Capítulo || 37

Fecho os olhos e respiro fundo, deitada em minha cama enquanto chacoalho o pés contra a parede, nervosa e patética. Descarrego a ansiedade acumulada em minhas unhas, anteriormente pintadas em um vermelho escarlate brilhante, agora, destruídas.

Apesar dos fones de ouvido em sua capacidade máxima, nada era capaz de afastar meus pensamentos, que sempre voltavam àquele maldito ponto.

Os últimos meses foram uma catastrófica explosão de sentimentos, e por mais que tentasse negar, sabia que estava apenas adiando o destino inevitável. Afinal de contas, assim como nos livros, sou a vilã odiosa que seduz o namorado da melhor amiga, então tinha plena consciência que meu grande milagre tardaria a chegar. Maldito equilíbrio cósmico.

- Alexa? - uma batida suave na porta interrompe meus pensamentos.

- Pode entrar, pai.

Suspiro audivelmente, atirando meu corpo na cama mais uma vez, esperando minha figura fraternal entrar, à espera do que viria a seguir. Estava acostumada o suficiente com nossa falta de diálogo, e sabia que a batida suave na porta junto da voz acusatória eram sinais.

Oh Deus, ele sabe.

- Sua cara te susto te entrega, minha rosinha. - tentei permanecer com a expressão neutra mas meu antigo apelido de infância faz seu papel em derreter meu coração. - Soube de algumas aventuras interessantes, quer me contar sobre?

- Eu nego! Parcialmente... - me embolo, mas tento recompor minha fala - Escuta, pai, vai mesmo acreditar nos fofoqueiros da sua equipe?

Para meu desespero, ele ri alto, deixando minhas habilidades de persuasão abaladas. Pressão não é uma incógnita que faz parte da minha equação, o que deixa minha mentira ainda mais fajuta.

- Ah, é? Então como pode explicar o rapaz dos olhinhos verdes curiosos lá na sala? Ele com certeza não sabe guardar segredo.

Meu coração para. Não sabia se focava meus sentimentos em odiar Noah por ser o tal fofoqueiro traidor ou se corria até seu encontro para enche-lo de tapas por demorar tanto.

- Eu... hum... explico mais tarde! - apresso minha saída em direção à porta, ocasionalmente checando meu reflexo nos espelhos do corredor.

Alguns passos e lá estava ele, sentado de um jeito desajeitado e batucando os dedos na perna, em uma melodia inédita. Dois meses foi tempo suficiente para que seus cabelos crescessem alguns centímetros, mas o tom de castanho com qual havia me acostumado ainda era o mesmo. Mesmos lábios, mesmos olhos, mas de alguma forma, Noah conseguiu exceder a expectativa de perfeição que tinha na memória. Milhares de pensamentos e ideias transcorriam acerca de Noah, sejam eles sórdidos ou não, no entanto, permanecia na exata posição de quando encontrei sua presença com o olhar, paralisada.

- Lexy... - seu rosto torna em minha direção, imediatamente iluminado.

- Oi, gatinho, tudo bem? - apelo a minha personalidade emergencial, que faz flertes e piadas estranhas, mas que era meu único recurso. Alexa Rose Fuller ainda estava impactada demais com a sucessão de eventos para se dar ao trabalho de aparecer.

O garoto a minha frente, em um súbito ato de coragem, levanta e permanece há míseros centímetros de meu rosto. Arregalo os olhos e empurro seu corpo, agora caído no sofá, confuso e desapontado. O susto pareceu servir para recobrar meus sentidos, antes totalmente embriagados pela presença de Noah.

- Desculpa, não quis ser invasivo, Alexa - sem que pudesse controlar, meu rosto toma uma expressão triste ao notar a falta de meu apelido.

- Não, não, pode parar. - com meu humor mudando rapidamente da mágoa para raiva, pego em sua mão e o arrasto até meu quarto, onde o mesmo permanece em silêncio após ser direcionado a minha cama. - Desculpa o empurrão. - sussurro, em um sorriso sem graça. - Mas você não pode me chamar de Alexa.

- Vou manter em mente, minha linda. - ele sorri, tomando uma de minhas mãos, mas com olhar ainda fixo em meu rosto, vermelho como as lascas de esmalte na cama em que estava sentado.

- Por Deus, Noah Urrea, eu juro que tento lidar com isso, mas com você aqui, assim.... não consigo! - ignoro o raciocínio lógico e parto para cima de seu corpo, que se estira na cama, dando-lhe o abraço apertado que não tive a chance desde que o mesmo chegara aqui.

O rapaz, preso ao meu aperto, parece apenas assustado de início, mas logo se rende ao carinho inesperado, retribuindo da mesma urgência ao contornar minha cintura com seus braços. Subo minhas mãos para suas costas, repousando-as sob a base de seu pescoço. Não resisto à posição favorável e cheiro seu cabelo, enquanto deposito beijinhos em sua nuca.

- Que macaquinha atrevida. Pular em mim não foi o suficiente? - noto seu sorriso, que se transforma em uma gargalhada ao inverter nossas posições e me prender entre suas pernas.

- Eu quero brincar de macaquinho também! - uma figura banguela e loira salta para cima conosco, expondo sua posição e esconderijo, o chão abaixo de minha cama.

O choque no rosto de Noah foi impagável, mas nada comparado ao seu grito de susto e rápida mudança de lugar, uma vez acima de meu busto, agarrado ao meu corpo. Ele olha para mim, em busca de resposta, ao mesmo tempo em que pega um travesseiro, cobrindo seu colo.

O olho em descrença, prestes a rir, exceto que sou gentil demais para não o fazer.

- Mas já? - mordo meus lábios, sufocando a risada.

O volume cômico ao meu lado serviu de excelente distração para que Lara, minha irmã caçula, quase saísse de fininho. Respiro fundo ao alcançá-la, em um olhar reprovador, embora temeroso. Sua apresentação a Noah deveria acontecer em algum momento, seja em nosso casamento ou agora.

- Noah, essa é a Lara, minha irmãzinha. Lara, esse é Noah, meu... amigo. Agora chispa daqui! Vai, vai! - dou tapinhas em suas costas, incentivando-a a sair. - E não se esconda mais no meu quarto, especialmente quando tenho visita. - e em um pulo, ela não está mais aqui.

Caminho até o garoto com olhar constrangido em minha cama, sorrindo ao sentar-me ao seu lado. Estar distante de seu calor não estava em consideração, por isso me aproximo, alcançando seu rosto com as pontas dos dedos.

- Nossa pequena situação já foi resolvida? - encaro seu rosto de forma sugestiva, descendo o olhar vagarosamente.

Com os olhos ainda fixos nos seus, retiro o travesseiro, subindo em seu colo e pressionando meu quadril contra o seu. Sinto sua respiração ríspida em meu nariz, enviando ondas de arrepio por todo meu corpo, em êxtase pela expectativa do que estava por vir.

- Pequena, Alexa?

•••

Surpresa!!!!!!!

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