009

˖࣪ ❛ HARRINGTON?
— 09 —

JULES ENTROU NA sala e viu Dustin chateado, enquanto ele continuava limpando o carpete de seu quarto, onde Dart matou o gato.

— Ainda nada? — Jules perguntou.

— Não.

Ela suspirou e assim que terminou de ajudá-lo a limpar, eles guardaram as coisas e a morena cruzou os braços. — Vamos encontrar Mike.

Dustin assentiu e colocou o boné, enquanto Jules vestiu a jaqueta azul e guardou o rádio na mochila.

Eles pegaram suas bicicletas e deram uma rápida olhada no porão onde Dart estava. Eles hesitaram em deixá-lo lá, mas era a melhor opção que tinham até agora.

Pedalaram rapidamente e pararam na garagem da casa dos Wheeler. Eles desceram e tentaram chegar até a porta, Jules tocou a campainha e como começaram a demorar para atender, Dustin tocou mais três vezes.

Ted abriu a porta com uma expressão cansada.

— Sua linha está ocupada há mais de duas horas, Sr. Wheleer. Já sabia?

— Ah, sim, claro que sei.

— Mike está em casa?

Ele negou, confundindo os meninos.

— O que? Onde diabos ele está?

— Karen, onde está nosso filho? — ele exclamou para dentro de casa e então se virou novamente.

— Ninguém responde lá.

Jules interveio: — Nancy, onde ela está?

Ele repetiu a mesma ação de antes. — Com Ally. — Jules suspirou: — Nossos filhos não moram mais aqui, eles não sabiam disso?

— A sério?

— Já terminamos?

Jules revirou os olhos e começou a se afastar. Primeiro de tudo ela ouviu o que Dustin disse:

— Filho da puta. Não ajudou em nada, sabia disso?

A morena reprimiu uma risada e pegou sua bicicleta. Dustin repetiu sua ação, mas parou assim que viu o carro de Steve Harrington chegar.

Jules franziu a testa e largou a bicicleta também.

Eles viram o menino sair do carro com um buquê de flores na mão, ele passava a mão pelos cabelos bem cuidados e parecia estar falando sozinho.

Dustin apontou para ele com o olhar e a morena suspirou.

— Vamos.

Eles caminharam até ele, bloqueando seu caminho.

— Steve! — ele se virou para olhar para eles. — São para o Sr. ou para a Sra. Wheeler?

Ele negou: — Não?

Jules assentiu. — Bem. — ela arrancou o buquê de flores da mão dele.

— Ei, o que diabos você está fazendo?

Eles começaram a caminhar em direção ao carro, ignorando a confusão no rosto de Harrington.

— Nancy não está em casa. — disse Dustin.

— E onde está?

Dustin revirou os olhos. — Não importa! Temos problemas maiores do que sua vida amorosa.

— Você ainda está com o taco? — perguntou a de olhos castanhos.

Dustin abriu a porta da frente, enquanto Jules entrou no banco traseiro do carro.

— Taco? Qual taco?

— Aquele com pregos.

Steve franziu a testa. — Por quê?

— Nós explicaremos para você ao longo do caminho.

— Agora? — ele falou, se aproximando.

— Agora! — Jules exclamou.

Eles dirigiram por um bom tempo, até a noite já havia caído e eles ainda estavam na estrada. Jules começou a sentir dores no peito, mas elas já vinham há algum tempo, então ela não disse nada, não queria causar mais problemas.

Ela apoiou a cabeça na janela e fechou os olhos, relaxando enquanto a música continuava a tocar e tocar.

As vozes de Dustin e Steve começaram a parecer cada vez mais distantes, até que só houve silêncio.

— Por que desligaram o rádio? — perguntou ela, meio sonolenta.

Ela não ouviu resposta e franziu a testa, abriu os olhos e quase caiu para trás ao perceber que estava do outro lado. Ela não estava mais no carro, agora estava em algum tipo de floresta.

Ela controlou a respiração e tentou manter a calma, fechou os olhos e os abriu novamente, mas ainda estava lá.

Tentou de novo e de novo, mas toda vez que suas pálpebras se abriam, ela ainda estava lá.

Jules.

Ela se virou e não havia ninguém lá.

— Eu não quero estar aqui. — ela murmurou para quem estava falando.

Eles nos machucaram, Jules. Você não percebe?

Ela fechou os olhos novamente e balançou a cabeça. Ela cerrou os punhos e engoliu em seco. — Quem te machucou?

Ela não obteve resposta, abriu os olhos novamente e estava novamente no carro com Dustin e Steve. Ela respirou fundo, sentindo-se aliviada, mas assustando os outros dois.

— Merda! — Steve se virou irritado. — Você não pode assustar as pessoas assim.

— Você está bem? —Dustin perguntou.

Sim, existem dois tipos de pessoas.

— Sinto muito. — ela se desculpou e olhou para seu melhor amigo. — Eu estava lá de novo. — Jules sussurrou em sua direção.

— O que? O que viu? — Dustin perguntou em um sussurro, como se fosse confidencial.

— Ei, se vocês vão me manter aqui, vocês vais ter que me explicar o que está acontecendo com você. — disse Steve, ainda irritado, dando uma olhada em Jules pelo espelho retrovisor.

— Você precisa que lhe contem tudo, Harrington? —Jules perguntou, cruzando os braços.

Ele abriu a boca ofendido e se concentrou em continuar dirigindo.

