+EXTRA

: EDDIE ESTÁ MORTO
— EXTRA —

JULES ESTAVA SENTADA na cadeira do hospital, esperando Max acordar e esperando os meninos voltarem.

Ela estava com tanto medo que algo tivesse acontecido com eles, eles estavam demorando mais do que deveriam.

Sally entrou na sala. — Jules, tem algumas crianças querendo ver Maxine, mas elas não são parentes, então...

Assim que ouviu essas palavras, ela saiu correndo da sala.

Sally revirou os olhos quando não obteve resposta e saiu também.

— Dustin! — Jules gritou.

Seu melhor amigo se virou e não pôde deixar de sorrir com os olhos vermelhos ao ver sua melhor amiga sã e salva.

Eles colidiram e se abraçaram com força.

— Pensei que algo tivesse acontecido com você. — Dustin soluçou.

— Estou bem. — Jules sussurrou em resposta.

Harrington foi o próximo a abraçá-la. Jules sentiu que foi um dos abraços mais duradouros e sinceros que o mais velho lhe deu.

Ela olhou para todos com a testa franzida, notando que uma pessoa em particular estava desaparecida.

— Onde está Eddie? — ela perguntou.

Eles trocaram um olhar desanimado, sem saber como dariam a notícia para a morena.

— Talvez você queira se sentar. — sugeriu Nancy.

Jules balançou a cabeça, sem entender.

— O que? — ela perguntou e depois olho para Dustin. — Onde ele está?

Ela não gostou da origem do tema, das expressões dos meninos. Seu batimento cardíaco começou a acelerar de medo e ela balançou a cabeça.

— Não... Não, por favor. — Jules implorou.

Dustin deu um passo à frente. — Eddie está morto, Julie.

Jules continuou a negar, enquanto se afastava deles. Não fazia sentido.

Ela não queria acreditar que isso tinha acontecido.

Ela nem se preocupou em abraçá-lo na última vez que o viu.

Jules Munson não sentiu nada além de ódio por si mesma naquele momento.

— Íamos ir para casa... — ela soluçou.

Os outros ficaram duas vezes mais afetados ao ver a reação de Jules, deduziram que seria difícil contar a ela, mas não tinham certeza do quanto.

Jules tentou controlar a respiração o melhor que pôde, enquanto engolia e sentia uma pressão terrível no peito.

Tudo parecia se repetir.

Ela se sentiu da mesma forma na noite em que perdeu Dalia.

— Não... Ele não foi embora. — ela começou a dizer como poderia. — Ele não podia ir embora. — ela soltou um lamento comovente que perfurou o coração de seus amigos.

As luzes do hospital começaram a piscar repetidamente, enquanto os médicos e enfermeiras olhavam confusos.

— Jules, você tem que se acalmar. — Nancy falou, tentando se aproximar.

— Temos que voltar para buscá-lo! — Jules exclamou desesperadamente. — Nós temos... Nós temos... — ela continuou soluçando. — Não posso perdê-lo, não posso.

A realidade era que ela já o havia perdido.

O tempo de Eddie Munson acabou.

Steve se aproximou dela, envolvendo-a lenta e calmamente em seus braços até que as luzes pararam de piscar.

— Eu destruo tudo que toco. — ela sussurrou, com mais lágrimas escorrendo pelo rosto.

Só o ato mais cruel foi capaz de libertar o Devorador de Mentes.

A morte de Eddie foi o golpe que Jules precisava para libertá-lo.

Jules caminhava com a carta nas mãos, com o corpo todo trêmulo e com passos lentos, com medo de se aproximar.

Aproximou-se do túmulo de Eddie.

Seus olhos estavam inchados de tanto choro que passou nos últimos dias, ela até havia se distanciado de todos após a pior notícia que poderia ter recebido em sua vida.

Ela se sentou na grama e na sua frente estava uma grande pedra com o nome de seu irmão gravado ali.

Ela tirou o chapéu Ahoy e o deixou ao lado dela, olhando para baixo e balançando a cabeça.

— Você não precisava sair, ouviu? — ela começou. — Não foi justo. Não foi nada justo, Eddie. Porque você fez isso?

Teve que se controlar ao sentir as árvores tremerem ao seu redor e com medo desdobrou a carta em suas mãos.

Ele engoliu em seco e um soluço escapou de seus lábios antes de começar a ler.

— Eu preciso de você... — ela sussurrou. — Eu preciso do meu irmão de volta. Preciso que você me conte suas piadas que nunca entendo, preciso que você toque violão à noite antes de dormir. Preciso que você volte, Eddie. Preciso que você volte a acariciar meus cabelos como fazia antes. — continuou lendo. — Sinto falta da sua voz. — ela assentiu. Outro soluço e o papel escorregou de seus dedos até cair no chão.

Ela abraçou as pernas e continuou soltando pequenos gemidos de dor, perdendo o controle absoluto sobre suas emoções.

