Capítulo 2
E finalmente, depois de sofrer com azia a manhã inteira e um almoço mal digerido, volto ao escritório para enfrentar a situação como o homem de culhões que sou. Mas o Braz não atende minha ligação de primeira e eu penso em desistir.
— Pronto. — Braz diz ao atender com sua voz grave.
— Braz, sou eu... Preciso conversar com você. Tem um horário hoje? — Gaguejo e me odeio na hora. — É sobre a empresa, tá.
— O quê? É pra falar do teu funcionário? Nem se dê o trabalho. Estou tão irritado que se o teu motoboy aparecer, sou capaz de atropelar daqui. Ah, e prepara o distrato que vou achar outra contabilidade. Chega!
— Calma, me dá só uns quinze minutos. Em nome... da parceria, desde que seu pai era o sócio administrador e lidava com seu Camilo.
— Vai à merda vai. Essa porra dessa contabilidade... que se foda.
Puto, ele desliga na minha cara, o que me enfurece e encoraja ao mesmo tempo, tanto que pego a chave do meu próprio carro e decido que não será por telefone que resolveremos esse tipo de assunto. Estaciono perto da matriz do Super, pois é onde Braz fica na administração, entro no estabelecimento me dirigindo aos fundos para ter acesso ao seu escritório.
Pelo interfone me identifico à secretária.
— Sou eu Jéssica, o Túlio. O Braz tá me esperando. — Minto, senão não entro.
— Oi Túlio. — ela cumprimenta simpática e como sempre, autoriza meu acesso à administração.
Subo as escadas que me levam ao segundo piso, sento-me em uma poltrona individual em couro preto fora da sala dele. As palmas de minhas mãos não param de suar, suspiro pesada e ruidosamente chamando a atenção da secretária.
— Como tá o clima hoje?
— Tenso. — Ela responde arqueando a sobrancelha, dando a seguir uma risada nervosa e confessando que seu patrão está insuportável há semanas. Seu ramal toca e ela se volta para mim. — Túlio já falei com o seu Braz, pode entrar, por favor.
— Obrigado por me acalmar, Jéssica. — Respondo com sarcasmo e me encaminho nervosamente ao "quarto 217 "(de O Iluminado)"".
A porta destranca num click e eu adentro em sua sala. Braz é o primeiro elemento que vejo, sentado de forma displicente, com seu antebraço forte e fartamente peludo apoiado à sua grande mesa. Usa a costumeira roupa social, camisa branca com a manga longa dobrada até os cotovelos. Apenas um botão aberto é o suficiente para mostrar a selva de pelos negros e abundantes que forra o peitoral muito amplo. O cabelo sempre mantido no corte social, o rosto sombreado pela barba raspada que teima em crescer muito rápido e seu par de sobrancelhas grossas o deixam com aspecto de malvado. Seus lábios másculos e ligeiramente cheios me sorriem com certo divertimento, mas o ressentimento em seu olhar me acorda do devaneio louco...
— É brincadeira! O que um cidadão desesperado faz para não perder um cliente. Porra, já te falei que tô caindo fora daquele escritório de merda. Veio fazer o que aqui? — seu olhar já não é tão firme.
— Braz...
— Senta. — ele me interrompe — O preço é o mesmo.
— Você sabe que eu tenho um problema chamado Camilo Júnior? Sinceramente não sei como te pedir isso, mas não faz o meu grupo pagar por um único funcionário. — Ajeito meus óculos e respiro profundamente. — Eu sei que ele foi desrespeitoso... Eu...
— O bom gerente usa o plural numa situação dessas. — Essa intransigência dele que me irrita tanto.
— Será que não podemos fazer algo para remediar? Eu me disponho a cuidar pessoalmente de toda a escrituração dos mercados, mesmo que tenha que levar serviço pra minha casa e fazer de madrugada.
Braz não olha na minha cara, fica massageando uma bolinha de fisioterapia e sorrindo como se isso lhe proporcionasse um prazer grande o suficiente para desconcentra-lo de minha presença.
— Continue Túlio... o que mais você se dispõe a fazer? Vai me dar o que em troca?
— Como assim Braz? Não fala dessa maneira comigo...
Ele me encara e me cala com apenas um olhar, seus olhos escuros como aço são capazes de me despir até a alma.
— Olha Túlio, esse assunto me cansou. Saiba de uma coisa, a empresa é minha e compro o que eu quiser e pago como quiser e, não é um contador recém-formado que vai me dizer o que fazer na MINHA empresa. — Ele se exalta, em seguida volta a amassar a bolinha e prossegue — Você sabe que ele me mandou enfiar a empresa no cu? Sabe disso? Seja só um pouco racional. Eu sou cliente e nada justifica esse tipo de grosseria. Nada. Não tem perdão.
— Eu sei.
— Sabe? — ele olha para o lado e respira fundo. — O que você faria no meu lugar? Me dê um conselho de "amigo", pelo nosso passado.
— Mesmo que não justifique, eu sei que você provocou um pouco essa situação.
Ele sorri de novo agora com certo sadismo o que me causa um suador intenso. De repente levanta-se em seus 195 centímetros de altura e caminha lentamente fazendo a volta em sua mesa, ficando às minhas costas. Suas mãos grandes cujos dedos ostentam anéis valiosos, apertam meus ombros tensos massageando-os de forma deliciosa.
— Eu tenho uma ideia do que fazer — Braz diz simplesmente.
— Vou dar uma advertência nele...
