013
˖࣪ ❛ O PORTAL
— 13 —
JULES ACORDOU RESPIRANDO um pouco exageradamente, sentiu a cabeça doer e o som dos demodogs se intensificava cada vez mais.
Ela abriu os olhos aos poucos e assim que viu que estava do outro lado, deixou cair a cabeça no chão novamente, cansada de que isso acontecesse com ela.
No final ela decidiu se levantar com dor e suspirou, olhando para todos os lados, começando a andar pela casa dos Byers.
— Você acredita em nós agora?
Suspirou. — Por que eu? Eu sei que você fez algo com Will, mas por que eu?
A voz demorou a aparecer, e aquele silêncio estava consumindo Jules por dentro. Ela sentiu passos atrás dela e tentou se virar, mas não conseguia nem se mover, sentia cada osso de seu corpo tenso e paralisado.
— Jules... — essa voz soava diferente, era mais profunda e séria, eles eram diferentes.
— Quem diabos é você? — ela perguntou.
— Jules, por que você está com tanto medo? — ele falou, arrastando as palavras.
A morena fechou os olhos, tentando voltar para os amigos.
Naquele momento as lembranças vieram e a atingiram como se água fria tivesse caído sobre ela.
Ela começou a se lembrar de como Joyce enfiou a agulha em seu braço enquanto Hopper a segurava.
Eles a colocaram para dormir.
Por que?
— Incompreendida. — ele falou novamente. — A ovelha negra da família. — Jules franziu a testa. — Sensível...
— Pare. — ela pediu, enquanto sua respiração ficava difícil.
— Culpa, muita culpa. — ele falou, enquanto a morena sentia seus passos mais próximos e sua voz muito mais forte. — 19 de janeiro de 1980.
Jules cerrou os punhos, enquanto fechava os olhos com força e seu batimento cardíaco acelerava.
— Não, não, não... — ela repetiu, em tom suplicante.
De um momento para o outro Jules conseguiu movimentar os membros e a única coisa que conseguiu foi começar a correr o mais rápido que podia. A única coisa que a fez parar foi a tempestade acima dela e a presença do monstro das sombras no céu.
Ou bem, o devorador de mentes.
Jules deu um passo para trás, sentindo uma raiz envolver sua perna e puxá-la para o chão.
– Deixe Will! — ela pediu, gritando com ele mesmo sem saber se ele poderia entendê-la. — Por favor, deixe-o ir!
Enquanto isso, os outros estavam reunidos ao redor da mesa, enquanto Eleven falava com determinação sobre fechar o portal.
— Mesmo que Eleven consiga, temos outro problema. — todos olharam para Mike. — Se o cérebro morre, o corpo morre.
— Achei que fosse o ponto. — disse Max muito confusa.
— É, mas se tivermos razão, se ele fechar o portal e matar o exército...
— Will faz parte desse exército.
Dustin suspirou, temendo pela vida de seus melhores amigos.
— Isso mataria Will. — Mike concordou.
— E a Julie? — perguntou Dustin. — O devorador de mentes não está dentro dela mas de alguma forma ela consegue ver o outro lado. Como temos certeza de que ela não morrerá assim que Eleven fechar o portal?
Todos se entreolharam, sem ter a resposta para isso. Exceto Eleven, que olhou para o sofá e viu a amiga desmaiada ali.
— Ela não vai fazer isso. — Eleven negou, fazendo com que todos prestassem atenção nela. — Ela não vai se machucar.
— Como você sabe? — Nancy perguntou a ela.
Eleven aproveitou o momento para responder. — Porque não posso machucá-la enquanto estiver lá.
— Onde? — Dustin perguntou.
Eleven trouxe seu olhar de volta para o sofá. — Do outro lado.
Todos olharam para a morena, que à primeira vista parecia dormir tranquilamente. Sem saber o que realmente estava acontecendo.
Eles se organizaram para trazer à tona a parte do monstro das sombras dentro de Will, levando-o para a cabana de Hopper na floresta. Eleven teve que se despedir novamente, prometendo que voltaria, e Nancy deixou Steve encarregado das crianças.
— Qualquer sinal que vocês virem sobre a garota, avise-nos. — disse Hopper, olhando para eles.
Dustin e Harrington assentiram, fechando a porta e suspirando, enquanto olhavam para a bagunça que havia sido deixada na casa dos Byers.
Lucas e Max começaram a limpar as janelas do chão, enquanto a ruiva olhava para Jules, que ainda não havia acordado.
— Ela vai ficar bem, certo? — Max perguntou, olhando para o menino Sinclair.
— Ela ficará. — ele assentiu. — E por enquanto, ela está melhor dormindo do que acordada.
Ele tinha razão, se Jules também era uma espiã, não lhes faria nenhum favor se ela acordasse agora.
Mesmo assim, Max estava preocupada, muito preocupada.
Mike chegou à sala, começando a andar de um lado para o outro e com os nervos à flor da pele. Lucas parou de varrer e olhou para ele.
— Mike, você poderia parar, por favor? — ele perguntou.
— Você não estava lá, Lucas. — ele negou. — O laboratório estava cheio daqueles cachorros.
– Demo-góticos! —Dustin gritou da outra sala.
Lucas cruzou os braços. — O patrão cuidará bem dela.
