049

: A HORA
49 —

ABRIRAM A PORTA da casa, enquanto davam um passo para dentro e com a luz das lanternas apontavam ao redor.

Foi um pouco perturbador.

— Wheeler, acho que é hora de limpar. — Robin falou.

Jules já conhecia o local, então simplesmente se aproximou do início da escada, esperando por eles.

Nancy olhou para tudo com a testa franzida. — Vamos. Não quero ficar muito tempo.

Eles assentiram e subiram para o segundo andar, direto para o quarto da mais velha. Eles entraram e ela foi até o armário, abriu as portas e de lá debaixo ela pegou uma caixa de sapatos branca.

Ela colocou-o sobre a mesa e removeu a tampa, revelando sapatilhas de ponta embrulhadas.

Julie franziu a testa enquanto abaixava a lanterna e compartilhava a expressão de Robin.

— Isso não são armas. — disse Eddie.

— Esses saltos são pontudos. — respondeu a loira. — Mas eu esperava algo próximo a um projétil letal.

Nancy parecia confusa, como se até ela estivesse surpresa ao ver os sapatos ali.

— Eu... Eu não entendo isso. — Nancy murmurou.

— Talvez você os tenha deixado em outro lugar. — sugeriu o de cabelos cacheados.

Ela virou-se para olhá-lo seriamente: —Minha irmã tem seis anos. Eu sei onde os guardo. — Nancy respondeu. — De qualquer forma, joguei esses sapatos fora anos atrás.

Jules deu um passo para trás, aproximando-se da janela para olhar para fora, vendo a tempestade e o céu avermelhado ao longe.

Ela se sentiu em casa.

Foi horrível, assustador e nojento.

Mas de alguma forma ela ainda se sentia em uma.

O olhar de Nancy foi para as anotações de química que estavam sobre a mesa, ela se lembrava delas perfeitamente e lembrava de quando as havia usado.

Mas aquilo foi anos atrás.

Ela os pegou e começou a examiná-los um por um, enquanto os lia.

— Entendo que você se preocupa com as notas, mas não poderia estudar mais tarde? — Robin perguntou.

— Eles são do segundo ano de Química. — Nancy sussurrou, enquanto olhava para cima. — E este papel de parede... — ela apontou andando pela sala. — É o papel de parede antigo. – então ela encontrou outra coisa. — E este espelho, foi para a venda de jardins. E ele... Ele não deveria estar aqui. — ela pega o bichinho de pelúcia em sua cama. — Não. Dei-o à minha prima Joanna há dois anos.

Depois colocou novamente o objeto na cama e pegou apressadamente seu diário, começando a ler as páginas até encontrar a maioria vazia.

— O que está acontecendo? — Eddie perguntou.

Robin franziu a testa. — Nancy? Não me assuste.

Jules se virou, aproximando-se deles confuso.

— Acho que a razão pela qual minhas armas sumiram... É porque elas ainda não existem. — Nancy sussurrou.

Eddie pensou ter ouvido errado.

— Elas não existem?

Ela se virou, mostrando-lhes o que tinha na mão.

— Este diário deveria estar completamente cheio e não está. — Nancy falou. — A última coisa é de 6 de novembro de 1983. O dia em que Will desapareceu. Quando o portal se abriu... — eles trocaram um olhar antes de ouvir o pior. — Estamos no passado.

O tempo funcionava de maneiras estranhas.

Eles ouviram um grito lá embaixo e correram rapidamente para lá, percebendo que Steve havia sido deixado lá embaixo.

Eles desceram as escadas e chegaram à sala, encontrando-o olhando para todos os lados, enquanto continuava chamando por Dustin.

— Olá? Olá! — Steve exclamou. — Dustin!

Robin inclinou-se para Nancy: — Talvez ele esteja com raiva.

— O que você está fazendo? — Jules perguntou.

Ele se virou, apontando a lanterna para eles, recebendo gemidos.

— Está aqui. Henderson. — ele se virou. — Esse pobre coitado está aqui. Está... Sstá nas paredes ou algo assim. Ouçam. — eles olharam para ele confusos. — Dustin, Dustin! Me escuta? Dustin!

Eles começaram a procurá-lo com Steve, enquanto gritavam seu nome.

Jules ficou encostada na parede suja com os braços cruzados, observando-os com cansaço.

— Dustin? — Eddie perguntou, olhando por trás de uma cortina.

Eles continuaram novamente, até que pararam.

— Bem, ele não está nos ouvindo ou aquele garoto está sendo um idiota. — disse Steve.

Jules balançou a cabeça: — Não funciona assim.

— O que? — eles se viraram para vê-la.

Jules se afastou da parede.

— Existe uma forma de comunicação entre este mundo e o outro. — Jules falou, caminhando em direção a um interruptor. — As luzes.

Nancy rapidamente entendeu e se aproximou de outra lâmpada, começando a acendê-la e apagá-la sucessivamente.

Esperando algum resultado da outra parte.

Steve se virou e apontou a lanterna para o pequeno lustre pendurado no teto e rapidamente congelou.

— Pessoal? — ele perguntou. — Vocês estão vendo isso?

Eles se aproximaram e ficaram fascinados com o que estava diante deles. Era brilhante e tinha cores quentes. Algo totalmente precioso.

Nancy se animou e aproximou a mão, deslizando-a para frente e para trás, sentindo cócegas.

