Capítulo 33 - Sobre aperfeiçoamento e viver
Oi, gente. Estava cheia de saudade de vocês. Peço perdão pelo sumiço, mas estou de volta. Tentarei postar capítulos logo para terminarmos o livro e iniciarmos o da Lou. Conto com a oração e o apoio de vocês. Obrigada pela paciência e por nunca desistirem de mim. Um grande beijo em seus corações e se cuidem.
Boa leitura.
- Yeah, Soh, I know. I'm missing you too. - "Sim, Sôh, eu sei. Eu também estou sentindo sua falta." Reviro os olhos com o drama da minha irmã.
Sofia cismou que não sinto saudades, só porque fiquei dois dias sem falar com ela. Nunca vi uma mulher tão dramática como a minha irmã.
- Let, don't you roll your eyes on me. - "Let, não revira os olhos para mim." Dou risada notando como ela me conhece.
- You're so annoying, Soh. - "Você é muito irritante, Sôh." Digo puxando a cortina e abrindo. - It's still 6 AM. - "Ainda são 06:00h da manhã".
- You used to be more happy with calls. - "Antigamente você ficava mais feliz com as minhas ligações." Dou risada.
- Alright, let me explain. - "Tudo bem, deixa eu explicar." Respiro fundo mentalizando tudo que aconteceu. - These two days were intense and stressful. On Monday I were on a break, but I went with Matt to take his sister off the hospital. Remember I told you she were interned? - "Esses dois dias foram intensos e estressantes. Segunda-feira eu estava de folga, mas fui buscar a irmã do Matt com ele no hospital, lembra que te falei que a Teté estava internada?"
- Sure. I don't forget things you say at all. - "Claro. Eu não esqueço das coisas que você me fala".
- So, on Monday night, when I was ready to sleep, there was an accident and the hospital filled up fastly and they called me to help because there were children in there. I was awake all night long and I was on duty on Tuesday. I'm exhausted. - "Então, na noite de segunda, quando eu já estava pronta para dormir aconteceu um acidente e o hospital encheu rapidamente, me solicitaram para dar assistência porque tinha crianças. Eu virei a madrugada de segunda e passei o dia inteiro de terça de plantão. Estou esgotada." Comento sentando-me novamente na cama.
- Argh, Let. I'm sorry. Seize today to rest. - "Oh, Let, eu sinto muito. Aproveite o dia para descansar".
- O have an appointment today. I'll rest only at night. - "Hoje eu tenho compromisso. Só vou relaxar mesmo a noite." Digo fixando minha atenção nos lençóis de Louise completamente arrumados na cama. Ela não dormiu aqui.
- What will you do? - "O que você vai fazer?" Ela pergunta.
- I promised Matt to escort him to a medical appointment. - "Matt vai em uma consulta e eu prometi o acompanhar".
- Os there something between you guys? - "Está rolando algo entre vocês?" Sofia pergunta seriamente.
- Yes. A beautiful friendship. - "Sim. Uma amizade linda." Digo dando risada.
- Just this? - "Nada além disso?"
- No, Sofia. Men and women can have a real friendship. People need to stop thinking friendship between two people from opposite sexes doesn't exist. We need to break the tabus that society created. - "Não, Sofia. Homens e mulheres podem ter uma amizade verdadeira. As pessoas precisam parar de pensar que amizade de gêneros diferentes não existe. É preciso quebrar tabus que a sociedade criou".
- I know, Let. I'm just fooling around you... I miss you. - "Eu sei, Let. Eu só estou implicando com você... Sinto sua falta." Respiro fundo sentindo a tristeza no tom de sua voz.
- Me too, Soh. I don't know when we'll see each other, but I hope it can be soon, because my heart hurts in want of your comfy hug. - "Eu também, Sôh. Não sei quando poderemos nos ver, mas espero que logo, porque meu coração dói por querer um abraço aconchegante seu." Seco rapidamente uma lágrima que rolou.
A verdade é que tenho sofrido com a distância que estou das pessoas que sempre estiveram ao meu lado, principalmente Sofia. Tivemos alguns problemas como qualquer irmã tem, mas sempre fomos muito unidas. Ela é uma parte de mim e juntas temos um elo que nos traz as melhores lembranças de nossa mãe.
