Capítulo 26 - Sobre amizades e memórias
Avisinho rápido!
Eu voltei, minha gente! Estou empenhada em finalizar este livro antes do final do ano. As coisas deram uma acalmada, então vou conseguir trazer capítulos com mais frequência! (EEEEEEEE!!) Peço a ajuda de vocês nos votos e comentários, eu amo todos, sério! Prometo respondê-los. Obrigada por estarem aqui até hoje vocês são especiais. Perdão pela demora!
Beijos e boa leitura!
Alguns dias depois...
Termino de retirar o jaleco enquanto olho-me no espelho do banheiro para os funcionários do hospital. As olheiras estão piores a cada dia que passa e a região escura abaixo dos olhos me traz lembranças de uma época obscura que tento abandonar. Toda vez que olho meu reflexo me amaldiçoo pelo jeito bruto que falei com Letícia, mas po $$a! Eu não consegui controlar!
A cada momento do meu dia, lembro dos seus lábios macios juntos dos meus, do corpo perfeito que eu abracei, do gosto doce do seu beijo, dos olhos perdidos e ao mesmo tempo brilhantes assim que o fôlego nos faltou e nos separamos. Mas do mesmo jeito que me sinto hipnotizado pelo beijo, me sinto um infeliz por tê-la afastado e dito aquelas palavras.
...
Circulo meus braços pelo corpo esbelto de Letícia e aprofundo ainda mais o beijo deixando minha língua dançar junto com a sua. Um beijo nunca foi tão apreciado por mim em toda minha vida. O oxigênio falta e isso faz com que nos separemos. Ao olhar os lábios levemente inchados, as bochechas rosadas e os olhos perdidos e brilhosos dei-me conta da grande merd4 que acabei de fazer. P5rr$! Por que eu não consegui controlar a vontade que eu sempre tive? Estava tudo sob controle e de uma hora a outra tudo foi por água abaixo como uma cachoeira com a forte correnteza.
A ruiva fecha os olhos novamente e, merd#, minha vontade é me deleitar e beijar seus lábios, esquecendo-me de toda a podridão que há em mim, mas tão rápido como ela fechou os olhos eu dei um passo para trás e me pronunciei:
- Isso foi um grande erro, Letícia. Desculpa, isso não deveria ter acontecido. - Digo mais ríspido do que algum dia imaginei que soaria.
A Ruiva fica sem reação e pisca os olhos dando-se conta do que falei. Suas bochechas ficam coradas, mas de um modo diferente. Ela está com vergonha! Esfrego minha nuca em um ato nervoso e ela sorri totalmente sem jeito.
- Po-podemos co-conversar. - Diz e da um passo em minha direção. Esquivo-me de seu toque. Não sei se conseguiria resistir a ela.
- Não insista nisso. Não vejo você com esses olhos. Somos somente amigos, não é isso? Esse foi o combinado quando você andou na garupa da minha moto pela primeira vez. - Pronuncio-me grotesco. - E também, você não faz meu tipo!
Letícia sorri e vejo seus olhos brilhando com as lágrimas que chegam de repente, mas ela segura fortemente.
- A-acho que-que esqueci meu celular lá em cima. - Diz esfregando o rosto.
- Não vou poder te esperar. - Digo balançando a cabeça negativamente. Ela olha em meus olhos e vira-se seguindo em direção ao elevador.
Assim que as portas se fecham chuto com força o motor da moto e ela vira tombando no chão. Minha raiva é tão grande que sinto vontade de me socar, mas contenho a fúria e levanto minha bebê sentando-me e partindo em alta velocidade.
...
Esfrego o rosto mais uma vez em frente ao espelho e decido ir embora de vez.
