Ativo - Provisão (irritante) aumenta o passivo



Por Braz...

Desde criança, fui orientado a fazer as coisas da forma mais correta possível. Com seu Joaquim no comando, era: "Faz certo ou apanha". Nem adianta criticar porque era assim a educação nos anos 80 pra trás. Enfim, não estou dando lição de moral, estou dizendo por experiência, que tudo tem consequência. Ponto final aqui.

Aí eu conheci o Túlio e isso foi amplificado, elevado à potências extremas... Tivemos um namoro considerado longo, hoje vivemos sob o mesmo telhado e eu me considero um sobrevivente ao lado do senhor Certíssimo Schneider.

Hoje é dia 12 de abril... voltemos uns oito dias no passado.

....

4 de abril...

— Túlio, é impressão minha ou te vi discutindo como Rafa do TI?

— Lógico que eu discuti com ele.

— Só Deus sabe o quanto eu pedi pra não ouvir isso.

— Também, eu pedi pra dar um jeito no caixa 15 desde o dia 2 quando não recebi a redução Z do dia 31 de março.

— Mas ele me disse que mandou um relatório da memória fiscal do dia.

— Não interessa. A redução Z é um documento fiscal que precisa arquivar.

Eu suspiro irritado pra mostrar que ele exagera e não estou com saco pra ouvir suas razões, seus princípios e toda essa chatice que ele me empurra goela abaixo.

Todo. 

Santo. 

Dia.

— Se a porra daquele caixa explodisse e ferisse a operadora, qual seria a prioridade?

— O que isso...

— Não teria como imprimir a bosta da redução nunca mais.

— Porque tem que usar isso como exemplo? Só...

— Sim, sim, entendi. Esquece a redução. O papai aqui falou, tá falado.

— Tá, mas...

— Esqueceu?

— Braz...

— Alemão, não insiste. Hoje eu tô de cabeça quente, cara, pra te dar uma bronca tá perto.

— ...

Pareceu um final de discussão tranquilo porque ele saiu da sala em silêncio e não bateu a porta. No almoço, não houve farpas, isso é ótimo.

Á tarde, ele sorriu.

Na janta comeu normalmente.

Consegui finalmente! Finalmente ele está calmo. Agora é deitar e relaxar, fechar meus olhos cansados, descansar minha cabeça pesada no travesseiro e o Túlio levanta...

— Amor? Ué...

— Eu vou ver um filme lá na sala.

— Ah Jesus Cristo, não creio nisso. Não tá chateado, né?

— Não. — Ele diz que não, mas o beiço tá enorme.

— Trinta e oito anos de idade e a birra de um "homem" de cinco.

— Precisava me interromper daquele jeito?

— Sim, foi mais necessário do que você pode imaginar.

— Só que você me interrompeu, odeio que faz isso. Quando me contratou...

— Vou interromper a cada conversa repetitiva. Agora deita ali e nada de filme na sala. — Foda-se, age feito guri, trato igual.

Então a paz reina naquela noite. Ele dorme em seguida. Acorda de boa, toma o café de maneira normal. Pela manhã, tudo normal. Almoço normal. Tarde normal e dia 5, está quase terminando. É pra tudo estar numa boa. Sexta-feira voa... Sábado, ele disse que vai trabalhar pra apurar o ICMS, tá sorrindo, tá normal. Normal... isso me dá um medo absurdo. 

Não sou muito ligado em signos, mas dizem que taurinos são ciumentos e sou muito ciumento, beleza, confere!

Aí que entra o meu pânico, Túlio deveria estar gritando comigo e não grita. Ele é escorpiano e segundo reza a lenda, são vingativos.

Porque eu estou com medo? Isso não bate com a realidade.

Sábado, ele surta outra vez e finjo não ter escutado.

— Faltou uma guia, só deu pra fazer as outras quatro.

— Quando vence? Não é dia 10? Para de ser chato.

— Faço adiantado porque me preocupo com a provisão dos valores. Sem problemas, a partir de hoje vou fazer bem devagar.

— Sério, eu vou te dar uns tapas nesse rabo.

