[4] Perdido em Alfather
Eu corri pelo extenso corredor do palácio mesmo sabendo que mais cedo ou mais tarde seria pego por um demônio, vários elfos ou um ciclope. Guardas mágicos me perseguiam e lançavam feitiços através de varinhas e mãos, mas eu desviava de todos, ou melhor quase todos...
De repente tudo em minha volta escureceu, eu corria mas não saia do lugar, uma risada maléfica soou por todo espaço acompanhado de eco, deixando-a mais alta e assustadora.
Aos poucos parei de correr, minhas pernas foram enfraquecendo até que não consegui mais me sustentar e caí de joelhos. O suor escorria por minhas têmporas e demais partes do meu corpo, o medo me consumia.
Morrer sabendo muito e nada ao mesmo tempo, seria esse o meu destino?
Algumas horas antes
Parado na barraca do burro voador, uma multidão começara a se formar nas laterais da praça do vilarejo, deixando uma estrada livre para a passagem de algo ou alguém. Aos poucos mais pessoas e criaturas iam se aglomerando em cada parte daquele lugar, mas quando retornei o olhar para perguntar o que estava acontecendo, o burro havia desaparecido.
Me aproximei o máximo que pude da barraca na esperança de que não pudessem me enxergar, o que era meio impossível já que eu era o único humano no meio daquelas criaturas mágicas.
Pensei em fechar a banca de seja lá o que ele vendesse, mas não havia uma placa para informar ou um aviso de "volto logo", então me contentei em somente rezar para ninguém aparecer.
Um chiado soou por todo o local, pude perceber que vinha de autos falantes pendurados nos postes de luz. Novamente o mesmo barulho iniciou-se, mas desta vez mais agudo e imediatamente toda a população tapou os ouvidos e reclamações eram feitas.
Uma voz cordial pigarreou através do aparelho e toda a praça ficou em silêncio.
— Atenção, súditos de Alfather! Sejam bem-vindos a mais um desfile anual do Clã de Moliuns, o Clã da Realeza para os mais leigos. — Toda a população aplaudiu animada. — O tema deste ano escolhido através do voto de vocês foi: A beleza através da magia. — Novamente toda a população aplaudiu e muitos comentaram sobre o tema escolhido.
— É uma pena que o tema "Feitiçaria Literária" não tenha ganhado. — Comentou um jovem rapaz, pouco próximo a barraca.
— Não há mais educação mágica neste reino, se Park Jimin estivesse aqui, estaríamos aprendendo feitiçaria de verdade. — Uma jovem menina ao lado do rapaz acrescentou.
Então Park Jimin era alguém importante para esse reino de criaturas. Além de insuportável, atrevido e agressor à moda, o bruxinho ainda é militante a favor da educação.
O que mais me intriga é a possibilidade do moreno ser da realeza ou apenas um tipo de filósofo sábio que pregava coisas que iam contra as regras do reino, apesar que educação mágica me parece importante para um bruxo.
— Silêncio, vocês sabem que não podemos comentar essas coisas por aqui. — Um centauro aproximou-se deles. — As gárgulas têm ouvidos.
Meu lado fofoqueiro necessita saber mais sobre tudo isso.
— Segundo o protocolo vinte e dois da folha oito, contido no Livro de Prata, segue as regras básicas do desfile:
1. Qualquer aproximação do Clã Real: decapitação. 2. Qualquer brincadeirinha indevida com feitiços no momento do desfile: decapitação. 3. Mantenham distância dos dragões caso não queiram morrer. 4. Descumprimento de regras: decapitação. — O homem do auto falante acrescentou.
Resumidamente, tudo o que fizessem durante o desfile — que não fosse respirar e declarar seu amor pela família real — era motivo de decapitação. Nunca vi nada tão desnecessário na minha vida.
— Moliuns entre magias e através de magia, venha a reinar! — Todos proclamaram em uníssono.
Um rugido feroz assustou algumas crianças que brincavam distraídas e pisadas fortes da criatura se aproximando faziam o chão tremer.
O dragão era enorme, sua pele era preta e escamosa, os olhos eram amarelos e esticados como os de um réptil, garras e chifres enormes rasgavam seu couro.
A criatura tinha um condutor em suas costas, aparentemente um bruxo que o controlava com magia. Parados no meio da estrada, o dragão cuspiu fogo em diversos formatos causando reações de surpresa e animação da população que o acompanhava.
