estou sem celular e o computador do meu marido também deu problemas, então está muito complicado de escrever. Contudo, como eu já disse a vocês: Nunca vou abandona-lós. Enquanto Deus permitir estarei aqui tentando dar o meu melhor a vocês. Obrigada desde já pela paciência e por permanecerem aqui. Amo vocês.

Segunda explicação.

Recado da Beta:

Olá, meninas!

Escrevi esta mensagem para pedir milhares de desculpas pelo atraso excessivo. Estava com duas provas de concurso muito importantes marcadas e precisando me dedicar integralmente até que as fizesse e, por isso, estava fazendo a betagem devagar e pontinho a pontinho (e ainda assim, sinto que deixei passar algo). Sei que essas coisas não justificam o atraso no meu trabalho, mas foram exclusivamente por esses motivos.
Espero que me perdoem e que a experiência de leitura de vocês tenha sido satisfatória. 
Um abraço.
Cordialmente, Nathi.

Boa leitura. 


Desperto ouvindo barulho de coisas caindo pelo chão e pisco os olhos tentando entender o que está acontecendo. Vejo Louise praguejar e logo em seguida bufar pegando os pertences que caíram. Raciocino rapidamente notando que, depois de dias, ela voltou para o apartamento. Desde o começo da semana ela havia desaparecido. Liguei para seu celular, mandei inúmeras mensagens e Louise sempre respondia depois de horas dizendo que estava trabalhando.

Não reconheço mais a mulher que viajou comigo, a amiga que ia para as aulas de idiomas, que passeava nos shoppings em NY e que sempre falava sobre Deus. O pior de tudo é concluir que Matt tem razão: A mulher que está em minha frente não é mais a mesma e tenho medo de descobrir quem ela se tornou, porém, mesmo com receio e temendo perceber que até de Deus ela se afastou, preciso fazer minha parte como uma amiga de verdade faria. 

Não importa se ela ficará com raiva ou se discutiremos, mas eu preciso tentar ajuda-lá. Sento-me na cama, esfrego os olhos e prendo o cabelo.

- Será que podemos conversar? - Ela se vira rapidamente assustada e coloca as mãos no peito.

- Que susto, Let. Bom dia.

- Bom dia. Aonde você estava? Tem dias que não te vejo, Louise! O que está acontecendo com você? Estou preocupada. Está tudo bem de verdade? - Esfrego as têmporas e suspiro pesadamente.

- Não está acontecendo nada, Letícia. Para de ser paranoica. Você não é minha mãe! - Ela joga tudo em cima da cama e se vira indo para o guarda-roupas.

- Mas eu pensei que fôssemos amigas! Você enlouqueceu pra falar desse jeito comigo? Eu preocupada com você, querendo saber se tem dormido ou comido bem, mas você não está nem aí pra quem se importa com você. Sua ingrata! - Exaspero-me levantando da cama.

- Se eu sou ingrata, você é uma intrometida! O que você tem a ver com a minha vida?

- Eu me preocupo com você! Sempre estávamos juntas e confessávamos nossas vidas uma à outra. Pensei que o sentimento de preocupação era recíproco, mas pelo visto eu estava enganada.

- Ah, Letícia, a santa imaculada! Parece sua irmã fazendo drama. Eu estou muito bem, obrigada. Agora toma conta da sua vida e me deixa em paz! - A  raiva cresceu dentro de mim e no mesmo momento respondi:

- Sua mãe teria vergonha de você! - Louise virou imediatamente e deu um tapa na minha cara. Seus olhos se arregalaram no mesmo instante e ela sussurrou: "Desculpa", mas já era tarde demais.

