Capítulo 15 - Sobre crer e TPM
Começo pedindo que deem uma conferida no elenco que foi acrescentado e modificado.
Capítulo dedicado a LariOliveira18, Liliane_quirino, VictoriaLeal930. Que fizeram aniversário no decorrer destes dias. Desejo que Deus continue abençoando-as ricamente e abundantemente que nunca venha faltar a graça, a paz, a misericórdia e o amor de Jesus em suas vidas. Amo cada uma de vocês e meu desejo é que vocês mergulhem fundo e cada vez mais profundo no amor de nosso Deus. Saibam que sempre podem contar comigo porque eu estarei eternamente, até a volta de nosso Noivo, ao lado de vocês. Eu as amo demais.
Boa leitura.
Dias depois.
Hoje é sábado e desde o começo da semana não vejo Mattheus. Troquei número de telefone com dona Angélica e até com a pequena e falante Ester; que é um doce e um completo amor de menina. Percebo a forma como Deus a usa para sustentar sua avó em meio a todo caos que está ao redor. Lucas ficou revoltado e depois caiu em um choro sofrido em meu colo quando chegamos em casa no fatídico dia. Desde aquela tarde ninguém mais o viu... Desde aquele dia ninguém sabe por onde anda Mattheus. Ainda me recordo com dor de uma fala marcante do meu irmão enquanto estava em um pranto sofrido e angustiante:
- Eu deveria ter lutado mais. Deveria ter impedido. Meu amigo não merece viver tudo outra vez! Ah, Pai, eu sei que os Seus propósitos são melhores e maiores, mas não permita que ele fique lá de novo... - O choro tomou conta de sua súplica e logo depois adormeceu em minhas pernas.
Foi tão doloroso vê-lo daquela forma e não poder agir com nenhuma atitude que mudasse aquela situação de forma imediata.
Eu vi Ester chorar querendo seu irmão, eu vi dona Angélica se culpar por não ter impedido que seu neto se fosse e eu vi Najú preocupada enquanto, por dias, voltava a andar em círculos; como se isso ajudasse a entender o que estava acontecendo.
E como eu me sinto no meio de tudo isso? Sendo amparada por Deus. Tenho notado nitidamente o cuidado e zelo que O Senhor tem com minha vida e com meus sentimentos. No dia seguinte de todo o ocorrido eu chorei prostada aos pés da cama, me coloquei no lugar daquele jovem que viu sua irmã em um estado de choque e não sabia o que fazer. Não é fácil lidar com sentimentos ruins, ainda mais sob pressão, então o compreendo. Enquanto eu me desmanchava em lágrimas e em desespero por não saber como agir, lembrei de uma vez em que minha mãe confortou-me na época da minha entrada na faculdade:
- Bonequinha, haverá vezes em que nada fará sentido, outras vezes o desespero tomará conta de seu interior por não saber como agir, porém você precisa sempre estar firmada na palavra do Senhor. Jó tudo perdeu, mas tudo suportou. Ele foi fiel ao Senhor mesmo com a desolação que caiu sobre si, ele permaneceu obediente, mesmo não compreendendo nada daquilo que estava acontecendo, mas nós, às vezes, escolhemos seguir nossos caminhos e viramos as costas. Ou simplesmente duvidamos e deixamos o esfriamento espiritual tomar conta de nosso ser... Filha, eu não sei porque estou dizendo isso, mas vai chegar um momento de sua vida que a dor e a dificuldade serão maiores do que tudo, mas elas nunca poderão ser maiores que a sua fé.
"Crer é opcional ou você decide confiar mesmo não enxergando solução, ou você desiste e permite que o desânimo e o esfriamento tomem conta e desvastem tudo. Lembre-se sempre daquEle que morreu como um cordeiro imaculado pelos nossos pecados, reflita em todo sangue limpo que foi retirado brutalmente enquanto o nosso Redentor sofria por nós, medite na palavra do nosso Eterno e pratique o consolo que só o Espírito Santo de Deus pode nos dar".
