012

˖࣪ ❛ SEU EXÉRCITO
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ELES FORAM ATÉ o quarto de Will, enquanto Mike pegava o desenho do monstro das sombras que o moreno havia desenhado dias antes. Ele os mostrou ao grupo.

— Eu peguei Will no campo. O médico disse que era como um vírus. Você viu, Jules.

Max franziu a testa: — Esse vírus conecta você aos túneis? — ela perguntou e depois olhou para Jules. — Espere, o que você viu?

A morena tentou responder, mas foi interrompida.

— Com os túneis, os monstros, o Outro Lado.

— Calma. Vá devagar. — disse Steve, pegando o desenho.

— O monstro está dentro dele. Se as videiras sentem algo parecido com dor, Will sente.

Jules olhou para baixo, tentando processar tudo o que estava acontecendo.

— E Dart também. — acrescentou Lucas.

Dustin olhou para sua melhor amiga e engoliu em seco, ele tinha uma pergunta em mente, mas não iria perguntar.

— Como ele nos ensinou, a mente do Enxame. — Mike falou novamente.

Harrington olhou para eles confuso. — Enxame?

— É uma consciência coletiva, um superorganismo. — respondeu Jules.

Mike pegou o desenho e apontou para o monstro na página.

— Essa coisa controla tudo. É o cérebro.

— Todos? — Jules perguntou, olhando para as amigas e escondendo o nervosismo.

Dustin ficou em silêncio e então murmurou. — O devorador de mentes.

Max e Steve franziram a testa, pois o grupo reconheceu a criatura da qual Dustin estava falando, e isso não significava nada de bom. Eles voltaram para a cozinha e chamaram o resto, Dustin procurou o livro de D&D de Will e colocou-o sobre a mesa.

— O devorador de mentes. — ele repetiu.

— Que diabo é isso? — Hopper perguntou.

Dustin explicou: — É um monstro de uma dimensão desconhecida. É tão antigo que nem conhece seu verdadeiro lar. Ele escraviza raças de outras dimensões, assumindo o controle de seus cérebros com seus poderes psiônicos.

— Meu Deus, nada disso é real. É um jogo para crianças.

— É um manual. E não é para crianças! A menos que você saiba algo que não sabemos, esta é a melhor metáfora...

Lucas interveio. — Analogia.

Dustin bufou. — Analogia? É isso que te preocupa? Bom, analogia para saber com o que estamos lidando. — ele elevou a voz.

— Então, esse mons...

— Devorador de mentes. — Jules corrigiu.

— O que você quer?

— Conquiste-nos, basicamente. — disse ela com alguma hesitação.

Então Dustin falou. — Ele acredita que é o mestre das corridas.

— Ah, como os alemães.

Todos se viraram para Steve com a testa franzida assim que ele disse isso.

— Os nazistas? — Dustin perguntou.

— Sim, sim, os nazistas.

— Bem, se ele fosse de outra dimensão, é assim. — respondeu ele. — Ele vê as outras raças, e nós, como inferiores a ele.

— Ele quer expandir e assumir o controle. — Mike falou.

— Estamos falando da destruição do nosso mundo, tal como o conhecemos.

Jules suspirou, passando a mão pelos cabelos soltos. Seria muito útil se ela soubesse chegar ao outro lado por vontade própria e não apenas quando a voz estúpida a procurava para assustá-la.

Embora...

Uma ideia se formou em sua cabeça, um tanto arriscada, mas ela precisava de respostas. Muitas respostas para dizer a verdade.

— Se o matarmos... — Nancy começou a falar.

— Matamos tudo o que ele controla. — falou Mike.

Eles discutiram mais um pouco, até que Joyce apareceu, o rosto abatido, mas a fúria presente nos olhos. Perder Bob motivou sua força para acabar com tudo o que eles estavam enfrentando.

— Eles têm razão. — todos se viraram para vê-la. — Temos que aniquilar isso. Eu quero matar ele.