Meus olhos arderam com o susto, assim como minhas bochechas, mas nem de longe a ardência foi tão grande quanto no meu coração. Minha garganta fechou e era como se eu estivesse afogando. Eu estava afogando. Nas ondas da decepção e do desapontamento. Nem mesmo as lágrimas que começaram a escorrer deram conta de aliviar a dor que sentia no peito ou o nó da garganta. Imagens de quando éramos unidas e sempre estávamos juntas invadiram minha memória e meus olhos não paravam de derramar lágrimas, embora eu não quisesse chorar. Não ali. Não na frente dela. Naquele instante eu soube que ela não secaria mais as minhas lágrimas, pois o que estava feito estava feito. Minha bochecha ainda ardia, feito brasa. E meu coração chegou à conclusão de que ele era o único que se importava com aquela amizade.

- Letícia... - Levanto a mão imediatamente pedindo para que ela não fale nada. 

Puxo fortemente a respiração e viro as costas seguindo em direção à porta, seguro a maçaneta com uma mão, enquanto a outra eu fecho o punho fincando as unhas na carne. Meus olhos se fecham, enquanto a decepção cresce dentro de mim. - Você disse e eu vou fazer o que falou. Não tomarei mais conta da sua vida e nem farei parte dela. - Puxo a porta e saio batendo logo em seguida. O estrondo faz com que eu corra, enquanto as lágrimas transbordam de meus olhos.

Bato na porta do quarto de quem eu mais preciso de um abraço.

Ele abre esfregando os olhos e os arregala assim que nota meu choro.

- O que aconteceu? - Um soluço me escapa e ele abre os braços me puxando para dentro.

Eu fungo tentando conter o choro, mas é como se meu coração fosse arrancando e restado apenas um burraco devastado com destroços de um coração que não existe mais. Bato as mãos no peito tentando sentir outra coisa que não seja essa tormenta e tudo o que recebo são os braços do Lucas.

Meu irmão me toma pelos braços e me abraça guiando-me para a cama. Lucas me aperta e permite que eu chore como se toda dor fosse ser arrancada em seus braços, mas isso não acontece.

Não sei quanto tempo se passa, mas adormeço e acordo sentindo minha cabeça latejar com a dor. Pisco os olhos notando que estou no quarto do meu irmão, debaixo dos lençóis e as cortinas estão fechadas. Ergo-me da cama e a dor piora, mas ignoro tentando entender o porquê Louise me tratou daquele jeito.

- Acordou, bela adormecida. - Lucas entra no quarto com uma bandeja de café da manhã em mãos.

- Lucas, eu-eu... - Ele deixa a bandeja sobre a cama e se abaixa na minha frente.

- Não precisa falar nada, água de salsicha. O Mattheus ouviu gritos e quando saiu para ver o que era te viu entrando aqui chorando. Foi só juntar os pontos e entender que vocês brigaram.

- Ela bateu na minha cara. - Digo e permito que uma lágrima escorra pela minha face.

- Como assim? - Lucas se levanta puxando pesadamente o ar, enquanto seu pomo de Adão sobe e desce rapidamente.

- Eu tentei conversar com ela, porque desde o começo da semana aquela maluca não vinha para casa! Lucas, eu me preocupo com ela. A gente mora aqui a pouco tempo, não conhecemos tudo e nem tantas pessoas assim. O que ela está fazendo com a vida dela? - Meu irmão suspira profundamente.

- Lê, você precisa abrir os olhos para toda a mudança que aconteceu na vida da Louise. Ela não é mais a mesma e eu acho que o Ethan e a dona Samantha precisam saber disso. Não é uma mudança boa, nem algo qualquer. Eu acredito que a Louise só permitiu que a verdade de quem ela é viesse para fora.

- Estou com medo do que isso vai fazer no futuro dela. Existem coisas que plantamos, mas não estamos preparados para colher.

- Comece a orar e se prepare. Mas vamos mudar de assunto. Eu sabia que você não estava bem e por isso fiz algo que te trouxesse uma lembrança boa. - Ele pega a bandeja e só então notei que em um prato tinha ovos mexidos com bacon e em outro torradas com geleia e suco de maracujá. - Meus olhos se encheram de lágrimas e recordei-me imediatamente da minha mãe.