Hoje é quarta-feira e tem alguns dias que não vejo a Ruiva. Desde aquela manhã que nos separamos no estacionamento do consultório não nos vimos mais. Me afastei completamente e, desde então, tenho dormido na casa de minha avó. Teté que está amando me ver lá todos os dias; ela tenta fazer penteado no meu curto cabelo, e até reclamou pois cortei. Quer ver vídeos comigo, quer eu a leve para passear de moto e faz questão de me esperar sempre para o jantar. Eu tenho lutado, mas a vontade de sumir novamente tem sido tão forte que não sei até quando vou resistir.
Decido ir embora antes que Letícia apareça. Tratei de arrumar minha sala e todos os pertences. Hoje o dia está mais tranquilo que o habitual e isso só me deixou estressado, pois a hora demora demais a passar e sinto vontade de ver a Ruiva.
Mas não vou ceder!
Ester chega na escola às 13:00 horas e eu me adianto para lhe fazer uma surpresa e levá-la para a aula. Desço rapidamente pelas escadas do hospital e sigo em direção a minha moto, após subir e aumentar a velocidade deixo que minha mente voe, novamente, até uma Ruiva que tem um sorriso incrível nos lábios.
...
- Matt, como eu amo estar aqui! - Diz abrindo os braços no galpão da ONG e sorrindo abertamente. - Meneio a cabeça para ela e digo:
- Impossível alguém não perceber isso.
- É tão nítido assim? - Tomba a cabeça enquanto indaga.
- Você é transparente, Ruiva. Está sempre sorrindo... Mas quando chega aqui é diferente! - Concordando com a minha fala ela abre um imenso sorriso.
- Não tem como eu não sorrir. Este lugar é tudo que sempre sonhei. Deus realiza sonhos, sabe? E minha vontade sempre foi ajudar aos pequeninos. - Seus lábios se repuxam mais uma vez.
Não consigo tirar os olhos de seus lábios sorrindo e gravo mentalmente em minha memória este momento.
...
Sinto meus olhos molhados e aperto o guidão da moto tentando controlar as emoções! Merd4! Por que tudo isso tinha que ter acontecido? Sinto a lágrima escorrer pela bochecha e balanço a cabeça tentando espantá-la. Que homem de mer#a e covarde eu sou! Durante todo o trajeto tentei fingir que não estava chorando como uma criança. Tento mentalizar o quanto minha irmã precisa de mim, mas falho miseravelmente quando, quase chegando em casa, decido ir até a boate do Max hoje à noite. Que se fo#@ tudo!
Estaciono a moto em frente ao portão e desligo a chave tirando da ignição. Retiro o capacete e adentro com ele abaixo do braço, limpo o rosto do recém choro e sigo meu caminho. Bato os sapatos no tapete da entrada e empurro a porta notando o silêncio na sala. Deixo o capacete no sofá e escuto Ester lendo sobre matemática na cozinha. Sigo em direção a sua voz.
- Cadê as mulheres que mais amo neste mundo? - Começo a entrar na cozinha dizendo, mas paro assim que noto uma cabeleira ruiva sentada de costas para mim e em frente a minha irmã na mesa da cozinha.
- Estou aqui, Matt! - Ester levanta abrindo os braços e vindo ao meu encontro. Abraço seu pequeno corpo assim que ergo-a do chão.
Letícia se ergue da cadeira e segue em direção ao fogão desligando o fogo do que eu, suponho, seja sua carne com legumes. Pensar nisso me faz ter saudade de quando ela cozinhava para todos da casa. Provavelmente ainda cozinha, mas não estou lá para afirmar.
- Cadê minha avó? - Indago rude.
- Hum... Boa tarde, Mattheus. Dona Angel foi ao banheiro por causa do remédio para a circulação que tomou. - Balanço a cabeça e coloco Ester no chão.
- Matt, olha que incrível! A sereia está me ajudando no dever de casa. E ela é tão inteligente! - Teté sorri para Letícia e volta para seu lugar na cadeira. - Let essa era a última. - Diz fechando o caderno rosa.
