Laura Miller

- Eu odeio mudanças – bufou – Eu odeio que as coisas fiquem todas desorganizadas e que leve uma vida para arrumar tudo em seu devido lugar – reclamou Vivian minha melhor amiga que dividiria um apartamento comigo em Nova York.

Ela era totalmente contra bagunça e desorganização.

Uma pessoa realmente chata e definitivamente estranha, eu costumava dizer que ela obsessiva pela arrumação, que tinha TOC, e ela sempre retrucava dizendo que eu era muito bagunceira por isso achava que ela tinha algum problema.

- E você acha que eu gosto de arrumar tudo isso? – questionei – Mas é um mal necessário.

As reclamações cessaram-se, o silencio preencheu o espaço e nós nos concentramos em organizar o apartamento para terminar o mais rápido possível. Apesar de todos os resmungos as coisas não estavam tão difíceis, foi especificado em cada caixa o cômodo que os objetos seriam destinados.

Dividimos o trabalho eu arrumava nossa nova cozinha que tinha um tamanho razoável enquanto Vivian se encarregava de arrumar a sala.

O apartamento era bem conservado na Union Square um bairro tranquilo que ficava próximo de quase todos os pontos principais da cidade, mais era um bairro modesto nada lá era muito luxuoso, porém se fosse pelos meus pais eu estaria vivendo em um apartamento na Quinta avenida e não trabalharia tão cedo.

Pra mim, era o momento de aprender a me virar sozinha, ganhar meu próprio dinheiro, pagar minha contas e trabalhar duro para conquistar coisas minhas. Então decidi aceitar uma proposta de emprego em Nova York e dividir o aluguel com uma amiga, já que os preços estavam exorbitantes!

Meu novo lar tinha dois quartos e apenas um era uma suíte que mais tarde decidiríamos quem se hospedaria lá.

A cozinha não é muito grande mais era bem equipada e confortáve, a sala de estar também não era das maiores mais no momento estávamos satisfeitas.

As paredes eram todas brancas, o que era ótimo já que o proprietário disse que poderíamos pinta-las e adaptar o apartamento com as cores e a decoração conforme nossas preferências.

Eu não acho que eu não conseguia me sentir mais feliz e livre ao mesmo tempo, porque agora eu era oficialmente uma mulher independente, não tenho que pestar contas para ninguém.

Quase concluímos a nossa arrumação depois de algumas horas, quando eu escutei meu estomago roncar.

  Eu definitivamente estava morrendo de fome,  foi um longo perído sem comer alguma coisa. Parei de o que estava fazendo e fui procurar Vivian.

- Vi o que você acha da gente pedir uma pizza? – ela olhou para mim com uma expressão pensativa.

- Eu tenho uma ideia melhor – ela disse sorrindo – O que você acha da gente sair pra comer assim a gente já vai se familiarizando com nosso bairro?

- Por mim tudo bem, desde que a gente encontre o mais rápido possível um bom lugar pra almoçar, porque estou tão faminta que poderia comer um boi – meu estomago roncou assim que eu falei boi, nós caímos na gargalhada, mas sério isso foi muito estranho parece que meu estomago ganhou vida própria e estava reclamando da minha má alimentação e meus hábitos nada saudáveis. Tranquei o apartamento e seguimos para o elevado.

Fizemos o nosso caminho pelas ruas daquela cidade incrível, acredito que não havia como eu ama-la mais.

Encontramos um restaurante italiano que parecia ter uma boa comida e meu estomago pereceu concordar comigo, uma vez que ele voltou a roncar.

Nos acomodamos em uma mesa de dois lugares no canto do restaurante, que tina decoração mais rústica que  me remetiaa casa de uma família italiana, algumas paredes eram da cor creme, e outras era bordô, as mesas e cadeiras de madeira envernizada e havia também várias fotos que retratavam Toscana.

- Gostei desse lugar – Disse Vivian apreciando o lugar – Espero que a comida seja tão boa quanto o ambiente.

Minutos depois de nossa chegada o garçom nos entregou o cardápio, eu fiquei em duvida, pois eram varias opções, mas por fim decido comer um filé de frango a parmegiana e a Vivian optou por um fettuccine.

A  comida era realmente saborosa, conseguiu superar todas a expectativas, eu poderia até falar que era ainda melhor que a decoração.

Vivian e eu concordamos que de agora e diante esse definitivamente seria ser nosso restaurante favorito e que pelo menos uma vez por semana farímos uma refeição ali.

Aproveitamos o lugar mais um pouco antes de pagar a conta e ir para casa.

- Laura o que você acha da aproveitar o fim de semana agora que as coisas estão mais sossegadas pra você – ela me olhou de uma maneira inocente.

- O que você sugere?- arquiei minha sobrancelha questionando-a, mesmo prevendo o que ela ia falar.

Vivian sempre foi muito festeira e mesmo na faculdade, quando as coisas estavam difíceis ou havia um problema a ser resolvido, nenhum desses obstáculos  foram suficiente para fazê-la ficar em casa durante um fim de semana.

