042
˖࣪ ❛ O BEIJO
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JULES ESTAVA SENTADA no chão, enquanto com os dedos arrancava alguns pedaços de grama e os jogava fora. Eles estavam dando tempo a Max, mas ela estava demorando.
A morena sentiu uma onda de calor atingi-la, então franziu a testa e se virou para ver a ruiva ao longe, que também ainda estava sentada.
Algo estava errado.
Steve abriu a porta do carro e saiu rapidamente: — Já foi tempo suficiente.
Jules também se levantou, sacudindo as roupas.
— Steve, dê-lhe o seu tempo. — Lucas falou.
Ele se virou. — Eu fiz isso, ok, Sinclair? Eu vou buscá-la. Se você quiser me processar, vá em frente.
Ele começou a andar e atrás dele estava a garota de olhos castanhos, que também estava preocupada com Max. Correram um pouco até chegarem ao túmulo de Billy Hargrove.
— Max! — gritou o mais velho. — É hora de ir, ok?
Eles viram seus olhos vermelhos e assim como na escola, ela não se mexeu. Estava em transe pela segunda vez.
Jules franziu a testa. — Max? — ela se aproximou e colocou a mão no ombro dela, mas isso também não trouxe coisas boas.
Jules sentiu a dor novamente e tentou se desvencilhar, mas não conseguiu.
Outro Flash viu Max conversando com Billy, em um lugar que ela não conhecia e cercado por uma leve neblina.
— Jules? — Steve perguntou, pegando o braço dela e afastando-a de Max.
A morena parou de sentir os flashes em seu rosto e tentou controlar a respiração, enquanto olhava para o mais velho.
— É Vecna. — ela concordou.
Eles começaram a tentar acordá-la, enquanto a sacudiam e pediam que ela reagisse.
— Ajuda! — Jules exclamou, fazendo seus dois amigos correrem, percebendo que algo estava errado.
Eles se ajoelharam um de cada lado da ruiva e trocaram um olhar, sem saber o que fazer.
— Max! — Jules gritou. — Você tem que sair daí!
Jules começou a traçar um plano rápido em sua cabeça, tentando encontrar a maneira mais fácil de chegar até a garota de olhos azuis.
Ela parou por um momento para pensar.
Ela poderia usar sua conexão com o Outro Lado para salvar Max?
Não há necessidade de mentir. Julie estaria disposta a se sacrificar por qualquer um de seus amigos, mas especialmente se fosse Max.
Steve agarrou o casaco de Dustin com força. — Ei, Dustin! Ouça-me, ligue para Nancy e Robin! Diga a elas que é urgente! Corre!
Dustin rapidamente começou a correr em direção ao carro.
Por outro lado, Max estava fugindo de Vecna, respirando com dificuldade e bastante assustado. Seus pés estavam começando a doer quando ele olhou em volta.
— Jules! — Max gritou, enquanto seu olhar continuava viajando por todos os lados. — Dustin! Jules, por favor me ajude! Lucas!
De repente, uma névoa vermelha ofuscou o branco, como se fosse o interior ou o início de uma tempestade. Max franziu a testa e começou a caminhar em direção a ela, sentindo-se atraída.
E de volta com os meninos. Dustin veio correndo com pilhas de fitas cassete nos braços e os fones de ouvido de Max.
— Ei, aqui! — ele falou, deixando-se cair no chão. — Sua música favorita! — exclamou para Julie, que o olhou confusa.
Lucas interveio: — Por que?
Dustin começou a gaguejar. — Robin me disse que se ele a ouvir... Não posso explicar agora— Qual é a sua música favorita? — ela perguntou essa última coisa com os olhos fixos em sua melhor amiga.
Jules começou a pesquisar e negar enquanto descartava a maioria deles.
— Rápido! — Dustin exclamou.
— Não me apresse! — Jules respondeu, ficando cada vez mais nervosa e estressada.
Lucas e Steve a ajudaram na busca, até que ela finalmente a encontrou.
Running Up That Hill, Kate Bush
Jules reconheceu a música instantaneamente e passou para Dustin.
— Coloque! Agora!
Eles colocaram os fones de ouvido e Steve apertou o play enquanto esperavam por um sinal de que estava funcionando.
