Passivo - Percentual e fórmula da Paixão



Rotina combina com Paixão?

Por que não deveria? Afinal a rotina estabelecida quer dizer exatamente isso: relação estável que é produto da rotina e rotina vem do equilíbrio. Blá blá blá...

Pra encurtar, a gente é testado quando pensa que tudo está 100%. Me veio a curiosidade seguinte, quantos por cento do meu tempo eu divido para cada coisa.

Eu e Braz temos uma vida social, óbvio, já falo assim porque muitas pessoas devem imaginar que 35% do nosso dia fazemos sexo, 25% nós trabalhamos, 8% ficamos com família, 12% eu passo reclamando, 16% eu me estresso e 4% tô relax...



Nossa, cheguei montar um gráfico, tô assustado. Será que tá certo isso? Melhor que o Braz nem veja essa merda. Ele adora me tirar do sério. Respira Túlio, calma, calminho.

Vou demonstrar como esse gráfico não corresponde à realidade, nossa realidade. Por exemplo, eu tô relax, não que se possa dizer:

"Túlio é uma pessoa renovada" ou

"Nem reconheço o Túlio, como anda calmo" ou

"Tá quieto, não estressa com nada, tá zen, o cara."

Confesso que não ouvi ninguém comentando algo do tipo. Deixa pra lá.

Reclamar? Eu nem reclamo. 

Às vezes eu comento quando há algo fora de lugar ou porque o Braz esqueceu a toalha em cima da cama ou quando me chama de alemão fresco ou quando acho pentelho no meu sabonete. Quando Itália está desbocada demais. Quando Rafaela, minha filhota "aborrecente" me retruca no mesmo tom de voz. Quando Edu, meu filhote arrasta o chinelo. Quando não termino o que estou fazendo e chega hora do almoço. Quando me esqueço de algo, quando vejo o valor da conta de energia, mas também não vou deixar alguns confortos de lado. Ah! Quando não tem cerveja gelada no final de semana ou quando o Palmeiras perde. Quando quero assistir algo diferente do Braz, mas não quero perder o momento de abraça-lo... sei que a lista vai longe.

Nossa! E sexo? Até parece que a gente tá com esse pique todo. No começo até era mais... mais... como que eu explico... era mais, a gente transava mais, o gráfico seria quase todo em azul. Hoje estamos mais controlados.

Poxa, faltou nesse gráfico lazer, o que inclui o socializar com amigos, fazer programas diferenciados, viagens e até mesmo ver um filme, ir a algum show. Porque temos isso também que nem constou no gráfico, por exemplo no mês de julho...

A gente não saiu em julho...

Junho sim, jantamos na Ira. Saí com meus filhos duas vezes para passeios, compras. Mas isso entra em momentos com a família.

Maio teve momentos, na verdade tive momentos péssimos com meu humor deprimido. Abril, idem.

Acho melhor enumerar o que aconteceu de janeiro pra cá.

Saímos mais sós do que com amigos, todas as vezes a noite terminou com sexo. Fomos ao teatro em Curitiba, transamos na estrada. Cinema, assistindo as comédias românticas que ele adora, Braz me aperta e fala putaria no meu ouvido até que fique tão duro que não tenha coragem de levantar pra ir ao banheiro. Imagina se ia ter sexo depois. Cozinhamos juntos nas quartas feiras, sexo pra fechar a noite. Ficamos isolados uns dias no sítio, dando uma relaxada... só choveu e fez frio, logo, sexo= (-sol ± √(chuva²- roupa))/(Túlio e Braz). 

Tem também aqueles dias que a Itália tira folga e fica em sua casa, (afinal ela é doméstica e não trabalha no regime escravagista) geralmente sábado e domingo, ela adora e nós temos aquela privacidade pra... Reticências demais, eu sei. É que sou travado ainda. Só quis demonstrar que não somos tão sexuais assim nos dias de hoje.

E o estresse? O que eu respondo? Hoje em dia todo mundo é estressado, então não assumo. Eu reconheço que sou meio seco, sem amaciar muito pra dar uma resposta, mas não quer dizer que sou estressado. Eu retruco antes que o cérebro que pensou e deveria ter me calado, envie a mensagem pro meu aparelho fonador.

Se tenho exemplos? Hoje é um dia que particularmente foi ótimo. Choveu aqui no litoral, tá um frio do cacete, logo mais vou me encostar no Braz com meus pés que não esquentam sozinhos e contar como que foi meu dia fora da empresa, já que tive uma homologação no sindicato, horário na Receita, passei na junta comercial, fui na prefeitura e tinha dentista pra tirar o ponto do meu dente siso extraído e "rodar" a folha de pagamento, porque já é dia 2.

— Tudo certinho hoje, alemão?

— Tudo certo e sem estresses.

— Opá, isso é bom. Tá vendo como a gente leva a vida de boa quando não estressa a toa. — ele me faz rir com a rima improvisada — e o dente?

— Nem me fale.

— Tá doendo? Infeccionou?

— Que nada, fiquei com raiva do dentista e não volto mais lá naquele carniceiro. Porra, eu disse: cuida que eu tenho aftas na língua. Ele disse: Túlio só vou tirar o ponto. Eu disse: tá doendo. Ele disse: só dói se infeccionar. Eu disse: só infecciona se teu serviço for mal feito. Ele disse: Pronto, já tirei o ponto e tá cicatrizando bem. O que falou do meu serviço? Eu disse: Eu sou cliente e posso reclamar o quanto eu quiser. Depois você tá dizendo que cicatrizou, eu não consigo enxergar lá no fundão, vai saber se...

