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˖࣪ ❛ A FUGA
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AO CAIR DA NOITE, Jules estava sozinha no trailer, esperando Eddie voltar do colégio. Ela começou a arrumar toda a bagunça que os caras deixaram para trás, para não ficar entediada.

Ela colocou uma de suas músicas favoritas, enquanto uma careta de desgosto se instalava em seu rosto ao ver as roupas dos caras jogadas por todo o quarto.

'How You Ever Seen The Rain' da banda Creedence Clearwater Revival.

Ela continuou cantarolando enquanto andava de um lado para o outro no trailer.

Depois de um tempo Jules sentou no chão, tirando alguns papéis e lápis. Ela deu um suspiro e começou a escrever.

Max... Espero que não seja tarde demais para...

Jules balançou a cabeça e começou a apagar o que havia escrito. Ela passou a mão pelo cabelo e começou de novo.

Você provavelmente tem muitas perguntas, mas eu prometo...

Ela negou novamente, apagando, frustrada, até que a borracha perfurou o papel. Ela amassou-o nas mãos e jogou-o longe dela.

Ela viu o papel amassado ao longe e bufou, levantou-se e levou-o para a lata de lixo.

De que adiantava ter limpado se ela fez uma bagunça de novo?

Voltando a um papel diferente, ela começou a esfregar a pulseira que descansava em seu pulso com as pontas dos dedos.

Estou viva. Att: Jules.

Jules balançou a cabeça com desgosto, isso foi muito direto e sem nenhum pingo de sutileza.

Ela amassou o papel e colocou-o ao seu lado, soltando um pequeno grito de estresse.

O último foi o amuleto, então ela pegou o lápis uma última vez e soltou um suspiro determinado. A ponta tocou a folha e com as mãos trêmulas ela traçou cada letra, terminando no resultado que Julie esperava, mas que ao mesmo tempo a assustou.

Eu gosto de você, Max.

Parecia na escola de novo, como quando alguém escrevia o nome da pessoa de quem gostava e tinha medo que ela visse, mas ao mesmo tempo esperava de todo o coração que isso acontecesse.

Jules sentiu o barulho e a vibração da caminhonete de Eddie chegando, então rapidamente colocou o papel em um dos bolsos de trás e juntou suas coisas, levantando-se do chão.

Ela ouviu a voz de Eddie e franziu a testa.

— Este é o meu castelo.

Com quem ele estava falando?

Jules rapidamente foi para a sala, mantendo-se em silêncio.

Ela ouviu a porta abrir e depois fechar. Ela olhou um pouco, mas não conseguiu ver muita coisa.

— Desculpe pela bagunça. — Eddie falou, fazendo Jules revirar os olhos. — A governanta não está aqui.

Então Jules ouviu a voz de uma garota.

— E... Você mora aqui sozinho?

Essa era Chrissy?

Jules sentiu um enorme alívio percorrer seu corpo, ela não via a loira há muito tempo e sentia falta dela, mas não podia simplesmente ir embora como se nada tivesse acontecido.

— Com meu tio. — ele respondeu um tanto distraído, vasculhando as prateleiras. — E uma garota estranha... Com quem me apeguei um pouco. — ele encolheu os ombros. — Ele trabalha à noite na fábrica, para levar pão para casa.

Jules sorriu um pouco ao ouvir isso, mas então seu sorriso desapareceu ao ver como o homem mais velho bagunçou tudo que ela havia limpo.

— Quanto tempo demora? — Chrissy perguntou.

— O que você disse?

— Cetamina. Quanto tempo faz efeito?

A morena franziu ainda mais a testa. Chrissy estava comprando drogas de Eddie? Demorou alguns segundos para processar isso.

Jules sentiu os passos de Eddie se aproximando e rapidamente praguejou, ela esperava que ele simplesmente o vendesse e fosse embora.

— Desculpe pelo atraso, querido. — ele falou, olhando para seu violão.

A mais nova cruzou os braços, enquanto revirava os olhos. Eddie ainda não percebeu sua presença.

De repente ele se virou e seu olhar pousou em Jules.

— Olá, morena. — ele cumprimentou, passando por ela e bagunçando seus cabelos.

Sim, isso já havia se tornado um hábito.

— Olá. — Jules retribuiu a saudação com relutância. — O que você está procurando?

— Alguma coisa. — ele respondeu simplesmente.

Jules bufou e sentou-se na cama, enquanto começava a brincar com os anéis nos dedos.

Depois de um tempo, Eddie encontrou o que procurava e saiu da sala. Jules hesitou em segui-lo ou não.

— Eu a encontrei. — ele ouviu. — Você poderá relaxar em apenas um momento. — houve um longo silêncio depois disso, então Jules franziu a testa. — Chrissy? Olá? Ei, Chrissy, acorde. — ele estalou os dedos.

As luzes começaram a piscar e Jules engoliu em seco, levantando-se rapidamente e indo para a sala. Lá ela encontrou a loira em uma espécie de transe e Eddie tentando acordá-la.

Jules sentiu uma onda de calor atingi-la, então ela se aproximou rapidamente.

— Merda... — Jules xingou, tentando sacudir os ombros da loira. — Chrissy!

Eddie começou a ficar desesperado: —Alô? Me escuta? Acorde, Chrissy. — ele deu um tapinha nos ombros dela. — Chrissy, acorde! Eu não gosto disso, Chrissy! Acorde!

— Vamos! Acorde! — Jules falou assustada.

Ela não queria viver tudo de novo.

— Chrissy! — Eddie exclamou. — Acorde!

Sem que eles percebessem, a loira começou a levitar, fazendo-os se afastarem. Ambos deram um passo para trás.

Jules balançou a cabeça, ela não conseguia acreditar no que estava acontecendo.

Por que ela não pode ficar quieta por um ano?

De repente, uma força atingiu a loira no teto e em questão de segundos seus braços e pernas começaram a quebrar, assim como outros ossos.

Eddie soltou um grito, pensando que estava enlouquecendo com o que estava vendo.

Jules estava em choque total, sem saber como ajudá-la ou como reagir.

Ela nem percebeu quando Eddie agarrou seu braço e a arrastou para fora do trailer, indo em direção à caminhonete.

– Eddie! Aonde vamos? — Jules exclamou ao se levantar, tentando se segurar no banco por causa do quão mal Eddie estava dirigindo.

As coisas estavam ficando fora de controle.

Na manhã seguinte, depois de passar a noite em um galpão muito frio e pouco higiênico. Jules arriscou e se colocando no lugar de Eddie, ela sabia o quanto ele estava assustado e quantas dúvidas ele tinha.

— Vou pegar alguma coisa para você comer. — Jules avisou, colocando a mão no ombro do homem, que tinha uma expressão sem graça.

Sem obter resposta ela saiu dali, colocando o capuz e evitando os olhares das pessoas. Ela queria se misturar, mas sua aparência suja não estava funcionando.

Jules ia comprar algo fácil, talvez água ou suco (porque não tinha certeza se vendiam cerveja) e batatas fritas ou o que quer que encontrasse.

Algo estava prestes a acontecer... De novo.

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