— Me deixa quieto que estou com raiva. Eu odeio fazer as coisas em cima da hora, odeio.

— Amor, você trabalha pra mim. Estou perturbando por causa desse impostos ou os valores? Túlio, você irrita tanto quando quer fazer as coisas certas, porque você não tem limites.

— Sempre fui assim.

— Também não precisa mudar. Só alivia, entendeu? O Davi não te ajuda?

— Sim...

— Então. Tem uma porção de coisas que ele pode fazer, tem os faturistas das filiais que podem ser melhores aproveitados. Você fez sua parte, orientou, ainda faz... dá uma acalmada. Tem vida pós contábil nesse cara de olhos verdes que eu amo?

— Braz...

— Alivia... — Já apelo, pode dizer que eu apelo, porque apelo. Sábado às onze horas da manhã, Davi é liberado, porque eu liberei, senão já sabe... Túlio ia fazer o menino ficar até meio dia cravado.

Puxo ele no meu colo para sentar-se de frente pra mim e ali ficamos de conversas bobas, depois que o ameacei de pega-lo em cima da minha mesa do escritório, loguinho ele aquietou e parou de falar de contabilidade no meu ouvido.

— Porra que semana chata essa.

— Porque Braz? — Minha camisa é aberta, os belos olhos descem para o meu peito e os dedos, afundam nos pelos que ele adora, nossas bocas trocam beijos doces e eróticos. — Te amo...

— Prova.

— Ah, já sei... vai mandar eu ficar de quatro em cima dessa mesa, né?

— Não. Não fale de contabilidade a partir de agora, até... deixa eu pensar... até eu falar do assunto. Troco uma coisa pela outra.

Ele não responde, levanta-se e caminha até a janela.

— E se eu transar contigo em cima dessa mesa?

— Agora?

— Aham.

— Pode falar de contabilidade durante a foda. Tem certeza que prefere isso?

— Prefiro. — Ele responde sorridente, abrindo a camisa e mostrando um volume indiscreto na calça.

— Vou te pegar com força e com a porta destrancada.

Digamos que seu sorriso sexy morre e os botões da camisa fecham, mas safadeza no olhar não apaga. Tô preocupado.

...

No domingo quando achei que ele ia estar mais soft, o Palmeiras perde para o Corinthians. Aí não era mais a contabilidade nos meus ouvidos, era a corrupção dentro do futebol.

— Perder é uma coisa, a gente até aceita perder quando não tem "sujeira" por trás desses clubes.

— Tu ganha alguma coisa quando o Palmeiras ganha?

— Quando é o Vasco que perde, eu não posso falar nada.

— Haha, não pode, mas fala, tripudia e sapateia nesse coração português aqui.

— Só eu posso.

— Claro, pessoa malvada é este gajo.

— Opa! Seu Braz, tem uma ligação pro senhor.

— Quem é, Itália?

— Um grosso, achei que era aquele teu parente lá de Portugal, o Nereu, mas esse daí não tem o sotaque de vocês.

— Ah, João Paulo? Não estou trabalhando hoje... amanhã? Sim, horário comercial. Agenda com a secretária que atendo. Poxa, sério? Espera... amor, me dá uma caneta...

Já imagino alguém comentando, que o "sujo fala do mal lavado", mas quase que perco o leite LV no preço antigo.

— Ei, como que esse cidadão tem o telefone daqui?

— Acho que eu passei. Mas... é o João Paulo da Distribuidora M... e quando ele liga, sou obrigado a atender.

— Nem vou falar nada.

— Estranho, em vez de ligar no meu celular...

— É pra ter mais intimidade com o homem dos outros. Esse daí sabe que você é comprometido?

— O mundo já sabe e nunca dei motivo pra ciúmes.

— Carlinho.

— Ah... foi antes de eu te conhecer. 

— Valentin...

— O nome desse bandido é proibido aqui em casa.

— Me comeu na mesma mesa do escritório onde pegou o cara.

— Eia, posso fazer pipoca, essas briguinhas gosto de ver sentada.

— Hã?

Tínhamos nos esquecido da Itália e meu alemão está vermelho-tomate-maduro.