Hopper se aproximou dela: — Eu também, Joyce, ok? Mas como nós fazemos isso? Não sabemos o que estamos enfrentando.

— Não. Mas ele sabe. — disse Mike, caminhando em direção a Will. — Se alguém sabe como destruí-lo, é Will. Ele está ligado a ele, conhece suas fraquezas.

— Achei que não podíamos confiar nele. — falou a ruiva. — Ele é um espião devorador de mentes.

— Sim, mas ele não pode nos espionar se não souber onde estamos.

Nesse momento todos começaram a trabalhar para cobrir o galpão e transformá-lo em uma espécie de lugar para interrogar Will. Devem cobrir qualquer entrada de luz, retirar coisas que a castanha possa reconhecer e procurar refletores.

Os mais velhos ficaram encarregados de preparar o galpão, enquanto os mais novos procuravam coisas para eles prepararem.

Jules estava na cozinha, com Mike e Max, vasculhando as gavetas e os armários.

— Agora entendo porque Eleven era especial. — falou a ruiva.

— O que?

— Lucas. Ele me contou sobre ela.

— Bem, ele não deveria ter feito isso. E mesmo que você saiba disso, você não faz parte do nosso grupo. Você sabe disso, certo?

Jules lançou um olhar feio ao garoto de cabelos escuros e continuou arrumando as coisas.

— Sim, eu sei. —Max olhou para baixo. — Quero dizer, por que vocês iriam querer uma campainha de uma idiota em seu grupo? Apenas dizendo, Eleven... Parece que ela foi realmente incrível.

— Sim, foi. — Mike fechou as portinhas. — Até que aquela coisa o levou embora. Como ele levou Bob.

Ele se levantou e se afastou da cozinha, deixando a ruiva desconfortável.

Jules suspirou. — Você é tão incrível. — ela se levantou. — Só para você saber.

Ela se afastou dali, enquanto Max se virou para olhar para ela e a seguiu com o olhar até perder a visão. A ruiva sorriu e franziu a testa.

— Mike. — Jules chamou, enquanto saíam de casa. — Eu entendo que você esteja chateado, mas isso não é motivo para rejeitá-la sempre que puder, ela seria igualmente valiosa no grupo. — ela falou, enquanto eles desci as escadas até a entrada.

— Você não vai me fazer mudar de ideia, Jules. — ele negou. — Além disso, por que você se importa tanto?

— Ela está nos ajudando com tudo isso! — ela exclamou, fazendo-o parar. — Ela tinha a opção de ir para casa, mas não foi.

— Pare de defendê-la! — ele se virou, levantando a voz. — Você gosta dela ou o quê?

Jules não esperava por isso, ela simplesmente ficou em silêncio e engoliu em seco, enquanto apertava a caixa nas mãos.

— Não. — Jules negou. — Ela não está... — ela suspirou. — Basta considerar que você sempre afirma que Eleven se foi, mas tudo que você faz é afastar aqueles que estão com você agora.

Jules passa por ele e larga a caixa abruptamente no galpão, recebendo olhares confusos de Hopper, Steve e Nancy. Ela se afastou e correu para dentro de casa novamente.

Com Will no galpão, os outros ficaram na casa, fazendo o mínimo de barulho possível. Jules estava sentada no sofá, abraçando as pernas enquanto estava perdida em pensamentos. Steve estava praticando balançar o bastão para frente e para trás na frente dela.

E se eles não aceitassem?

E se ela perdesse os amigos só por ser como é?

Ela lambeu os lábios, fechando os olhos com cansaço.

— Você vai ficar aí fazendo isso? — Jules pergunto a Steve, abrindo os olhos novamente.

— Isso te incomoda, Walker?

— Sim.

Harrington assentiu e começou a se aproximar dela, trazendo o bastão para mais perto dela e provocando-a.