Passei a vida toda lendo histórias que traziam toda essa fantasia até mim e agora estou vivendo minha própria fantasia, enxergando cada palavra dos livros bem diante dos meus olhos.
Me sinto maravilhado e assustado.
Se isso for obra daquele bruxinho, iremos discutir feio, mas quem sabe depois eu não o agradeço. Se ele não estivesse preso no espelho, lhe daria umas boas palmadas.
Logo após o primeiro, outros dragões — de diferentes cores e tamanhos — se aproximaram e repetiram o mesmo espetáculo.
Bruxos surgiram fazendo feitiços. O primeiro abriu um portal para o universo a partir de uma neblina cinza, o segundo transformou-se em objetos desde uma porta até uma agulha, caindo no chão e sumindo, onde apareceu metros depois repetindo o mesmo número de magia. Depois de todos desfilarem, gárgulas sobrevoaram a praça tocando trombetas anunciando a chegada da família real.
Uma grande carruagem preta e vermelha surgiu no final da estrada, cavalos feitos de fogo conduziam a mesma, sua estrutura era aberta e em cima dela estavam os membros da realeza.
O rapaz que carregava uma coroa preta de diamantes azuis em sua cabeça, acenava e sorria para a população. Ele era ruivo, os olhos roxos e trajava uma veste que transitava entre o preto e dourado, muito brilhante por sinal. Deduzi que ele fosse o rei.
Na carruagem havia em torno de oito pessoas e todos da família tinham a mesma extravagância, acredito que seja cultura do reino se vestir como os personagens de Alice no País das Maravilhas.
O restante da família não me chamou tanta atenção, até porque os mesmos não se comunicavam com a população, apenas entre si. Apenas uma mulher, um pouco mais velha, de nariz arrebitado e de coque bem feito com alguns fios caindo em seu rosto se mantinha ao lado do suposto rei e sussurrava coisas em seu ouvido a todo o momento.
Nem todos esboçaram o entusiasmo que havia no primeiro momento do desfile, sinal que esse reinado está na corda bamba e eu preciso saber o porquê.
Na verdade, eu não preciso saber de porra nenhuma, a única coisa que devo descobrir é como sair desse lugar. E eu facilmente procuraria por isso se eu não tivesse sentido olhos queimando sobre mim, antes de tomar qualquer decisão. Para a minha desgraça vinha da carruagem e justamente do ruivinho bonito.
De acordo com os meus conhecimentos de livros, bruxos possuem poderes e escalas diferentes de força, logo o rei domina algo que vai além do que as pessoas aqui presentes possuem.
Tomei no meu cu de graça.
— Se eu fosse você, eu corria. — O burro havia aparecido novamente.
— Que susto, porra! — Dei um sobressalto com a presença do mesmo.
— Ele vai te caçar, os humanos que entram aqui não saem... — O burro encarava o rei. — Vivos. — Completou.
Uma brisa gelada passou no instante em que ele disse. Será que eu posso ir à igreja agora?
— Você pode me tirar daqui? — Disse com a esperança de que ainda houvesse saída.
— Não. — Puta que pariu. — Mas o ancião na torre do castelo, sim. — Graças a Deus.
— Certo, mas como chego até ele?
— Você precisa se infiltrar, infelizmente, por ser humano será um pouco difícil, mas quem sabe você não consiga entrar como aluno da Escola Alfather II. — O burro apoiou as patas no balcão. — Eles são um dos últimos a desfilar e logo entram para o castelo novamente. Todos são jovens como você, então será fácil passar despercebido, exceto por seu cheiro humanoide. — Explicou.
— O que devo fazer quanto a isso?
— Não sei, humano. Não tenho todas as respostas — Suspirei.
O burro pareceu pensativo por um momento e logo suspirou abaixando-se para dentro de sua banca.
— Tome essa poção. — Pôs no balcão um vidro pequeno com um líquido laranja. — Você tem oito horas até o efeito passar, use-as com sabedoria.
— Por que está me ajudando? — Peguei o pote em mãos e analisei.
— Você não é o primeiro, mas será o último. — O burro sorriu e piscou para mim. — Bom, até mais humano. Tenho algumas entregas mágicas para fazer.
— Uma última pergunta. — O burro suspirou e revirou os olhos.
— Sim?
