Oito anos...
Braz...
Oito anos a gente pensa o quê?
O relacionamento vai ter aquilo que nós permitirmos, seja casamento entre pessoas heterossexuais, homo, inter, trans, da maneira que for.
Aqui tem truculência? Oh se tem.
A gente ama e releva? Não, a gente dá a patada no mesmo nível.
— Amor, dá uma apressada nessas escriturações aí, senão vamos perder a hora para a inauguração da filial da loja do Adriano.
— Se quiser que eu faça mal feito, eu apresso. — Túlio responde sem olhar na minha cara.
— Então se quiser vira a noite fazendo isso que vou sozinho, tá.
Ainda saio e bato a porta. "Grosso!"
.
Túlio...
Aqui tem ciúme? Tem, obviamente que só da parte do Braz.
— Porra o Ricardo perdeu alguma coisa na tua bunda? Eu encarando e ele não se toca mesmo. O que foi que ele disse quando você deu risadinha?
— Eu dando risadinha pra outro homem?
— Ah deu sim, Túlio.
— Mas nem se compara quando Carlinho do Francisco aparece pra te atender, cansei de pegar você olhando ele pelas costas. Vai negar?
— Ah tá. Implicância sua. Mas não muda de assunto.
— Como que vou saber se o camarada olha pro meu rabo se estou de costas?
— Hum?
.
Braz...
Teimosia, dizem, não sou eu quem inventou, é coisa de alemão.
— Mor, na Data Magna os mercados vão ficar fechados né?
— Túlio, esse ano nós sentamos com o sindicato lembra? Vamos abrir.
— Mas pelo decreto...
— Já tá definido.
— Mas o comércio não pode abrir.
— Tá, tá bom.
— Vai levar multa, só tô avisando.
— Sim, tem multa, eu sei.
— Porque os comerciantes são todos assim? Custa fechar?
— Muito. Ainda mais no dia dos pais que o movimento ferve.
— Mas você vai ficar comigo né? Meus filhos vão passar o dia comigo.
— Você fica com eles, é seu dia, amor. Eu volto mais cedo, prometo.
— Não, você não vai trabalhar no domingo.
— Claro que sim, chega.
— Como você é teimoso.
— Olha quem fala.
.
Túlio...
Segundo dizem, nós escorpianos somos os tarados do zodíaco. Discordo.
—Ah, e teimosia é coisa de taurino, não de alemão. — Braz não gosta que eu retruque.
— Seu ascendente é Touro?
— É, mas não tem nada a ver. Amor... me beija. Só um beijo e vou apagar depois. — Sim, depois do selinho de "boa noite" me viro e ele que gruda o peito nas minhas costas. Então ele massageia minha cintura, acomoda o rosto perto do meu ouvido e diz bem baixinho: te amo Começo a me arrepiar quando ele relaxa e respira cada vez mais silencioso indicando que está sonolento.
Merda... não dá pra sentir essa mão grande e pesada na minha cintura sem sentir vontade de me virar e ser abraçado.
— Que foi? — Braz pergunta cansado e sem abrir os olhos.
— Me abraça. — Ele faz e me puxa bem perto de si. Isso é foda porque o cheiro do seu corpo começa a me despertar e meus olhos não conseguem ficar fechados. Como esse homem ainda me deixa maluco...
Caralho, a barba deixa ele mais charmoso, a boca... ai, o beijo safado, a voz potente quando geme, acaba comigo... suas mãos apertando minha cintura quando ele me coloca de quatro. Ou quando ele me vira na posição 69...
— Túlio, tira a mão do meu pau. Hoje eu tô bem cansado.
— Antes não ficava tão cansado.
— Antes quando? Há uns seis ou sete anos atrás?
— Mor... fica deitado que eu faço...
— Vai tarado, abusa de mim como quer.
— Sabia que preguiça é coisa de taurino?
— Tá, o que mais que é coisa de taurino. Já faz uma lista de defeito de uma vez.
Delícia, ele ficou enfezado, acordou de vez.
— Empina a bunda, me deixou duro.
Eu disse: não somos tarados. Quem foi que me fodeu gostoso?
.
Braz...
Depois diz que não é teimoso...
O que me tira do sério, nível moderado? Atrasos.
O que me tira do sério, nível máximo? Os exageros dele.
— Túlio, que hora agendou a homologação das duas funcionárias?
— Às treze e trinta.
— Então dá uma apuradinha no almoço.
— Só se eu engolir a comida sem mastigar. Depois me afogo e morro só porque você não tem paciência pra esperar uns minutos.
— Túlio já é meio dia e cinquenta, nós sentamos juntos na mesa meio dia e quinze.
— Você que é apressado. E pode esperar que eu nem repeti.
— Hã?
.
Túlio...
Quem disse que não tem momentos alegres.
Braz cheio de amor e carinho me traz um cappuccino no meio da tarde quando me preparo pra começar a estressar com a validação da escrituração fiscal digital.
— AH! Eu não acredito que validou meu arquivo assim de primeira, sem erros e sem advertências. Eu posso morrer feliz.
— Ah... tá... por causa do SPED fiscal?
Acho que só eu fiquei feliz, porque o Braz largou o cappuccino e me deixou no vácuo.
.
Braz...
Tem momento que a gente faz o que?
Dá um gelo nele na hora de dormir.
— Braz vira pra cá e me abraça...
— Ué, não trouxe o computador pra cama, por quê? Dá mais emoção na sua vida, acertar uma merda de coisa do fiscal do que ganhar um dengo e um cafezinho do marido no meio da tarde.
.
Túlio...
Tem momento que a gente reconhece que o maridão merece um dengo.
— Te amo sabia.
— ... tomar no cu...
— Te fode, seu grosso.
.
Braz...
Bora dormir bunda com bunda.
.
Túlio
— Me abraça... ei Braz, desculpa.
.
Braz
Eu amo essa peste de olhos verdes. O que faço? Viro e abraço.
Amanhã a gente começa outra "guerra" e o laço só nos aperta cada vez mais juntos.
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gente que troço foi esse assim corrido? Coisa de namorido mesmo.
beijos :3
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