"Tenho uma amiga que sempre diz: Quando sua vida espiritual não vai bem, nada vai. E é a mais pura verdade. Se você permite que sua intimidade com Deus se abale, ela gradativamente vai esfriando e se deteriorando. As suas vontades e seus desejos vão mudando de uma forma lenta e prazerosa e você nem se dá conta disso, porque está tão envolvida com toda a correria do dia a dia que não percebe que Deus está longe. Suas paixões se afloram e a cobiça por coisas carnais crescem que você, nem mesmo, percebe. Sabe aquelas camas de gatos ou teias de aranhas? Então, você se enfia dentro delas e não percebe que está presa dentro de uma emboscada. Seu olhar se perde por não saber para qual direção olhar, por não saber qual caminho seguir, e então, você se vê perdida e sem saída para aquela situação"...
"Quando seus olhos se abrem procurando uma direção percebe que está no breu, porque a luz que lhe guiava você mesmo deixou para trás. A lâmpada que deveria ser sua bússola de direção você deixou cair durante a caminhada com tantas enganações. O desespero por não saber o que fazer e como agir tomam proporções drásticas e então a insegurança e o medo intoxica tudo e... Não resta nada".
"Jó optou por confiar mesmo não vendo saída e nem solução para o seu problema. Ele chegou a amaldiçoar o dia de seu nascimento, mas não ousou duvidar das promessas, da fidelidade e do amor do Senhor. Ele viveu o deserto com a fidelidade inabalada, permaneceu lutando e aceitando tudo que Deus permitia que acontecesse. Deveríamos usar ele como exemplo, sabe? Porque quando tudo está mal devemos permanecer fiéis ao nosso Pai. O medo e a vergonha por ter permitido que o pecado se impregnasse não podem impedir que avançemos em corrigir nossos erros. A mancha do pecado não pode ser maior que a vontade de voltar ao primeiro amor. Jesus morreu para que tivéssemos vida, mas o esfriamento espiritual está demasiadamente grande que nem percebemos que estamos fazendo pouco caso deste sacrifício".
"Não é fácil lutar contra o esfriamento espiritual, não é simples lutar sentindo o cansaço consumir tudo, não é "moleza" resistir a tudo e vencer, mas temos a escolha em nossas mãos. Ou paramos e deixamos os acontecimentos nos consumir, ou; como um bom soldado, lutamos mesmo mancando, sangrando, sem forças e sem pespectiva; ao olhos carnais, de Vitória. Porque O Senhor prometeu que estaria conosco por todos os dias de nossas vidas e é nessa palavra que precisamos confiar. Assim como Jó aceitou tudo do Senhor precisamos também aprender a aceitar e lutar".
"Pode ser difícil e desgastante, mas sempre vale a pena guerrear pela nossa salvação e por amor a todo o sacrifício do nosso Cordeiro Jesus. Ajoelhe-se, mesmo não tendo vontade. Ore, mesmo não sabendo o que dizer. Clame, mesmo que somente suas lágrimas falem por você porque é como Paulo disse: Quando pensamos que somos fracos então somos fortes! Deus é quem nos sustenta a cada amanhecer cabe a nós lutar ou permanecer prostrados. Ele nos ama e isso precisa bastar para que venhamos lutar"...
(..)
E foi isso que eu fiz, fiquei prostrada aos pés de minha cama enquanto Louise roncava do outro lado do quarto. Permiti que O Espírito Santo de Deus me consolasse enquanto as lágrimas jorravam de meus olhos. Todos os dias têm sido desta forma. Tenho orado em todas as madrugadas por Mattheus, porque mesmo que eu não faça nada fisicamente, o espírito tem clamado junto a mim.
Acordei com Lucas me pegando no colo e me colocando na cama. As costas protestavam de dor e os joelhos eu mal conseguia flexionar, mas meu espírito estava tão calmo e tranquilo que não me permiti sofrer com a dor.
- Quer um café? - Ofereço bocejando equanto ergo-me da cama.
- Descansa. - Propôs e ele virando e me olhando.
- Estou muito descansada. - Digo na cara dura rindo.
- Você mente muito mal. - Dou risada.
- E cristão por acaso precisa saber mentir bem? - Jogo as pernas no chão enquanto ele senta na cama.