— Acha que adianta? — Ele continua a massagem em meus ombros, algo que causa arrepios e desperta minha lascividade, fazendo com que eu me renda lentamente outra vez. Como sempre. Braz se abaixa próximo à minha orelha, sua boca desce da minha orelha ao meu pescoço arranhando-me com sua barba de um dia áspera como uma lixa, me beijando carinhoso ele sussurra: — Acho que esse contador tem mais coisas pra me oferecer... só uma resposta sua e eu perdoo tudo isso...
— Meus serviços contábeis, é só o que vou oferecer.
— Só? Já perdeu a família porque não tinha tempo para eles. Quer perder mais alguma coisa? Não vai aprender a ceder?
— Braz, chega! — Levanto-me aturdido demais, querendo me recompor, mas não tenho tempo para formular um pensamento coerente, pois sou tragado num aperto feroz de seus braços fortes e virado de costas contra seu peito. — Me solta, ficou maluco, aqui não.
Ele não me ouve e com ferocidade tenta baixar minha calça social sem abrir minha cinta. Eu luto para não permitir que me domine como já o fez em outras ocasiões. Consciente de que estou em desvantagem, facilito o seu trabalho desafivelando a cinta e no mesmo milésimo de segundo ele baixa violentamente minha calça junto com a cueca até meus pés me empurrando contra sua mesa, fazendo curvar meu corpo sobre esta. Sinto um forte arrepio de tesão. Tesão pelo proibido, pela tensão e por Braz, o homem que ocupa inteiramente os meus pensamentos.
De forma selvagem ele lambe uma de minhas nádegas subindo por minha espinha até o pescoço, lambendo e mordendo minha nuca, beijando meu pescoço, chupando-o com força e com o áspero de sua barba me enlouquece ao ponto de me fazer soltar um pequeno gemido. Para me desconcentrar do mundo à volta, fica esfregando sua virilha peluda em meu traseiro quando encaixa seu grande membro semi ereto entre minhas coxas por trás fazendo movimentos de vai e vem sem penetração.
Minha excitação é cada vez mais desesperada, o que me faz forçar-me contra seu corpo para obtê-lo mais próximo, dentro de mim. Minha adrenalina aumenta ao imaginar que podemos ser pegos no flagrante. Dois caras com as calças arriadas no chão que sequer deram-se ao trabalho de tirar suas camisas, se esfregando um no outro e resfolegando, aos beijos brutos e molhados quase desesperados. Coloco minha mão para trás e o puxo pela bunda dura e musculosa fazendo com que ele se encaixe em mim enquanto chupa minha língua com tanta força que chega a doer.
— Tira isso. — Ele mesmo tira meus óculos e abre os botões de sua camisa para revelar o peito largo, musculoso e densamente peludo de onde exala seu perfume com um leve e delicioso cheiro de macho suado. — Vai levar aqui mesmo, que se foda.
Dito isso ele me empurra até o sofá de couro negro, forçando para que eu fique de quatro. Hoje não há nenhum romantismo entre nós, apenas o instinto de fazer sexo, como se mata a vontade de comer ou beber algo. Ele me prepara, torturando-me com o cunete demorado até que eu me derreta de prazer e aperte sua cabeça contra meu corpo. Sem paciência ele me penetra com um dedo, entrando e saindo, depois disso mais um e mais outro dedo, que me faz morder as costas da mão para não gritar. Há prazer nesta dor e no fato de ser dominado sem preâmbulos. Sempre.
— Não... — Sussurro baixinho.
Por minha situação toda, deixo uma lágrima escorrer pela face, ainda que eu realmente sinta prazer na árdua tarefa de abrigar seu membro grosso e longo em meu reto. Braz força-se para meu interior e puxa meu corpo para que seu peito roce em minhas costas, sua grande mão tapa minha boca para garantir que não farei nenhum ruído e seus dedos, eu chupo e mordo com fome. Sinto prazeres diferentes como o sabor salgado das costas de sua mão grande que lambo e o cheiro másculo impregnado seu no antebraço envolvendo meu pescoço. Sou totalmente violado e possuído, louco pra gemer e louco para beijá-lo. O meu limite extrapola e meu gozo marca o sofá escuro, junto com o alívio quando Braz me inunda com sua semente, saindo de repente de meu corpo, abandonando-me, afastando-se abruptamente.
— Tá usando esse método pra segurar clientes?
— Porque não vai tomar no seu cu?
— Eu passo por cima de quem for. Não vai ficar com ninguém... Você é só meu. — Tenho plena certeza que não é uma ameaça vazia, pois conheço seu ciúme como ninguém. Mas ele parece meio emotivo ao desviar o olhar e dar-me as costas.
— Não me conhece mesmo, Braz. — Num resquício de dignidade quase inexistente, levanto minha calça sentindo-me melecado, me ajeito da melhor forma possível antes de sair de sua sala tão atordoado que percebo somente ao entrar no carro que meu celular ficou em sua mesa. Não sou homem de chorar, mas preciso socar alguma coisa ou alguém. Tomo a direção oposta ao caminho de minha casa para ficar a sós comigo, pois não quero me olhar no espelho.
Além de magoado com ele, tenho raiva de mim por ter cedido outra vez. Sim, outra vez, muitas outras vezes com esse homem que provou para mim que não posso controlar as coisas, que não existe opinião formada que não possa mudar e que engana-se quem pretensiosamente acha que entende alguma coisa da vida. E que se pode tomar uma decisão sem consequências.
Ou deixar de tomar uma decisão, que foi meu caso.
***
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