Capítulo || 31
- EU NÃO GOSTO MAIS DE VOCÊ, OKAY? - grito para a garota aleatória da festa. - Eu não acredito que depois de todos esses anos, depois de toda nossa amizade, você destruiu tudo isso, e ainda por cima envolveu o Ricardo! VOCÊ NÃO TEM DIREITO DE PEGAR MEU PAPAGAIO, MEU PAI VAI TE DENUNCIAR! - termino, deixando lágrimas escorrerem livremente por meu rosto.
- Desculpa, eu te conheço?
Me recomponho e coloco um sorriso gigantesco nos lábios, orgulhosa por meu monólogo fantástico e a boa atuação do Ricardo, meu papagaio. Era tão gratificante ser reconhecida por algo que sou realmente boa.
- Ainda não, mas o mundo ainda lembrará de... - subo em uma cadeira, ficando acima para que todos pudessem contemplar. - ALEXA E O PAPAGAIO RICARDO! - falo em plenos pulmões. Não havia nenhuma desvantagem em nossa parceria, já que caso nada desse certo com a atuação, ainda poderíamos funcionar como dupla sertaneja.
As pessoas que estavam sóbrias e não haviam experimentado o suficiente do bolo de maconha do Taylor para se incomodaram, apenas me olham com uma expressão assustada e caminham para outro cômodo. Dou de ombros e desço da cadeira, fazendo carinho no Ricardo.
- Alícia!
Escondo Ricardo debaixo do meu cabelo e me viro em direção da voz. Coloco as mãos na cintura e olho indignada para a pessoa, desacreditada que alguém tivesse a capacidade de confundir meu nome depois da minha digna apresentação.
- Vamos brincar de body shot. Quer vir? - não consigui identificar ao certo com quem falava, mas em consideração à sua voz rouca, percebi que, assim como eu, estava completamente chapado, então não conseguiria matar alguém mesmo que tentasse.
Sorri e concordei. O que podia dar errado?
Meu estado mental não era um dos melhores. Sabia que haviam outros meios saudáveis de se resolver um problema, mas se eu tinha a oportunidade de beber para esquecer, por que recusaria?
- NOAH! VOCÊ VAI ADORAR ESSA BRINCADEIRA, MEU AMIGO! - Bailey se aproxima de mim, gritando de um jeito estranhamente alto, que em junção à bebida e à proximidade ao barulho, me faz cambalear de leve.
Estava pronto para uma caminhada de apenas alguns passos até onde a suposta brincadeira aconteceria, no entanto, um emaranhado de cabelos castanhos me cega completamente quando sua suposta dona pula em cima de mim.
- Minha nossa senhora da bicicletinha... - murmuro ao examinar com mais cuidado o rosto da pessoa que quase nos pôs ao chão. Por que essa garota precisa estar em todos os lugares? - Você tá bem? - pergunto levando em conta o estato duvidoso de Alexa.
- Eu conheço você, sua vadiazinha. - ela aponta para mim, com tom de raiva. - Você é o demônio que fica no canto do meu quarto durante uma paralisia do sono.
- Okay, não precisa mais responder. - uma risada baixa escapa, demonstrando mais do meu nervosismo do que graça - Não acha que essa festa... já deu o que tinha que dar?
- Não acho, e se me dá licença, eu vou participar de uma brincadeira extremamente divertida, porque eu sou adolescente e tenho apenas um ano para fazer mais merdas possíveis enquanto não sou totalmente responsável por elas. - ela profere as palavras como uma espécie de mantra. Talvez precise repeti-lo mais algumas vezes para si quando estiver encrencada eventualmente.
Palavrões definitivamente não faziam meu tipo, mas começava a admirar o estranho poder tranquilizador que elas transmitiam. Enterro meus dedos entre os fios de cabelo enquanto a vejo caminhar até a pequena roda de jovens, pessoas das quais não fazia ideia de quem eram, mas contanto que trouxessem o álcool, não eram barradas.
Penso por um instante sobre as milhares de possibilidades e caminhos que eu possivelmente tomaria que levariam ao desastre, mas por fim decido arriscar e em um suspiro, me junto à gritaria perto de um sofá.
Examino-os com mais cautela. Não. Eles não fariam isso. Não é?
Droga, com certeza fariam.
- Você precisa de um par para poder brincar, princesa. - ouço um trecho da conversa amigável que Lexy tinha com um dos rapazes que aparentava organizar o que aconteceria, mesmo que aquilo não exalasse nem um pouco de organização. Ela bufa frustrada, passando os olhos pelo local, e quando os para em mim, parece considerar a opção.
- Eu sou o namorado dela. - digo sem pensar direito em minha escolha de palavras, me posicionando ao lado de Lexy, que parecia igualmente confusa com o que eu acabara de falar, mas estava tão fora de si quanto eu, então não parece notar a intensidade que aquela frase significava.
- É. E vamos ser os primeiros. - ela diz com os braços cruzados diante do peito, como se o desafiasse a contrariá-la. Se ele fosse esperto o suficiente, não o faria.
