Capítulo 2 - Sobre aconchego e apelidos

Acordei sentindo delicados toques em meu braço abri as pálpebras e pisquei repetidas vezes tentando acostumar-me com a luminosidade.

- Senhora, já pousamos! - Informou a aeromoça.

Bocejei e desculpei-me com a simpática jovem que despertou-me os sentidos.

- Poderia me dizer se sabe onde minha amiga está? - Questionei perguntando pela Louise que não estava ao meu lado.

- A modelo fotográfica? - Os olhinhos da mulher em minha frente brilharam perguntando.

- Sim, Louise Carter. - Esclareci.

- Ela estava no banheiro com um rapaz. - Cochichou. - Acho que era fã porque ele estava pedindo caneta. - Assenti desconfiada.

Depois de levantar e encontrar Lô no corredor, descemos do avião e fomos em busca das bagagens.

- Onde você estava? - Perguntei enquanto andávamos.

- Dando autógrafo. - Deu de ombros.

- Ah, entendi. - Digo apenas.

Depois de conseguir pegar todas as malas, seguimos andando enquanto buscavamos informações para qual direção seguir. Não foi preciso buscar muito. Com uma plaquinha em mãos na cor rosa e duas antenas vermelhas, Lucas escontrava-se perto de algumas poltronas a nossa espera.

- Lucas! - Exclamei surpresa enquanto segurava o riso pelas antenas em sua cabeça. - Que saudade, que saudade! - O abracei apertado enquanto jogava a bolsa que estava no ombro no chão.

- Minha água de salsicha! - Respondeu-me ao abraço. - Como eu senti a sua falta. - Murmurou.

- Ah, seu magrelo! Que saudade eu estava de você. - Me afastei analisando-o.

- Oi, lindo. - Lô sorriu e o abraçou.

- Oi, doidinha. - Olhei os dois abraçados e shippei no meu interior.

Quem nunca?

- Por que essas anteninhas na cabeça? - Não aguentei a curiosidade e questionei.

Lucas, deu de ombros como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.

- Só queria ser notado logo por vocês. - Dei risada.

- Você seria notado a quilômetros de distância com essa beleza. - Franzi as sobrancelhas e olhei para Louise. Ela está muito saidinha para o meu gosto.

- É melhor deixarmos sua tiara de lado e ir para casa. - Digo dando os primeiros passos.

Depois de nos ajudar a puxar o carrinho com todas bagagens, peguei minha bolsa no chão e seguimos em direção ao lado de fora do aeroporto onde se encontrava um carro preto a nossa espera.

- Desde quando comprou? - Perguntei ajudando-o a pôr as malas no bagageiro.

- Têm poucos meses. Eu percebi que estava gastando dinheiro de mais com táxis. Muita das vezes, precisava correr para uma audiência e sempre tinha que ficar esperando. Acabei optando por comprar um. Ainda estou pagando. - Sussurrou a última parte. Dei risada.

- Estou feliz por você. - Sorri e o abracei outra vez.

- Anda logo, gente! - Apressou Lô.

- Oh, menina chata! - Lucas brincou.

- Ei! Pode parando que eu sei que você me ama. - Acusou ela.

- Quem disse? - Questionou ele dando partida na pista.

- Seus olhos. - Sorriu dizendo.

- Não sabia que eles falavam! Vou investir nisso. Talvez até venho participar do livro de recordes do mundo, quem sabe eu não posso até ganhar?! - Gargalhamos.

- Tão modesto. - Murmurou ela.

- Por que meu pai não veio? - Mudei o foco do assunto.

- Não pôde. Hoje é o dia que ele sobe no monte. - Assenti.

- Sua mãe o acompanha? - Questionei.

- Sempre. Minha rainha é maravilhosa. - Sorri em sua direção.

Percebendo meu desconforto, Lucas permaneceu em silêncio.

O consolo de Deus é surpreendente, mas a dor da saudade costuma ser dilacerante. É uma luta diária de quem sofreu uma perda. Todavia, não se pode desistir e nem se deixar vencer.

- Como foram de viagem? - Perguntou Lucas começando um diálogo.

- Ah, até que foi tranquila. - Respondeu Lô, concentrada em olhar pela janela, vendo um mundo completamente diferente do que estávamos acostumadas.

- Eu dormi à noite toda. O cansaço das semanas corridas e noites mal dormidas foram cobradas essa madrugada. Fiquei tão cansada psicologicamente... Sabe foi tão difícil ter que me despedir de Sofia. - Comento impassível.

- Ela chorou muito? - Questinou olhando para o trânsito à frente.

Assenti triste. - Sim. Ela já estava muito mal por ter mais um teste em negativo.

- De novo? - Olhou-me pelo retrovisor franzindo o cenho.

- Infelizmente... Eu já perdi as contas de quantas vezes Sofia pensou estar grávida, porém era tudo uma ilusão. - Digo pensativa.

- Ela já procurou médicos especialistas? NY é um exclente lugar para fazer tratamentos assim. - Concordei.