- Não faz isso comigo, irmão. - Sorrio, tentando conter a imensa vontade de chorar, mas inutilmente, pois as lágrimas escorrem como uma valsa melancólica, silenciosa e calma feito uma brisa suave, enquanto o sorriso se perdia no meio das notas.

Lembrar da minha mãe traz as melhores e mais lindas memórias que tenho. Vivíamos com pouco, mas éramos tão felizes e gratas a Deus. Sofia não havia sofrido tanto e eu vivia na ilusão do namoro perfeito com João Vitor, mas isso são apenas detalhes comparados à felicidade das nossas manhãs com os bolos que ela amava fazer, com os passeios pelos parques, com os piqueniques simples, mas cheios de amor, e das nossas noites de filmes e séries. Deitávamos nas almofadas e cobertores no chão e éramos felizes.

- O que foi? Não gostou? - Ele se abaixa em minha frente perguntando.

- Eu amei, Lucas. Obrigada. - Enxugo as lágrimas que escorreram e sorrio para ele levantando e abrindo os braços. Lucas se ergue e me aperta contra seu corpo em um abraço sofrido, pois começo a chorar.

- Não chora, minha água de salsicha. Você é linda sorrindo, mas assim parece uma salsicha desidratada. - Me afasto fungando e sorrindo.

- Melhor ser uma salsicha desidratada, do que ser um frangote com esses músculos murchos.

Lucas gargalha e depois para de rir e fala sério: - Ah, agora entendi e não achei graça.

- Achou sim. Você riu.

- Foi só pra te fazer sorrir. - Ele diz apertando meu nariz.

- Você é espetacular, Lucas. Merece uma mulher que te ame e que te valorize.

- No momento certo encontrarei com ela, mas vou avisar a Deus que pode tirá-la do esconderijo do Altíssimo. - Dou risada e viro-me para a bandeja.

- Acho melhor eu tomar café da manhã. Me acompanha?

- Achei que não ia oferecer. - Balanço a cabeça em negação, enquanto Lucas se senta e pega as torradas com geleia.

Começamos a comer e meu irmão voltou a falar novamente da enfermeira que está ocupando seus pensamentos. Não o questionei muito, pois sei que seu trabalho é sigiloso, mas até eu queria entender porque essa mulher enche tanto sua mente.

Hoje é domingo e havíamos marcado de almoçar na casa do meu pai. Ontem, Matt disse que não iria, mas que decidiu passar esse dia com sua família também. Agora que ele começou a terapia e está trabalhando melhor, notou que o hospital está precisando de seu apoio, pois a emergência tem estado lotada e com os plantões sendo revesados - para não sobrecarregar ninguém, afinal, foram ordens do Dr. Augusto. Ele percebeu que precisa revezar sua atenção entre sua família, trabalho e as recomendações que a terapeuta lhe prescreveu, como, corridas e exercícios físicos. Matt já fazia isso, mas ele resolveu aumentar as horas para um progresso melhor.

Após o momento com Lucas no quarto e de dar um pouco de risada com ele, vim para o meu quarto e agora estou aqui selecionando o contato de meu cunhado para ligar para ele. Preciso fazer a minha parte, mesmo que isso venha entristecer Louise.

- Look, if ain't my favorite cunhada in The whole wide world! - "Olha só, se não é a minha cunhada preferida no mundo todo!" Abro um imenso sorriso quando ouço sua voz e reparo na palavra em português.

- You have any other cunhadas. Where did This portuguese come from, huh? - "Isso é porque você não tem mais cunhadas. De onde veio esse português, hein?" Digo e ouço sua risada.

- You are The only exception. You know it. By The way, some day I'll have to visit you guys and I need to learn so I can Take care for myself. - "Você é a única exceção. Sabe disso. A propósito, algum dia vou ter que visitar vocês e eu preciso aprender para me virar sozinho." rio de sua cantoria desafinada da música do Paramore.

- I know, Ethan. - "Eu sei, Ethan." Suspiro.

- What happened for you're calling me and not calling your Sister? - "O que houve para você estar me ligando e não para a sua irmã?"