Dustin revirou os olhos e aumentou o volume do rádio.

Pouco depois de chegarem na casa dos Henderson, estacionaram o carro e desceram, Steve abriu o porta-malas e de lá tirou seu conhecido bastão com pregos, bastante eficiente na opinião de Jules.

Eles caminharam até as portas do porão que tinham fechaduras e correntes e Steve franziu a testa.

— Eu não ouço nada. — ele falou.

— Está dentro.

Ele bateu nas portas com o bastão lentamente e depois com mais força, nada foi ouvido e Steve apontou a lanterna para os rostos de Jules e Dustin, indo de um para o outro.

— Ok, crianças, juro que se for algum tipo de pegadinha de Halloween. Estão mortos.

— Não é. — negou Dustin. — Não é uma piada.

— Tire isso da minha cara. — Jules falou, fechando um pouco os olhos por causa da luz.

— Você tem a chave para abrir isso?

Jules acenou com a cabeça e se virou para olhar para seu melhor amigo. — Você tem, Dustin.

Ele olhou para ela surpreso e rapidamente procurou nos bolsos. Steve bufou, mas no segundo em que Dustin a encontrou.

Eles abriram as portas e olharam para ver, mas nada saiu de baixo, o que preocupou Jules, ela esperava que Dart aproveitasse qualquer chance de escapar.

— Deve ser mais abaixo. — disse Dustin. — Ficarei aqui caso... Caso ele tente escapar.

Jules pegou o taco de hóquei. — Muito corajoso da sua parte.

Primeiro Harrington desceu e depois a morena o seguiu, que estava atento a tudo mas com um pouco de medo de contar a verdade. Steve acendeu a luz do local e a primeira coisa que viram foi uma pele morta, nojenta, com um pouco de gosma.

— Oh, está maior agora, ótimo. — disse Jules sarcasticamente.

Então eles viram o buraco na parede e as coisas pioraram de novo, como antes.

Eles estavam nos trilhos do trem distribuindo carne para atrair Dart. Jules carregava seu boné, sua mochila, algumas luvas e um balde de carne crua. Ela estava um pouco à frente de Steve e Curly.

— Deixe-me ver se entendi. — disse Steve. — Você guardou algo que sabia que provavelmente era perigoso... Para impressionar uma garota que acabou de conhecer?

Jules tentou não prestar atenção naquela conversa, pois não queria ouvir o que já estava imaginando em sua cabeça.

— Muito bem, isso resume perfeitamente as coisas.

Steve continuou o assunto: — Por que uma garota gostaria de uma lesma nojenta?

— Uma lesma interdimensional? Porque é incrível! — Dustin exclamou. — Certo, Julie?

A morena se virou para olhar para ele e engoliu em seco.

— Sim, super incrível. — Jules falou e sorriu para ele sem incentivo antes de se virar novamente.

— Bem, mesmo que ela ache incrível, o que é impossível. — Jules olhou para Steve incrédula. — Você não conta, Walker. Você diz sim porque vocês são como chicletes.

Ela revirou os olhos e jogou mais pedaços de carne no chão.

Steve continuou: — Como eu disse, não sei, sinto que você está se esforçando demais.

— Nem todo mundo pode ter o cabelo perfeito, sabia?

Jules suspirou, ela se sentiu uma idiota por não perceber que Dustin estava interessado em Max e não de uma forma amigável.

— Não é o cabelo, amigo. O segredo com as garotas é agir como se você não se importasse com nada.

A morena inclinou a cabeça franzindo a testa.

— Mesmo que você se importe?

— Sim, exato. Isso os deixa loucos.

Julie se virou: — Harrington está certo, quanto mais você a ignora, mais ela cairá diante de você.

Dustin ergueu as sobrancelhas. — Sério?

— Não, idiota! — exclamou sua melhor amiga, balançando a cabeça.

— Ei. — Steve apontou para ela. — Conversa de garotos, fique fora disso.

Ela bufou e olhou para frente, dando- lhes alguma 'privacidade'. Eles começaram a conversar sobre eletricidade sexual e, embora Julie não admitisse, ela estava prestando muita atenção a alguns conselhos de Steve.

— E como é Nancy?

— Nancy é diferente, diferente das outras garotas.

Dustin olhou para baixo. — Sim, ela parece uma garota especial, eu acho.

— É. — Steve suspirou.

— Mas... Essa garota também é especial. É como se algo nela...

Jules fechou os olhos e começou a se repreender. Ela odiava se sentir tão diferente. Ela tinha acabado de descobrir que seu melhor amigo gosta da mesma ruiva que a deixa nervosa toda vez que se aproxima dela.

Por que ela não podia simplesmente gostar de meninos?

Essa pergunta foi feita com muita frequência.

Essa pergunta muito dolorosa.

— Uau. — Steve interrompeu. — Espere. Você não está se apaixonando por ela, está?

Dustin balançou a cabeça rapidamente. — Não, não.

Eles continuaram andando, enquanto Jules tentava desviar esses pensamentos e focar no principal, encontrar Dart.

— Muito bem. Não faça isso. — alertou o mais velho. — Isso só vai partir seu coração e você é jovem demais para essa merda.

Eles ficaram em silêncio e então Steve fixou o olhar em Jules e suspirou: — Isso vale para você também, Walker. — a morena se virou com a testa franzida. — Alguns caras podem ser idiotas.

Ela assentiu e sorriu um pouco, virou- se e continuou distribuindo carne pelos trilhos.

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