Ativo e Passivo - Delito

Por Davi

***

Vou partir hoje dum tema que constrange até quem vai ler:

Imaginem seus pais fazendo "aquilo".

Nada demais?

Imaginem seus genitores copulando e gemendo...

Senhor, eu nunca presenciei, nunca imaginei e nem quero por a cachola pra funcionar porque dá vontade de se esconder para que os pensamentos não me alcancem.

Ok, todo mundo transa, a não ser que cumpra o juramento do celibato, porque só jurar não quer dizer absolutamente nada. E também tem muito solteiro que tá na seca, esquecendo como faz e aí é outro caso, só lamento.

Mas ainda acho que imaginar nossos pais naquela situation ou pior, ouvir o tchaca tchaca na butchaca, deve ser traumatizante. Logo eu que nunca fui de fazer dramas exagerados, estou tentando demonstrar que nem todo mundo curte espiar o coito alheio e que pode ficar muito constrangido quando um amigo, BF, transa no quarto ao lado e você ouve tudo.

Já disse que o Túlio tá além de ser meu chefe, nos tornamos amigos quase de infância e contamos várias coisas que dá pra contar pro amigo. Geralmente essas conversas são mais reservadas, fora da empresa quando conseguimos ficar meio longe dos demais amigos nossos. Às vezes são curiosidades dele quase bobas e confissões minhas quase cabeludas, que nos tornam bem cúmplices e somos incentivados por nossos "mozões" a termos esse tipo de amizade que faz bem aos dois. Sabendo do ciúme louco que o Braz tem, eu tinha um baita receio dele encrencar ou invocar conosco, mas é bem o contrário. Dessa maneira sempre rola um jantarzinho, uma saída para um chopp, um encontro em alguma praia da região só pra bater papo, duas viagens que já fomos juntos e as idas ao sítio para passar alguns fins de semana.

Dessa vez íamos descer a Serra em Lauro Muller e para descansar uma noite antes, próximos ao meio oeste do estado, locamos um apartamento pequeno, pois com a baixa da temperatura que noticiaram na TV, não conseguimos casa pra alugar. Mas enfim, o importante é ter conseguido e chegado com segurança ao destino.

Apartamento pequeno, dois quartinhos, um de casal e outro com duas camas, cozinha/sala tudo junto e apenas um banheiro. Para um casal seria ok, mas achamos que não teria nenhum problema em dividir algo daquele tamanho. Na verdade foram eles que insistiram para que fossemos, porque nós não tínhamos planejado nada de interessante pro findi passado, então aceitamos.

Realmente esfriou muito, foi um choque sair do litoral calorento e subir a serra. Passei um pouco de frio porque não dei importância quando disseram: lá vai fazer uns cinco graus. Levei um moletom e nada mais. O Adriano bem que sugeriu:

— Peixinho... só vai levar essa coisa fina? Vai passar frio. Pega esse.

— Na-não.

Pois tirei da mão dele e guardei a peça, um suéter. Ele que levou duas toucas e uma jaqueta grossa.

— A gente vai parar lá no alto do mirante. Tu vai congelar. A pista enche de gelo...

— Capaz... uma amiga minha disse que só fazem isso pra encher de turista, depois chegamos lá e passamos calor.

Eu estava de camiseta de manga curta e quase fui de bermuda, mas como ele foi de calça, boné e insistiu que eu levasse mais roupa quente, aceitei colocar um jeans e tênis.

Túlio enviou mensagem alertando também que eu levasse algum casaco mais quente, touca e luva, mas eu estava meio rebelde por qualquer razão e olha que sou friorento.

Sim, pegamos a 101, depois a 282, anda, anda, anda, parada para um café colonial daqueles, segue viagem, Túlio e Adriano já estavam de casaco, Braz chamou de exagerados e perguntou se tava caindo neve só em cima dos dois. Eu ri, mas percebi quando saí do paradouro que havia passado por mim, uma brisa geladinha e que não era a maresia de Itajaí. Eu, Davi Alves, não sou muito resistente ao frio e saquei a minha burrice há uns trinta quilômetros adiante quando liguei o ar quente do carro.