- Somethings happenned, you know? And I need to talk with you directly. - "Aconteceram algumas coisas, sabe? E eu preciso falar diretamente com você."

- It Was Louise, wasn't it? God showed me in my dreams she gets herself in troubles sometimes and goes to places she shoundn't go. This makes me so sad. Not for The fact that He shows me, I'm grateful for this, but at The same time I know she's not okay, He leads me to only pray and do nothing. Do you know how much this hurts? My Will is to Take a plane and pull her hair, but Holy Ghost reminds me God is taking care of her. - "Foi a Louise, né? Deus me mostrou em sonhos situações em que ela se coloca em perigo e outros que ela vai a lugares que não deveria ir. Essas coisas têm me entristecido. Não por Deus me mostrar, por isso eu fico grato, mas ao mesmo tempo que eu sei que ela não está bem, Ele me orienta a só interceder e não intervir. Tem noção de como isso dói? Minha vontade é pegar um avião e puxá-la pelos cabelos, mas aí, o Espírito Santo me traz a memória que Deus é quem está tratando dela."

- I'm so sorry, Ethan. But you know, better than anyone, that waiting for God 's time is our Best pick. We'll be trusting his sovereingty and obeying him. - "Eu sinto muito, Ethan. Mas você, mais do que ninguém sabe que esperar o tempo de Deus é a melhor escolha que podemos fazer. Além de obedecermos a autoridade do Senhor, estaremos confiando em Sua soberania."

- Plenty of times, we loose The control of The situation, because we want to be ahead of God. We desobey his authority and don't hear his instruction and when everything goes wrong, we want to blame The Lord. He ordered us on doing something, but because we desobey, there comes The sin and everything gets worse. - "Muitas vezes perdemos o controle da situação por querer passar à frente de Deus. Desobedecemos Sua autoridade e não damos ouvido a Sua instrução e depois que tudo dá errado queremos culpar ao Senhor. Ele nos instruiu de uma forma, mas por causa da nossa desobediência, pecamos e tudo se torna pior".

- When we see there is nothing else to do, we're like Adam: run away and hide from his presence. When we're found, we want to blame someone for our mistakes, Just like Adam in Genesis chapter 3 verse 12: 'And the man said, The woman whom thou gavest to be with me, she gave me of the tree, and I did eat'. Adam even tried to blame God, when He says That The woman God gave him made him to sin. Unfortunately, we do like Adam, we blame God instead of obeying him. - "Quando notamos que não tem mais jeito, fazemos como Adão: Fugimos e nos escondemos da presença do Senhor. Quando somos encontrados, queremos achar um culpado para o nosso erro, da mesma forma que Adão fez ao responder ao Senhor no versículo doze de Gênesis três: 'Disse o homem: Foi a mulher que me deste por companheira que me deu do fruto da árvore, e eu comi'. Adão ainda tentou jogar o erro para cima de Deus, dizendo que quem o fez pecar havia sido a mulher que o próprio Senhor o concedeu... Infelizmente fazemos igual a Adão, culpamos a Deus ao invés de obedecê-Lo".

- If we, truly, learn to hear The Lord's voice and obey What He says, we'll enjoy his goodness. Our biggest problem is that we prefer the sour fruits instead of sweet ones. We're dishonouring, like Adam, God's authority. We need to awake and Love to obey, for only this way we'll understand that waiting God's aproval is better. He's almighty and know whats better for our lives. Christ is enough and we need to understand that wait is necessary, for we know, if it isn't in his timing, everything runs out of control. - "Se verdadeiramente, aprendermos a ouvir a voz do Senhor e obedecermos o que Ele nos diz, desfrutaremos da bondade dEle. Nosso maior problema é que preferirmos colher os frutos amargos do que os doces. Estamos fazendo como Adão e desonrando a autoridade de Deus. Precisamos despertar e amar obedecer, pois só assim compreenderemos que o melhor sempre é esperar o aval de Deus. Ele é soberano e sabe o que é melhor para as nossas vidas. Cristo é suficiente e precisamos entender que esperar nEle é necessário, pois temos a noção que, se não é no tempo dEle, tudo sai do controle".