- It's hard, I confess, Let. I'm trying to keep the faith that God has better plans for my life, but I still have a dream that didn't turn reality, which is to give birth. I'm working a lot, so my mind isn't empty. - "Eu confesso que tem sido difícil, Let. Tenho tentando manter a fé em Deus de que Ele tem melhores planos para a minha vida, mas um dos meus maiores sonhos ainda não consegui realizar, que é ser mãe. O que mais tenho feito é trabalhar para não deixar minha mente vazia dando lugar para o inimigo." Ela suspira.
- Sometimes, some dreams take longer than other to become reality. You're in a happy marriage, you dreamed with your work, you have people aside you who love you. Enjoy this phase with Ethan and God will give you a son. There are some dreams that take longer than others to become reality, because we're in the process. The growth is necessary to the blessing come. The Best phase of our lives is the process. While we fight to get what we want, we learn in the process and get better, as long as the blessing doesn't comes. And, when it finally comes you'll enjoy knowing exactly what to do to take care of what you wished for. Process is necessary to our growth. - "Às vezes, alguns sonhos demoram mais para se concretizar do que outros. Você está em um casamento feliz, tem um trabalho que sonhou e tem pessoas que te amam ao seu lado. Aproveite essa fase com o Ethan que logo Deus te abençoa com um filho. Existem sonhos que precisam de mais tempo para serem realizados, porque estamos em fase de processo. O amadurecimento é necessário para que a benção chegue em nossas mãos. A melhor fase de algo em nossas vidas é o preparo. Enquanto lutamos para concluir o que queremos, aprendemos com o processo e vamos nos aperfeiçoando, enquanto a bênção não chega. E quando, enfim, chegar, você desfrutará sabendo como conduzir aquilo que tanto desejou. Processos são necessário para o nosso amadurecimento".
- Thanks for your words, Let. Sometimes I think I'm harvesting what I planted. - "Obrigada pela palavras, Let. Às vezes, fico pensando se não estou colhendo os frutos do que plantei." Ouço com pesar as suas palavras e fecho os olhos pensando em sua dor.
- If you are harvesting, stay in the lord knowing that this will pass. Everything in our life passes, but God's love and grace are eternal. He is faithful and will no leave you... Our problem is to think that God had favourite children and forgets about us, but this isn't true. The Lord doesn't prefere one on another, his love is eternal, endless and unique. Believe he's with you and this phase will pass. Don't let unbelief get to your heart, but stand tall and trust the Lord's ways for your life are better. God is father and the first one to see us happy, but he knows if we're not prepared, he won't bless us. He won't give us something that will hurt, but he'll take care and teach us, so he can bless us. - "Se você estiver colhendo os frutos, se mantenha no Senhor e saiba que essa fase chegará ao fim. Tudo em nossas vidas passa, somente o que é eterno é a graça e o amor de Deus. Ele é fiel e não te desamparará... Nosso problema é achar que Deus tem filhos prediletos e que Ele nos esquece, mas isso não acontece. O Senhor não faz acepção de pessoas, seu amor é eterno, infindável e incomparável. Creia que Ele é contigo e que essa fase chegará ao fim. Não deixe a incredulidade tomar conta do seu coração, mas se mantenha firme confiando que o Senhor tem o melhor para a sua vida. Deus é um Pai e Ele é o primeiro que deseja ver nossa felicidade, mas Ele sabe que enquanto não estivermos preparados não poderá nos abençoar. Ele não vai nos dar algo que possa nos machucar, mas Ele vai cuidar e nos ensinar para poder nos abençoar".
- I love you, Leticia. - "Eu te amo, Letícia." Ouço seu choro do outro lado da linha e fico triste por não poder abraçá-la.
- I love you too, Soh. You'll always have a special part of my heart. - "Eu também te amo, Sôh. Saiba que você sempre terá seu espaço reservado em meu coração." Digo emocionada.
- I wish I could fool around you. - "Queria poder implicar com você." Ela diz rindo e fungando.
- You'll never stop to be a crybaby, will you? - "Você não deixa de ser chorona, né?" Brinco com ela.