Jules se arrastou um pouco para trás e fechou os olhos, deixando os punhos cerrados no colo.
— Jules? — Lucas perguntou.
— Silêncio. — ela pediu.
Ela começou a mover os olhos de um lado para o outro, tornando esse gesto visível através da pele das pálpebras.
Teve outro flash, viu a ruiva sendo presa pelas mesmas raízes que já haviam sido encontradas em outra ocasião, pertencentes ao Outro Lado. Ela soltou um suspiro e cerrou os punhos com mais força.
Vecna parou por um momento e virou-se ligeiramente para olhar para o lado.
Jules estava dando tempo a Max.
Mas não estava funcionando de jeito nenhum, ele tentou ignorá-la e colocou a mão na cabeça da garota de olhos azuis, mas sem tocá-la.
Os meninos observaram Max começar a levitar e praguejar, enquanto eles também se arrastavam um pouco para trás e se levantavam do chão.
— Julie! Rápido! — Dustin exclamou.
Os outros ainda tentavam fazer Max reagir.
Jules ainda estava com os olhos fechados.
— Vamos... — ela implorou, fechando-os com mais força.
Vecna parou por mais alguns segundos, dando um passo para trás, mas sem tirar Max de seu transe.
— Jules... — ele murmurou com sua voz profunda, confundindo a ruiva. — Você acha que é hora de tentar ser uma heroína?
Julie tentou ignorá-lo, forçando mais força em sua mente e fazendo Vecna dar mais um passo para trás.
— Você não conseguiu salvar Dalia, o que você acha que vai ser diferente dessa vez?
Essa foi a gota d'água, Jules se forçou a sair do transe, enquanto abria os olhos com a respiração descontrolada e via seus amigos com susto.
Até que seu olhar se voltou para Max, que levitava a poucos metros do chão.
Jules se levantou com a ajuda de Lucas, enquanto franzia a testa.
Ela ganhou tempo suficiente?
— Max! — ela exclamou. — Vamos!
A menina de olhos azuis começou a fechar os olhos e relembrar todos os seus momentos com os meninos, com os amigos.
Ela se lembrou do dia em que conheceu Jules no Arcade, lembrou da noite de Halloween, lembrou dela e da morena dançando do lado de fora da escola na noite do baile de inverno.
Foram seus momentos felizes.
Ela se lembrou dos meninos e de seus momentos com Eleven.
E finalmente, veio à sua mente a conversa que teve com Jules no ônibus, e todas as coisas incríveis que a morena lhe contou.
Ela se libertou de Vecna, ferindo-o no processo, e começou a fugir dele, tentando desviar de todos os obstáculos que ele colocou em seu caminho.
Max estava correndo para salvar sua vida.
Foi até que seus olhos se abriram e ela caiu no chão, sendo cumprimentada pelos meninos.
— Max! — Jules exclamou, ajoelhando-se e envolvendo-a com os braços. — Acalme-se.
A ruiva se agarrou aos braços dela, respirando ainda assustada, sem acreditar que havia sobrevivido.
— Achei que fosse perder você. — Jules murmurou, sem intenção de deixá-la ir.
Jules deu um beijo em sua cabeça, enquanto fechava os olhos de alívio.
— Ainda estou aqui. — Max começou a repetir.
Os batimentos cardíacos acelerados dos meninos começaram a diminuir, à medida que respiravam com mais calma.
★
Após o incidente, todos decidiram ir para a casa dos Wheeler e passar a noite lá, para ficarem juntos.
Apenas duas pessoas do grupo não estavam com as demais.
Max e Jules estavam sentadas no quintal da casa grande, lado a lado, em silêncio.
Mas exceto pela música que sai dos fones de ouvido de Max.
Jules havia prometido a Nancy que cuidaria dela e denunciaria qualquer comportamento estranho.
— Hoje foi... — ela começou a dizer. — Não foi tubular?
Max riu, balançando a cabeça e desligando a música.
— Ninguém diz isso. — Max falou.
Jules sorriu um pouco e ficou em silêncio novamente, movendo a perna nervosamente.
— Ei. — Max murmurou. — Se você ainda estiver interessada... — ela tirou um envelope dobrado do bolso e entregou a Jules. — Aqui está sua carta.