- Rest your heart in The Lord and have peace in him, for while you're worried and not believing He'll do something, you'll have hard days, but when you believe, rest and obey, you enjoy Lord's goodness and grace and this is The best for our lives: His supernatural reward! - "Descansa seu coração no Senhor e tenha paz nEle, pois enquanto você estiver preocupado e não crendo verdadeiramente no agir e na intervenção do Pai, terá dias difíceis, mas a partir do momento que você crer, descansar e obedecer, desfrutará da bondade e da graça do Senhor e isso é o melhor para as nossas vidas: A recompensa sobrenatural dEle!"

Ouço, Ethan chorar do outro lado da linha e permito que lágrimas rolem também. Sinto meu coração apertado pensando em tudo que Louise pode estar fazendo e como ela ficará quando sua "ficha" cair. No momento, só posso orar e pedir a graça de Deus sobre sua vida.

- Thanks for your words, my favorite _cunhada_. - "Obrigada por suas palavras, minha cunhada preferida." Ele ri e funga. - Need to confess, I Was almost running after Louise, but after everything Holy Ghost said through you, is impossible for me to desobey him. - "Preciso te confessar que estava quase indo atrás da Louise, mas depois de tudo que o Espírito Santo falou através de você é impossível eu desobedecê-Lo".

- Although I want you to correct her, I know God's will isn't like mine, everything He does is perfect, on the other side, us... - "Apesar de querer que você corrija a sua irmã, sei que a vontade de Deus não é como a minha, o que Ele faz é perfeito, já a gente..."

- Why do you want me to correct her? You're not like this. - "Por que você quer que eu a corrija? Você não é assim".

- Today we had a terrible fight. - "Hoje pela manhã tivemos uma discussão horrível." Suspiro. - She slapped my face and I said her mom would be ashamed of her. - "Louise deu um tapa na minha cara e eu disse que sua mãe teria vergonha dela." Ethan puxa fortemente a respiração. - Forgive me. I know I shoundn't have told you this, but I lost The control. I'm too mad at her. I miss my friend, you know? Miss The times we hanged out and had fun. - "Me perdoa. Eu sei que não deveria ter falado isso, mas perdi o controle. Estou muito chateada com ela. Sinto saudades da minha amiga, sabe? Da época em que saíamos e nos divertíamos."

- You don't need to apologise, she needs. But I'll see What I can do, and about what you said about my mother, isn't a lie. She's too mad at her daughter. Louise doesn't care about telling us if she's ok or not, if she's eating or needing money. She just send fast audios or sometimes just typed, saying she's ok and there's no need to worry. Thank goodness my mother is strong and a woman of faith. She delivered everything in Lord's hand and said she's in the best place. - "Você não precisa me pedir perdão, isso quem te deve é a Lou. Mas eu vou ver o que posso fazer, e quanto ao que você disse a ela sobre a minha mãe, não é uma mentira. Ela está muito magoada com a filha. Louise não se importa em avisar se está bem ou não, se está comendo ou precisando de dinheiro. A única coisa que ela faz é mandar rápidas mensagens de áudio ou às vezes só escrita, dizendo que está bem e que não precisa se preocupar. Ainda bem que minha mãe é forte e uma de mulher de fé. Ela entregou tudo nas mãos do Senhor e disse que está no melhor lugar."

- And we know that's true... Alright Ethan, I'm gonna take my bath. I'll lunch with my dad today. Tell Soh I love her and I'll call her later. - "E a gente sabe que é verdade... Tudo bem, Ethan, eu vou tomar um banho. Hoje vou almoçar com meu pai. Diga à Sôh que a amo e que mais tarde ligo para falar apenas com ela." Ele ri.

- Thank goodness you said this. You know she's jealous. I'll tell her. Have a great sunday and God bless you all. - "Ainda bem que disse isso. Sabe como a Ruiva é ciumenta. Mas eu aviso sim. Um ótimo domingo para vocês e que Deus abençoe."