- What can I do? God made me like that. But, Let, tell me something... How's Louise going?- "Fazer o quê? Deus me fez assim. Mas, Let, me diz uma coisa... Como está Louise?" Pisco os olhos repetidas vezes e tento controlar a respiração.
- She's ok. Why? - "Ela está bem. Por que a pergunta?"
- It's been a week Ethan don't ever hear her voice. She never pick up his calls and the send him messages telling him she's alright. He's thinking she's hiding something from him. - "Tem uma semana que o Ethan não consegue, sequer, ouvir a voz dela. Todas as vez que ele liga, ela não atende, e depois manda mensagem falando que está bem. Ethan está achando que Lou está escondendo algo dele." Passo a mão na perna nervosa.
- Soh, she's very different, you know? - "Sôh, a Louise está muito diferente, sabe?" Digo fechando os olhos e suspirando.
- I know, Let. I told Ethan to not get involved because I dreamed about her and I saw God healing her inside. But he's so protective and the truth is that he feels responsible, for he always were the man in the family. - "Eu sei, Let. Comentei com o Ethan que não é para ele se intrometer, porque andei sonhando com ela e eu via Deus curando dentro de seu íntimo. Mas ele se preocupa tanto com a irmã e a verdade é que o Ethan se sente responsável, já que ele sempre foi o homem da casa." Reflito sobre sua fala.
- I know it's hard for you're far from her, but she's alright, although she changed. I feel she needs to get back to the start, but if she takes to long it can be harmful. - "Eu sei que para vocês que estão longe é difícil, mas saiba que ela está bem, apesar de mudada. Sinto que ela precisa voltar ao início, mas a demora em retornar pode prejudicá-la." Comento.
- Let's keep praying for her. I know God won't leave her. He always take care of the chosen ones, but our problem is in thinking bad things come from him, when we searched for it by ourselves. - "Vamos permanecer orando por ela. Sei que Deus não a abandonará. Ele sempre cuida dos seus, mas nosso problema é pensar que o mal vem do Senhor, sendo que muitas das vezes buscamos isso."
(..)
Ainda passei algum tempo conversando com a Sofia. Minha irmã realmente está melhorando com relação a esperar Deus agir em sua vida. Passei minha manhã arrumando o quarto, enquanto ouvia louvores e falava com Deus. Quase no horário do almoço, resolvi fazer a receita de frango com quiabo que vi na Internet e fiquei orgulhosa de mim mesma por conseguir fazer.
- Oi. - Tomo um susto com a voz de Mattheus adentrando na cozinha e quase queimei minha mão, enquanto experimentava a comida para ver se estava boa de sal.
- Boa tarde, Matt. Levei um susto agora com sua aparição do nada.
- Desculpa. Eu acordei tarde porque mal consegui dormir. - Era nítido que ele estava abatido.
- Você está nervoso, né? - Pergunto.
- Pode se dizer que sim. Nunca me imaginei em uma situação assim. - Ele confessa sentando-se à mesa.
- É normal você se sentir assim. Tudo é muito novo para você, Matt. Sair da nossa zona de conforto nos traz medo de cair e nos machucarmos.
- O medo não é apenas de cair, Letícia, mas de não conseguir levantar.
Observo os olhos claros de Letícia vacilarem, assim que acabo de dizer. A Ruiva é uma mulher expressiva e transparente, raramente ela consegue esconder suas emoções. Letícia desliga o fogo e senta na cadeira em minha frente. Suas mãos puxam a minha em cima da mesa e ela me olha atentamente.
- Mattheus, chega um momento em nossas vidas que fraquejamos e acabamos caindo, mas o que nos deixa prostrados é o estar só. Mas você não está só. Existe um Deus que luta pela sua vida e além dEle, você tem amigos ao seu lado. É normal termos dias difíceis onde pensamos que não vamos conseguir reagir e sair daquela situação ou mudar o nosso estado emocional, mas precisamos parar e pensar em quantas vezes isso não aconteceu... Quantas vezes você pensou que não conseguiria levantar e levantou? Quantas vezes você pensou que havia chegado o seu fim, mas era apenas uma vírgula na sua história? Quantas vezes você pensou que estava sozinho e depois notou que sempre haviam pessoas com você? Sempre teremos que enfrentar situações difíceis, que nos tirarão a força da zona de conforto, mas o que ditará o final da trajetória é o nosso posicionamento. Seja forte e erga sua cabeça... Você não está sozinho.
