Ativo e Passivo - Gotas de Amor


Dia 30 de junho de 2024, dia friozinho em Itajaí. Tudo em ordem nos mercados, embora algumas caras não sejam de felicidade, o que é compreensível, afinal trabalhar num domingo a tarde não é a coisa mais agradável, porém cá estou fazendo o mesmo e é isso. Vamos faturar, ok?

O Túlio está em casa e logo irei me encontrar com ele para combinar um programa para finalizar o domingo. Coisa braba, tá cuspindo fogo essa semana depois que o governo inventou mais coisa para os contadores fazerem que não quero sequer tocar no assunto, e que assunto chato!, espero que ele não chateie ninguém com esses assuntos porque... porque sim, eu acho chato que só.

Vamos a família, só para atualizar, meu pai anda meio mal de saúde e será operado em breve de uma hérnia, depois de operar o pâncreas e vesícula, coitado, sempre esteve saudável que essas coisas o derrubaram, o emagreceram e colocaram em pânico quando o assunto é médico. A mãe teve dengue, mas segue saudável e sapeca, adora pegar no pé do velho Joaquim bigodudo machão que é uma graça.

— Onde que já se viu um homem com um bigode deste tamanho, ter medo de um cortezinho na pança? Valha-me Deus. Jesus Cristo. O corte é menor que teu bigode, opá.

— Se eu morrer, depois vais se arrepender de ficar comprando meu bigode com o corte da barriga.

— Não viu a doutora dizendo que só tem risco se a hérnia estrangular? Vai ter um parto normal pra saber o que é sofrer.

Bom, a conversa não parou por aí, dona Maria, já teve cólica renal, câncer de mama, covid e dengue a mais que ele, o deixou sem muito argumento. Medo é medo e está na cara do homem que ele está apavorado com mais uma cirurgia tão próxima novamente.

Tem também outros parentes, como a Iraci e seu bebê o qual todos nos sentimos um pouco pais participativos, pois essa mulher é uma paixão em nossas vidas. Molequinho fez um ano e a gente só observa os papos das pessoas com quem Ira tem amizade.

— Esse é mimado, né?

— Não tem ideia. O Túlio acha que é pai, já tirou o menino do colo do João e o fez dormir. Depois que o Braz se recuperou da cena, chamou a atenção.

— A Rafa é quase uma mãe, eu estava observando.

— Ciumenta demais, vê o bebê chorando, toma do meu colo...

— Ele vai ser batizado quando?

Aí a prosa fica polêmica e eu sou o homem que foge delas ultimamente, paz é um negócio tão maravilhoso que eu queria que minha vida cortasse os assuntos como eu estou fazendo para não sentir o sabor amargo de discussões.

E o Raul meu amigo? Sim amigo, por mais que ele tenha confessado que andava meio "curioso" sobre meu Túlio, é amigo. Tem defeitos que que já me deram vontade de partir a cara dele? Tem, mas as qualidades são grandiosas. Anda sossegado, parece que está bem apegado ao Maurício que é um professor tatuado, então está tudo bem.

Falta alguma coisa?

Será que ainda estou amarrado em 2024, há 14 anos com a mesma pessoa? Será que um relacionamento dura tudo isso na paz e amor, bunda quente e estresses?

Será?

Minha paixão linda está em casa, como eu disse, está com um humor do cão brabo. Tudo tem que ser introduzido com a maior paciência do mundo, sem eu ter medo de levar uma patada de amor e retrucar na mesma delicadeza. Bom, vou escolher uns itens para o caso de ele não querer jantar fora.

Vinho é comigo, porque ele é da cerveja.

Molho pra mim tem que ser vermelho e encorpado, ele gosta do molho branco.

Hoje cairia bem um cortezinho suíno, mas ele prefere peixe ou frango.

Um suco? Eu sou uva e ele abacaxi.

Um café? Eu sou pretinho tradicional e ele, um cappuccino.

Tudo diferente, mas é tudo tão agradável, porque adoro observar os seus gostos, provar suas preferências e ele reclamar das minhas quando está num dia glorioso, igual hoje.

No telefone ele me atende meio dormindo.

— Não tem vergonha? Eu trabalhando e você dormindo?

— Quem tá dormindo? Eu estou assistindo uma séria chata.

— Assista uma coisa que você gosta então... Enfim, meu amor doce, jantar em casa ou fora?

— Não sei, quem vai cozinhar?