- Parabéns, meu amor! Pode guardar tudo e esperamos sua avó voltar para almoçarmos. - Ela assente para a Ruiva e sai saltitante.
Ester nem se deu conta da tensão que ficou no cômodo assim que eu cheguei. Notei como Letícia ficou desconfortável.
- Está fazendo o quê aqui? - Indago tentando controlar a voz. Mas a verdade é que minha vontade é gritar com ela e perguntar qual foi a p7rr3 do feitiço que jogou em mim.
Foi só ver seu rosto que lembrei do cheiro de seu perfume de flores, lembrei ainda mais de cada sarda de sua pele e, mesmo lutando, minha vontade era ver novamente seu sorriso malditamente lindo direcionado para mim.
Ela deu de ombros e se pronunciou: - Estava de folga hoje e não precisavam de mim na ONG. Resolvi vir na casa da sua avó para ver ela e sua irmã, mas se tiver problema vou embora agora. - Ela começa a caminhar pisando forte e seguro em seu braço assim que tenta passar ao meu lado.
- Não precisa disso... Você sabe. - Digo baixo. Sua proximidade meche com meu psicológico. Estávamos cara a cara; tão perto que eu podia contar cada uma de suas sardas que formavam uma constelação. Eu podia sentir sua respiração e, caramba, como ela conseguia fazer aquilo? Seus lábios estavam tão perto que eu por um instante cogitei experimentá-los novamente. Um instante e... Não!
Puxei fortemente a respiração controlando minhas sensações. Claro que eu sei que ela estava de folga hoje. Desde que me afastei procurei nos registros do hospital quando seriam os seus plantões e por incrível que pareça todos estavam no mesmo dia que eu, por isso, troquei todos os meus dias e estava indo com a certeza de não encontrá-la. Poderia acontecer se houvesse uma emergência, mas ignorei este fato.
- Eu não sei de nada. - Responde séria. Desde que essa Ruiva chegou acho que nunca a tinha visto tão séria. Mas não é só isso que percebo.
Noto como suas bochechas estão pálidas, olheiras abaixo dos olhos e um cansaço no rosto.
- Vo-você está bem? - Dou-me conta de que perguntei em voz alta. Oh, merd3!
Por que eu não deixei ela ir?
Ela me observa piscando os olhos mais do que o necessário e percebo como estar tensa.
- Apesar de você não estar me machucando, peço que solte meu braço. - No mesmo momento faço o que ela pediu e ela prossegue: - E sim, estou bem. Obrigada por perguntar. E você, tudo bem? - Sinto que ela está sendo somente educada, mas sua vontade é me bater.
Não posso julga-lá.
- Sim. - Digo apenas e ouço minha avó se aproximando.
- Matt, meu filho, que bom que chegou cedo! - Diz sorrindo.
- Bênção, vó. - Me pronuncio indo ao seu encontro e beijando sua testa.
- Deus te abençoe sempre, meu amor! - Ela sorri, mas em seguida fecha o rosto para mim e murmura um "vamos nos entender depois". Bufo e me afasto.
- Vim cedo para levar Ester à escola. - Ela sorri para Letícia que está na divisa da porta e chama minha irmã:
- Vem almoçar, bombom! Matt, a Letícia veio para acompanhar a Teté.
- Não, dona Angel, está tudo bem. É bom que eu fico com a senhora conversando. - Minha avó olha para a Ruiva e sorri concordando.
Fui completamente ignorado!
Assim que Ester voltou já com seu short saia e de moleca, minha avó colocou sua comida e disse para nos juntarmos para almoçar. Letícia me ignorou e se juntou a minha avó colocando sua comida e sorrindo para ela enquanto falavam sobre como a carne com legumes ficou maravilhosa. Elas se sentaram e me aguardaram. Bufei e acabei não resistindo em comer novamente uma comida feita pela Ruiva. Eu não poderia fazer desfeita com minha avó. Assim que me sentei, ouvi sua voz enquanto levava à comida a boca. Parei o garfo na metade do caminho e prestei atenção:
- Paizinho, obrigada por mais um dia em sua presença. Obrigada pelo nosso deitar e levantar e obrigada por estar ouvindo minhas orações, verdadeiramente, O Senhor é fiel em todo tempo. Entregamos este almoço em suas mãos e cada alimento desta mesa, que sua provisão venha ser sempre abundante sobre este lar. Te agradecemos por tudo, em nome de Jesus, amém!