— Dalia me chamava de "castañita", sabe? Ela sempre disse que meu cabelo era uma das coisas mais lindas do planeta. — ela soltou uma risada amarga. — E agora perdi uma das pessoas mais importantes da minha vida. De novo... — ela balançou a cabeça e suspirou. —Mas não quero reclamar com você de nada, é só que...

De repente ela sentiu um arrepio e franziu a testa, vendo como o céu começou a escurecer completamente. Uma pequena sombra deslizou sobre seus dedos até cercar o túmulo de Eddie e então tudo ao seu redor começou a mudar.

Ela estava do Outro Lado.

— Steve? — Jules perguntou confusa, já que era ele o encarregado de levá-la ao cemitério.

Jules começou a andar sem sentir medo, enquanto olhava tudo confuso.

Ela estava no estacionamento de trailers.

Eddie! — ela ouviu um grito.

Ela se virou e viu Dustin correndo em direção a alguém que permanecia no chão.

O que estava acontecendo?

Ela se aproximou e então sentiu uma pressão no peito ao ver Dustin se ajoelhar ao lado do corpo manchado de sangue de Eddie Munson.

Jules estava no passado.

Ela estava naquela noite.

Muito ruim, né? — ela ouve a voz dele.

A morena negou, também se ajoelhando enquanto mordia o lábio inferior com força para não chorar novamente.

Não, não, não. Você vai ficar bem. — concordou Dustin. — Temos que ir para o hospital.

— Eddie... — Jules sussurrou, mas ele claramente não a ouviu.

O menino cacheado olhou para o mais novo e tentou sorrir o melhor que pôde.

Pelo menos dessa vez eu não fugi, né, Dustin?

Dustin podia sentir as lágrimas brotando de seus olhos e rolando pelo seu rosto até cair no chão.

Não, você não fugiu. — ele respondeu com tristeza.

A próxima coisa que Jules ouviu foi o que precisava para fazer seu coração quebrar.

Você vai ter que cuidar da Julie por mim, ok?

Jules negou: — Não, por favor...

Dustin era o mesmo.

Não, você mesmo fará isso. — Dustin exclamou. — Ela precisa de você...

Duvido, irmão. — respondeu ele. — Diga que vai cuidar dela. Diga. — ele pediu.

Dustin balançou a cabeça, mas acabou cedendo, pelo menos se esse fosse o desejo de Eddie.

Eu... Eu vou cuidar dela. — ele engoliu em seco, com a respiração curta.

Jules sentou-se no chão, tapando os ouvidos e implorando para ser tirada dali.

Ela implorou ao Devorador de Mentes.

Bom, porque acho que finalmente vou me formar. Acho que é o meu ano, Henderson. — sua voz começou a falhar devido ao sangue que estava perdendo. — Acho que... Meu ano finalmente chegou.

— Tire-me daqui. — Jules começou a repetir em um sussurro, fechando os olhos com força.

Eddie disse algumas últimas palavras. — Eu te amo, amigo.

No momento em que Dustin os devolveu, o garoto cacheado parou de respirar.

Jules parou de ouvir a voz dele e abriu os olhos, encontrando o corpo sem vida de Eddie Munson.

— Eddie? — Jules perguntou assustada, chegando bem mais perto. — Não, não, não. Eddie, por favor, você não pode ir.

Jules sentiu tudo como se ainda estivesse vivo.

— Eddie! — ela exclamou e o sacudiu. — Eddie, eu preciso de você. Por favor, não vá. — ela negou. — Não posso te perder também. — mais soluços escaparam de seus lábios. — Você é meu irmão e eu te amo, ok? Você não pode me deixar. Você não pode me deixar, Eddie! Não é justo! Não é justo... — ela sussurrou.

Pior de tudo, Eddie nunca conseguia ouvir Jules dizer "eu te amo" para ele.

Eddie Munson foi embora e Jules de alguma forma sentiu que tinha a oportunidade de mostrar o quanto estava grata a ele.

A morena começou a engatinhar para trás, continuando a soluçar e fechando os olhos.

— Por que você está fazendo isto comigo? — Jules perguntou, com a respiração presa. — Por favor. — ela implorou.

Num instante, tudo começou a evaporar, voltando ao mesmo lugar de antes.

Ela estava no cemitério.

Ela se apoiou no túmulo e mais lágrimas escorreram pelos seus olhos, enquanto ela suspirava e tentava se acalmar.

Seus olhos viajaram para o chapéu de Ahoy, ela o pegou com as mãos trêmulas e o colocou sobre o túmulo de seu irmão.

Jules se odiou por deixá-lo morrer.

E esse ódio sempre existiria, mesmo com o passar do tempo, ela nunca se perdoaria por não ter estado ali.

Mas o Devorador se Mentes concedeu-lhe o seu desejo.

De uma forma cruel, mas ela conseguiu.

Ele apenas obedecia às ordens que os pensamentos mais enterrados de Jules lhe davam.





ATÉ A QUINTA TEMPORADA

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