Bônus Joaley || 20

Reprimo um gemido ao me contorcer na cama, passando as mãos por meus olhos úmidos e retirando vestígios de lágrimas. A bolsa de água quente que colocara sobre minha barriga minutos atrás não conseguiu superar a dor da maneira que desejava, agora estava inutilmente jogada em um canto qualquer do quarto, em consequência da minha súbita raiva.

Ignorando todos os contras e focando no único pró, talvez esse tenha sido o momento certo para meu corpo decidir reagir, afinal, seria pior de maneiras catastróficas caso a dor decidisse aparecer ontem, em nosso último show. Mas em razão disso, perco um dia inteiro onde poderia estar fazendo algo certamente mais interessante. Nunca saio em vantagem, de toda forma, e agora tenho outro problema pra lidar: Bailey.

Tudo bem, ele tem se mostrado extremamente útil nesses últimos tempos, mas esse pequeno fato não descarta seus outros milhares defeitos.

Mal termino de reclamar mentalmente quando uma batida na porta me interrompe, ironicamente, levando a outra série de reclamações. Deduzo ser ele e penso em levantar para pegar o que precisava, ou seja, meu chocolate, mas um desconforto irritante me atinge quando coloco os pés fora da cama, então apenas peço para que entre.

- Eu trouxe o seu... Joalin? - ele muda drasticamente o rumo da fala ao ver a pequena careta que havia tomado conta da minha expressão há um tempo considerável. - Fui comprar chocolate pra você, e como não sabia qual era seu preferido, comprei... todos. - o garato dá um meio sorriso, mostrando a sacola que carregava consigo, que é logo depositada ao lado da cama. Após me examinar melhor, seu rosto assume um tom de preocupação. - Tá tudo bem?

- Não poderia estar melhor! - sorrio forçadamente, mas não consigo aparentar sinceridade o suficiente para convencê-lo a me deixar sozinha.

- Quer mais alguma coisa? Travesseiros? Comida ou água? Não acha que esses chocolates não vão alimentá-la direito? Eu posso dar um jeito e... - solto um grunido alto, o puxando pelo braço de maneira que ele sentasse na cama junto a mim, imediatamente fazendo Bailey ficar quieto

- Só preciso de silêncio, ok? Pode ficar aqui me encarando desse jeito assustador enquanto morro lentamente, não vejo problema algum com isso. - comento sarcasticamente, mas não consigo rir muito, pois uma pontada na barriga me faz parar. Droga de útero insolente.

- Eu posso só... te abraçar? Talvez se sinta melhor. - ele sugere, parecendo ansioso a julgar pelo tamborilar frenético de seus dedos na perna. Propositalmente ou não, Bailey franze as sobrancelhas e forma um biquinho fofo com os lábios, o golpe final para me derreter.

Suspiro, me dando por vencida.

- Tudo bem, mas não quero nenhuma gracinha! - o olho em forma de advertência, vendo o mesmo sorrir de maneira doce e se aproximar mais, invadindo o espaço que normalmente iria considerar seguro para uma simples conversa com Bailey, mas ele não parece se dar conta de nenhum aviso que trasmitia pelo olhar, ou apenas não se importa o suficiente para isso, pois apenas me envolve em seus braços com delicadeza e começa a acariciar minha barriga a mostra pela camiseta curta. Surpreendentemente, seu ato começa a surtir algum efeito depois de poucos minutos.

Então era isso precisava ter feito desde o começo? Pedir educadamente para que Bailey fizesse carinho em mim? Mesmo que fosse a única solução, essa seria a primeira e última vez que aconteceria. Com toda certeza.

- Parece que eles vão ir em uma festa hoje... - me reviro aos nossos amigos, olhando de relance para ele, que apenas permanece calado, esperando que eu continuasse.  - Pode ir se divertir, Bailey, eu sou excessivamente entediante em comparação à uma festa fantástica da Escócia. - digo tristemente. Queria ter a chance de ir, mas sabia que não ia ser possível.

- Você é tudo que eu preciso para um final de semana incrível. Acredite em mim, princesa. De fato, festas não conseguem se comparar com sua personalidade, mas só porque você ganharia sem nem se esforçar. - assim que vejo seu sorriso contido, desvio meu olhar para longe, em um ângulo que minhas bochechas queimadas de vergonha não estejam aparentes, mas ele segura meu queixo com delicadeza e relutante, o olho.