- Sim. Nossa irmã até começou alguns, mas como ela estava na correria para a inauguração de seu restaurante acabou não dando certo. - Esclareci.

- Na minha opinião não é o momento... Deus sabe quando chegou o tempo ideal para certas coisas em nossas vidas e, se esse bebezinho ainda não veio é porque ela não está preparada.

"Temos o grande erro de questionar e duvidar das promessas e dos acontecimentos... Se o que tanto queremos acontece, ficamos felizes e revigorantes, contudo quando precisamos ter a paciência de Jó, para esperar o momento do Senhor, duvidamos igual Tomé"!

"É muito fácil achar que Deus nos ama e cuida de nós quando tudo o que pedimos Ele nos concede, mas a nossa fidelidade é testada quando nossa súplica não é respondida. Tudo acaba sendo uma opção... Ou você opta em confiar em Deus mesmo tudo dizendo o contrário, ou você deixa-se ser guiado pelos olhos"...

"Entretanto, nem sempre, nossos olhos são confiáveis! A visão é algo comum e conseguimos enxergar o exterior e, muitas das vezes, o lado de fora pode conter uma máscara e até mesmo uma farça. Não podemos ficar a mercê disto. Confiança é muito além de momentos. O ato em si já deixa exposto o real significado. Necessitamos confiar no que a pessoa é porque as ações são detalhes comparados a certos momentos".

"Optar por confiar em Deus é confiar nEle e não em ações de momentos. Às vezes, pensamos que um minuto qualquer definirá tudo, mas quando o assunto é Deus tudo muda, porque achamos que sabemos de tudo, mas na verdade não sabemos de nada, e a confiança que temos que ter em Deus muda o nosso ponto de enxergar as coisas"!

"Ele precisa ser nossa âncora de confiança. Necessitamos aprender deixar tudo sobre suas mãos. Nosso Pai sempre sabe o que é o melhor para nós. Nossa trajetória está traçada pelas mãos do Criador e Ele precisa ser o nosso auxílio e aconchego".

Permaneci em silêncio absorvendo suas palavras, e eu sabia que ele estava certo.

A dor tenta alastrar-se em meu coração só em pensar em como minha irmã está. Minha irmã! Eu não liguei para ela!

- Lô, esqueci complemente de avisar que chegamos bem. - Digo procurando meu celular.

- Liga do meu. - Propôs, Lucas. - Tenho um plano para chamadas internacionais. - Sorriu me olhando pelo retrovisor.

- Você é um amor! - Mandei beijo no ar.

- Sempre soube disso, água de salcicha. - Revirei os olhos.

Fui nos contatos de seu celular e procurei pelo nome de nossa irmã.

- Não estou achando o contato. - Comento.

Eu e essa dificuldade em gravar número de celular na mente!

- Está: Cabelo queimado. - Ouvi Lucas falando enquanto ria.

- Vou contar para ela. - Apontei o dedo.

Coloquei a chamada para ser iniciada.

- Diga ao Tantazinho que cheguei bem. - Lô pediu.

Assenti.

- Alô, Sôh? - Perguntei após cinco toques.

- Sou eu. - Disse meu cunhado. - Como vocês chegaram? - Questionou.

- Graças a Deus foi tudo bem, Tantanzinho. - Suspirei. - Cadê a Sôh? Como ela está?

- Está acabando de tomar banho. - Balancei a cabeça. - Na medida do possível, bem. - Me ajeitei no banco desconfortável.

- Como ela ficou depois do teste? - Franzi o cenho perguntando.

- Sofrendo. - Sussurrou ele.

Suspirei derrotada.

- Eu queria muito estar aí. - Senti meus olhos enchendo de lágrimas. - Mas sei que você está cuidando melhor dela do que eu...

- Cada cuidado é de um modo, mas estou lutando pela minha esposa. Como sempre lutei. No ano passado quando perdi meu amigo para as drogas foi ela quem me ajudou e me estendeu a mão.

- Sim, eu me recordo... Ah, Louise pediu para avisar que chegou bem. Quer falar com ela? - Olhei para minha amiga ao meu lado estendendo o aparelho depois dele confirmar que queria falar com a irmã.

Depois de algumas palavras dela ao telefone me passou o dispositivo alegando que minha irmã estava na linha.

- Sôh! - Exclamei pondo o celular na orelha.

- Let! - Murmurou. - Pensei que já tinha me abandonado. - Sussurrou.

- Jamais vou me esquecer da minha bonequinha. - Fechei os olhos tentando segurar as lágrimas.

- Não estou sabendo lidar com tudo que vem acontecendo: Sua partida, os negativos... Mas eu vou dedicar-me no restaurante e fazer aquilo que Deus me designou.

- Você é forte, Sôh. Mais do que imagina.

Conversamos por um tempo enquanto eu admirava as praias que passávamos à frente e contava a ela como foi a viagem.

Depois de Lucas reclamar por eu não ter citado seu nome, passei o celular para ele e logo em seguida meu irmão desligou a ligação.