Assim que ela abriu os olhos direcionou seu olhar ao meu. Meu braço já estava abaixado, pois não iria ser mal educado e começar a comer sozinho. Letícia estava com as íris brilhantes e eu reconheço quando ela quer chorar e neste momento ela luta fortemente contra isso. Controlo a vontade de gritar com ela e ao mesmo tempo de querer levantar para abraçá-la. Um suspiro abandona meus lábios e confesso que sinto saudade dos seus gestos de carinho.
Abaixo minha cabeça sentindo um peso estranho no peito e uma camada de suor escorrer por minhas costas. Esfrego minha nuca para aliviar a tensão e percebo que as mulheres estão em uma conversa entretida. Começo a almoçar e controlo a vontade de elogiar a Ruiva. Ela sempre fez tudo com amor e assumo que sempre gostei da sua comida.
- Ah, eu sempre gostei, dona Angel. Minha mãe vendia bolos, doces e salgados, sabe? Ela sempre foi muito esforçada e como passamos a metade de nossa vida sem o meu pai; ela nos deu tudo e não deixou faltar nada. - Diz sorrindo tristemente.
- Terminei, vovó. - Olho para Ester que se levanta colocando o prato sobre a pia.
- Parabéns, meu bombom! - Minha avó sorri em sua direção.
- Vou escovar os dentes e já volto! - Diz e sai as pressas da cozinha.
Continuo almoçando enquanto ouço minha avó responder a Ruiva.
- Imagino como você sofreu quando ela partiu, mas Deus te fortaleceu. - Letícia concorda com a cabeça.
- Acho que o pior de tudo foi depois, minha irmã surtou... Não soube lidar com a perda e logo depois descobri que meu namorado estava me traindo... Foi um tempo difícil! - Suspira. - Ainda bem que eu tive Deus e o Ethan, meu cunhado atualmente, para me ajudar.
- Glória a Deus pela vida do seu cunhado, minha filha.
- Sabe, eu acredito muito na palavra do Senhor. Creio que existe um tempo certo para cada coisa e pessoa. Deus não quer que fiquemos na mesma situação. Ele deseja mudar nossa história. Podemos até ter o coração endurecido, mas O Senhor é especialista em restaurar corações quebrados e em estilhaços. Veja só a vida de Jó, mesmo após perder tudo Ele se manteve crendo nas promessas do Senhor e no momento certo Deus deu um basta naquela situação. Acredito que o coração dele tenha ficado em pedaços, mas Deus com todo seu amor foi lá e juntou cada pedaço restaurando sua vida.
"Vemos também que O Senhor cuida dos seus com a vida de José, ele foi jogado em um poço e logo depois foi vendido pelos próprios irmãos, mas tudo foi um processo de aprendizado. Depois de muitos anos quando ele se reencontrou com aqueles que o magoaram ele já havia perdoado cada um... Os irmãos também estavam mudados e arrependidos, apesar da bíblia não relatar como foi a vida deles completamente, eu acredito que sofreram muito carregando o peso da culpa. Não foi um processo fácil, mas Deus mudou a história de vida deles".
"Enquanto estamos com o coração duro e fechado Deus não pode agir ao nosso favor, mas se permitirmos que Ele mude a nossa vida, muitas coisas Ele fará... Acredito que quando as pessoas têm muita dificuldade em lidar com os problemas, Deus se manifesta na vida delas de outra forma, sabe? Sempre aparecerão outras pessoas em nosso caminho para nos ajudar, estender sua mão e mostrar que não estamos sozinhos. Com a vida da minha irmã foi assim, Deus trouxe seu esposo como um alicerce em um momento totalmente perdido aos olhos dela, mas através da vida dele Deus alcançou o mais íntimo que havia dentro dela... O seu coração"!
