Capítulo 53
3500 Palavras
Ajeito o cachecol em torno do meu pescoço, e escondo minhas mãos no bolso do meu sobretudo, caminhando pela calçada em passos discretos e olhar atento em tudo a minha volta, enquanto o ar gélido deste final de manhã passa por mim de forma que pode fazer qualquer um tremer.
Escuto uma música irritante tocando em uma loja próxima, pouco abafada pelos sons dos carros ou das pessoas que passam de um lado ao outro, distraídas em suas próprias coisas.
Faz algumas horas que estou caminhando pela cidade, procurando pela fonte da estranha presença que senti dias atrás, mas não encontrei nada que pudesse ser a origem daquela presença.
Antes densa e poderosa, se dissipou conforme me aproximei para investigar, e agora parece sequer ter existido, já que a única coisa que sou capaz de sentir nas proximidades são diversos humanos.
O que me preocupa é não saber ao certo o que pode ser, nem mesmo qual sua origem, se veio do Paraíso ou do Submundo. Nunca senti algo como aquilo, sei ser poderoso, não tanto quanto um anjo, mas ainda assim, algo parecia muito errado com aquela presença. Mas infelizmente não encontrei muitos vestígios que me levem a fonte de tudo isso.
Bufo em irritação, expelindo muito vapor de minha boca, que logo se dissipa, e alcanço meu Corvette, estacionado em uma rua um pouco mais calma, e sem demora entro no carro para voltar para casa.
Não dou a partida , encosto no banco e devagar, ergo meu olhar ao céu. Dentro do veículo que consegue me distanciar dos incessantes ruídos da cidade, começo a refletir.
Já se passaram cinco dias.
Ainda não encontrei quaisquer soluções para o problema que Mika e eu temos nas mãos.
Se decidirmos deixar a cidade e ir para longe, não irá adiantar. Certamente anjos da Legião serão enviados atrás de nós, tanto para me levar a uma punição ainda mais severa quanto para executar a ordem que Ka'Ruel lançou sobre mim.
Poderiamos ocultar nossas presenças e encontrar um novo lugar para viver disfarçados, mas dessa maneira, nunca poderíamos viver de fato. Qualquer passo fora da linha seria o bastante para atrair a atenção da Legião para nós.
Permanecer em casa também não é uma alternativa. Anjos sabem onde minha casa fica, não seria difícil me encontrarem ali, se já realizaram um ataque antes, nada impediria um novo. Além disso, oa juízes do Submundo também já alcançaram minha casa por duas vezes, eles sabem onde vivo e isso nos coloca em perigo.
Além disso, existe a possibilidade de nos escondermos no Abismo. Mika comentou mais detalhes sobre essa ideia, e disse também algo importante que Layla citou enquanto ainda estava em casa, nos esconder no Abismo nos tornará traidores do Paraíso automaticamente, e passaremos a ser caçados pelos demais anjos.
Essa simplesmente não é uma opção viável, aceitar isso será um ato de rebeldia tão grande contra o Paraíso e nossos irmãos anjos, que jamais poderemos entrar no Paraíso novamente. Perderemos não só nossas graças, mas também o lugar que um dia foi nosso lar, não teremos para onde ir após isso.
Compreendo e agradeço muito a boa intenção do Cara do Casaco para conosco e se propôs a ajudar, mas simplesmente não temos como aceitar ir para o Abismo. Não posso aceitar isso, Mika e Mel seriam colocadas em um perigo iminente no momento que entrarmos naquele lugar, um que não sei se posso protegê-las sozinho.
Me preocupa também que desde aquele dia Layla não entrou mais em contato conosco, sequer mandou alguma notícia. Mika não tenta esconder sua apreensão quanto a Layla e seu bem estar, além disso, ela também não sabe nada sobre Nick desde antes da nossa viagem. Mesmo eu não sei nada sobre ele desde aquele dia, e Mika não se sente confortável de retornar ao Submundo, seja pelo que aconteceu da última vez como por agora possuir a graça de um anjo em seu corpo.
Ele precisa saber o que está acontecendo, mas sequer sabemos onde ele está, nem como podemos entrar em contato.
Ergo a cabeça até tocar o encosto do banco, e levo uma mão sobre os olhos.