Levantei rapidamente, assim que ela parou de falar e a puxei para um abraço. Tudo que Letícia fala mexe diretamente com meu interior. Não sei o que será daqui para frente, mas quero tê-la sempre em minha vida.
- Vamos almoçar porque você precisa tomar um banho. - A Ruiva se afasta dizendo.
- E eu estou com fome. - Ela dá risada.
Seguimos rindo e brincando, enquanto colocavámos a comida no prato.
- Domingo, vamos fazer um almoço na casa do meu pai. O que você acha de ir também? - Letícia pergunta assim que se senta para comer.
- Obrigado pelo convite. Vou ver e depois te falo porque eu preciso passar um tempo com minha avó e minha irmã. - Ela bebe um pouco de suco e assente com a cabeça.
- Por que não as convida? Acho que vai fazer bem elas saírem um pouco de casa. - Coloco um pouco de comida na boca e penso enquanto mastigo.
Lucas adentra pela cozinha repentinamente e quase me engasgo. Letícia gargalha e mostra o copo de suco na mesa, bebo-o rapidamente, recuperando o fôlego.
- Está devendo, Mattheus? - Lucas pergunta pegando um prato.
- Claro que não, mas você chega na calada parece até que não quer ser visto. Queria ouvir a conversa, né, fofoqueiro? - Pergunto. Letícia ri e ele senta ao meu lado dando um tapa na minha cabeça.
- Vocês que estavam conversando e não me ouviram chegar. Passei direto e fui no banheiro para lavar as mãos. - Ele diz e começa a almoçar. A Ruiva balança a cabeça rindo.
- Como foi a manhã de trabalho? - Sua irmã lhe pergunta.
- Foi estressante, água de salsicha. - Letícia revira os olhos com o apelido.
- Por que, modelo dental? - Dou risada e Lucas bufa.
- Ah, aquela enfermeira está pegando no meu pé. Mas eu já comecei a orar por ela. Não quero que os problemas dos meus clientes me afetem emocionalmente.
Letícia começou a tentar distrair o irmão, que nitidamente, estava irritado. Acabei de comer, os deixei conversando e segui para um banho rápido. O nervosismo e o medo estavam tão grandes que pensei várias vezes em desistir dessa consulta, mas não sei de onde saiu coragem para tomar banho, escovar os dentes e me arrumar devidamente com uma calça jeans, blusa escura e minha jaqueta preta de couro. Por incrível que pareça, o tempo mudou e estava igual meu estado de espírito: Tempestuoso e frio.
Calcei o tênis, passei perfume e verifiquei todos os meus documentos dentro da carteira. Olhar o nome da mulher que me deu a vida, mas que também foi a causadora da destruição dela, me dá uma repulsa imensa e, para não imergir nessa grande onda de sentimentos, de tudo que se refere a Ágatha e o que ela me fez, optei por sair do quarto após pegar tudo. Assim que cheguei na sala, Letícia estava sentada totalmente arrumada, ela está com calça jeans escura, sapatinho fechado, uma blusa vermelha e jaqueta escura. Por incrível que pareça seus longos cabelos ruivos estavam presos em um rabo de cavalo. Geralmente ela os deixa soltos.
Nada precisou ser dito, pois assim que surgi no cômodo, a Ruiva se ergueu do sofá e se adiantou para sairmos do apartamento. Assim que fui pegar a chave da moto, ouvi sua voz.
- Você não acha melhor irmos de carro? - Ela indaga.
- Por que? - Viro-me e observo seus olhos me analisando.
- Eu não sei como vai ser, não sei como você vai sair daquela sala e quero poder te dar apoio. Você sabe que dirigo, apesar de estar sem carro, ainda manobro bem. - Ela sorri e eu estou entendendo o que quis dizer.