"Muitas vezes, quando as lutas, pressões da vida, cobranças e preocupações ocupam nossa mente pensamos que estamos sozinhos, nos vemos sem saída e parece que estamos em um túnel sem fim, não enxergamos a luz do sol, não notamos o brilho das estrelas e nem conseguimos ver a beleza da lua. Parece que fomos esquecidos em um universo gigantesco! Mas de repente alguém chega em nossa vida e abala as estruturas que construímos na nossa trajetória difícil, sabe? Porque às vezes é até complicado confiar quando alguém se aproxima de nós... Já fomos tão machucados por pessoas e pelas ações delas que formamos uma defesa ao nosso redor... Mas quando é de Deus e quando Ele tem um propósito, essas barreiras se tornam uma simples poeira no ar, que espantando, some... Desaparece"!
"Parece que esta pessoa, quando chega, é tudo que precisávamos. Afinal, somos humanos e sentimos a necessidade de ter alguém junto a nós. Não foi em vão que Deus disse "não é bom que o homem viva só". Deus sempre soube a necessidade que o ser humano tem em ter uma pessoa ao seu lado. Seja amigo, namorado ou um parente, mas é preciso ter alguém que segure em nossas mãos e nos diga: "Você não está sozinho!" Acredito que seja por isso que muitas pessoas enfretam a solidão, depressão, ansiedade e até mesmo insônias. Quando estamos sozinhos, abrimos uma brecha em nossa mente, ainda mais quando não nos ocupamos com absolutamente nada. Não é à toa que dizem: "Mente vazia, oficina do diabo". Porque acabamos ficando vulneráveis às investidas do mal. Começamos a debater com nossa mente e aí os traumas do passado sobrevêm em nossos pensamentos, nos maltratando, e é como se ela nos castigasse. Mas isso é resultado de uma solidão... É a resposta ruim que recebemos por não permitir que ninguém se aproxime e nos ajude".
"A verdade é que precisamos de alguém e quando não permitimos que Deus nos ajude, Ele envia anjos em forma de amigos para este trabalho. Mas se nos fecharmos até para estas pessoas que chegarem, será difícil sair da situação triste e difícil. Acima de tudo, precisamos querer ser ajudados, necessitamos querer viver. Precisamos mudar e aceitar que o passado ficou para trás. Necessitamos aceitar que Deus está pronto para escrever uma nova página da nossa história, mas precisamos querer viver! Ele nos deu a vida e é nosso dever cuidar dela mesmo sendo difícil! Precisamos nos lembrar que não vivemos só de problemas, existem prazeres que somente a vida pode oferecer... Seja sendo sentado na beira do mar vendo o pôr do sol, seja caminhando pelas ruas e notando a beleza da natureza, seja andando de bicicleta ou moto enquanto sentimos a brisa brincar com nossos cabelos".
