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: A GUERRA PARTE UM
— 54 —

ESTAVAM TODOS NA casa móvel, com as armas preparadas, as bases do plano preparadas, e também tentavam convencer-se de que estavam bem.

Mas não estavam assim.

Como eles poderiam estar prontos?

Muitas coisas podem dar errado.

Jules estava sentada entre Dustin e Eddie, com o olhar abatido e o pulso acelerado. Os nervos percorreram cada centímetro de seu corpo e ela evitou contato visual com a ruiva.

Dustin estava quase igual a sua melhor amiga, ele não conseguia acreditar na possibilidade de que hoje pudesse ser a última noite de todos vivos.

A de olhos castanhos pegou sua mão, entrelaçando os dedos e apertando-a, em sinal de avisar que ela estava ao lado dele, e que continuaria assim.

Dustin sorriu um pouco, mas seu olhar ainda estava abatido.

Steve parou o veículo justamente quando chegaram à casa dos Creel e suspirou, olhando para trás.
Erica, Lucas, Max e Jules pegaram as luminárias, enquanto suspiravam e abriam a porta para descer.

— Cuidem-se, ok? — Julie falou, olhando para o resto.

Eles acenaram com a cabeça e ela suspirou, sentindo um gosto amargo na boca.

Ela saiu da casa móvel e Steve automaticamente pisou no acelerador novamente, enquanto eles o observavam desaparecer de vista à medida que avançava.

Os quatro trocaram olhares e começaram a caminhar até encontrarem a porta da velha e abandonada casa. Eles tiraram os sapatos para evitar o barulho e cada um tinha até um caderninho com marcador para que pudessem se comunicar dessa forma. Passaram muito tempo, até que chegou a noite e eles ainda estavam lá.

Jules e Max estavam no sótão, Lucas no primeiro andar e Erica no térreo.

Cada área foi guardada por eles e suas luzes, para encontrar Vecna.

A morena sentiu o chão ranger suavemente sob seus passos, e isso junto com a linda voz de Kate Bush que vinha dos fones de ouvido de Max eram os únicos sons no local.

Jules se virou e viu sua namorada andando enquanto inspecionava cada canto do sótão, só que ela não prestava muita atenção onde estava pisando.

Max ameaçou dar um passo à frente mas sentiu um leve puxão na cintura para trás, ela olhou para baixo e viu as mãos de Jules de cada lado dela. Max se virou com a testa franzida e aquela de olhos castanhos apontou o olhar para baixo.

Max estava quase entrando em um buraco com teias de aranha (e possivelmente outra coisa) no chão.

Ela suspirou e sorriu um pouco em gratidão, enquanto Julie a soltava e Max pegava sua lanterna de luz azul novamente em suas mãos, para continuar procurando.

Ouviram passos apressados, então ambas olharam em direção à porta e viram Erica chegar apressada, com um bilhete na mão que dizia: "ENCONTREI VECNA".

Elas a seguiram até o andar térreo, onde Lucas as esperava lá e em silêncio elas se aproximaram, vendo como a lâmpada acendia muito mais que as outras e piscava repetidamente.

Eles se aproximaram o suficiente e então a Sinclair mais nova tomou nota novamente, começando a escrever.

"Fase um?" Ela perguntou, enquanto olhava para os três.

Eles assentiram e ela pegou uma lanterna, saindo de casa e atravessando em direção ao pequeno parque em frente.

Com o passar do tempo, Jules e Max sentaram-se frente a frente, ocasionalmente olhando pela janela para ficar de olho em Erica.

Lucas estava sentado na entrada, enquanto começava a tentar desenhar no caderno para não ficar entediado.

Julie observou enquanto Max olhava para ela e então pegava seu caderno, começando a escrever algo nas anotações.

Max franziu a testa e sorriu ao ver o que havia escrito.

"Olá." Max mostrou a ela, enquanto sorria para ela.

A morena pegou seu caderno e escreveu a mesma coisa, junto com uma carinha feliz e um coração.