— Sua barraca ainda estará aqui, caso nada dê certo, né? — O burro me fitou neutro.
— Vai dar certo. — A criatura disse.
Então bebi o líquido e saí rumo em direção a concentração inicial do desfile.
Saí andando em meio a multidão me sentindo meio zonzo. O burro não havia mencionado sobre efeitos colaterais, que ódio desse irresponsável.
Mesmo cambaleando, segui rumo ao final da vila principal, esbarrando desastrosamente em bruxos, centauros, fadas, tantas criaturas que perdi a conta.
O espaço que encontrei estava lotado de tendas onde as criaturas estavam se arrumando, e no meio de várias eu só precisava de uma. Em meio a tontura da poção, cabelei até um aglomerado de jovens para pedir informação, contudo, nenhuma palavra foi dita porque desmaiei assim que me aproximei deles.
Acordei sentindo abaixo de mim um acolchoado de sofá, mais especificamente do meu sofá, essa é a confirmação de que eu estava sob efeito de uma droga pesada.
— Ele está acordando. — Disse o borrão que estava em minha frente.
Meus sentidos foram retornando e o rapaz que estava em minha frente ganhou fisionomia. Ele tinha os cabelos pretos caindo na altura dos olhos, a pele bem alva e boca carnuda. Era como um ator de novela. Ao seu lado surgiram mais dois rapazes, um mais alto e outro mais forte, ambos tinham uma beleza surreal assim como o ator de novela, seus traços seriam considerados estrangeiros se estivéssemos na Coréia.
— Olá, eu sou Jinyoung. — O moreno sorriu. — Os rapazes ao meu lado se chamam Mark e Jackson, você caiu na frente deles quando se aproximou de nossa tenda.
— Oh sim, eu sou o Jungkook... — Me levantei com dificuldade e Jinyoung me ajudou a sentar.
Eu não estava em meu sofá, muito menos na minha casa. Ainda estava naquele lugar com um plano a cumprir e menos de oito horas até o feitiço acabar. Agora me diga, como é que o burro me dá um feitiço de oito horas sabendo que metade disso eu iria passar dormindo.
Isso só se vê em Alfather.
— Eu estava a caminho para encontrá-los mas me senti mal no meio da multidão, eram muitos feitiços e gritaria. — Menti na cara dura, a partir de agora teria de encarar seriamente o meu papel de bruxinho iniciante.
— Então você irá participar do desfile conosco? — Jackson disse animado.
— Estranho, eu nunca o vi nas aulas ou pelo palácio real. — Dessa vez quem disse foi Jinyoung, franzindo o cenho.
— Eu sou um estudante transferido, cheguei nos preparativos para o desfile e como todos estavam ocupados, fiz poucos amigos. — Sorri amarelo.
Torcia para que os mesmos se sentissem convencidos e que não me fizessem mais perguntas, caso contrário, tudo o que foi planejado iria por água abaixo antes mesmo de acontecer. Por sorte, antes mesmo de qualquer desconfiança, um dos amigos de Mark anunciou que seríamos os próximos a entrar em cena e que já deveríamos estar vestidos.
Todos se ocuparam em vestir seu uniforme, acabei pegando um dos que estavam pendurados em um guarda-roupa de madeira do qual eu compraria, sem dúvidas, apenas pelos desenhos bem feitos e alinhados na madeira.
Certo, isso não é hora do meu lado idoso aparecer.
Analisei o traje e foi um dos uniformes mais bonitos que eu já vi na vida, caiu como luva em mim. Não era como uma armadura prateada de cavaleiros medievais, havia uma blusa de seda preta transparente com pontos brilhantes, desenhos de rosas e um laço junto a mesma que amarrava no pescoço, a calça e o casaco eram da mesma cor e ambos possuíam o símbolo do clã real bordado de dourado.
Já vestido — e muito elegante por sinal — me infiltrei junto aos outros alunos, me mantive o mais próximo de Jinyoung, Mark e Jackson. Assim, ficaria evidente que sou apenas mais um aluno entre os outros. Porém, eu esqueci a parte mais importante do desfile: a magia.
Aparentemente todos ali tinham seus grupos definidos e preparados para o espetáculo diante da população.
— Ei, Jinyoung. — Ele se virou para mim e pôs-se a ouvir. — Eu não pude treinar nenhuma magia. O que faço agora? — Disse de forma sincera. Eu nem era um bruxo para começo de conversa.