— Como se ela precisasse de proteção. — Max falou.
Steve entrou na conversa, mesmo que ninguém tivesse convidado.
— Olha, amigo, se o treinador manda você fazer uma jogada, obviamente você faz o que ele pede.
Mike franziu a testa.
— Primeiro, este não é um maldito jogo de esportes. E, segundo, nem estamos jogando.
Steve abriu a boca para responder, mas fechou-a rapidamente, pensando cuidadosamente no que dizer sobre isso.
— Bem, a questão é que... — todos olharam para ele, esperando. — Certo, estamos no banco e bem, não podemos fazer nada.
— Isso não é totalmente verdade. — Dustin falou.
Enquanto eles discutiam sobre como fazer a sua 'brincadeira', a morena estava passando por um momento confuso, um momento muito confuso.
Jules estava cercada pela mesma tempestade que cercava Will no campo, ela olhava para todos os lados, com os cabelos voando e a respiração acelerada.
— O que quer de mim? — Jules gritou, fazendo-se ouvir em direção ao devorador de mentes no céu.
— Não há tempo para você continuar fugindo, Jules. — disse a mesma voz profunda de antes.
Ela sabia distinguir vozes e não gostou nada daquela que ouviu.
Os meninos continuaram discutindo, até que Steve interveio, levantando a voz para que não o desobedecessem.
— Ei! Nada disso vai acontecer.
— Mas...
— Não, não. Sem mas. — ele negou. — Eu prometi manter vocês, pirralhos, seguros. E é isso que pretendo fazer. Ficamos no banco e vamos esperar a equipe mandante fazer a sua jogada. Vocês entenderam o que eu disse?
Mike franziu a testa: — Não é um maldito jogo de esportes!
— Eu perguntei se vocês entenderam o que eu disse? Eu preciso de um sim.
O barulho de um carro os distraiu, Max correu até a janela e praguejou rapidamente.
— É meu irmão. — Max engoliu em seco. — Ele não pode saber que estou aqui. Ele vai me matar. Isso nos mataria.
Steve lambeu os lábios, organizando um plano rápido em sua mente.
— Leve Walker para a sala. — todos olharam para ele. — Agora! Rápido!
Dustin e Lucas a pegam, indo rapidamente para o quarto de Will, onde a deixam descansar na cama.
Lucas estava saindo do quarto, mas revirou os olhos ao ver como Dustin arrumava os travesseiros para a morena.
— Dustin... — ele reclamou.
— O que? Ela precisa estar confortável.
Ele terminou de arrumá-los e eles foram para a sala, onde viram Mike e Max espionando pela janela. Eles ficaram olhando a situação, até que Billy os notou e eles se afastaram, um tanto assustados.
A porta se abriu abruptamente, revelando o meio-irmão de Max. Ele tirou o cigarro da boca e jogou-o fora.
— Ei, ei, ei. — ele fixou seu olhar em alguém específico do grupo. — Lucas Sinclair. Que surpresa. — ele se aproximou dele e olhou para Max. — Eu disse para você ficar longe dele.
— Billy, solte ele.
— Você me desobedeceu. — ele falou. — E sabe o que acontece quando você me desobedece.
— Billy...
— Eu quebro coisas.
A próxima coisa que fez foi agarrar Lucas pelo casaco e jogá-lo contra a parede mais próxima.
— Solte ele! — Mike gritou.
— Billy, pare com isso!
A maior ameaça para Lucas, mas ele não se deixou levar tão facilmente.
— Eu disse para você me soltar, seu pedaço de merda. — ele o chutou, conseguindo se libertar de seu aperto.
— Você está morto, Sinclair.
Ele fechou o punho, preparado para acertá-lo, mas alguém atrapalhou.
— Não, você vai. — disse Steve, dando um soco no rosto dele e depois apertando sua mão de dor.
Tudo o que Billy conseguiu fazer foi rir e zombar, aumentando a raiva de Harrington.
— Saia. — Steve falou, empurrando-o suavemente.
Billy passou a língua pelos dentes e depois atacou Steve, mas ele se abaixou, desviou e devolveu.
— Mate ele! Mate o filho da puta, Steve! — Dustin gritou.
Um golpe após o outro, até que ficou tonto quando Billy pegou um copo de vidro e quebrou-o na cabeça.
— Não!
Steve cambaleou de um lado para o outro, tentando se recuperar, mas Billy aproveitou esse momento de fraqueza e o empurrou no chão, subindo em cima dele e socando seu rosto repetidas vezes, como se ele estivesse louco.
Os meninos não paravam de gritar, tentando motivar Steve, mas ele ouvia suas vozes distantes.
Harrington agarrou-o pela camisa e empurrou-o para o lado com o que lhe restava de força, jogando-o para longe dele.
Billy sorriu e pretendia continuar a luta, mas algo claramente o impediu.
Nesse momento a morena chegou e com todas as forças quebrou a cadeira que tinha nos braços nas costas de Billy Hargrove, derrubando-o no chão e fazendo-o desmaiar.
Os meninos ficaram em completo estado de choque, virando-se lentamente, vendo Jules com respiração pesada, cabelo bagunçado, punhos cerrados e ódio nos olhos pelo cara que havia mexido com Steve Harrington.
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