— Nossa, desliga o ar, tá frio... — achei que o ar frio estava ligado e Adriano só me olhou de canto como quem diz: "eu avisei, seu burro". — Adri, dava pra eu pegar aquele outro casaco que você trouxe?

Nós paramos o carro pra pegar na bolsa do porta malas e eu quase congelei na beira da rodovia e não era nem cinco horas da tarde. Frio? Pensa num frio.

O apartamento pequeno localizado no último andar do prédio ou seja, no terceiro andar, era um ovo. Braz começou a rir e disse que nos convidou porque nas fotos que mandaram pra ele, parecia maior.

— Pelo menos tem lareira, olha.

Ali eu não tive coragem de esnobar o frio, porque tava muito gelado o interior daquele imóvel.

— Que dó que não conseguimos uma casa, né amor.

— Pois, é. — Braz responde e logo em seguida, fazemos os planos de ir pro centro da cidade para jantar. Só UM único restaurante que mais parecia um bar, que estava aberto depois das nove. Gente que lugar é esse? É no mesmo país?

Deixe-me explicar. Litoral tudo fecha tarde até no inverno, tem comércio em cima de comércio, concorrências saindo no tapa na disputa por clientes e o atendimento é um cadinho mais caloroso. É sim.

Foi muito engraçado, o passeio mal planejado do Braz e saber que o cara grandão que comeu o PF daquele pequeno restaurante é dono de quatro supermercados e uma construtora, não tem preço. Muito menos enjoado que o Túlio, que adoro de paixão, Braz não empurrou comida para o canto do prato.

— Não tem mercado aberto? — o patrão pergunta e o garçom diz que por perto fecham às oito horas.

— O que você quer comprar? Trouxemos um monte de coisas.

Fato. No "apezinho", estava bem mais interessante beber vinho, comer chocolate, ouvir música, todos enrolados nuns cobertores trazidos em cima do mesmo colchão de casal que pegamos num dos quartos e quase colados no outro casal.

— Orra que frio. Mijar na rua deve ser loucura.

— É coisa de porco. Tem banheiro aqui dentro.

— Só um né.

— Quem vai ter coragem de tomar banho com esse frio.

— Eu não consigo dormir sem banho. Braz, você vai comigo.

— Não né. Vai primeiro e não queima a resistência. Acostumado com nosso chuveiro... acredita que no verão ele toma banho com água quente? Cinco minutos depois, tá suado e reclamando do calor.

— Me deixa, tá.

Banhados, eu e Adri insistimos em ficar com as camas de solteiro, imagina. Depois de muito rir do Braz, rico pra caramba que tomou uma lograda alugando um negocinho pra quatro pessoas, nós encostamos as camas e demos um jeito de colar bem coladinho.

Tava gostosinho e percebo que o Braz não estava se importando com o aspecto das coisas, o restaurante simples demais, o tamanho do imóvel e a falta de conforto, estava satisfeito em estar com amigos e especialmente o Túlio que nem reclamou tanto. Tava suave.

Mas a melhor parte, bom não sei se posso chamar de boa essa parte, foi o que rolou no quarto ao lado.

Deixa nós dormirmos primeiro e acordar com um galo desgraçado fazendo um escândalo por ali, quatro e quinze da matina. Quatro e quinze, o filho duma galinha me acorda com aquele cocoricó estridente que se eu fosse só um pouco malvado tinha jogado alguma coisa no animal. Pelas frestas da persiana percebi apenas escuridão e voltei pra cama. O Adri virou de costas e se destampou, mas estava dormindo e eu revirei uns quarenta minutos antes de ouvir o chuveiro desligando.

Ué?

Alguém estava no banho? Poxa, não eram cinco horas da manhã.

Me preocupei achando que talvez fosse um invasor que tivesse feito algo com o outro casal e estava se recompondo debaixo da água... Imaginação geminiana claro. Levantei a orelha para tentar captar qualquer som estranho. Tive uma experiência estranha. Fechei os olhos e ouvi a voz do Túlio, que disse: "amor, vai mais pra lá" e outra voz responde: "tô quase caindo do colchão".