- Vai em frente, amor. - o sorriso irônico no rosto do rapaz denunciava que seguir em frente era uma má ideia, mas mesmo sabendo o que estava por vir, decido jogar tudo para o alto e prosseguir. - Não precisa se preocupar, vamos apenas tomar tequila... no corpo de alguém. Acho melhor você se deitar.
Após certa relutância da parte de Alexia, a ouço suspirar, para então, se deitar no sofá que ocupava uma grande parte do cômodo, parecendo vacilar por um instante, mas sempre com sua característica postura confiante, como se nada no mundo pudesse a abalar.
- Nós não precisamos fazer isso se você não quiser...
- Está com medo? Eu posso arranjar outro parceiro, se quiser. - seu tom sarcástico me incomodava, mas não deixaria outra pessoa encostar nela, muito menos algum pervertido qualquer. Se era para ser feito, era melhor que eu mesmo o fizesse.
Assim que a tequila era despejada, lenta e aterrorizantemente, podia sentir os olhares queimarem sobre mim, como se me julgassem por estar naquela posição no momento. Vadia, definitivamente um dos adjetivos que mais escutei nos torturantes segundos. Deveriam concentrar mais criatividade em seus xinganentos, estava se tornando monótono.
Meu corpo tremia em ansiedade pela expectativa do que viria a seguir, me alertando pelas entrelinhas que deveria apenas correr para longe daquele lugar. Mas algo dentro de mim, uma pequena sensação, irradiava pelos meus sentidos, fazendo com que eu permanecesse imóvel onde estava. Essa parte, talvez não tão pequena quanto esperava que fosse, era a mesma que eu estupidamente decidia escutar quando estava com Noah.
Noah. Apenas percebo que meus olhos estavam vidrados em seu rosto quando sinto o toque dos seus dedos em meu braço. Se meu corpo antes estava descontrolado, agora meu coração parecia bater até mesmo na ponta dos meus pés.
Por mais que não apreciasse a constante eufórica que seu contato me causava, não me atrevo em afastá-lo ou quebrar o contato visual, mas quando sua boca começa a traçar caminho pelo meu umbigo, foi inevitável não suspirar e encarar o teto para me recompor.
Cada centímetro de pele exposta em minha barriga era preenchido pela sensação de sua língua quente percorrendo-a. Aos poucos sentia a tequila se esvaindo de meu corpo, assim como a minha sanidade. Por mais que tentasse negar, nunca seria capaz de me cansar de senti-lo em mim.
- Você devia me beijar logo. Isso é uma espécie de tortura. - suspiro, esperando que o arrependimento por tais palavras me atingisse, mas ele não veio em momento algum.
Quando seu rosto levanta, com um sorriso nos lábios, tento não reparar em como eles aparentavam estar mais rosados do que o habitual, o que não colaborava em nenhum quesito em meu auto-controle.
Sabia que há apenas algumas horas estávamos no meio de uma briga, por um motivo extremamente sério, mas toda a racionalidade parecia ter sido sugada de mim assim como a tequila. Por mais que me esforçasse, não conseguia lembrar de nenhuma razão para evitar Noah ou ficar irritada. Considerei como um sinal de que nada estava errado, ou se estava, não parecia ser ruim o suficiente, caso contrário, minha memória ao menos se preocuparia em guardar os fatos mínimos.
Tento evitar sorrir como uma idiota ao morder meus lábios com uma certa força, apesar de que meus atos pareciam não concordar com a parte racional do meu cérebro, já que simplesmente agarro seus cabelos e o puxo para mim, não me preocupando com a possível plateia. A urgência que ele me causava chegava a ser angustiante.
Ouvia risadas e algumas palavras sujas de encorajamento a medida em que as pessoas se afastavam ao notar que não iríamos nos afastar tão cedo. Estávamos em um lugar consideravelmente quieto, por isso julguei não haver problema algum caso decidissemos nos beijar. Eu poderia estar errada de maneiras catastróficas, mas não ligava para nada daquilo enquanto tivesse seus lábios pressionados contra os meus.
Minhas pernas se movem naturalmente para sua cintura, trazendo seu corpo para mais perto, de modo que não houvesse nenhum espaço restante entre nós.
Uma risada baixa preenche a pequena bolha na qual havíamos entrado quando nossos dentes se esbarram, nos dando tempo o bastante para pararmos o que fazíamos. Movo meu polegar para sua bochecha, fazendo carinho de leve, singelamente feliz ao encarar suas íris verdes, enquanto suas mãos ocupavam ambos os lados do meu rosto.
Fecho os olhos, cansada, e rodeio meus braços em torno suas costas, envolvendo-o em um abraço forte, de modo que pudesse ouvir as batidas relaxantes de seu coração. Não havia outro lugar no mundo onde desejava estar.
...
Depois de séculos eu voltei, espero que tenham gostado e me desculpem a demoraaa
MUITO MUITO MUITO MUITO OBRIGADA PELOS 20K!!!! eu amo todos vocês, de verdade, é tão gratificante saber que tem tanta gente que gosta das coisas estranhas que eu escrevo, eu nunca pensei que chegaria nem ao menos ao 1k nesse livro, então eu sou imensamente grata ❤❤❤
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