- Eu estava pensando em ir a um pub – ela disse- Você prometeu que iria se divertir mais, quando terminasse a faculdade.

- Eu sei que eu prometi, e vou cumprir minha promessa- eu tentava encontrar as palavras certas mais no fundo eu sabia que uma hora ou outra eu teria que ceder e ir a uma balada ou tomar um drink com Vivian, e isso pra mim era péssimo, porque detesto lugares com muita gente e muito barulho – Mais hoje é domingo e amanhã é meu primeiro dia no meu trabalho e estou pretendendo dormir bem cedo hoje.

- Mas nós poderíamos adiar para sexta que vem. O que acha? – perguntei

- Não pense que você escapa de mim semana que vem dona Laura!- ela disse concordando.

- Eu juro que eu nem estava pensando nisso – disse irônica

- Claro que não - ela revirou os olhos .

(....)

Depois de uma pequena discussão eu acabei ficando com a suíte, e eu juro que eu nunca mais quero me mudar,  porque eu nunca pensei que tivesse tanta tranqueira para arrumar. Tentei organizar minhas coisas o melhor possível, mas isso realmente era uma tarefa difícil para uma pessoa tão desorganizada como eu.

Tomei um banho quente coloquei um pijama de flanela, já que era outono e as noites costumavam ser mais frias do que os dias e ainda não estava totalmente habituada com o clima  de Nova York. Sai do meu quarto para cozinha para fazer um chocolate quente e encontrei Vivian largada no sofá.

- Você vai querer um chocolate quente? – perguntei

- Sim, por favor – Vivian respondeu – E já que não vamos sair hoje o que você de assistir um filme.

- Eu acho uma ótima ideia.

Assistimos a um filme de comédia comendo pipoca acompanhada com chocolate quente e acabou que dormi tarde do mesmo jeito mesmo sem sair para "comemorar" com Vivian.

Raul Storini

Acordei cedo com um grande mau humor por ser segunda-feira, mais um dia que eu teria que trabalhar e me estressar com aqueles incompetentes que eu chamo de funcionários e ainda teria que receber os novos estagiários.

Tomei um banho quente e coloquei aquele inferno que inventaram para os homens trabalharem e eu juro que se o idiota que criou o terno já não estivesse morto eu mesmo o mataria. Coloquei o café na minha xícara e peguei meu celular checando meus novos e-mails enquanto tomava minha dose diária de cafeína.

Olhei no meu relógio de pulso e notei que já estava na hora de seguir com a minha rotina patética.

Tranquei meu apartamento e segui para o elevador que estava cheio de pessoas desconhecidas que assim como eu estavam indo para seus trabalhos.

Entrei no meu carro e parti rumo a minha empresa, me deixando ainda mais irritado ter que enfrentar o transito caótico de Nova York neste horário. Longos e estressantes quarenta minutos depois consegui chegar na minha empresa, a prestigiada agencia de publicidade Storini Mídia.

Passei pelas pessoas que me cumprimentavam, com um "bom dia" sem respondê-las, já que pra mim o dia de hoje não teria nada de agradável, a não ser receber novos funcionários incompetentes e bajuladores que querem subir em sua carreira profissional a todo custo sem esforço, e eu ainda teria que ler relatórios e mais relatórios.

Cheguei ao meu escritório e tratei de começar logo meu trabalho. Hoje eu teria que ler alguns contratados para autoriza-los ou encontrar alguma falha, que no caso seria péssimo para as minhas finanças e sempre havia um individuo ou outro que queria bancar o esperto e tentava passar a pena e mim, mas sempre me mantinha firme e analisava minunciosamente os contratos e procurava meus advogados  de confiança quando tinha alguma duvida se era seguro assinar.

O toque progressivo e irritante  do meu telefone tirou minha concentração e fui obrigado a atendê-lo.

- Fala – fui curto e grosso dispensando qualquer saudação de minha secretária enxerida.

- Senhor Storini os novos estagiários chegaram e estão a sua espera na dala de reunião – ela manteve o tom profissional, porém eu sabia que estava com raiva pela minha total falta de educação. Desliguei o telefone se mais nenhuma palavra.

Fiz meu caminho até a sala de reunião que infelizmente estava tão habituado. Eu absolutamente odiava essas reuniões elas eram maçantes e levavam muito do meu tempo em discussões muitas vezes sem fundamentos.

Abri a porta e dentro da sala, havia somente cinco pessoas que provavelmente seriam contratadas, mais meus olhos só conseguiam se manter focados em uma bela morena de olhos azuis esverdeados que estranhamente encarava-me de volta, desafiando-me.

Ela possuía belas curvas, e um cabelo ondulado em um tom de castanho claro brilhante, era magra mais não exageradamente e parecia confortável em sua pele. Tudo nela me atraiu instantaneamente bastou um olhar para mim contatar que eu precisava tê-la. Possui-la.

Era um enigma difícil de desvendar. Ela exalava independência e força como se escondesse um segredo intrigante e sedutor.

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