- Verdade. Nessa você me pegou. - Lucas vira seu corpo e fica de frente para mim. - Como você está, realmente?
- Estou bem, Lucas. - Afirmo. - Deus tem me mostrado verdadeiramente que Ele cuida de mim. Cuida de tudo.
- É assim que eu quero te ver.
- Assim como?
- Sorrindo e sem olheiras profundas abaixo dos olhos. - Fala passando a mão em meu rosto.
- Eu estou bem. Mas é impossível não ficar abalada com o sumiço dele. Tivemos poucos momentos juntos, mas percebi que ele é um rapaz especial. Sinto que Deus tem grandes propósitos para a vida dele.
- Sim. Mas antes ele precisa se permitir ser curado.
- É. Eu sei. Mas creio que o tempo do Senhor se aproxima. - Digo segurando em suas mãos. - E você, hein? Como está com toda essa história?
- Deus me consola. Saiba que estou bem. - Diz. Balanço a cabeça e sorrio com vontade de chorar.
- Que bom. Isso me deixa feliz. - Digo sentindo meus com olhos com lágrimas.
- O que foi, cabelo queimado? - Dou risada do apelido ridículo. - Aconteceu alguma coisa? Fala para mim.
- Promete que vai compreender? - Indago temerosa.
- Claro que sim. Eu sou o homem mais lindo e mais compreensivo da face desta terra. - Dou risada e passo a mão no rosto retirando a lágrima que rolou. - Agora me diga... Por que está chorando?
- Eu... Eu...
- Diga logo, mulher de Deus!
- Ah, tá bom! Eu estou de TPM. - Confesso e permito-me chorar.
- Ruiva falsificada! Não acredito que é isso! - Gargalho acordando Louise e recebendo uma travesseirada dela.
- CALEM A BOCA! - Grita enquanto Lucas pula em sua cama e a ataca com cócegas.
- Sai Lucas, sua praga! - Protesta ela enquanto sorrio.
- Confessa que me ama!
- Nem sob tortura! - Afirma se retorcendo como minhoca.
- Então vamos ver! - Ele continua arrancando risadas e protestos dela enquanto eu choro e sorrio motivada pela TPM.
Essa é a primeira das milhares de vezes em que estarei neste estado: Chorando à toa. Sofia tem o pavio muito curto em relação a TPM. Aconteceu uma vez dela sentir ciúmes de Ethan comigo isso porque estava em uma época de alto estresse e juntando com seu estado emocional deu nisso.
Levanto indo até o guarda-roupas, pegando a calça jeans de lavagem escura e uma blusa floral de mangas curtas. Observo o casal, que não é casal, discutindo e faço coraçãozinho com a mão mesmo eles não vendo.
- Eu vi isso, hein! - Lucas protesta. Dou de ombros rindo adentrando no banheiro e fechando a porta.
Sinto a água escorrer por meu corpo enquanto o coração aperta pensando em Mattheus.
- Soberano Deus e meu Eterno Pai. Graças te dou por este dia e por todas as bênçãos e livramento que me tens dado. Louvo-Te pelo Teu amor e zelo comigo... O Senhor sabe como está meu interior e eu te peço cuida dele por mim... Ah, Pai! Quando é que o Mattheus vai aparecer? Salve-o aonde é que ele esteja e conforte o seu coração triste e solitário. Entra com a Tua presença na vida dele retirando toda a dor e qualquer sofrimento que ele esteja enfrentando. Eu não sei por quais caminhos o seu filho está, mas sei que Tu és um Pai de amor, de zelo e de total cuidado, então te peço para que continue cuidando e preservando a vida deste jovem. Console a Ester, Pai, e ajude a dona Angélica a enfrentar esses dias que têm sido tão difíceis. Eu confio no seu poder e em seus propósitos e sei que já está entrando com providência. Obrigada desde já pela Vitória e salvação destas vidas. Te agradeço por tudo, em nome de Jesus, amém.
Saio do banho sentindo minhas forças renovadas. Pego a maleta de maquiagem que ganhei no ano passado do meu pai e faço uma leve camada clara no rosto para disfarçar as olheiras e a fisionomia de sono.