— Fique tranquilo, eu também não sei nada, mas não se preocupe. Por sorte, você está no grupo em que apenas marchamos e gritamos a favor do reino. — Gesticulou com as mãos, entusiasmado. — Apenas grite: Moliuns entre magias e através de magia, venha a reinar.
E assim eu o fiz até o final do percurso.
O grupo da frente era composto pelos veteranos que realizavam feitiços e malabarismos alegrando toda a população. Logo atrás vínhamos os calouros, sendo alvos de aplausos e de sorrisos de famílias orgulhosas na beira da estrada que aguardavam ansiosamente a aparição de seus filhos.
Avistando a proximidade do castelo, repassei todo o plano em minha cabeça. Primeiro, dar uma desculpa esfarrapada de que preciso ir à torre, talvez eu consiga alguma informação de como chegar nela. Segundo, explicar ao velho minha história de superação e torcer para voltar para casa.
Havia em torno de dez guardas cobrindo toda a estrutura externa do palácio, eles carregavam cetros prateados com uma bola mágica roxa em sua ponta e mantinham uma pose séria. Quando chegamos em frente dos grandes portões preto, uma trava foi desativada liberando a passagem de todos os trainees. Felizmente, não havia fiscalização então pude entrar sem dificuldades.
O palácio era imenso, do lado de fora havia um espaçoso jardim que não se via fim com belíssimas flores, um chafariz onde sua estátua central formava o símbolo do clã real e uma enorme escada que levava ao salão central. Não posso esquecer que estou em um lugar mágico, salas, corredores e chão falsos podem existir no intuito de pegar intrusos como eu.
— Pessoal, eu preciso ir até a torre conversar rapidamente com o ancião. — Jinyoung, Mark e Jackson me fitaram sério e logo depois caíram na gargalhada.
— Eu não sabia que você era tão engraçado, Jungkook. — Jackson limpou as lágrimas acumuladas no canto dos olhos.
— Ninguém chega perto da torre, nem mesmo a própria família real. — Disse Mark.
— Só se aproximam aqueles que são chamados. Aqueles que se aproximam sem permissão morrem no meio do caminho com armadilhas. — Jinyoung explicou.
Não é possível que eu vou ficar preso nessa porra, mas nem fodendo.
— Certo, então não me ousarei a subir até lá, tirarei minhas dúvidas com outros mentores. — Sorri amarelo.
Os meninos concordaram e partiram para seus dormitórios. É claro que como um bom intruso, fiz tudo ao contrário do que foi dito. Subi as escadas do salão principal, mas antes que eu pudesse pisar os pés no mesmo, os guardas me pararam.
— Necessito saber para onde o senhor irá e se possui autorização. — Disse um dos guardas.
— Bem... — Pensa, Jungkook. Pensa. — Uma das mentoras solicitou que eu a encontrasse para indicar alguns livros para meus colegas, acredito que ela não tenha lhes informado por causa da correria do desfile. — Sorri amarelo.
Os dois guardas se entreolharam, o suor frio escorria por minhas têmporas e mãos.
— Certo, mas volte logo. — Recolheram o cetro que impedia minha passagem.
Dez mil cairão à tua direita, dez mil à tua esquerda, mas tu não serás atingido por nenhum cetro mágico.
Isso vai virar meu novo mantra, vou tatuar nas costas.
Apressei os passos pelo extenso salão e me enfiei no primeiro corredor que encontrei. Estava vazio e no final do mesmo havia uma escada que levava ao provável segundo andar. Eu seria eternamente feliz se encontrasse um elevador que me levasse direto à torre, mas a vida do intruso não é fácil.
Subi os primeiros degraus com bastante rapidez e disposição, entretanto, na terceira sequência eu já me encontrava ofegante e cansado. Nem todos possuem histórico de atleta, não é mesmo.
A escada parecia não ter fim.
Foi aí que eu parei e tentei raciocinar, procurando algo que poderia ter passado despercebido e cheguei a conclusão que não havia corrimão, e qualquer palácio principalmente onde há idosos e crianças possui um.
Apesar de não entender bem sobre magia, sou formado em alguns livros e me lembro de ter lido uma vez sobre uma casa mágica que tinha um cômodo flutuante e falso. Ele era embutido na casa, mas não totalmente conectado aos outros cômodos e era usado para passar a impressão de que você chegaria a algum lugar.