Não acredito na maneira como todos fomos colocados contra a parede por Ka'Ruel. Não gosto de admitir isso, mas não consigo encontrar qualquer solução, não sei o que fazer agora.
Me sinto completamente perdido e sem opções.
Senhor Hel'El, por que está permitindo que tudo isso ocorra? Nós quatro cometemos um crime tão grave?
Nosso pecado é mesmo tão grande?
Não consigo aceitar isso, Mika e eu nos gostamos e decidimos permanecer juntos, temos nossa filha e somos felizes. Layla e Nick se gostam, além de qualquer diferença que exista entre eles, além de suas origens antagônicas, eles se gostam em sinceridade e profundidade, mesmo que ainda estejam aprendendo sobre aquilo que sentem. Isso é tão errado?
Nós perturbamos tanto assim a ordem natural das coisas?
Algo chama minha atenção de repente, através da minha graça que se expande e se une a natureza, fluindo suave junto ao vento frio, consigo perceber algo estranho dentro da região da cidade, mas longe de onde estou. Trata-se de uma presença densa que surgiu de repente, algo poderoso e hostil, transmitindo uma energia agressiva e ardente que se expande através do ar e da terra, e não faz questão de tentar se ocultar.
Pelo intenso calor emanado que sinto através de minha graça, tenho certeza que essa presença é de um demônio.
Me concentro durante alguns segundos, focando toda minha atenção no que minha graça consegue distinguir através dos ventos frios, consigo definir aproximadamente a direção e a distância onde esse demônio está. Está no mais distante dos distritos satélites da cidade, o quarto distrito.
Não tenho tempo de voltar para casa e avisar a Mika sobre o que acabei de sentir. Talvez se o fizer, essa presença acabe desaparecendo, se tornando mais um problema entre tantos que já temos no momento. É melhor que eu vá resolver isso primeiro.
*****
As ruas desse distrito quase sempre são vazias, poucas foram as vezes que vi muitas pessoas caminhando por aqui, ou algo realmente acontecendo.
Passo dirigindo devagar, observando os muros cobertos de plantas que rodeiam as várias mansões deste lugar, todas com arquiteturas muito distintas entre si, tendo variados jardina, alguns simples tendo somente um gramado rente e outros com espaços cuidadosamente trabalhados, compondo uma região bela e muito calma, moldada pelas mãos humanas.
O quarto distrito é conhecido por todos na cidade como a região mais rica dentre todas. Todas as casas se resumem em ricas mansões, ou antigos casarões preservados passados de geração a geração dentro das famílias mais antigas e ricas, possuidoras de negócios dentro e fora da cidade, além de grandes e luxuosos hotéis construídos dentro de alguns desses maiores casarões, que sempre atraem turistas de ampla condição financeira.
Apesar de normalmente humanos mais ricos se hospedarem aqui, o quarto distrito é uma região da cidade que atrai todos os turistas, pois além das mansões que enchem seus olhos, de todos esse é o ponto mais alto dentro dos limites da cidade, repleto de muita natureza nas proximidades das mansões, e também tendo um mirante com vista panorâmica no pico mais alto do distrito.
A vista sempre tira o fôlego daqueles que o visitam, de um lado do mirante é possível enxergar cidades a bons quilômetros de distância e uma vastidão natural sem igual, além de um imenso lago ao horizonte. Se olhar ao outro lado, é possível ver parte do caminho que foi feito até ali, alguns dos hotéis, e dependendo do ponto que se olha, é até possível enxergar parte da cidade mais embaixo. Isso sem contar que, esse é o lugar mais próximo das nuvens, tem dias que alguns humanos até tem a sensação de poderem tocá-las de tão baixas que estão.
Mas mesmo os melhores lugares tem sua nuance ruim. E no quarto distrito, isso não é diferente, e é nessa região que estou entrando agora.
Existe um bairro em particular nesse quarto distrito, onde ninguém mais vive. Uma região abandonada por todos, e consumida pelo tempo, onde poderia dar origem a diversos contos de terror, capazes de assustar qualquer um.
Não sei ao certo o que houve aqui, mas já faz décadas desde que o último humano abandonou sua casa, nunca tendo voltado uma vez sequer. Agora, mansões que outrora foram belas e imponentes, decaem mais a cada dia. São cinzentas e sombrias, manchadas pelo tempo, marcadas pelo abandono que as reduzem a lugares vazios, tristes e silenciosos.