- Amen, bless you all too. - "Amém, a vocês também".

Assim que desligo a chamada, sigo para o banho, e apesar de tentar orar, não consigo nada além de deixar minhas lágrimas se juntarem com a água do chuveiro que escorre pelo chão. Tento me recompor, enquanto me ajeito colocando um vestido fresco para passar o dia.

Leio um pouco sobre o poder do Senhor e medito em Seu amor por minha vida. Choro silenciosamente e oro pedindo para que o meu amigo Espírito Santo me conforte, pois parece que fui traída novamente e Deus sabe como sou traumatizada com traições.

A verdade é que todos temos um trauma para vencer, pois algo sempre nos marca em nossa trajetória, seja uma decepção, traição, perda ou abuso. Sabemos que em Cristo podemos vencer todas as coisas, pois Ele conquistou na cruz do calvário a Vitória para todos nós, mas na prática não é fácil. Contudo, precisamos estar dispostos a nos abrirmos e vencermos.

Ouço batidas na porta e viro-me vendo Matt sorrindo para mim. Por um instante esqueço tudo que passou e observo seu sorriso aberto e com covinhas que eu tanto admiro.

- O gato comeu sua língua? - Ele pergunta sorrindo e eu balanço a cabeça em negação. Ergo-me da cama e guardo a bíblia.

- Bom dia pra você também, sem educação. - Digo pegando a bolsa.

- Bom, já é boa tarde. - Ele dá de ombros. 

- De qualquer forma você não foi educado. - Digo rindo e sentando-me novamente.

Pareço uma senhora procurando um lugar para sentar.

- Então calma aí.

Mattheus vira e se afasta da porta do quarto a puxando e fechando, logo em seguida ele bate novamente.

- Pode entrar. - Digo rindo.

- Boa tarde, Ruiva. Tudo bem? 

- Tudo bem sim, graças a Deus. E você?

- Estou bem. Melhorou a educação? - Dou risada e balanço a cabeça confirmando. - Só queria saber como você está. Estou indo para minha avó, mas queria te ver antes.

- Na medida do possível estou bem. Obrigada pela preocupação e apoio.

- Você sabe que sempre estarei aqui para te ajudar no que eu puder. É o mínimo que eu poderia fazer por você. - Ele respira fundo e completa dizendo: - Sinto muito pela discussão que você e a Louise tiveram.

- Tudo bem, Matt. Não podemos controlar como as pessoas vão reagir a certas conversas.

- Essa não foi a minha intenção quando eu falei com você sobre ela. - Ele se aproxima e senta-se na poltrona.

- Você não teve nada haver com essa briga, Matt. Uma hora ou outra isso iria acontecer, ainda mais com ela passando dias sumida. - Suspiro sentindo o peso no peito a medida que relembro a cena.

É nítido em minha memória o olhar enraivecido de Louise sobre mim, sua oscilação depois do tapa que proferiu em meu rosto e a confusão de sentimentos que ela me transmitiu. Ouço sua voz afiada como uma navalha destilando todo sentimento ruim e ainda sinto o ardor do tapa que ela me deu junto ao sentimento de traição que eu senti.

- Você não está se culpando, né? - A voz de Matt me faz esquecer momentaneamente os pensamentos.

- O quê? - Pisco os olhos confusa.

- Você não está se culpando pelo o que aconteceu com a Louise, não, né?

- Não! Claro que não. - Suspiro e confesso: - O que eu sinto, Matt, é a dor da traição. Meu coração acelera só em pensar naquele tapa que ela me deu. 

- Ela te bateu? - Ele indaga com os olhos arregalados.

- Sim. E tudo o que eu sinto é a mágoa por ter sido decepcionada por minha própria amiga.

- Me desculpa, mas não sei o que dizer. - Ele abre um sorriso sem jeito e passa as mãos na nuca.