Jules teve que levantar um pouco os pés para alcançá-lo e sorriu assim que sentiu a sensação tomar conta de seus dedos. Ela movia a mão delicadamente, enquanto seus olhos demonstravam emoção diante do que nunca tinha visto antes.

— Alguém conhece o código Morse? — Nancy perguntou.

Todos negaram, enquanto encolhiam os ombros.

— Eu sei como é o SOS, isso conta? — Eddie falou. As meninas trocaram um olhar que ele não percebeu: — Isso... Funciona?

Elas assentiram e o cacheado rapidamente começou a bater, esperando que isso funcionasse.

E em outro lugar, Erica franziu a testa para a luz da sala que começava a piscar.

Dustin sentou-se à sua frente, cansado.

— Está me escutando?

Ela assentiu: — Sim, estou ouvindo. Só que... — Erica se levantou e andou devagar. — Você disse que eles seguiram Vecna ​​com luzes, certo?

— Sim, por que?

— Porque acho que está aqui. — respondeu ela.

Dustin e Lucas olharam para as luzes e se levantaram rapidamente ao perceberem a mesma coisa que a menor. Eles se aproximaram confusos.

— "S". — sussurrou o de boné, dando um passo à frente. — "O". — então ele entendeu. — "S". — terminou, enquanto engolia em seco. — Ei, lembra quando eu disse que eles não seriam estúpido o suficiente para atravessar o hidroportal?

Lucas assentiu: — Sim?

— Eu os superestimei.

Sim, bastante...

Eles estavam no quarto de Nancy novamente, esperando que o plano de Dustin funcionasse. Eles permaneceram em silêncio, agachados no chão.

Ei, você consegue ver isso? — ouviram a voz do menor.

Steve rapidamente ligou a lanterna e o mesmo brilho quente apareceu novamente. Nancy estendeu a mão, deslizando-a de um lado para o outro.

Jules ouviu o grito de comemoração de seu melhor amigo e sorriu.

Não vamos movê-lo, mas vamos desconectá-lo. — Dustin exclamou.

Eles esperaram pacientemente até que lhes dissessem para tentar novamente. Nancy suspirou nervosamente e aproximou a mão novamente, enquanto começava a escrever na tela.

'Olá.'

Funcionou!

Eles comemoraram rapidamente, muito mais aliviados e felizes do que antes.

Robin abraçou Jules, apertando-a com força nos braços, enquanto a morena soltava uma risada.

— Sinto muito. — ela se desculpou rapidamente, mas depois a abraçou novamente com mais cuidado.

Nancy aproximou novamente a mão, enquanto começava a escrever letra por letra, até formar a palavra que queria.

'Capturados.'

Então eles ouviram a voz de Dustin novamente: — Vocês pode voltar pelo hidroportal?

Eles se entreolharam confusos, enquanto se perguntavam o que era um "hidroportal".

— É um portal que fica na água. — explicou Jules.

Eles entenderam e assentiram, enquanto murmuravam que isso fazia sentido.

Nancy balançou a cabeça e aproximou a mão novamente, lambendo os lábios e escrevendo novamente letra por letra.

'Com muito custo.'

Eles suspiraram de alívio pela segunda vez ao verem que Dustin havia entendido ao que eles estavam se referindo.

Acho que temos uma teoria que pode ajudá-los.

Jules sorriu, Dustin era um verdadeiro gênio para essas situações.

— Garoto gênio. — Robin murmurou.

Ouviram novamente a voz dele: — Acreditamos que o hidroportal não é o único portal. Existe um portal em cada cena do crime.

Eles se entreolharam confusos novamente, enquanto a morena assentia, entendendo o que ele queria dizer.

— Alguém... Entende do que ele está falando? — Nancy perguntou.

Steve colocou a cabeça para fora. — Walker. — ele a chamou. — Você fala a língua dele. Você pode nos explicar?

Jules revirou os olhos ao se levantar do chão.

— Há um portal onde cada pessoa morreu. — explicou ele. — Sua teoria é que talvez haja um no trailer também, onde Chrissy... Bem...

Eles assentiram, acompanhando um pouco mais o que Dustin estava se referindo.

— Tudo bem. — disse Nancy, depois se virou para olhar para Eddie. — A que distância fica o seu trailer?

— Onze quilômetros. — ele respondeu.

Robin rapidamente teve uma ideia.

— Nancy? — Robin chamou ela. — Eu sei que sua casa está parada no tempo e tudo mais, mas vocês não tinham bicicletas?

Ela pensou e então lembrou, eles tinham algumas bicicletas na garagem. Ela se lembrou disso muito bem.

Eles rapidamente saíram da sala, descendo as escadas direto. Eles chegaram ao local e cada um pegou uma bicicleta.

— Isso é minha? — Jules perguntou confusa, pegando sua própria bicicleta.

Então ela se lembrou que no dia em que Will desapareceu, sua mãe tinha ido procurá-la na casa dos Wheeler, então ela não conseguiu voltar de bicicleta.

Jules deixou o assunto de lado e eles saíram da garagem, começando a pedalar em direção ao trailer dos Munsons.

De repente, um choque de frio atingiu-a por trás, fazendo-a franzir a testa e acelerar, sinalizando aos meninos que deveriam se apressar.

Jules...

Algo estava prestes a acontecer.

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