"Olá ♡︎ ت." Jules respondeu, fazendo Max franzir os lábios e olhar para baixo novamente, para escrever uma resposta.

Max ergueu o caderno novamente, fazendo Jules apertar os olhos para ler melhor, já que estavam quase na escuridão.

"Que bom que você está aqui comigo." Mostrou a ruiva.

Jules piscou um pouco nervosa e escreveu uma resposta novamente.

"Eu também!" Jules ergueu o caderno e a garota de olhos azuis teve que se conter para não rir.

Jules hesitou mas acabou baixando o olhar novamente, com as mãos um tanto trêmulas de nervosismo ela começou a escrever a grande pergunta, enquanto engolia saliva.

"Encontro na sexta-feira?" Levantou a folha pela segunda vez e mostrou-a a Max, que ficou olhando para o bilhete.

A ruiva começou a escrever a resposta, demorando mais do que o esperado, o que deixou Jules numa posição tensa.

Mesmo que elas já tivessem rotulado seu relacionamento, Max ainda a fazia se sentir tão vulnerável quanto da primeira vez.

Max mostrou-lhe sua resposta e as duas sorriram ao mesmo tempo.

Era um desenho das duas em uma rua, com o que parecia ser Jules em cima do skate da ruiva e ela segurando nas mãos de Mad.

Exatamente como elas haviam conversado há algum tempo.

Max tinha que ensinar Jules a patinar.

Elas viram um lampejo vindo de fora e isso as distraiu, Lucas entrou na sala e os três se aproximaram de uma das janelas quebradas, observando Erica fazer sinais para eles.

Jules pegou a lanterna e ligou e desligou na direção dela, como resposta.

A segunda fase iria começar.

Jules e Max calçaram novamente os tênis, enquanto se levantavam e a garota de olhos azuis entrava na sala onde Vecna ​​estava.

Elas trocaram um olhar de apoio, após isso Max tirou lentamente os fones de ouvido, deixando-os pendurados no pescoço, abaixou a mão e apertou o botão para parar a música, fazendo com que absolutamente tudo ficasse em silêncio.

— Ei! — Max exclamou, assustando-os. — Idiota! Eu estou aqui. — Max falou. — Chega de música. Chega de truques. — a luz começou a parecer mais fraca. — Você está me ouvindo? O que está esperando? Vamos! Você me quer ou não?

Jules sentiu um arrepio percorrer seu corpo e depois disso a luz forte começou a aparecer na luminária de Max. Então eles engoliram em seco ao ver que Vecna ​​estava praticamente andando sobre eles.

Eles a seguiram até encontrarem as escadas, subiram-nas em completo silêncio, enquanto o clarão azul os cegava ligeiramente. Continuaram até abrir a porta do sótão e ainda estavam lá, no mesmo local onde a lâmpada havia explodido dias antes.

Os três se entreolharam novamente e Max segurou a luz na sua frente. Enquanto Lucas e Jules se aproximavam por trás.

De repente, ficou mais fraco até parar completamente, deixando-os confusos.

— O que você está esperando, idiota? — sussurrou a garota de olhos azuis. — Aqui estou! — ela exclamou, depois fez-se um silêncio absoluto. — Sei que você me ouve. Eu sei que você leu meus pensamentos. Mesmo os piores. — ela engoliu em seco. — Talvez esses mais do que os outros.

Max deixou a luz no chão, e começou a se livrar dos fones de ouvido, deixando-os de lado, enquanto Jules acompanhava tudo o que ela fazia com os olhos. Max sentou-se em frente à luz, puxando as pernas e abraçando-as.

— Pensei no que você disse. — começou ela. — Sobre como eu queria que meu irmão morresse. Achei que você só queria me incomodar. Ficar com raiva. mas não é bem assim, não é? Você só estava dizendo a verdade. — Jules e Lucas trocaram um olhar. — Billy tornou minha vida um inferno sempre que pôde. Então... Às vezes, à noite, antes de dormir, só perguntando... — sua voz começou a falhar. — Eu perguntava que ia acontecer alguma coisa com ele. Algo terrível. — Max olhou para baixo. — Como sabia que ele estava dirigindo rápido, imaginei que ele iria bater. Que morreu em seu estúdio automotivo. E... Eu queria ele fora da minha vida. Para sempre. Eu queria que isso desaparecesse.