Jules revirou os olhos, mas sorriu, afastando-se e indo para o outro canto do sofá.

Nesse momento Max apareceu e se aproximou de Jules, agarrando seu pulso e forçando-a a se levantar.

— O que está acontecendo? — perguntou ela, confusa.

A ruiva não respondeu, enquanto Steve os acompanhava com o olhar, franzindo a testa.
vinte

Max a levou por toda a casa, terminando na cozinha, elas sentaram no chão, uma de frente para a outra e Jules viu o armário de remédios que estava de um lado.

— Eu disse que iria curar você, é isso que farei. — Max falou.

— Com tudo o que aconteceu, esqueci que quase perdi um membro. — Jules falou.

Jules arregaçou a manga da calça e viu o arranhão que Dart havia deixado nela, era longo mas ela esperava que não fosse profundo.

Max molhou o algodão e colocou sobre o ferimento, Jules teve que morder o lábio inferior para não xingar.

— Quando tudo isso acabar... — Max começou a falar. — Que tal irmos andar de skate juntas?

Jules engoliu em seco, esperando que o que acabara de ouvir fosse real.

— Mas eu não sei andar de skate, Max.

— Eu posso te ensinar. — Max encolheu os ombros.

Jules assentiu e abaixou a cabeça, suprimindo a vontade de sorrir. Elas permaneceram em silêncio, a ruiva continuou colocando os curativos, enquanto Jules sentiu uma festa no estômago.

Ela disse a si mesma repetidamente que deveria parar de ficar animada com tudo, mas era difícil para ela nesta situação.

Então Jules se lembrou do interesse nos olhos de Lucas quando Max se aproximou dele, e ela não conseguiu atrapalhar um de seus melhores amigos.

Jules se levantou rapidamente, assustando a garota de olhos azuis.

— Eu tenho que... — ela gaguejou, sem saber o que dizer.

Max franziu a testa, levantando-se também e só então uma batida na porta as assustou. Hopper e os demais entraram, o mais velho pegou um pedaço de papel e uma caneta, começando a escrever linhas e pontos.

Código Morse.

— O que aconteceu? — Jules perguntou.

— Acho que ele está falando, mas não com palavras. — continuou escrevendo e abaixo colocou o que cada golpe significava. — Aqui. Will ainda está lá. Comunicando.

Eles voltaram para o galpão e enquanto os outros se reuniam à mesa, Jules sentiu uma dor no estômago, como se algo ruim estivesse por vir.

A última letra que Nancy escreveu foi 'L', ela ergueu a placa para todos e eles engasgaram ao ver o que dizia.

FECHAR PORTAL

Outra batida da porta os assustou, Hopper e Joyce entraram e foram em direção à morena, pegaram seu braço e trouxeram a agulha com o sedativo para ele.

— Ei! — Dustin exclamou.

Ele e Max se aproximaram, preocupados ao verem como a cutucavam e Jules fechou os olhos, desabando nos braços do xerife.

— O que vocês estão fazendo?

Hopper e Joyce trocaram um olhar.

Para não confundi-los, voltaram alguns minutos, justamente onde Will estava. Ele parou de bater os dedos na cadeira e olhou para a mãe.

— Ela sabe disso. — Will murmurou, cada vez mais alto. — Ela sabe disso... Ela sabe disso!

— Achei que fosse um 'ele'. — Jonathan falou, virando-se para olhar para Hopper, que estava igualmente confuso.

— Will não é o único que pode ver o outro lado. — Mike murmurou para si mesmo, amarrando as pontas soltas. — Jules, ela estava lá também.

Hopper e Joyce colocaram Will para dormir e depois tomaram outro sedativo, indo para casa.

E é assim que eles se encontram agora, com Will em seu quarto, Jules no sofá e os outros agarrando objetos para se defenderem do que estava por vir.

Os demodogs estavam indo em direção a eles.

Aparentemente havia mais de um espião com eles.

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