"Existem milhares de motivos para se viver e é isso que Deus quer nos mostrar quando coloca pessoas em nossa vida. Não podemos ser egoístas e ignorar a ajuda que vem do Pai. Ele só deseja nos mostrar que seu amor continua sendo imensurável a cada dia, que vale a pena viver para ver toda a mudança que Ele pode fazer! Que a vida não é feita somente de momentos difíceis, mas também de alegrias e realizações. Deus tem um propósito para cada pessoa, mas precisamos querer o Seu amor e Seu agir para que os sonhos dEle se tornem os nossos. Sabemos que não é fácil. Existem momentos que só queremos jogar tudo para o alto e deixar a maré alta nos afogar e matar, mas não podemos desistir nesta página! Ainda tem um livro cheio de partes em branco, esperando um novo amanhã para ser vivido. Acima de tudo, precisamos aceitar o bem que vem do Senhor sem deixar o nosso orgulho impedir. Necessitamos aceitar o Seu amor e todo sacrifício que Ele enfrentou por nós. Se negarmos e duvidarmos, é como se estivéssemos pregando Jesus na cruz novamente... E saber que somos causadores desta dor nEle novamente precisa nos trazer uma dor muito grande no peito, porque não podemos simplesmente fazer isso e viver como se nada estivesse acontecendo! Depois de tudo que Ele fez por nós... Vamos permitir sermos causadores de dores nEle? E sabe quando causamos novamente a crucificação nEle? Quando ignoramos, duvidamos e negamos toda a graça e o amor que Ele tem por nossas vidas... Será que é isso que queremos"?
- Acabei! - Ester chega sorrindo já com sua blusa da escola e atrai nossa atenção.
Levanto-me da mesa bruscamente colocando o prato na pia e ignorando minha avó responder a Letícia. Passo pisando forte contra o piso da cozinha e sigo em direção ao banheiro. Fecho a porta da madeira colocando o rosto contra ela e sentindo uma lágrima descer pelo rosto. Além de covarde estou me tornando um marica por chorar por qualquer coisa! Às vezes as palavras mexem comigo de uma forma que não suporto! Tento controlar a vontade de socar a porta e isso faz com que mais lágrimas escorram.
- Matt, são 12:45h, você vai demorar aí fazendo cocô? - Um pequeno sorriso se abre e isso faz com que eu fungue e tento retomar o controle de minhas emoções. Não sei porque estou desse jeito e isso me faz culpa-lá. Ela só pode ser uma feiticeira das grandes!
- Não estou fazendo cocô, Teté! - Respondo balançando a cabeça em frente ao espelho. Jogo água no rosto e digo: - Estou escovando os dentes. Pegue sua mochila que já vamos.
- Tá bom! - Ouço seus passos correndo e termino de dar um jeito no rosto abatido. Escovo os dentes e sigo para o quarto. Eu não suporto este cômodo e fico relaxado por minha avó não ter ficado perguntando o porquê deu não estar dormindo nele.
Assim que saio do cômodo com a roupa trocada vejo Ester parada no alto da escada.
- Tudo bem, bombom? - Pergunto me aproximando. Noto que ela esconde algo atrás de si.
- Você vai ficar triste se eu levar o Tedd para a escola hoje? É que eu preciso dele. - Diz retirando o urso que lhe dei das costas e encostando em seu pequeno corpo.
- Não. Por que eu ficaria triste? Te dei para te ajudar e te deixar feliz. - Digo pegando-a no colo. - Você tá pesada, hein! - Ela dá risada.
- Sou uma mocinha, Matt. Acha que vou ficar criancinha para sempre? - Balança a cabeça negando.
- Claro que não. - Digo descendo as escadas com ela nos braços. - Mas você será sempre minha bombonzinha.
- Tudo bem. Eu deixo, mas você não pode dizer bombonzinha na frente de todo mundo. - Abro um sorriso em sua direção e nos aproximamos da cozinha. Desço-a do meu colo e ela corre para falar com Letícia.
- Você vai ficar me esperando? - Indaga após abraçá-la.
- Sim, meu amor. Titia vai ficar aqui com a vovó. - Ela sorri para a Ruiva e a abraça de novo.
- Minha vovó precisa de você, Sereia. - Letícia olha nos olhos de Ester e sorri em silêncio.
Logo após ela abraçar minha avó e mandar beijos, saímos de casa. Coloquei Ester na minha frente na moto e ela segurou seu urso fortemente dizendo que ele poderia pular e cair. Controlei a velocidade, mas rapidamente chegamos na escola. Eram exatamente 13:05h. Ester desceu sorrindo e logo acenou para uma menina morena que passava com sua mãe.