Jules franziu a testa, com o estômago embrulhado e a cabeça latejando.

Max continuou: — No dia em que ele morreu... Acho que foi por isso que fiquei parada. Olhando. Não foi por medo ou... Fraqueza. Mas porque... Eu não sabia se ele merecia ser salvo. — as lágrimas começaram a cair. — Agora estou tentando me perdoar. Eu tentei, mas não consigo. Não posso. — Max balançou a cabeça. — E agora antes de dormir... Peço que algo aconteça comigo. Que algo terrível aconteça comigo. E é por isso que estou aqui. Porque... Eu quero que você me tire daqui. E eu quero que você me faça desaparecer.

Jules sentiu seu lábio inferior tremer e fechou os olhos ao ouvi-la dizer isso, enquanto sentia a mão de Lucas em seu ombro.

Por outro lado, Max estava olhando para baixo, até ouvir a voz da namorada.

— Isso é sério? — Max se virou para ver Jules. — Você queria que Billy morresse.

— Por que você está falando isso? — Max perguntou num sussurro, totalmente confusa.

Julie se virou lentamente: — Você já pensou isso de mim?

Max levantou-se rapidamente ao ouvi-la dizer isso.

— O que? Não, querida. — Max negou. — Nunca.

— Pessoas normais não fantasiam em matar outras pessoas, Max. — Jules falou, com o tom mais seco que já usou com ela. — Você percebe isso, certo?

Max engoliu em seco: — Jules, por favor.

— Achei que você estava melhorando. — Jules continuou. — Mas você não está, certo? Você está doente.

Max começou a dar passos para trás, enquanto mais lágrimas começaram a brotar de seus olhos ao ouvir aquelas palavras saírem da boca de Jules.

— Jules, você não está falando sério. — Max disse.

Jules  continuou a se aproximar. — Talvez seja bom que Vecna ​​leve você. — ela assentiu. — Talvez seja o melhor. Na verdade, estou feliz que seja você. — a voz dela começou a mudar. — Você será o escolhida. O quarto e último sacrifício. — seus olhos começaram a ficar brancos. — Você será aquele que destruirá o mundo.

Por outro lado, os meninos entraram em pânico ao verem como Max havia permanecido em silêncio, imóvel, com os olhos voltados para a nuca.

— Max! — Jules exclamou em pânico.

Lucas pegou a lanterna e se aproximou da janela do sótão, começando a piscar a luz para avisar Erica que era hora de iniciar a fase três.

O menino Sinclair se virou e viu Jules sentada em forma de índio na frente da ruiva.

— Jules, não... Você não pode. — ele negou, aproximando-se.

A morena fechou os olhos. — Lucas, preciso que você fique quieto.

— Não. — Lucas falou. — Ela não queria que você interviesse.

— Eu sei, mas também sei que ela está com medo, se eu puder dar um tempo a ela eu darei. — Jules falou determinada.

O menino hesitou, mas acabou suspirando e balançando a cabeça, sabendo o quão teimosa sua amiga poderia ser.

— Cuide-se e cuide dela. — Lucas falou pela última vez, antes de Jules entrar em transe completo.

Ela agarrou a pulseira que estava em seu pulso e respirou fundo, antes de limpar sua mente completamente.

Ela sentiu uma pontada na cabeça, que a deixou saber que Vecna ​​​​não estava feliz com ela interferindo em seus planos. Depois disso ela abriu os olhos abruptamente e estava em um corredor completamente escuro, com muitas portas de cada lado e ao longe havia uma luz vermelha iluminando o final.

Jules franziu a testa e começou a andar, enquanto a cada passo sentia a parede atrás dela avançando cada vez mais.

Vecna ​​​​tinha sua prisioneira.

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