Hoje é um dia especial para o projeto "Um por todos e todos por um". Ana Júlia decidiu que seria bom fazer uma comemoração por todas as arrecadações que a ONG obteve neste mês e graças a estas o projeto pôde ajudar algumas famílias que estavam precisando de cestas básicas. No primeiro dia que estive presente e me apresentei para as diversas crianças e jovens que estavam lá senti uma felicidade sem igual. O projeto tem como base ajudar toda a comunidade trazendo aulas básicas e até assistências médicas para o local que é carente de meios financeiros.
Sinto-me realizada cada vez que coloco os pés naquele lugar. Cada abraço de alguém agradecendo algum benefício recebido da ONG é mais uma prova de que estamos no caminho certo.
Ethan e Sofia estão tão contentes por toda a mudança que tem me acontecido que a felicidade deles me contagia mesmo a quilômetros de distância. Ainda estou aprendendo a lidar apenas com ligações e chamadas de vídeos, mas assim que eu puder estarei fazendo uma visita a eles. Meus amigos e antigos companheiros de trabalho me ligam frequentemente, mas nunca é a mesma coisa, porém me contento em saber que todos estão felizes e saudáveis.
- Quer mais uma panqueca? - Lucas pergunta assim que me vê devorar três massas com chocolate por cima.
- Só mais uma por favor. - Respondo depois de tomar um gole do suco de maracujá que ele fez.
Quando eu sai do banho Louise estava dormindo outra vez e ele tinha feito o breakfast, como eles dizem naturalmente: Café da manhã.
- Você vai acabar saindo rolando. - Comenta ele.
- Ninguém te perguntou. - Dou língua enquanto sorrio.
- Mulher é um bichinho muito estranho.
- Você está tentando me irritar? - Pergunto percebendo sua intenção.
- Está funcionando? - Gargalho.
- Eu sabia! Mas sinto em lhe dizer que não. Não está funcionando. - Lucas bufa com minha resposta.
- Poxa, eu queria ver você irritada. É tão difícil. - Brinca ele mexendo com a panqueca em seu prato.
- Eu sou feliz e luto todos os dias para que os frutos do espírito reinem em mim. - Afirmo.
- Por isso que você é maravilhosa.
- Eu sei. Sempre soube disso. - Balanço os fios ruivos e sorrio convencida.
- Você está passando tempo demais comigo. - Lucas comenta e balança a cabeça.
- Só aceite que sou linda. - Mando beijinho enquanto levanto.
- Se essa é a sua autoestima na TPM, Deus tenha piedade de mim quando estiver normal. - Diz forçando uma tosse.
- Olha o respeito. - Reprico rindo enquanto pego minha bolsa.
- Espera. Vou te dar uma carona até a ONG. Depois vou treinar e resolver algumas coisas pendentes.
- Glória a Deus! Por isso que amo você, irmão. - Pego a bolsa sobre a cadeira.
- Para de mentira que eu sei que você me ama por causa da minha beleza e gostosura. - Gargalho e digo:
- Menos, Lucas. Bem menos.
- Aceite, água de salsicha. - Ele passa por mim e manda beijo. Dou risada e balanço a cabeça em negação.
Eu mereço!
(..)
- Obrigada pela carona. - Agradeço ao meu irmão.
- Para de formalidade.
- Isso se chama educação, querido. - Mando beijo e saio andando.
- Tchau, ruiva falsificada. - Dou risada e aceno com a mão vendo-o sair do acostamento.
Ando um pouco me aproximando do grande galpão que foi cedido para o projeto e adentro ao local sendo recebida pelo falatório e som de instrumentos musicais.
- Let! Ainda bem que você chegou! - Najú exclama abraçando-me de surpresa.
- Oi, maluquinha. Tudo bem? - Retribuo o abraço.
- Agora que você chegou sim. Vem, vou te levar em uma criança que quer te conhecer. - Assinto sendo arrastada por ela enquanto balanço a cabeça em cumprimento pelas pessoas que passam por mim.