- Você vai vir me buscar? - Balanço a cabeça sorrindo.
- Sim, bombonzinha.
- Matt! - Repreendeu-me com o olhar.
- Estou brincando, mas não se preocupa. - Aperto seu nariz e beijo sua testa. - Ninguém ouviu. - Após ela me beijar correu em direção as portões azul. Assim que ela sumiu de minhas vistas virei a moto saindo do local.
Segui com a velocidade rápida em direção a qualquer lugar. Não queria voltar para a casa de minha avó e no apartamento Louise estaria, não estou com paciência para suas investidas silenciosas. Continuei com os pensamentos embaralhados enquanto eles me torturavam e quando percebi estava em uma das praias. Decidi parar para tomar uma água de coco. Deixei a moto no acostamento e segui a pé pela orla. Meu celular tocou e após ver o nome do meu amigo, decidi sentar olhando para o mar.
- Alô? - Atendo esticando as pernas na areia.
- Você atende na maior naturalidade como se não estivesse sem vir em nosso apartamento por dias! - Contenho o sorriso.
- Se alguém te escuta falando assim vai pensar que temos um caso. - Dou risada e ele bufa.
- Será por isso que me olharam torto aqui no restaurante? - Diz brincalhão.
- Ainda bem que não sabem que sou um homem. Devem pensar que você está falando com um mulher.
- Vai saber, né? - Ele da risada e continua dizendo: - Estou naquele restaurante de frutos do mar em frente a praia. Quero conversar.
- Estou perto. Já chego aí. - Digo me erguendo do chão.
- Não demora porque estou com fome. - Bufo.
- Cinco minutos. - Digo e desligo a chamada.
Volto em direção da moto e lembro que nem comprei a água de coco. Reviro os olhos e apresso meus passos.
(..)
Assim que estaciono a moto, noto o carro de Lucas. Adentro no local sentindo minhas mãos soando frias. O céu começou a escurecer a pouco tempo e parece que uma tempestade vai cair.
- Cheguei. - Digo me sentando em sua frente.
- O que houve entre você e a Letícia? - Sorrio irônico.
- Boa tarde para você também, palito de dente. - Ele bufa e revira os olhos.
- É sério, Matt. Minha irmã não está bem desde que você sumiu do apartamento. - Ele suspira e indaga: - Vocês brigaram? - Vejo-o franzir as sobrancelhas.
- Pelo contrário... Nós nos beijamos. - Confesso em voz alta pela primeira vez. Esfrego minha nuca em um ato nervoso e vejo Lucas ficar estagnado.
- Então qual foi o problema? - Abaixo a cabeça levemente, mas levanto-a chamando o garçom que passou ao meu lado.
- Você pode me trazer uma água de coco? - Ele assente e se vira para meu amigo.
- Até perdi a fome! - Diz respirando fundo. - Mas preciso me alimentar porque só bebi um café hoje. Me traga por favor uma porção de camarões fritos e uma fanta uva. - O garçom se retira.
- Se sua irmã estivesse aqui iria reclamar do seu pedido de fanta. - Lucas dá de ombros.
- Ela poderia estar, mas vocês não estão se falando. Me diga o que aconteceu depois do beijo? - Puxo a respiração fortemente e ele pergunta: - Você não falou aquilo, né?
- Aquilo o quê? - Faço-me de desentendido.
- "Isso foi um erro. Isso não deveria ter acontecido!" - Lucas diz com a voz mais fina.
- Minha voz não é assim. - Cruzo os braços dizendo.
- Para de me enrolar e fala logo! - Ele está emburrado, o que é um milagre, já que Lucas é um poço de tranquilidade.
- Não falei só isso. Ainda foi pior, porque disse que ela não faz o meu tipo. - Suspiro e olho para a janela fugindo de seu olhar.
- Você poderia ter "maneirado" nas palavras.
- Foi automático. Não pensei muito.