Suspiro e a respondo: - Tudo bem, Ruiva. Vamos de carro. - Ela assente com a cabeça e no mesmo momento seu corpo relaxa. É nítido que ela estava preocupada com a volta e isso me tranquiliza. Quero sempre lhe passar confiança.
Após trancarmos tudo, saímos e descemos pelas escadas. O decorrer do caminho foi percorrido em silêncio até chegarmos no carro e após estarmos acomodados, liguei o rádio em uma estação cristã por causa dela. Uma melodia agradável começa a sair do alto falante e as letras começam a sair suavemente em um som tranquilo:
- Já não posso mais suportar
Lo Debar não é o meu lugar
Já não posso mais resistir viver
À beira do caminho
Eu vejo as águas se agitarem
Mas não há alguém
Pra me estender as mãos
O meu destino não é perecer
Não fui sentenciado a morrer
Deus me fez promessas
Eis-me aqui Senhor, muda minha sorte
Enxugue as lágrimas que os dias maus
Fizeram rolar
Eis-me aqui, Senhor
Ouça o meu clamor Deus
Dá-me teu bálsamo
E faz-me crer que ainda vou viver
Um tempo favorável.
A vontade de chorar veio tão grande e de uma forma inexplicável. Segurei fortemente as lágrimas dentro dos olhos, enquanto me focava na estrada tentando manter o controle das minhas emoções. É difícil não demonstrar quando todo o nosso corpo grita e evidencia os sinais interiores de como nos sentimos realmente. Espero que a terapeuta consiga notar tudo isso em mim. Não quero precisar expor toda a verdade novamente. Isso me dói.
(..)
Assim que chego no local indicado pelo GPS, noto o prédio de vários andares à minha frente. Confesso que minha vontade é sair correndo, mas já é tarde demais e eu me arrependeria amargamente. O que me dá forças para estar aqui é entender que a vida que tenho levado não me agrada. Quero ter forças para saber reagir quando algum incidente acontecer. Minha mente precisa disso.
Manobro o carro e sigo para o estacionamento privativo. Depois de estacionar e me informar sobre o pagamento, sigo Letícia que anda lentamente como se fosse fazer compras, já minha vontade é correr logo e acabar com esta ansiedade de saber como vai ser.
O consultório fica no décimo andar e mesmo que me cause agonia, prefiro subir de elevador do que fazer Letícia subir toda essa escadaria a pé. Não posso ser insensível a este ponto. Assim que as portas se fecham e ela aperta o botão, automaticamente fecho meus olhos fortemente, mas a ruiva ao meu lado é tão sensacional que puxa uma de minhas mãos mantendo-a unida com as suas. Lê cantarola um louvor baixinho e não consigo prestar atenção, apenas sinto o ar me faltar e a sensação de importância me tomar completamente.
- Chegamos. - Ela anuncia e abro os olhos contemplando o seu sorriso.
- Fo-foi muito rápido. - Comento tentando me recompor da tonteira por causa do elevador ou seria do sorriso dela. Aquele. Sorriso.
Pisco os olhos ignorando meu pensamento e presto atenção em sua fala e tudo ao nosso redor.
- É porque Deus é bom. - Dou de ombros a seguindo como um menino.
Sabe aquelas cenas de quando a mãe leva o filho no médico e ele vai atrás totalmente amedrontado e trêmulo? Sou eu neste momento. Letícia virou uma mãe forte que guia seu filho.
Merd2! Que humilhação, Mattheus. Não sei que por3@ de homem você é. Brigo comigo mesmo em pensamento, mas paro assim que sinto Letícia puxar minha mão e me guiar ao encontro da recepcionista.
- Boa tarde. Temos uma consulta marcada com a doutora Lyng Wang - A Ruiva diz sorrindo.
- Boa tarde, nome, por favor. - A morena atrás do computador diz.
- Mattheus Ribeiro. - Digo, mais rude do que gostaria.
- Sr. Ribeiro, a doutora já lhe aguarda. O senhor foi muito pontual e isso é muito bom. - Ela diz simpática.
Tento sorrir para a mulher educada que não tem nada a ver com os meus problemas, mas acho que fiz uma carreta monstruosa porque meu desconforto é tão grande que não consigo esconder.