Andamos um pouco até nos aproximarmos da sala de pintura aonde várias crianças, adolescentes, jovens e alguns adultos pintam com todos os objetos que foram doados para a instituição. Najú se aproxima de uma menina loira que têm os cabelos cheios de cachos e a abraça pelas costas assustando a pequena criança.
- Que susto, tia Najú! - Exclama deixando o pincel cair entre seus pés.
- Oh, meu amor, desculpa a tia maluquinha aqui. - Pede abaixando-se e pegando o objeto em mãos. - A tia trouxe alguém para você conhecer. - Comenta fazendo a menina virar na cadeira.
Observo seu olhar sobre mim e sorrio vendo a felicidade em suas íris amendoadas.
- Tudo bem, meu amor? - Pergunto à menina, vendo Najú sorrir de orelha a orelha.
- Sim, tia.
- Clarinha, a Letícia é aquela tia que eu te contei. - Diz baixando-se na altura da criança.
- Olha, não fui eu! - Brinco retirando um sorriso banguela de seu rosto.
- Let, você lembra daqueles medicamentos que trouxe na semana passada? - Assinto fixando o olhar no dela. - Então, a Clarinha foi uma das crianças beneficiadas com um dos antibióticos que você nos presenteou e hoje ela veio dizer que não está sentindo mais dor na hora de fazer xixi. - Diz baixando a voz e sussurrando "xixi" fazendo a menina sorrir e balançar a cabeça freneticamente.
- Muito obrigada, tia Let. - Sorri banguela e completa: - A senhora me ajudou e minha mãe ficou tão feliz que até prometeu que iria comigo na igreja. - Balanço a cabeça para espantar a emoção e sorrio para ela.
- Não agradeça a mim, mas sim a Deus. Foi Ele quem tocou em meu coração e me fez trazer todas aquelas coisas. - Ela assente e se levanta do pequeno banco de madeira improvisado vindo me abraçar. Abraço-a de volta sentindo o cheirinho de chocolate vindo de seus cabelos. Dou um beijo em sua bochecha farta e ela me retribui.
- A senhora parece mesmo com a Sereia Ariel. - Diz sentando-se outra vez.
- Quem disse isso? - Sorrio negando com a cabeça.
- A Teté. - Diz como se fosse o óbvio. Dou risada.
- Dona Angélica esteve aqui? - Pergunto depois que nos despedimos da menina e começamos a andar.
- Sim. Ela vem frequentemente. Esses dias ela têm vindo mais por causa da Ester. Vó Angélica tem feito de tudo para ela esquecer um pouco do irmão. - Assinto compreendendo.
- Já aconteceu outras vezes, não é? - Indago me referindo ao sumiço do Mattheus.
- Sim. Infelizmente teve uma época em que ele sumia todo mês. Tinha dado uma trégua, mas parece que era apenas ilusão.
- Vocês nunca souberam aonde ele ficava? - Questiono franzindo o cenho e olhando para os jovens jogando bola no campo improvisado.
- A gente não, mas seu irmão sim. - Diz levantando as sobrancelhas.
- E por que não foram atrás dele então? - Abro os braços inconformada.
- Você não conhece o Matt, Letícia. Nem ouse dizer que não lutamos por ele porque é o que fazemos por toda a nossa vida. - Profere com arrogância.
- Eu não insinuei nada. - Explico. - Me desculpa se dei a entender isso, mas entenda meu lado. Eu não sei como foram as coisas antes, mas estou vendo o sofrimento agora e se eu pudesse fazer algo para acabar com isso... Eu faria. - Esclareço.
- Eu sei. Desculpa pelo modo que falei, mas fazemos de tudo pelo Matt, só que a cada dia parece mais inútil. É como se nossos esforços fossem em vão. - Me emociono pela dor nas palavras dela e a abraço em resposta.
- Não se preocupe ele vai sair dessa. Tenha Fé. Estaremos juntos com ele para o que der e vier. - Sussurro no abraço abraço ela assente se afastando. - E não. Seus esforços nunca serão em vão. Deus sempre cuida de tudo e para todas as coisas existe um propósito. O tempo do Senhor está chegando.
- Amém. Agora chega de chororô! - Bate as mãos nas maçãs do rosto e dou risada. - Vamos administrar essa comemoração começando pela cozinha.
