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: A GUERRA PARTE TRÊS
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AS RAÍZES AGARRARAM Jules e Eleven, arrastando-as pelo chão até deixarem uma em cada parte quebrada da casa Creel. Ambas estavam inconscientes, mas por motivos diferentes.

Eleven ficou atordoada com o golpe.

Mas Jules... Bem, Vecna ​​a faria sofrer de todas as maneiras possíveis.

O homem chegou carregando Max no ombro e a deixou deitada no chão, enquanto as raízes repetiam seu trabalho.

Os olhos da morena percorriam de um lado para o outro sob suas pálpebras, enquanto sua respiração acelerava. Vecna ​​caminhou em sua direção, enquanto Eleven começou a balançar a cabeça.

— Não... — Eleven murmurou. — Não! Não a machuque!

O homem a ignorou e ficou na frente de Jules, que ainda estava inconsciente. Ele aproximou a mão da bochecha dela e a deslizou em uma tentativa fracassada de carícia.

Tudo acabará em breve, Julie. — ele falou, com a voz arrastada.

Ele ergueu a mão até atingir a cabeça da garota e ela começou a respirar mais pesadamente. Eleven continuou balançando a cabeça, com as bochechas completamente encharcadas.

A única coisa que Jules sentiu naquele momento foi um arrepio percorrendo-a e depois disso ela abriu os olhos abruptamente, encontrando Vecna ​​na sua frente.

As vinhas começaram a libertá-la, quando ela caiu no chão molhado e começou a franzir a testa.

Embora na época parecessem boas intenções, os planos de Vecna ​​para Jules nada mais eram do que causar-lhe pura dor. Ele a deixou ir com a condição de que ela o testemunhasse sacrificar sua namorada.

A partir de hoje você vai parar de se reprimir... — ele continuou falando, se afastando dela para se aproximar de Max. — Todo o potencial que você tem dentro de você vai sair.

Somente o ato mais cruel era capaz de libertar o devorador de mentes.

— Não toque nela. — Jules implorou, tentando se aproximar.

Uma videira envolveu seu tornozelo, subiu por sua perna e a puxou de volta contra a parede.

Não me obrigue a privá-la de sua liberdade novamente.

Jules balançou a cabeça, claramente frustrada por não haver saída. Ela não poderia perder Max, ela não iria deixar isso acontecer. Vecna ​​fixou o olhar na ruiva, mas assim que ele estava prestes a se aproximar, Eleven o distraiu.

— Papai morreu. — ela falou, fazendo com que a atenção da criatura se voltasse para ela.

Jules sentiu seu lábio inferior tremer e tentou ao máximo fazer com que as vinhas lhe permitissem se aproximar de Max, mas nada estava funcionando. Jules tentou pegar a mão dela, mas por apenas um metro isso não foi possível.

— Max. — Jules sussurrou, chamando-a, com a voz trêmula: — Max, acorde.

Max começou a recuperar a consciência e olhou em volta com a testa franzida e um olhar um tanto vago, até encontrar Jules, que estava com os olhos vermelhos.

— Jules... — Max sussurrou, assustada.

— Eu sei. — ela assentiu e engoliu em seco. — Max, quero que você saiba uma coisa. — Max olhou para Vecna ​​​​e depois para Julie rapidamente. — Você se lembra do dia em que entrou na sala? O primeiro dia.

— Jules, por favor. — ela implorou, com lágrimas escorrendo pelo rosto.

Julie não iria parar de falar, não quando houvesse uma chance de que este pudesse ser o último momento em que apreciariam a voz uma da outra.

— Naquele dia eu senti algo. — Jules continuou. — E eu sei que parece estúpido porque você não acredita em amor à primeira vista. — Max não pôde deixar de sorrir tristemente. — Mas aconteceu comigo. Aconteceu comigo por você e é um dos sentimentos mais lindos que já experimentei. — a voz dela começou a falhar. — Tentei demonstrar, todos os dias desde que te conheci tentei mostrar o quanto me importo com você e espero ter feito o suficiente. — a ruiva fica com os olhos apertados ao ouvi-la.

Jules sentiu uma pressão no peito e sua visão ficou turva devido aos olhos lacrimejantes.