Um bairro desolado que poucos se atrevem a vir, seja pelo temor do que esse lugar esconde, como por já não haver mais nada aqui. E é aqui que o foco da presença que senti antes está mais forte. Indiscretamente mais forte.
Estou tenso. Tenho a plena certeza de que isso pode ser uma armadilha, o dono dessa presença parece querer que eu o perceba e vá até ele. A pergunta é, por que?
Passo por alguns dos casarões abandonados, até que alcanço um diferente. Apesar de abandonados, os decadentes casarões sempre mantém seus antigos portões fechados, sejam por correntes ou por grossas tábuas de madeira e lixo, mas o que vejo logo a frente está com seus portões abertos, e com um carro estacionado logo a frente.
Estaciono logo atrás e saio do meu carro, olhando com atenção o veículo à minha frente. Um Mercedes-benz SLR McLaren completamente preto levemente espelhado, e conforme me aproximo da porta em passos cuidadosos, tudo que vejo é o painel e os bancos, mas nenhum condutor, e então ergo meus olhos para o casarão.
O dono desse carro só pode estar ali dentro.
Avanço pelo portão, fitando que as portas duplas estão abertas, me concentrando se existe mais alguém aqui. Tento prestar atenção nos barulhos, sentir presenças ou qualquer movimentação anormal, mas não consigo perceber nada, não existe mais ninguém aqui.
Entro no casarão com o máximo de cautela e reprimo um resmungo ao ouvir o piso antigo rangir, que mesmo tendo sido baixo, ainda assim pode ser ouvi nesse silêncio sepulcral. Devagar continuo avançando, reparando no cheiro marcante de mofo e poeira presente no ar, noto também muitas manchas escuras presentes nas paredes envelhecidas e de tinta descascada, além disso, o ar aqui dentro é pesado e... Quente?
Não preciso procurar muito, pois percebo uma iluminação vinda por trás de uma porta mal encostada.
Aproximo-me devagar e tento espiar pela fresta, mas pouco consigo ver. Além disso, um odor diferente pode ser sentido no ar vindo deste cômodo, e um barulho que me faz imaginar ser de um copo – Ah, você finalmente chegou.
Me surpreendo por um instante ao ouvir essa voz familiar, e também por ser percebido.
- Sei que está aí. – Ouço dizer novamente – Estava à sua espera. Entre.
Com as costas da mão, empurro a porta devagar, que emite um ruidoso rangido até ser completamente aberta, revelando um cômodo estranhamente diferente do restante da casa. Um cômodo que está completamente revitalizado, tendo um chão claro lustrado, Uma estante de madeira ao canto, repleta com alguns livros, vasos e quadros que compõem uma estranha decoração, uma ampla mesa de escritório em frente a pesadas cortinas vermelhas entreabertas.
Sentado em uma ampla poltrona do outro lado da mesa, deixando um copo cheio de uma bebida de tom cobre e cubos de gelo, vejo um homem de cabelos brancos longos, vestido em um elegante terno negro, me observando com as mãos unidas frente ao peito.
Um dos três juízes, Minos.
Ele sorri de forma suave com os olhos cerrados, e tenho a certeza de que ele realmente aguardava minha chegada.
- É mais assustador do que dizem. – Ele soa cortês e calmo, e seu sorriso aumenta no canto de sua boca, enquanto eu permaneço no lugar. – Posso ver, está mesmo preparado para me matar.
- Queria que eu o encontrasse. – Digo direto e em pleno alerta, atento em cada pequena ação dele. – Por que?
- Queria que chegasse até mim, por isso propositalmente não ocultei minha presença. – Minos começa, tão calmo que chega a me preocupar – Tive vontade de conhecê-lo.
- Me conhecer? – Indago, olhando a sala com cautela por longos segundos, me certificando do que pode haver de errado com este lugar, e não me atrevendo a entrar. Mesmo que não sinta a presença de mais ninguém nesse lugar, não posso arriscar a uma ação imprudente, ainda mais quando se trata de outro juiz do Submundo.
- Sempre ouvi a seu respeito, sobre seus feitos. Klauss, o anjo da Lua Pálida, conhecido como aquele com a graça mais próxima a dos Arcanjos, que foi capaz de conter um dos três juízes sozinho e sempre eliminou a todos que se põem em seu caminho impiedosamente. – Ele alcança o copo novamente e o leva próximo a boca.