- Estamos chegando. - Anunciou contente.

- Que bom, quero esticar minhas pernas. - Lô comentou.

- Eu também. Elas estão dormentes. - Estiquei o corpo.

Depois de mais alguns quarteirões, Lucas estacionou o veículo no estacionamento do prédio. Com a ajuda do porteiro conhecido por ser seu Joaquim, conseguimos pôr todas as bagagens dentro do elevador, mas era necessário duas viagens por causa da quantidade de malas.

- Estou tão ansiosa para começar a procurar um emprego. - Comentei.

- Eu também. Já havia pesquisado e mandado uns emails para algumas agências por aqui, acho que logo serei chamada. - Lô disse surpreendo-me.

- Você está fazendo um grande avanço. - Lucas disse a ela.

- O que é bonito precisa ser mostrado. - Revirei os olhos com sua resposta.

- Dependendo do que é visto, sim. - Disse ele pondo as mãos no bolso.

Louise, calou-se e sorriu como resposta. Não me atrevi em entrar no assunto paralelo deles.

- Você mora na cobertura? - Arregalei os olhos assim que percebi.

- Eu trabalhei muito para conseguir. - Sorriu confiante.

- Tenho muito orgulho de você. - Digo abraçando-o.

- Obrigada por isso. - Sorri percebendo que ele estava com vergonha.

Depois de permanecer quase dez minutos no corredor esperando meu irmão trazer todas as malas, enfim seguimos colocando-as para dentro do imenso apartamento.

- Vocês podiam ter entrado. - Reclamou ele.

- Não. A casa é sua e chegamos agora. - Justifiquei.

- Não me venha com essa de "é seu", "estou com vergonha", que dou um 'chega para lá' em vocês, em. - Ameaçou ele com as chaves do carro.

Demos risada.

Depois de conhecer todo o imenso apartamento de Lucas e ele nos apresentar o quarto onde ficaríamos, sentamos no sofá de sua sala e engatamos em uma conversa descontraída.

Louise, já tinha ligado para sua mãe e algumas amigas da nossa antiga cidade.

Acabei resolvendo mandar uma foto minha esticada no sofá no grupo do WhatsApp do meu antigo trabalho e da antiga igreja, avisando que já tinha chegado bem e feliz.

- Temos tantas coisas para arrumar. - Lô, comentou assim que Lucas foi ligar pedindo comida para o almoço.

- Verdade, mas eu já disse para ele que não iremos ficar permanentes aqui. Assim que as coisas se ajeitarem e começarmos a nos adaptar vamos encontrar um cantinho para nós duas. - Batemos as mãos em concordância.

- Precisamos. Mesmo seu irmão sendo educado e muito receptivo vamos precisar do nosso cantinho. - Assenti.

- Ele realmente está sendo um amor em nos hospedar em seu apartamento. Percebeu que têm vários quartos? - Cutuquei seu ombro.

- Eu vi, menina! - Falou com tom de voz baixo. - Por incrível que pareça está bem arrumado para quem mora sozinho. - Dei risada.

- Claro que ele deve ter limpado tudo. Sabia que viriamos. - Ajeitei-me no sofá.

- Seu irmão não é bobo. - Balançou o dedo em sinal negativo.

- Por isso que ele está sendo um advogado tão requisitado. - Digo o óbvio. - Até mesmo o próprio consultório ele tem. - Estiquei as pernas dizendo.

- Ele faz um ótimo trabalho. Nasceu para isso. - Concordei.

- O que tanto cochicham? - Chegou bruptamente perguntando.

- Lucas, lindo. Isso é conversa de mulher. - Lô disse rindo.

- Obrigada pelo lindo. Sempre soube que me admirava em secreto. - Olhei de um para o outro estranhando o rumo daquela conversa.

Já disse que shippo?

- Para de ser convencido. - Abanou as mãos respondendo.

Desliguei-me da conversa paralela de Lucas e Louise, sentindo uma fragrância diferente no ar. Meu corpo ficou em alerta de um segundo ao outro, e as batidas do meu coração tornaram-se frenéticas, descompensadas.

- Lucas? - Uma voz grossa surgiu no corredor.

Levantei-me de sobressalto e quase desfaleci por tamanha avalanche de emoções que se formaram em meu peito.

O que era aquilo?

(...)

"Não permita que o medo te aprisione e faça-te ter receio de viver os sonhos de Deus para sua vida.. Só confia, tá bom? Ele sabe o que faz"!

Thayla Fernanda

E aí, gente! Tudo bem?
O que acharam do capítulo de hoje?
Algumas sugestões?

A partir de agora começaremos com aquele suspense lindo que vocês tanto amam no final, não é? (Risos)

Quero pedir a colaboração com votos e comentários. Vocês sabem que isso é essencial para o crescimento da obra aqui plataforma... Então, por favor, me ajudem a fazer essa história crescer e ser vista por mais pessoas. Levar a palavra é nosso foco!

Beijos, fiquem com Deus e até logo! ❤

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