- Vai lá, estarei aqui assim que você sair por aquela porta. - Letícia diz. Minha vontade é agarrar sua mão como uma criança fugindo de injeção, mas tento sustentar o mínimo de dignidade possível, afinal, ainda sou a po77@ de um homem adulto que, mesmo não querendo, precisa enfrentar seus medos.
- Obrigado por tudo, Ruiva. - Respondo e ela sorrir apertando minha mão. Sinto a confiança que ela deseja transmitir e isso é o combústivel que eu preciso para ganhar coragem e dar passos em direção à porta de madeira branca.
Dou dois toques antes de virar a maçaneta e ouvir uma voz calma dizer: "Entre." E é assim que faço, puxando toda pouca força que eu tenho.
- Boa tarde, jovem Mattheus. Sente-se por favor. - Ela indica a poutrona reclinável perto das grandes janelas de vidro.
Paro por um minímo instante observando a sala que me encontro. Ela é ampla com uma estante de livros atrás de uma mesa com computador, porta retratos e alguns papéis, cadernos, agendas e canetas. Na frente da mesa tem duas cadeiras como um verdadeiro consultório e atrás a poltrona da terapeuta. Mas o que me chama a atenção e outro lado da sala, onde, tem um sofá de dois lugares na direção da poltrona reclinável que se encontra em frente às grandes janelas. Ao lado tem uma pequena mesa com água, café, chás e biscoitos em um pote e ao lado um vidro grande com bombons e outro com balas.
Esse lado da sala me transmitiu paz.
Notei que estava a algum tempo parado observando a sala e nem mesmo havia respondido a terapeuta.
- Boa tarde. Me desculpe. Achei bonita sua sala. - Digo seguindo em sua direção e apertando sua mão.
- Não se preocupe, a grande parte das pessoas que vêm aqui se encantam com minha sala. Gosto mais desse cantinho. - Ela aponta para o lado do sofá e poutrona reclinável. - O que acha?
- Também gostei. Traz sensação da casa de um amigo. Acho mais confortável. - Respondo sincero.
- Foi exatamente isso que eu queria passar quando decrevi para o arquiteto. Às vezes, algumas pessoas têm receio de consultórios por terem traumas de hospitais, então pensei em conforto e proteção. - Ela sorri e diz sentando-se no sofá.
- A senhora é inteligente. - Digo sorrindo pequeno, sentindo um pouco da tensão se esvaindo.
- Oh, obrigada. É sempre bom receber elogios. - Ela sorri e eu me aproximo sentando-me ao seu lado.
- Como é mesmo o nome da senhora? - Indago notando que não dei ouvidos quando a Letícia falou sobre isso.
- Meu nome é Lyng Wang, mas pode me chame apenas de Lyng. - Faço uma careta automaticamente não me contendo. Que nome esquisito!
- Pode falar que achou estranho. - Ela diz sorrindo.
Fico envergonhado por perceber que ela notou minha careta.
- É um nome diferente, apenas, mas não deixa de ser bonito. - Pigarreio passando a mão na nuca. Sra. Lyng dá risada.
- Por muitos anos achei meu nome horrível, mas depois aprendi que, não é porque algo é diferente que é ruim, às vezes, o diferente se torna mais lindo por não ser comum. Tenho o meu diferencial.
- Mas a senhora é chinesa, japonosa ou da Coreia? Porque não parece. - Ela sorri diante da minha pergunta.
- Meus pais se encontraram durante uma viagem que fizeram para o Japão. Eles sempre foram aventureiros e amavam viajens, então, se apaixonaram, e começaram uma história de amor e para homenagenar a viagem que os fizeram se conhecer, eles decidiram colocar este nome em mim. - Ela sorri e eu franzo o cenho.
- Isso nunca te incomodou? - Pergunto não me contendo.
- Quando eu era criança, sim, ainda mais por causa das piadas maldosas na época de escola, mas depois quando amadureci, entendi que foi uma honra eles decidirem eternizar algo que fizeram eles se conhecerem, que foi a viagem. Nenhuma piada com o meu nome tiraria a honra de ter algo da história deles em mim.
- É uma história bonita. Pena que nem todos têm histórias de vida assim. - Ela balança a cabeca confirmando.