- Já têm cozinheiras lá?
- Sim! As irmãs da igreja estão a todo vapor fazendo estrogonofe. Por isso precisamos ir até lá.
- Ajudar? Então vamos. - Digo segurando em sua mão e a puxando.
- Não, Let. Vamos experimentar o almoço, afinal, é preciso ver se não está salgado para nossas crianças. - Dou risada entendendo o seu "experimentar".
- Claro, Najú fominha!
- Correção: Najú maluquinha, e tenha mais respeito pela psicologia do local por favor. Obrigada. De nada. - Dou risada e balanço a cabeça.
- Ainda bem que Deus está na frente de tudo, senão...
- Toma vergonha na sua cara, hein! - Gargalho e a puxo pela mão indo em direção a cozinha.
- Eu mereço você.
- Claro que merece essa beldade aqui.
- Se controla. - Digo vendo as crianças passarem pela gente e acenarem.
Que Deus me ajude com essa amiga.
(..)
A comemoração em prol de agradecimento pelas arrecadações nas últimas semanas foi divertida e tranquila. Realizamos oficinas de jogos como futebol, amarelinha, tricô, pinturas, artes e outras coisas. Conseguimos comprar alguns sacos de balas, pirulitos e jujubas dando como uma pequena lembrança para terminar de adoçar o dia de todos que estiveram conosco. Antes do almoço fizemos um grande círculo de oração em agradecimento a Deus por tudo que Ele tem feito por nossas vidas e pelo projeto "Um por todos e todos por um".
Depois de alimentados tivemos uma palestra sobre a saúde e algumas precauções que devemos manter, tais como vacinação em dia e uma alimentação saudável. Agora depois de quase todos terem ido para suas casas estamos terminando de juntar as últimas cadeiras que, segundo Ana Júlia, foi comprada a poucos meses.
- Agora acabou! - Afirma João, o rapaz que ajuda na manutenção do local.
- Até que enfim! - Digo me espreguiçando.
- O dia foi bem cheio, não é? Tinha meses que não enchia assim como hoje, não é, João? - Najú direciona o olhar para o moreno.
- Sim. Graças a Deus. - Foquei minha atenção ao lado de fora do galpão a partir do momento em que ouvi um barulho de moto... Devo estar ficando louca.
Najú e João continuam uma conversa que não consigo prestar atenção enquanto algumas outras pessoas terminam de arrumar os instrumentos emprestados da igreja que fornece assistência à ONG.
Caminho me afastando das pessoas e aproximando-me do portão de entrada. Chego na divisa de ferro sentindo o final do pôr do sol em meu rosto enquanto suspiro com o vento fresco que percorre.
Olho para frente contemplando uma moto estacionada e um corpo dentro de uma calça jeans e jaqueta de couro preta, andando em minha direção.
Não pode ser!
As lágrimas chegam em meus olhos de forma rápida e quando noto que verdadeiramente é ele quem se aproxima corro em sua direção sentindo as primeiras lágrimas escorrerem.
Bendita TPM!
Não me importo com o choro. Não dou ouvidos para a razão que demanda que devo parar, mas faço aquilo que tanto sinto vontade e me jogo em seus braços assim que nossos corpos estão pertos suficiente. Aspiro o perfume do seu pescoço e sorrio enquanto o choro ganha forças me arrancando soluços sofridos. Mattheus retribui rapidamente, mas logo me afasta e fixa seus olhos em meu rosto dizendo:
- Senti saudades. - Sussurra com a voz rouca e baixa.
A ficha do que está acontecendo cai sobre mim como chuva forte e dou-me conta do abraço que lhe dei.
O que eu fiz? Ele disse saudades?
(...)
"Pegue seu sorriso e transforme-o em uma arma letal contra os desafios diários, porque a alegria do Senhor é a nossa força e é com esse sorriso que podemos vencer os dias".
Thayla Fernanda
E aí, gente. Tudo bem?
Gostaram do capítulo? Vocês quase nunca respondem, mas pergunto mesmo assim. Hahaha.
Deixem seus comentários e votinhos do amor.
Beijos e fiquem com Deus!
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