Então, a porta abriu e não foi fechada, porque dava pra ouvir até a conversa deles. Senhor, será que eu levanto e fecho a nossa porta? Pelo jeito o Adriano que abriu na hora que levantou pra mijar e assim, tava tudo escancarado ainda que nada fora planejado pra ser assim.

"Só colocou a camisa?"

"Aham... tô pronto... amor, me pega de lado assim"

Ai que merda. Eu não sei se quero ouvir isso assim com todos os detalhes. Já cansei de ver os dois no maior amasso pelos cantos, mas isso daqui é demais pro meu psicológico.

"Levanta a perna, deixa eu brincar aqui..."

"Amor, quero chupar você bem gostoso..."

Pode ser sexy você ler, ver e ouvir estranhos fazendo isso, mas ali eu estava meio chocado. Pior, meu patrão suspirando, de certo recebendo sexo oral, me fazia visualizar a cena e tapar a boca. Gente, ouvi um gemido e acho que a voz era do Tú... Ah não.

— Adri... Adri... — acordo o bofe sacudindo seu corpo e tapando sua boca.

— Hum?

— Eles tão transando ali do lado. Tu esqueceu a porta aberta, dá pra ouvir tudo.

"Caralho, amor, teu pau é muito grosso, calma, espera."

"Anjo, tá bem lubrificado, relaxa, não, de quatro vai doer mais ainda."

"Assim. Braz calma..."

"Vira de frente, abre as pernas"

Mais uns gemidos de tesão, uns barulhos de beijos e sons de tapas foram demais pra mim, eu ia fechar a porta.

Como que eu conto sobre a visão que eu tive no meio da sala sem agredir tanto?

Eles prepararam, de certo, o colchão ali no meio do ambiente e estavam pouco se importando que eu ou Adriano víssemos.

Não pode ser Braz e Túlio que estão ali.

E que visão!

Estavam tampados até a cintura, mas o patrão urso tava entre as pernas do alemão e quanto ao movimento de quadril: que vigor, mana!

Dava de sentir quase junto com o Túlio, cada metida, cada som daquele sexo apaixonado, beijos que abafavam os gemidos e suspiros de ambos, as mãos do Túlio puxando o marido pela cabeça e uma acelerada, que me alertou que poderia terminar logo e pegar minha cabecinha espiando o ato.

Esbarrei no Adriano que tava atrás de mim e fechamos a porta.

A porta deu um rangido alto, indicando falta duma graxa nas dobradiças e de certo quebrando o clima do casal.

Sim porque não ouvimos mais nada depois. Ainda bem que não vi gente pelada, acho que eu ia enfartar. Com devido o respeito, o Túlio tem um corpo bonito, mas o chefão é monumental. Sorte que não passo necessidade em casa, porque o meu doutor é tudo de bom também.

Na hora do café, Túlio bocejando diz que ainda está com sono.

— Também... acorda quatro horas da manhã cheio de dengo.

— Como se você não gostasse. — ele retruca.

— Eu não estou me queixando, só comentando que tu tem um fogo que nem bombeiro apaga.

Sim, bem na nossa frente a discussão. Daí o marido que é minha razão de existir, pergunta a eles se a cama fazia muito barulho e se foi por isso que estavam na sala.

Túlio tenta ficar sem graça, mas o Braz dá aquele sorrisão largo de safado e começa a rir.

— Faz as coisas depois fica com vergonha.

— Ai amor, para.

— Gente, se tem vontade de fazer, não fica só na vontade. Como se eu e o Davi não tivéssemos ouvido nada. Por isso fechamos a porta pra não desconcentrar vocês.

— Não desconcentrou, fica tranquilo — o Braz como sempre é do escracho, mas o Túlio me pega mais afastado e pede desculpas.

— Não, para, Túlio. Nada a ver.

— O Braz fica rindo.

— Porque não tem nada demais. Nem que eu visse, ia me importar. Tu me conta quase tudo.

Na verdade eu fiquei meio sem graça sim na hora, mas depois tudo ficou normal. 


***

arrumei um narrador parceiro, Davi, hehe.

Desejando um ótimo findi, com muitas delícias pra todo mundo♥

Abaixo o sósia do Jude Law, Jessie Colter com Jean Franko, ficaram muito bem juntos, o vídeo é bem "educativo", kkkk

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top