Não era possível voltar, mas sim se jogar contra a parede do mesmo, para quebrar aquele ciclo. Entretanto, eu teria muita sorte se não caísse em um buraco e como tenho menos de quatro horas até o feitiço acabar, todo risco é válido.
Respirei fundo e toquei por todas as paredes até sentir flacidez em alguma delas, minha lógica era: se mexer como gelatina provavelmente é um portal. E funcionou, porque no mesmo instante encontrei-a e fechando os olhos me lancei contra a mesma.
No começo, fiquei um pouco grudado, mas me debatendo como um peixe fora d' água, consegui sair. Contudo, a parte mais assustadora estava por vir, saber se havia ou não um cômodo por trás daquilo.
E foi aí que eu fechei os olhos e saí da mesma. O coração acelerado, deixei até mesmo uma lágrima escapar, mas a sensação de alívio me alcançou quando senti meu corpo bater contra uma estrutura macia, uma cama.
Por alguns segundos me permiti fechar os olhos e respirar fundo, mas logo me levantei com disposição para chegar na torre. Atravessei até o corredor me escondendo de qualquer movimentação que pudesse me pegar de surpresa.
Até que vozes se aproximaram do mesmo e eu entrei no primeiro armário que encontrei, me escondendo ali.
— Muitos súditos não aprovaram o tema do desfile anual, Senhor. — Disse uma das vozes.
— Eles nunca irão aprovar nada do que eu fizer, talvez Park Jimin tenha feito um feitiço para que nunca se esquecessem dele. — Suspirou frustrado. — Isso precisa ter um fim. — Aquele que deveria ser seu superior, falava.
Me posicionei perto da porta do armário, tentando enxergar quem eram aqueles que falavam, quando de repente a porta do armário se abriu e eu caí de cara no chão.
Era impossível passar despercebido dessa vez.
Levantei rapidamente e encarei-os, havia o ruivo do clã real que estava presente no desfile e um de seus serviçais do qual não dei importância, ambos pareciam assimilar a situação e a minha presença. E é claro que minha única reação de imediato foi correr... correr como se minha vida dependesse disso, e realmente depende.
E foi aqui que eu entrei no mais completo caos.
Morrer sabendo muito e nada ao mesmo tempo, seria esse o meu destino?
— Park Jimin não cansa de enviar vocês? — A voz surgiu.
— Apenas me deixe sair desse mundo, por favor. — Implorei. Eu não queria estar nas mãos do ruivo ou de qualquer outra pessoa ali, só queria viver em paz.
— Disso não tenha dúvidas, você com certeza voltará para seu mundo medíocre. — A voz do ruivo ficava cada vez mais próxima, eu sentia sua presença por toda a escuridão do corredor, era como se o ar estivesse mais pesado e me sufocando.
Senti fisgadas na altura da costela acompanhada de uma dor tão intensa, que por um segundo me imaginei como um boneco nas mãos de um grande monstro, onde ele me esmagava até ter cada pedacinho meu na palma de suas mãos.
Cadê a parte da história que eu descubro ser filho de um bruxo poderoso e consigo reverter toda a magia do cabelo de salsicha?!
— CONTRA MOLIUNS. — O local iluminou-se, um raio de luz vermelho passou diante de meus olhos e eu caí no chão tentando recuperar todo ar, que devido ao feitiço, havia perdido.
Mesmo com a visão turva, pude ver a cabeleira ruiva do rei junto ao seu corpo jogados do outro lado do corredor. Aproximou-se de mim três silhuetas que não consegui identificar e uma delas acenava diante dos meus olhos, mas eu estava muito fraco para corresponder e minha última sensação foi de meu corpo sendo carregado antes de apagar novamente.
Eu não costumo sonhar, mas depois de ter apagado pela milésima vez naquele mundo esquisito, eu sonhei com minha mãe, ou melhor, vivi novamente umas das últimas memórias que tive com ela antes daquilo acontecer.
Chegando do colégio naquela tarde, senti o cheiro dos seus deliciosos biscoitos e levado pelo aroma adocicado fui de encontro a mesma. Na cozinha, mamãe retirava do forno a sua primeira formada do dia. Ela me olhou carinhosamente, aproximou-se e depositou um singelo beijo em minha testa. Depois de lavar as mãos, sentei no balcão e comi alguns biscoitos ao mesmo em que contava sobre meu dia, e ela me observava atentamente com seu olhar meigo e brilhante.