- Não precisa mentir para que eu me sinta especial. - encaro seus olhos com severidade.

- Eu nunca menti pra você, Joalin. - ele destaca suas palavras, me segurando com mais força em seus braços, mas ainda sentia que Bailey pensava que eu poderia quebrar com qualquer movimento brusco. - Na verdade, só uma vez. Lembra daquela roda gigante em Los Angeles? Eu disse que não sentia nada por você e depois te deixei sozinha. Eu sei, fui um grande imbecil por rejeitar alguém como você e ainda por cima contar a pior mentira da minha vida.

Sinto a rigidez de seus músculos quando ele pronuncia suas palavras, parecendo temer pela minha reação, que no momento não se encontrava como uma das melhores. A hesitação em sua voz era capaz de demonstrar coisas que sua fala não podia. Conseguia ler facilmente as entrelinhas de Bailey, e não sabia definir isso como algo bom ou ruim.

- Bailey, acho que... você deve ir embora. - ignorando um traço da dor que ainda me atormentava, empurro levemente seus braços e levanto, mexendo em um dos fios soltos da minha calça moletom, com desconforto evidente.

- Não! Eu cansei, Joalin, de verdade. - ele suspira alto, levantando também e ficando de frente para mim. - Eu aceito que não goste de mim, é difícil mas eu consigo superar, então só olha nos meus olhos e diz não sente nada por mim. É só dizer que eu nunca mais te procuto, deixo de te atormentar para sempre e não tento investir em absolutamente nada, eu juro. Mas por favor, não finja que eu não existo em um momento para depois demonstrar algum sentimento. Eu não aguento essa tortura de nunca saber o que quer de mim.

O encaro, estática pela determinação e dureza em sua voz. Não estava acostumada com aquele lado de Bailey.

Furiosa, caminho alguns passos em sua direção até estarmos separados por apenas míseros centímetros. Se isso fosse à segundos atrás, haveria pelo menos um metro de espaço entre nós, mas agora não me importava com nenhuma distância, queria somente deferir vários tapas em seu rosto irritantemente lindo.

- Então é isso que pensa sobre mim? Que sou uma vaca sem sentimentos? Sinceramente, Bailey, mas tem alguma ideia do que pode acontecer com a gente se prosseguissemos com essa loucura? Eu me preocupo com você, mais do que deveria, e não quero ser a responsável por destruir sua carreira. Então, se mesmo por um insignificante instante chegou a pensar que não gosto de você... - aponto o dedo em seu peito enquanto falo, fazendo com o que o mesmo recuasse até estar completamente encurralado na parede. - Reveja seus conceitos e pense um pouco sobre todas suas investidas fracassadas, talvez aprenda um pouco com elas.

Após isso, me viro de costas e o abandono, andando até o conforto da minha cama mais uma vez, provavelmente para chorar até que não haja mais lágrimas para isso, dando a deixa perfeita para que ele se desse conta que deveria ir embora.

- Não há fundamento algum em lutar por um amor destinado ao fracasso desde o início, Bailey. - acima de tudo, profiro para mim mesma, ainda sem coragem de olhá-lo. Precisava acabar com aqueles pensamentos estranhos de uma vez.

Mas não, ele não faz nada que meus pensamentos o obrigam em segredo, me xingar ou sair correndo daquele cômodo, o que poderia tornar o processo para esquecê-lo mais eficaz e rápido. E contrariando absolutamente todas as ordens que havia lhe dado, ele vem ao meu encontro em passos largos e faz o que menos esperava: Pressiona suas mãos em minha cintura e toca seus lábios nos meus, murmurando algumas palavras enquanto desliza sua língua contra a minha.

- Um amor só é um fracasso quando você acredita que seja.

...

Sem condições pra esse casal, gente AAAAAAAAA tá aí o tão esperado beijo rsrs

Só queria dizer que o próximo capítulo vai ter MUUUUUITA intriga, muita mesmo, essa festa vai dar o que falar, hein? Vou ficar quieta pra acabar não falando demais

(me desculpem se n tiver muito bom aaaaaaaaa)

Até o próximoooo ❣

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