Então Jules continuou: — Naquela noite. — ela sussurrou. — No baile de inverno, quando você me ofereceu sua mão. — Max abriu os olhos lentamente. — Eu poderia fingir que foi a única e primeira vez que silenciei a voz em minha cabeça que me dizia que eu não era boa o suficiente para você.

Jules sofria de atelofobia.

E então ela acrescentou a última e mais valiosa coisa que mais importava nesta situação.

— Eu te amo, Max. — Jules não conseguia conter os soluços.

Max sentiu aquelas últimas palavras perfurarem cada pedacinho do seu coração. Não deveria parecer um "adeus", mas foi, e isso foi o mais doloroso.

— Jules... — Max sussurrou, olhando para baixo e deixando as pequenas gotas de seus olhos escaparem livremente.

Ela não teve tempo de dizer isso também, pois ambas voltaram o olhar para Vecna, que se aproximava num ritmo lento e determinado. A criatura ficou na frente da ruiva, enxugando o rosto molhado com a mão comprida.

Não tenha medo, Maxine. — ele disse.

Jules balançou a cabeça, não querendo ver isso, até que uma videira subiu até seu pescoço e a forçou a manter os olhos no que Vecna ​​estava prestes a fazer.

O homem ergueu a mão, enquanto os olhos da ruiva voltaram, ficando completamente brancos.

— Eu vou dar para você o que você quer! —Jules exclamou desesperadamente. — Deixe-a ir! Eu te darei o que você quiser!

Vecna ​​olhou para ela, ela pôde ver a sinceridade do que ela disse, ela pôde ver o quanto Jules estava disposta a lhe dar mais poder para não perder Max.

Ele afastou a mão da ruiva, conseguindo deixá-la inconsciente.

A única coisa que Lucas pôde presenciar naquele momento foi como os olhos de Max começaram a sangrar, até que ela caiu no chão, parando de levitar.

Então ele se virou quando sentiu um tremor e pôde ver que os lugares haviam mudado, a pessoa no ar, com os braços de cada lado e com os olhos brancos era Jules.

Em outro lugar, Eleven começou a balançar a cabeça, não querendo perder nenhuma delas.

— Você pode me levar. — Jules falou com a voz trêmula. — Mas não quero que você coloque uma mão nele novamente.

Você vai me deixar guiá-la.

A morena assentiu, o lábio inferior tremendo, assim como todo o seu corpo.

Vecna ​​ergueu a mão, colocando-a na cabeça, enquanto sentia uma energia percorrer os corpos de ambos, uma energia que parecia queimá-los por dentro.

Jules sentiu sua respiração falhar, enquanto inconscientemente tentava se libertar do fato de que estava parando de respirar.

Lucas gritou o nome da amiga desesperadamente, e então teve que cobrir Max enquanto tudo continuava a tremer ainda mais.

Os olhos de Jules começaram a escurecer e um gemido vindo de Vecna ​​confundiu a todos.

Algo o estava bloqueando.

A sombra não queria sair do corpo de Jules.

Lucas viu como uma espécie de poeira que eles já haviam enfrentado antes começou a envolver o corpo da morena, ele estava no meio de uma tempestade parecida com as do outro lado.

Jules... — Vecna ​​arrastou seu nome furiosamente.

De repente, uma onda escura saindo do corpo de Julie atingiu a criatura, e Eleven, que havia se libertado de suas garras, conseguiu mandá-lo para longe das duas garotas.

No sótão da casa Creel, o ambiente voltou à suposta normalidade, com Jules acordando do transe e caindo no chão, com veias escuras aparecendo no pescoço. Ela olhou para todos os lados com a respiração descontrolada, até encontrar Max caída no chão, inconsciente.

— Não, não, não. — Jules negou, rastejando em direção a ela. — Max, acorde. Por favor.

Lucas olhou para tudo claramente afetado, e se aproximou lentamente das duas meninas.

Jules colocou a cabeça de Max em seu colo, enquanto mais lágrimas brotavam de seus olhos castanhos.

— Acorde, anjo. — Jules implorou. — Preciso que você fique comigo. Max... Max, acorde! — ela exclamou desesperadamente. — Lucas, chame uma ambulância! Agora!