— Ele está acordando. — Uma voz madura anunciou.
Abri meus olhos, a luz agredia um pouco minha visão. Eu estava deitado sob uma mesa de pedra, ao menos não estava amarrado, caso contrário seria um susto ainda maior. Em minha frente estavam Jinyoung, Mark e Jackson, e logo abaixo, bem abaixo mesmo, um velhinho que me era familiar, mas não conseguia identificar de onde.
— Como não temos muito tempo, Jungkook. — Jinyoung começou. — Tudo o que precisa saber é que te salvamos porque sentimos algo diferente em você e sinto que vamos nos ver novamente. — Sorriu e piscou para mim.
— O ancião irá te conduzir para seu mundo. Até mais, Jungkook. — Dessa vez quem disse foi o Jackson.
Mark apenas sorriu com as bochechas e acenou timidamente com a mão.
São muitas informações para quem acabou de acordar, preciso anotá-las quando voltar para casa. E eu percebi que dormi mais vezes aqui do que no mundo humanóide. Quando eu quiser regular o sono, pedirei ao Jimin para lançar um feitiço desses em mim.
O ancião por sua vez se aproximou, ajudou-me a levantar e me direcionou até a frente de três espelhos, um posicionado em minha frente e os outros inclinados para a diagonal. Encarei o meu reflexo bonito e saudável, mas senti um vazio muito grande, faltava algo.
— Menino Jeon, dizem que o olhar é o espelho da alma, certo? — Concordei acenando a cabeça. — Então você vai olhar profundamente para o reflexo dos seus olhos e dentro deles encontrará o lugar que sua alma quer estar no momento. — O ancião explicou. — Conecte-se com a sua alma.
E assim eu o fiz, olhei profundamente para meu reflexo e pensei em lugares que gostaria de estar. Diversas possibilidades rodavam a minha mente, mas parei em Taehyung, eu realmente queria ver meu amigo e abraçá-lo naquele momento.
Meus olhos brilharam da cor de uma esmeralda, talvez tão forte quanto e meu reflexo tornou-se distorcido com ondas quase imperceptíveis no centro do espelho.
— Entre, Jeon e até qualquer dia. — O bruxo mais velho disse.
Obedeci o mesmo e atravessei o espelho. No exato momento em que me teletransportei, saí em frente a casa de Taehyung, por sorte a rua estava calma e avistei o ruivo voltando de sua caminhada matinal. Sinal que estava relativamente cedo para visitá-lo, então terei de arrumar uma desculpa rapidamente.
— Jungkook? É você mesmo? — Taehyung correu e me abraçou. Retribui o abraço, deitando minha cabeça em seu ombro recebendo um pequeno cafuné.
— Eu precisava vir para a cidade por causa daquela reunião com o meu pai, lembra? — Soou abafado por conta do abraço. — Decidi ficar aqui enquanto isso, tudo bem por você? — O ruivo assentiu várias vezes empolgado e eu sorri genuinamente.
— Venha, vamos entrar.
Eu não quero encontrar Jimin sem antes organizar minhas idéias. Preciso escrever tudo com os mínimos detalhes, encontrar Seokjin e solicitar a tradução do livro, e decidir se levo tudo adiante e o ajudo-o.
No final de tudo, consegui retornar de Alfather sem o pior dos castigos: ser decapitado.
⊱✙⊰
[Caixinha para depositar a sua opinião/teoria sobre o capítulo ou a fanfic]
Não foi dessa vez que o bolão deu certo, o jk quase foi com deus mas sobreviveu e ele virou a própria bela adormecida nesse capítulo.
Gente, momento sonhador aqui com vocês: meu sonho é que ADE se torne um livro um dia.
Eu particularmente acho uma história muito boa, não porque sou eu que escrevo, meu deus eu não sei explicar.
Agora a fanfic possuí uma hashtag no twitter, e é: #BruxinhoDeAlfather, comentem bastante lá e me sigam também, meu user é @/hhosoks.
E feliz ano novo, minha gente! Que em 2022 possamos ser mais felizes e saudáveis. 💜
Enfim, não se esqueçam de votar, se cuidem, um beijão na boca e até a próxima!🌷
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