- Eu sei que para você é muito difícil... E a Letícia, bom ela é ela. - Da risada dizendo. - Conhecendo-a como conheço acho que ela não vai desistir. Letícia não é uma mulher de se deixar abalar. Lê é muito forte. - Concordo com um menear de cabeça.
- Só quero o bem dela... Sua irmã não merece entrar na minha confusão podre, Lucas.
- Essa é a questão, Matt.
- O quê? - Indago assim que o garçom chega com os pedidos.
- Obrigado. - Lucas agradece e assim que o homem se retira ele diz: - Quem decide se quer ou não é ela. Você não pode tomar essa decisão. - Interrompo-o.
- Sua irmã nem tem noção da merd#a toda!
- Cala a boca e deixa eu falar! - Bufo pegando o coco com as mãos. - E além da decisão ser dela, acredito que Letícia não queira entrar na confusão, mas sim te tirar dela.
- Como assim?
- Minha irmã só quer te ajudar a esquecer o passado e seguir em frente. - Cruzo os braços.
- Ela disse isso? - Ele revira os olhos mastiga o camarão.
- Não, né, Matt! - Responde limpando a boca com o guardanapo.
- Então o quê?
- Tem coisas que não precisam ser ditas. - Ele diz e é a minha vez de revirar os olhos.
- Você precisa... - Paro de falar assim que meu celular começa a tocar no bolso. Olho o nome da Letícia no visor e franzo o cenho.
- Quem é?
- Sua irmã. - Digo deslizando o dedo na tela. - Alô?
- Matt. - Pronuncia meu nome e funga em seguida.
- O-o que aconteceu? - Indago preocupado.
- Vo-você precisa me encontrar... Aqui no hospital. - Diz soluçando.
- O que aconteceu, merd#?!
- Eu não vou dizer por celular, Mattheus! - Diz fugando. Passo as mãos no rosto em um ato de frustação.
- Tudo bem. Daqui a pouco estou aí.
- Venha direto para a emergência infantil, por favor. - Assim que ela acaba de falar desliga a ligação.
Puxei fortemente a respiração e processei suas palavras.
- O que houve, Matt? - Lucas perguntou assim que deixei meu olhar vagar pela mesa.
- Lucas... - Levantei da cadeira sentindo um peso no coração e coloquei as mãos no bolso puxando minha carteira enquanto sentia meu corpo tremer.
- Matt, diz o que aconteceu!? - Exclamou levantando-se.
- Acon-aconteceu algu-alguma coisa com a minha irmã. - Digo sentindo a garganta travar e o nariz arder. Derrubo a cadeira tentando sair e Lucas segura em meu braço.
- Você não vai pilotar deste jeito! Vamos no meu carro! - Disse jogando uma nota em cima da mesa e me puxando em seguida.
Coloquei a carteira no bolso sentindo minhas mãos trêmulas e o coração palpitando. A imagem de Ester caída no chão em volta de uma poça de sangue preencheu a minha mente trazendo lágrimas aos meus olhos e uma agonia no peito.
- Não! Não! Não! Isso só pode ser mentira! - Digo esfregando meu rosto e notando Lucas adentrar no carro.
- Vamos, Mattheus! - Ouço-o me chamar, mas a imagem da minha irmã desmaiada em sangue toma minha mente!
Passo minhas mãos no rosto enquanto tento controlar meus pensamentos, mas minha mente me trai novamente trazendo outros momentos como uma forma de tortura.
(...)
"Vivemos em um duelo constante contra nossa própria mente e, apesar de ser difícil, não podemos parar de lutar contra ela... Somos mais fortes e podemos todas as coisas naquEle que nos fortalece"!
Thayla Fernanda
E aí, gente, tudo bem?
Que saudade de vocês!
Digam-me tudo e não escondam nada!
Palpites do que vai acontecer no próximo capítulo? O que será que aconteceu com a nossa pequena bombom?
Beijos e fiquem com Deus!
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