- Quantos anos você tem, Mattheus? - Ela se senta de maneira mais relaxada.
- Tenho vinte e sete. - Ela sorri.
- Não parece. Você tem aparência de um homem experiente, mas ao mesmo tempo, tem rosto de um jovem que ainda tem muito o que viver.
- Obrigado. - Sorrio e passo a mão na nuca.
- O que te fez procurar ajuda? - Sorrio rapidamente com o rosto de Letícia passando em minha mente. - Acho que é uma pessoa importante para você. - Franzo o cenho. - A que te fez sorrir agora. - Ela responde entendendo minha expressão.
- Sim. É uma amiga que me ajudou muito, mas não posso negar que o seu irmão foi meu alicerce. Eles são especiais para mim. - Penso rapidamente na tragetória que Lucas enfrentou comigo e só posso agradecê-lo por nunca ter desistido de mim. Tenho uma dívida eterna de gratidão a ele.
- É bom termos com quem contar sempre que as coisas estão difíces. - Ela comenta.
- A questão é que eu sempre tive momentos difíceis. Por muitos anos eu não sabia o que era felicidade. Não sabia o que era estar bem. - Ela me observa com atenção e em seus olhos enxergo compreensão.
- E hoje, Mattheus, hoje você sabe o que é felicidade? Você sabe o que é estar bem? - Olho atentamente em seu rosto e observo sua feição serena.
- Não sei se saberei te responder. Tenho momentos em que estou feliz, mas são poucos, porque eu mesmo sempre estou mal e remoendo o passado.
- E você acha que remoer o passado te faz bem? - Tenho vontade de sorrir sarcasticamente.
- Se a senhora soubesse de todo o meu passado teria certeza que tudo o que eu não deveria era revivê-lo.
- Então por que você se machuca revivendo? - Ela se levanta e pega um pouco de água colocando em um copo descartável, enquanto penso em minha resposta.
Ela volta me entregando a água e sentando-se ao meu lado. Bebo rapidamente, nem havia dado-me conta do quanto estava com sede.
- Eu simplesmente não consigo controlar. Quando acontecem certas coisas, automaticamene meu subconsciente traz à tona todos os abusos que passei. Eu me recordo da minha mãe me vendendo, de seus seguranças me espancando e dos inúmeros rasgos que todos esses anos trouxeram a minha alma. - Quando puxo o fôlego percebo que falei mais do que gostaria.
Ergo-me rapidamente e começo a andar de um lado para o outro.
- O que a senhora colocou na água que me fez falar demais? - Indago tentando controlar a raiva que sinto de mim mesmo por ter exposto minha vida para uma estranha.
- Não coloquei nada. Mas percebi que você estava à vontade e que desde que havia chegado não tinha bebido água. Apenas isso. Sente aqui na poltrona, Mattheus. Fique à vontade. Observe o mundo do lado de fora e me diga o que vê, por favor.
Respiro e inspiro profundamente e faço o que ela pediu, afinal, eu decidi vir aqui e ninguém me obrigou. Sento-me na poltrona e olho pela janela a cidade do lado de fora. Carros, motos, ônibus e pessoas vivendo suas vidas.
- Vejo vida.
- E você vê beleza nisso? Deseja viver?
Sinto um nó se formar em minha garganta e meu nariz arder evidenciando o choro que deseja vir. Tento segurar fortemente as lágrimas, mas é mais forte do que eu.
Sinto a água escorrer por minha bochecha. E não entendo o motivo de estar desta forma.
- Sim. - Fungo passando a mão no rosto para secar as lágrimas. - Eu desejo viver e vejo beleza na vida.
- E o que te impede?
- A dor. - Digo apenas.
- O que você acha de mudarmos isso? Estou aqui disposta a te ajudar. Só preciso que você diga sim.
- Eu...
(...)
"Muitas das vezes, a dor se torna nosso maior inimigo, pois ela nos impossibilita de viver, mas cabe a cada um de nós lutarmos pela liberdade e escolher a vida."
Thayla Fernanda
E aí, gente. Tudo bem com vocês?
Me digam o que acharam. O que vocês acham que o Matt vai responder?
Beijos. Fiquem com Deus. E até logo.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top