- Já me conheceu Minos. Agora, deixe a cidade! – Ordeno o encarando nos olhos, e cada vez mais posso sentir como o ambiente pesa.
- Aecos me alertou sobre sua pouca paciência. – Ele fecha seus olhos, dando um curto gole em sua bebida – Não se preocupe, não ficarei por muito tempo.
Recuo uma mão devagar, concentrando minha graça entre meus dedos e me preparando para desferir um ataque se necessário. Uma variante do que lancei contra os anjos, dezenas de centelhas luminosas que irão perfurar meu alvo e explodir em apenas um instante. – O que veio fazer aqui?
- Quanta agressividade. – Ouço uma voz feminina falar bem atrás de mim, e mãos envolvendo meu braço. Lanço meu olhar para trás e encontro uma mulher palida de sorriso maldoso em seus lábios vermelhos, longos cabelos negros e olhos dourados envoltos em malícia, utilizando um vestido vinho longo com vãos nas pernas e vincos entornando sua cintura e as barras do vestido e um grande decote, além disso ela usa uma blusa de pelos preta que vai só até o começo de sua cintura. – Minos está aqui somente para alertá-lo.
A surpresa faz com que eu cancele meu ataque, e a mulher solta meu braço, entrando na sala devagar e se sentando na lateral da mesa com uma cruzada de pernas lenta, e um olhar perfurante a mim. Seu sorriso se mostra sedutor e quase envolvente, capaz de atrair olhares para si, seu corpo é curvilíneo e sensual, e se porta como uma rainha. Ver isso faz meus instintos dispararem, sei que ela não é alguém normal, não consegui sentir sua presença antes, e mesmo agora a minha frente, é como se não estivesse aqui. Quem é essa mulher?
- Me alertar? – Questiono.
- Ah sim, uma traição está para acontecer muito em breve. – Minos torna a falar, olhando de soslaio para a mulher, e então voltando a mim – E envolve Mika.
- Como é? – Aperto os olhos na mais completa descrença que poderia haver em mim – Espera mesmo que eu acredite que um dos três juízes do submundo, veio me avisar de uma traição da Mika?
- Compreendo que não acredite em mim, não o julgo por isso. – Ele não muda sua feição, recostando na poltrona – Mas devo perguntar Klauss, como acha que Aecos e eu conseguimos chegar a sua casa? Como realmente conseguimos encontrar, apesar da barreira?
- Aecos seguiu meu rastro até encontrar minha casa, já você Minos... Quero saber como conseguiu nos encontrar. – Digo tenso, cruzando os braços na altura do peito.
- Tem certeza de que foi isso? – Minos volta seus olhos para a mulher, que está balançando uma de suas pernas no ar e brincando com uma mecha de seu cabelo negro entre os dedos. – Não achou estranho que após tanto tempo no mesmo lugar, só conseguimos alcançar sua morada justo agora, que existe uma serva do submundo vivendo com você?
- Está sugerindo que Mika entregou a localização de nossa casa a vocês demônios? – Questiono sem acreditar no que ele está dizendo.
- Oh não, não estou sugerindo nada. Estou afirmando. – Ele diz com a voz grave e perversa, e seu olhar cinzento se inflama – Não acha muita coincidência que Aecos e eu chegamos até sua casa? Nem acha estranho que tantos demônios caminharam livres em sua cidade, sem sofrerem em suas mãos? Deixe-me adivinhar, Mika escondeu sobre minha visita a ela, não é?
Não respondo. Não quero responder, tenho um péssimo pressentimento quanto a isso.
- Vou tomar seu silêncio como um sim. – Ele pronuncia com um riso debochado, e um ar maldoso começa a vir em meio a sua aura agressiva. – Então imagino que também não saiba o que fizemos enquanto estive lá. Gostaria de ouvir?
- Não acredito no que diz, Minos. – Respondo friamente.
- Gostaria de ouvir a maneira como toquei em Mika? Como a tomei para mim enquanto não estava presente? – Ele aumenta seu sorriso em um tom repulsivo que começa a inflamar minha irritação, meu corpo tensiona a cada palavra que ouço – Gostaria de saber como ela é saborosa?