O menino assentiu e saiu do quarto em passos rápidos, passando pela irmã no caminho.

Não havia sinais de vida, até que a ruiva abriu os olhos com um suspiro um tanto exagerado.

Jules não conseguia se lembrar de uma única vez em que se sentisse tão aliviada ao ver os olhos azuis de Max como naquele momento.

— Max... — Jules sussurrou angustiada, enquanto soluços de alívio começaram a escapar de seus lábios secos.

Ela olhou em volta confusa, aproveitando o tempo para lembrar o que havia acontecido.

Um tremor mais forte as assustou, enquanto Jules jurava que as quatro badaladas do relógio estavam tocando dentro de sua cabeça, conseguindo incomodá-la e que sua orelha direita começaria a sangrar.

Não fazia sentido, porque Max não tinha morrido.

Mas se retrocedermos a história, acho que você entenderá melhor.

Voltaremos ao exato momento em que Vecna ​​colocou a mão na cabeça da morena, deixando-a sem fôlego.

Assim que o bloqueio começou, a sombra pressionou o corpo de Jules para se segurar, apertando seu coração a ponto de parar de bater, sua respiração parou e minutos depois ele voltou à vida enquanto a onda de energia deixava seu corpo batendo no homem na frente dela.

Jules Munson foi o quarto sacrifício.

Ela foi responsável por quebrar o mundo.

Voltando ao presente, o chão abaixo delas começou a quebrar, então Jules rastejou de volta, correndo de lá com sua namorada.

As vinhas vieram à luz, engolindo e levando tudo em seu caminho enquanto o chão se abria cada vez mais.
Os quatro portais estavam se conectando.

A cidade de Hawkins estava em chamas.

O começo do fim havia começado.

Apenas dois dias após o grande desastre. Dois dias depois de tantas mortes.

Jules perdeu um membro de sua família naquela mesma noite, ela nem teve vontade de lembrar a reação dela quando Dustin contou a ela.

Eddie Munson morreu como um herói.

A morena carregava um skate nos braços, enquanto corria e evitava as enfermeiras com muito cuidado e tentando não esbarrar em outros pacientes.

— Jules, já conversamos sobre isso! — gritou a médica, mas Jules apenas sorriu para ela e acenou.

A mais velha balançou a cabeça com um sorriso, nada do que dissessem poderia convencer a morena a ir para casa.

Ela entrou na sala e sorriu animadamente.

— Olá, anjo. — cumprimentou Max, que estava na maca comendo uma gelatina.

Depois do ocorrido, ela teria que ficar internada devido aos leves danos nos olhos e porque, por falta de tempo, apenas o braço esquerdo foi quebrado.

— O que você traz aí? — sua namorada perguntou franzindo a testa.

Jules pegou o objeto e mostrou a ela. — Seu skate.

Em uma das paredes do hospital estava pendurado o desenho que Max havia feito das duas.

— Não tenho certeza se eles vão deixar você usar isso aqui. — Max falou com diversão e olhos semicerrados.

— Sally me adora, acho que ela não vai me delatar. — Jules deu de ombros, referindo-se à enfermeira encarregada de cuidar da ruiva.

— Deixe isso e venha. — ordenou Max.

— Mas...

— Jules. — Max falou em tom de advertência.

A morena, relutante, colocou o skate no chão e se aproximou da maca. Max pegou a mão dela e fez sinal para que ela se deitasse ao lado dela, o que Jules obedeceu sem protestar.

Jules olhou para a namorada e Max aproveitou a oportunidade para colocar a mão em sua bochecha e beijar seus lábios.

Julie retribuiu imediatamente, deixando a mão repousar na cintura de Max.

Elas se separaram com pequenos sorrisos e continuaram se abraçando, até que alguns passos as distraíram.

— Max... — Sally entrou na sala e bufou ao ver Jules. — Você tem visitas. — então seu olhar foi para a morena. — Você e eu conversaremos mais tarde.

— Sim, eu também adoro você, Sally. — ela respondeu sarcasticamente.

Jules se levantou da maca e engoliu em seco ao ver entrar as pessoas que ela achava que não veria novamente.

Will e Mike se aproximaram para abraçá-la entre eles.