A morena pegou e a observou com atenção.
— Eu também tenho um para você. — Jules tirou o pequeno bilhete do bolso dela e entregou para Max. — Mas você não pode abri-lo agora.
Max lançou-lhe um olhar indignado e Jules sorriu ao se virar para olhar para frente.
— Eu não entreguei para você, não foi porque eu queria te afastar. — Max começou a dizer, pegando a garota de olhos castanhos de surpresa. — É porque você é uma das pessoas que eu não quero dizer adeus. Não quero que a única coisa que você receba de mim seja uma carta. Há tantas coisas que eu quero poder fazer, eu só...
Jules olhou para ela com a testa franzida. — Hum?
Max negou, parando de falar e ameaçando ligar novamente a música.
— Esqueça.
— Max... — Jules a parou. — Quase perdi você hoje, fiquei com muito medo. E tenho certeza de que nunca mais quero sentir isso de novo. — elas fizeram contato visual. — Se você quiser me dizer algo, é só dizer agora.
Era difícil ver Max Mayfield nervosa, pelo simples fato de que isso não acontecia com frequência.
Pelo menos isso não aconteceu se Jules não estivesse lá.
Mas agora, a morena segurava a mão dela e a olhava com curiosidade, esperando que ela falasse.
Max sentiu seu coração acelerar e sua boca ficar seca de repente.
Isso não foi impedimento para que ela se aproximasse e deixasse um beijo simples e casto nos lábios da morena, que não durou mais que um segundo.
Jules demorou para processar isso, piscando bastante surpresa.
Max não viu nenhuma resposta dela e começou a se levantar.
— Isso foi estúpido. — Max murmurou.
Jules se repreendeu por não ter agido mais rápido e se levantou também.
— Max. — Jules a chamou, mas ela estava de costas. — Espere, por favor. — ela falou, fazendo-a parar. — Venha.
Jules se aproximou e pegou a mão dela enquanto elas estavam de frente uma para a outra, no escuro, no quintal dos Wheeler, com grama sob as solas dos sapatos.
No escuro, mas com a luz da lua.
Jules não pôde deixar de sorrir enquanto reunia forças para fazer contato visual com a garota à sua frente.
— Max... — Jules murmurou.
Max a interrompeu: — Eu já disse que era estúpido, ok? Sinto muito. — respondou secamente.
Jules riu: — Você não vai me deixar falar?
Max olhou para baixo, enquanto soltava um suspiro.
— O que mais você teria a dizer? — Max perguntou, com um tom irritado. — É melhor eu voltar para dentro e...
Max teve que fechar a boca assim que Jules passou a mão pela bochecha, ficando tensa sob o toque dela.
— Há coisas que eu quero fazer também. — Jules murmurou, tentando esconder o nervosismo.
— O que você... — Max começou a perguntar.
Mas ela foi interrompida pela segunda vez, apenas pelos lábios da morena nos dela. Demorou alguns segundos para as duas se acostumarem com a sensação. Mas isso não impediu Max de retribuir
quase imediatamente.
Jules se afastou alguns centímetros e soltou um suspiro trêmulo ao sentir a mão da ruiva em sua cintura.
— Eu definitivamente prefiro isso à letra. — Jules sussurrou, ainda um pouco nervosa.
Max sorriu e uniu seus lábios aos de Jules novamente, enquanto as duas ficaram ali. Curtindo a noite, e principalmente curtindo uma a outra.
Elas ouviram um pigarro e rapidamente separaram os lábios, mas não se afastaram uma da outra. Elas olharam ao redor e viram Holly Wheeler com uma de suas bonecas nos braços, olhando para elas com a testa franzida e uma das mãos na cintura.
— É tarde. — disse ela com repreensão.
Ela se virou e voltou para casa, deixando-as processar tudo.
— O que aconteceu? — Max perguntou.
Jules balançou a cabeça com um sorriso, apoiando a testa no ombro da ruiva com vergonha.
— Não tenho ideia.
Max riu também, pois os sorrisos se transformaram em risadas e depois disso elas tiveram que se separar.
O primeiro beijo de Jules foi com Max.
Ela não poderia pedir nada melhor.
Porque não havia nada melhor.
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