— Quando vocês passam o domingo nessa sala, só brigam. No quarto, pelo menos, o alemão se acalma.

— Eu? Eu estou mais do que calmo. Só que tem esses filhos da p...

— Túlio, vamos dar uma volta? Tomar uma água de coco na beira da praia.

— Não estamos na Bahia, pra tomar água de coco, às sete horas da noite. Vou tomar um banho e dormir.

— Já fez oitenta anos? — Retruco — Porque tem gente que passou dos oitenta e é mais ativa que você. Vai mesmo dormir as sete horas da noite?

Ele ignora minha pergunta, vai pro quarto e eu o sigo. Sério, meu sangue ferve e vou descontar isso na foda, ah vou, mas antes um castigo vem bem a calhar.

— Posso tomar banho junto?

— Não. — ele responde malcriado, mas não me proíbe de entrar no banho com ele ou abraçar o corpo que amo ou beijar com paixão sua boca.

— Túlio, Túlio, só sossega com vara.

— Quero muito...

— Tá vendo, isso é remédio.

— Posso te foder hoje, faço bem devagar... queria meter gostoso...

Ai meu senhor, Túlio não ama ser o ativo da transa e adora ser penetrado, hoje vem falar em meter no meu rabo, quando faz tanto tempo... queria só dar uma transadinha gostosa e descansar. Ele tá mal intencionado, no banho se ajoelha, ali mesmo passa a me chupar ruidosamente, engolindo e ordenhando com força. Fico tão duro que o pau trepida, baba, ele mete na boca e suga. Minhas pernas ficam moles quando sinto aquela onda de tesão que vem muito forte quando o orgasmo chega.

A gente só faz, é gemer de tesão. Depois é de desespero, quando ele continua a chupar, empregando mais força que antes, por saber da sensibilidade na cabeça do pau. Pior que é gostoso mesmo que incomode.

— Posso? — Ele se põe de pé e me empurra contra a parede. Rio, mas dá um nervoso quando ele me pega. Dá medo. Não teve "preparo" e precisei contar com a sorte, se é que me fiz compreender. Foder com sabonete, é coisa do capeta, mas aconteceu. Assa tudo e com a violência do Túlio, saio fodido literalmente. E ele sai completamente vingado e satisfeito, e claro, com o pau ardido, porque né...

— Sabonete... — Me jogo de bruços na cama e balbucio umas quatro vezes essa palavra. Ele se encosta todo manhoso, tipo um gato de verdade: carente, cheio de interesse e traiçoeiro.

— Amor... tô ardido.

— Bem feito, isso é castigo pela maldade. Pensa só, o teu urso tá todo fodido...

— Isso é pra você não jogar na minha cara que só fico com a parte fácil da transa.

Me viro de costas para a cama e ele deita a cabeça no meu peito, adivinha? Fica mexendo nos pelos até pegar no sono... coisa linda, esse homem. Só pra lembrar, no dia a seguir é segunda-feira e dia 9, nada deu certo referente a apuração da última guia do ICMS. Ele xingou o dia todo.

— Túlio, faz a caralha dessa guia a maior, eu pago e depois você recupera o crédito. 

—Mas e a declaração. Preciso mandar até dia 10, eu nunca atrasei.

— Essa bosta gera multa? Se não gera, para de me estressar e manda no dia 20.

— Que? Não...

— Chega. Não fala mais nisso.

— E se...

— Não, não quero saber.

— É...

Dessa vez, eu o calo de outra forma. Na entrada do mercado e na vista das operadoras assustadas, eu o beijo. Ele fica roxo. Não diz nada. A manhã do dia 9 de abril de 2018 corre normalmente. Ele almoça normalmente... Dois ou três dias, transcorrem normalmente. Porém, estou ciente de que não devo interromper um escorpiano e o final de semana vai chegar...

... e o sabonete estará lá.

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Oi pessoal lindo♥ Cá está mais um dia estressante de casal e contabilidade. Rotinas e mais rotinas. ICMS é um imposto estadual referente a circulação das mercadorias e... não é de Deus. kkkk

Beijos♥♥♥ Carinho♥♥♥

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