Eu quase dou uma gargalhada.

— O paizão aqui vai cozinhar.

— Só quero se for peixe.

— Não rola um medalhão de mignon suíno? Hum?

Aquele momento que eu torço para ele ser só um pouquinho bonzinho essa semana.

— Tá. O que é para eu fazer?

— Liga para alguém jantar com a gente. Ou não...

— Quero só você hoje.

Fdp, manhoso. Até que está razoável. Já sei que a "madame" odeia cozinhar então minha disposição tem que estar ainda maior. Só para agradar vou levar as coisas que ele gosta porque foi querido. Até quando não manda, Túlio manda em mim e eu obedeço como um cachorrinho que sou porque no amor tem essas coisas. Espero as 17:00, escolho minhas compras e umas cervejas bem geladas. Não interessa que eu tenha uma cervejeira incrível com as melhores cervejas trincando em casa, levar cerveja do mercado é algo que o agrada, porque é como se eu tivesse pensado em um de seus prazeres.

Chego em casas mais ou menos 17:35 e meu pacote delicioso está enrolado em uma manta azul marinho, estirado no sofá da sala, assistindo algo com cara de tédio e que ao me ver, levanta-se rapidamente e se aproxima para um beijo de boas-vindas.

— Coisa boa... — eu digo ao envolvê-lo pela cintura para ganhar mais um beijo sedutor. Ele suspira, respira e me abraça. — Descansado?

— Eu estava pensando naquela declaração, a DIRBI, acredita que...

Cá um corte sutil na narrativa, porque meus ouvidos não são poupados, ele quer falar do multiverso da loucura contábil e eu não vou cortar, mas passou de dez minutos eu vou interromper, ou boto ele pra mamar. Não é possível!

Sério, o homem estava igual uma virgem sapeca a se guardar para o casamento nos anos 80, só esperando o sacristão botar o anel e dizer o sim pra liberar o parquinho da diversão. Foi só eu mostrar fraqueza que ele se soltou, reclamou do SPED, dessa bosta que ele acabou de falar e que tem gente querendo corrigir a DIRPF porque vai viajar para o exterior e não passou todas as informações.

Sou um santo as vezes, ou não?

— Amor o que é isso no meu pescoço?

Lá vem ele, chega muito perto e tá muito cheiroso, Túlio de moletom fica muito gostoso e não tem 14 anos que dissolve isso, é charmoso e na minha opinião, gato. Oh homem gato.

No pescoço além de perfume, tinha um carocinho que ele arranhou. Claro que senti vontade de grudar os beiços ali ou os dentes mesmo, mas respondi com uma calma tirada do fundo da alma.

— Só uma bolinha.

— Só isso?

Aí ele já está com o corpo colado no meu, tá provocando e eu sei como ele é malvado, deixa eu demonstrar. Coloco a mão na sua cintura e o puxo mais perto ainda, aí ouço:

— Ai como você é! Já quer me comer...

— Então não provoca — falo irritado, mas ele está rindo enquanto se afasta. — Sua peste.

Depois disso ele me ajuda com a salada, bebemos cerveja, falamos besteira, ele comenta sobre a série dizendo que era mais legal na primeira vez que assistiu lá pelos anos 2000, eu digo que o Dean é mais bonito, ele acha que o Sam é mais interessante como personagem.

Quando percebemos já estamos no banho juntos, ele monopolizando o chuveiro porque é friorento e não aguenta esperar do ladinho, mesmo que nosso chuveiro caiba umas três pessoas debaixo, ele é o privilegiado. A banheira enche, porque ele decidiu que precisa ficar abraçadinho na água.

Terminamos a janta mais tarde e ele decidiu chamar Davi e Adriano, pois no último encontro fomos até eles, logo tudo parece repetitivo e tão igual aos últimos anos que demos um tempo de tudo por aqui.

Assim compartilhamos mais umas gotas do nosso amor com todos.

******

Embora repetitivo, acredito que virou uma forma de comunicação por aqui este conto. Ele é fictício, mas algumas coisas tiro da minha vida e coloco aqui. No momento estou realizando um projeto a mais e que tira meu tempo todo que tenho livre, mas está quase no final, então ano que vem acredito que vou voltar e terminar os contos e interagir mais por aqui. Agradeço a paciência e peço desculpa pela ausência. E por não trazer nada interessante no momento.

Desejo tudo de melhor, muitos beijos e alegria. ♥♥♥♥

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