- Você está aqui e isso vale mais que mil palavras. - Sorrio de lado. Mattheus se ergue e vem em minha direção depositando um beijo sobre minha testa. Fecho meus olhos absorvendo a sensação de ter seus lábios beijando-me singelamente e aspiro o cheiro amadeirado de seu perfume. - Obrigada. - Sussurro olhando-o se afastar. Ele me observa, enquanto suas pálpebras se movem rapidamente e sua cabeça balança minimamente.

- Água... Opa, acho que atrapalhei algo. - Lucas chega na porta do quarto abruptamente.

Sinto minhas bochechas queimarem, enquanto noto Matt endireitando sua postura.

- Bom, eu estava de saída. Um ótimo almoço para vocês. - Mattheus sai pela porta e dá uns tapinhas como cumprimento ao meu irmão que está parado com um sorriso estranho no rosto.

Lucas o observa sumir no corredor e depois se vira olhando-me com um imenso sorriso travesso na boca.

- O que foi? - Pergunto levantando e pegando minha bolsa.

- Eu atrapalhei alguma coisa? - Pisco os olhos confusa e respondo:

- Não tinha nada para atrapalhar, modelo de pasta dental. - Digo sorrindo sem jeito.

- Entendo. Na próxima chego de fininho e observo o ambiente. - Diz dando risada.

- Para de ver coisa onde não tem e vamos logo que estou com fome. - Passo por ele e ouço-o gargalhar. - Não sei qual foi a piada que contei. - Bufo pegando as chaves sobre a mesinha.

- O pior cego é aquele que não quer enxergar. - Ele passa por mim e balança a cabeça. Franzo o cenho não entendendo o que meu irmão quis dizer, mas ignoro e o sigo.

Já diziam os mais velhos: Não contradizem os malucos. Sorrio com meu pensamento e meu irmão me olha dando risada.

- O que foi? - Pergunto abrindo os braços.

- Nada, água de salsicha. Vamos alimentar esse buraco negro que você tem na barriga.

- Ei, olha o respeito. - Digo sorrindo e esperando-o fechar a porta. Ele dá risada e ergue as mãos como rendição.

- Você está muito estranho hoje, Lucas. - Confesso indo para o elevador.

- A gente não pode ser feliz que já dizem que somos estranhos. - Dou risada e observo meu irmão, notando que tudo que desejo é ser feliz sempre como ele.

Às vezes, nosso "deixa pra lá" esconde nossa tristeza, mostrando apenas a alegria, como se fosse só isso que sentíssemos. Mas na caixinha que existe dentro de nós, onde colocamos todos os "deixa pra lá", é que está trancafiado nosso verdadeiro sentimento... Eu não sei se dentro da minha caixinha eu sou feliz, pois assim que cheguei na casa do meu pai com o meu irmão para passar um dia em família, foi na lá que coloquei todos os sentimentos que senti pela manhã. Tudo o que restou na memória foram os bons momentos com meu amigo e meu irmão.

Puxo fortemente a respiração e a solto lentamente, enquanto tento limpar a minha mente de toda confusão que se alojou em mim. Repito o processo: Uma. Duas. Três. Quarto e até cinco vezes fazendo minha mente "limpa" de todo dano. E com um imenso sorriso no rosto, deixo meus sentimentos de lado e abro minha mente para preencher pelo meu pai e minha família o vazio que todos os sentimentos que entraram na caixinha do "deixa pra lá" deixaram em mim.

Se essa é a melhor forma de lidar com a dor... Eu sei que não. Mas para esse dia é tudo que eu preciso: Esconder coisas ruins e buscar coisas boas.

(...)

"Ocultar toda dor que sentimos é apenas prolongar o progresso da cura, e é a maior ilusão que podemos fazer com nós mesmos... Viva a dor e a supere, mas não se permita prolongar algo que pode ser curado".

Thayla Fernanda


E

aí, gente. Tudo bem? Parece que nem sei mais falar com vocês. Estava com saudades.

O que acharam do capítulo? Palpites do que está por vir?

Beijos e fiquem com Deus.

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