- Quieto! – Ordeno balançando meu braço e apontando a ele, lançando uma rajada de vento envolta em minha graça com tanta força que abala todo este cômodo, lançando folhas ao alto e sacolejando as cortinas, e se impulsiona rapidamente até o Juiz.
O vento cortante passa por ele, que não desfaz seu sorriso nos primeiros segundos. Contudo um corte surge em sua pele, fazendo com que seu sorriso se desmanche e a surpresa tome conta de sua feição. E em uma nova intensidade, o juíz se coloca de pé em um ímpeto e protege o rosto com o braço.
Quando o vento finalmente cede, o silêncio que se segue até mesmo soa estranho, rompido unicamente pelos barulhos das folhas despencando do ar de volta ao chão. Minos recupera sua postura, não mais sorrindo como antes, e a mulher, que está com o rosto virado, apenas volta a me encarar, lançando seus cabelos agora bagunçados para trás.
- É tão forte como imaginei. – A mulher diz para si mesma com um riso divertido, batendo uma mão no vestido, tirando uma sujeira que somente ela pode ver.
Ignoro o que ela diz e me volto a Minos – Já estou cheio de tudo que disse. Os dois, vão embora agora, enquanto ainda tem chance. Esse é meu último aviso!
Minos segura seu riso – Acaso se lembra como Mika se comportou, quando a senhorita Raika tirou todos os limites de seus poderes? Notou como ela ficou diferente?
Dessa vez, sou eu quem fica surpreso, e não consigo sustentar o olhar, e me encontro pensativo. De fato Mika ficou diferente quando voltou do Submundo pela última vez, seu comportamento era outro, ela parecia outra pessoa.
- Ela se comportava assim comigo Klauss, e com muitos outros lá no Salão dos Prazeres, foi ótimo ter um anjo entre nós. E pela sua expressão, posso assumir que não sabia disso. – Minos demonstra estar se divertindo, e a maldade lasciva queima em seus olhos – Se tem dúvidas do que digo, pergunte para aquele amigo dela, Nick. Ele estava junto, irá confirmar.
- Como é, o Nick? – Consigo perguntar, quando balanço a cabeça negativamente e voltando a mim, não me deixando levar por suas palavras – Chega, você está tentando me enganar.
- Ouça o aviso que viemos dar a você Klauss, algo está sendo planejado e você é o alvo. Mika irá trair você em breve. – Ele diz, saindo detrás da mesa e oferecendo uma mão para que a mulher que o acompanha possa ficar de pé.
- E por que eu deveria confiar em você, Minos? Somos inimigos. – Questiono apertando os olhos, enquanto observo a mulher deixando a mesa e tocando o chão.
- Apesar de inimigos, Minos criou algum respeito por você e seus feitos, por isso aceitei que houvesse uma exceção. – A mulher diz, cruzando os braços em frente ao peito, e estranho suas palavras.
- Abrir uma exceção? – Paro por um instante, e decido perguntar o que esteve em meus pensamentos desde que essa mulher apareceu – Quem é você?
- Eu? – Sem descruzar os braços, ela toca o busto com a ponta dos dedos – Eu sou Raika, a soberana do submundo.
Meu corpo estremece quando ouço essas palavras. Ela é Raika?
Agora entendo os olhares de Minos e toda a maneira como trata ela. Não somente isso, o ar despreocupado e a postura imponente que ela carrega, isso explica tudo.
- Aconselho que ouça o que tenho a dizer Klauss. – Minos torna a falar, quando percebo presenças repentinas surgindo na cidade, algo que atrai minha atenção e meu olhar ao longe. Demônios, muitos deles acabaram de surgir na cidade, e logo Minos e Raika passam por mim – Uma traição irá acontecer, sugiro que tome cuidado com Mika.
Fico parado no lugar, observando os dois deixando este casarão em passos lentos, que se tornam tão distantes até desaparecer.
O cômodo ao meu redor começa a corroer aos poucos, assumindo uma aparência cinzenta e sem vida que imagino ser o real estado desse lugar, e então ouço o som do motor do carro, que começa a ficar distante.
Como as coisas puderam ficar assim? Primeiro a interferência do Paraíso, agora Minos e Raika vindo me alertar algo absurdo sobre Mika, e a presença de demônios entrando na cidade?
Isso tudo não pode estar acontecendo.
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