— Caramba, calma. Ah na Receita?

— Lá tudo certo. Eu fui sem agendar horário e a "doce" recepcionista que deve ter sido parte da tripulação da Arca de Noé, engrossou comigo e larguei os pés. Taquei na cara que ela é paga com o dinheiro de nossos impostos. Aí ela disse: ah meu quiridu, tu não tens ideia de quantas vezes por dia escuto essa frase. Eu disse: pelo jeito não entendeu. Ela apontou pra lei que protege o funcionário público. Eu disse: precisa de escudo? Só tô pedindo com educação, que a senhora por obséquio me forneça uma senha e entenda que não tá saindo pelo site.

— Ai não. Você ainda pode responder processo, baixa a orelha.

— Por quê? Ela me deu a senha e fui atendido. Tudo tranquilo.

— Na junta? — Braz me olha preocupado.

— Não deu problema nenhum. Só comentei que achei bagunçado o setor, muita demora pra atender, que eu como contribuinte assim como todos que esperavam atendimento, poderíamos denunciar o uso indevido do celular no local e horário de trabalho que faz atrasar o atendimento.

— Ah meu São Jorge, de onde estais, interceda por mim.

— Credo amor. Eu nem gritei com ela.

— Fico impressionado com o tanto de emoções que você passa quando sai.

— Que nada meu urso gostoso... antes eu me estressava, hoje tô de boas.

— Ah, e o sindicato, deu tudo certo?

— Nem me lembre. Lá sim eu me estressei, puta que p...

Braz tampou minha boca com sua mão, olha isso!

Depois me beijou e claro que me acalmei e me preparei pra contar o ocorrido no sindicato. Por um triz que não mandei o homologador a merda. Sabe aquela pessoa que teima estando errada? Então, isso me deixa puto. Nem vou estressar ninguém contando isso.

— Tu ainda me surpreende meu alemão de olhos verdes.

— É? — Ele que começou — Por quê?

— Como tu consegue ser tão chato?

Eu tentei me soltar, um pouco só, porque ele começou a rir e com Braz ninguém pode. Então o deixo falar um pouco sobre seu dia, suas lamentações, mas ele fala tudo entre risos e beijos que parece não levar a sério seus próprios problemas. O negócio vai esquentando tanto que vira safadeza. Não creio que vai terminar em sexo outra vez. Tá certo que é sempre ótimo e sempre acabo cedendo fácil demais. Puta merda, Braz tem tanto pelo que seu corpo parece febril quando pelado, ele afasta minhas coxas e ali se encaixa quando tira meu pijama.

—Coisa de vovô esse pijama. — Como esse cara gosta de provocar. Nem vou reclamar, porque adoro essa esfregação do pau dele com o meu, até ficarmos muito excitados. Tudo é sempre tão certo com ele. O beijo, o cheiro gostoso de macho, os sussurros perto da minha orelha quando fala sacanagem, o que quer fazer comigo...

— Esse meu alemão não cuida mais do urso dele? Hum? — Caralho, ele fala isso enquanto roça o a cabeça do pau toda melada no meu cu.

— Não provoca...

Mas ele nem escuta, faz o que quer e roçando de novo seu pau no meu, me deixa louco de tesão e mesmo cansados, nós transamos, mas antes aproveitamos sem a menor pressa, as preliminares.

Dia três, só mais um dia. Com Braz, um bom dia é ainda melhor. Itália termina de pôr o café e senta conosco como sempre. Tá caladona que dá até medo de comentar. Geralmente ouço o que não gosto.

— Que foi minha vecchia? — Braz que pergunta

— A gente não pode nem sentir sono?

— Tô achando que a senhora tem saído às escondidas pra ir pra gafieira.

Braz tira sarro dela que explode numa gargalhada daquelas que só italiano, viu. Porra, como fala e ri alto!    

— Eu olho pra vocês dois, meu filho e o miudinho dele, às vezes me dá uma preocupação tão grande. A gente vê e ouve tanta intolerância, ódio e violência contra vocês... eu aprendi a respeitar muito, mas acho que sempre vou me preocupar.

— Eu acho que as novas gerações vão derrubar muitos padrões e conquistar mais respeito. Pior que ainda fico chateado com certos comentários.

— Ai seu Túlio, tá uns oito anos com seu Braz, já tinha que ter aprendido a se defender.

— Me defendo, Itália. Mas não me conformo que isso afasta um pai de um filho, sei lá, famílias que se desestruturam por algo assim. E quanto à violência, eu penso muito nisso.

— Se fosse pra defender seus filhos, você largaria o seu Braz.

Que pergunta ela me fez, mas não hesito em responder:

— Eu os ensinei a se defenderem. Eles são minha vida e o Braz uma parte de mim.

— E eu não ia deixar o Túlio ou sua família sem respaldo, Itália.

— Por isso que eu te amo.

— Também te amo.

— AH! Daqui a pouco vão fazer safadeza em cima da mesa e eu não quero ver isso não. Sou muito pura. Hahaha.

Lá se vai a desbocada da Itália cuidar de sua vida e eu continuo curtindo meu maridão.

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Capítulo pra nós que amamos % quando tá assim nas etiquetas 70% off (aham, sei) kk

Beijos e bom findi    :-))    =^.^=

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