— Senti falta de vocês. — murmurou a morena.

— Não achamos que Eleven estava falando sério... — disse Mike. — Sobre você estar aqui.

— Bem, acontece que estou aqui e sou muito real. — Jules falou com um sorriso.

Eles se aproximaram para cumprimentar Max, que estava na maca.

Eleven tirou o capuz que cobria sua cabeça e envolveu Julie em um longo abraço.

— Sinto muito por tudo o que aconteceu. — Eleven sussurrou.

— Não se preocupe. — Jules retribuiu o abraço com mais força.

Jules deu um abraço em Jonathan e então Nancy sorriu para ela.

— Dustin está lá embaixo, está te procurando. — Nancy aviso. — Vocês têm que levar as caixas para a doação.

Jules fez uma careta e olhou para Max, que acenou com a cabeça afirmando que estava bem.

— Acalme-se, vá. — Mac assentiu.

Jules saiu do quarto, começou a caminhar pelo grande hospital e descer alguns degraus até encontrar a entrada, onde Steve, Robin e Dustin a esperavam no carro.

— Sentiram minha falta? — perguntou ela, sentando-se no banco de trás ao lado de seu melhor amigo.

— Não. — Steve respondeu.

Ela revirou os olhos e Robin sorriu um pouco. — Você é um mentiroso.

Eles começaram a caminhar em direção ao ginásio. Eles desceram do carro com as caixas nas mãos e entraram no estabelecimento. Caminharam com os olhos de alguns voltados para Dustin, por fazer parte do clube Hellfire.

— Ok, aqui estão cobertores, alguns brinquedos e roupas para as crianças. — Robin apontou para cada uma das três caixas.

— Agora organizado. — respondeu a mulher. — Nós apreciamos muito isso.

Eles sorriram e perguntaram se havia mais alguma coisa que pudessem fazer, então ela assentiu e apontou algumas áreas em que poderiam ajudar.

Quando chegou a sua vez de escrever o nome de Jules, as pessoas ao seu redor lançaram-lhe olhares atrevidos.

— Jules Munson. — ela falou, assim que perguntaram seu nome.

Ela sabia o que aquele sobrenome poderia fazer hoje, mas não poderia estar mais orgulhosa de usá-lo.

Jules se virou e começou a andar, mas então encontrou o tio de Eddie, que está entrando no local com folhetos.

Faz muito tempo que ela não o via.

Jules andou rapidamente em sua direção, surpreendendo-o assim que o abraçou. Dava para perceber que Jules era uma pessoa livre e viciada em dar abraços carinhosos nas pessoas.

— Julie... — o velho sussurrou, totalmente surpreso ao vê-la.

Ele aceitou seu abraço com força e então viu Dustin vindo em direção a eles, e entendendo o olhar de seu melhor amigo, ela se afastou com algumas lágrimas escorrendo dos olhos.

— Eu... Eu tenho que ir servir a comida. — Jules sussurrou, sua voz falhando quando se lembrava de Eddie. — Mas eu estarei lá se você quiser ir.

Ela começou a se afastar, enquanto se abraçava e fechava os olhos com força.

Ela sentia muita falta dele.

Ela iria cumprir sua promessa desta vez, ela não iria mudar por nada no mundo.

Ela se perguntou o que teria acontecido se as coisas fossem diferentes, se ela tivesse ido com eles, se o tivesse convencido a não sacrificar a vida por um povo que o odiava.

De repente as pessoas começaram a olhar pelas janelas e a sair do local com interesse pelo que havia lá fora. Jules franziu a testa sentindo um arrepio e seguiu todos.

Ela podia ver pequenas partículas brancas caindo do céu, cobrindo toda Hawkins.

Jules compartilhou um olhar com seu melhor amigo e ambos sabiam que isso não era um bom sinal.

Ninguém percebeu naquele momento, mas os olhos de Jules começaram a escurecer enquanto seu olhar subia.

Ela e a sombra se tornaram uma só.

Bem, aqui é o fim da fanfic oficialmente, eu estou tão feliz por ter traduzido está história.

Teremos três capítulos extras antes de concluir essa fic. Espero que vocês tenham gostado. Vocês são incríveis demais. ❤️❤️

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