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˖࣪ ❛ GIRINO
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ELES ENTRARAM BATENDO A PORTA, chamando a atenção de toda a turma e interrompendo a fala do professor. Eles pediram desculpas repetidamente enquanto se sentavam em seus lugares.

— Não se importe conosco. Continue por favor.

Eles se sentaram e Jules soltou a respiração que estava prendendo. Dustin avisou os meninos e depois se virou para avisar Max, mas o Professor Clarke percebeu.

— Dustin!

O homem de cabelos cacheados se virou e colocou as mãos sobre a mesa. — Sim, meu senhor?

— Você poderia prestar atenção? — ele perguntou. — Você também, Jules.

A morena, que olhava para Max, rapidamente se virou envergonhada e assentiu, tirando o livro da mochila.

— O caso de Phineas Gage. Página 104.

— Sim, estamos focados. — disse Dustin, virando-se para olhar para a morena.

Ela entendeu e repetiu: — Muito focada.

Durante a aula, Jules não conseguia se concentrar, o que era estranho vindo dela. Mas a mente dela estava focada no que Dustin tinha na mochila, ela ainda não tinha visto, mas sentia uma certa atração pelo que havia ali dentro.

Na hora do almoço, os seis foram para sala do clube audiovisual, trancando-se e permitindo que Dustin mostrasse o que havia descoberto.

Eles cercaram a mesa e ele abriu os alçapões. Eles se inclinaram e franziram a testa.

— Mas o que?

— O nome dele é d'Artagnan. — disse Dustin, pegando-o com uma das mãos e acariciando-o. — Dart, como apelido. Fofo, certo?

Max falou: — E estava no lixo?

— Procurando comida. — então um sorriso apareceu no rosto do cabelo cacheado. — Quer carregar? Não morde.

— Não, não. Não quero!

Quando Max recusou, já era tarde demais, Dustin já havia passado para ela.

— Ai Deus! É escorregadio!

Ela passou para Lucas, que quase engasgou.

— Oh, é como um muco vivo.

E Lucas passou para Will, que gemeu de desgosto e passou para Jules.

Dart ficou nas mãos da morena, sentindo-se estranhamente confortável e deitado ali.

— Ele gosta de você. — Dustin falou.

— E eu deveria estar feliz? — Jules perguntou.

Até ela tinha dúvidas sobre por que não se sentia nojenta como os outros, por que se sentia tão atraída por Dart.

— O que é isso? — Mike perguntou, franzindo a testa.

Dustin sorriu. — Apenas minha pergunta.

Jules tentou colocá-lo em cima da mesa, mas o animal não saía de suas mãos. Tentou sacudi-lo, mas também não funcionou.

— Tire isso de mim. — Jules pediu a Mike.

O homem de cabelos pretos pegou e deixou sobre a mesa.

Dustin pegou seus livros e os colocou um pouco rudemente sobre o balcão. — No início pensei que fosse algum tipo de girino.

— Girino? — perguntou a ruiva.

— É outra palavra para sapo. Um girino é a larva do sapo.

— Eu sei o que é um girino.

Jules sorriu um pouco e se virou para vê-la, mas assim que Max olhou para ela, ela o afastou e olhou para seu melhor amigo um pouco nervosa.

— Então você sabe que a maioria deles são aquáticos, certo? Bem, Dart não é. Não precisa de água.

Lucas falou novamente: —Sim, mas existem girinos que não são aquáticos?

— Girinos terrestres? Sim. Duas para ser exatos. — folheou um pouco o livro. — A Indirana semipalmata e a Adenomera andreae. Uma é da Índia e outra da América do Sul. Como ele acabou no meu lixo?

— E se um cientista o trouxesse aqui e ele fugiu? — tentou descobrir Max.

Mike falou justamente neste momento. — Vocês viram isso? É como se algo estivesse se movendo por dentro.

Eles se inclinaram um pouco mais e ele aproximou a luminária, Dart fez um som irritante nos ouvidos de Julie e tentou escapar. Mas Dustin percebeu bem a tempo.

— Te peguei. Calma, pequeno. Eu sei que você não gosta disso. Está bem.

Lucas assistiu com certo desgosto enquanto Dustin falava tão carinhosamente com o animal. Will engoliu em seco, reconhecendo de onde vinha o barulho, e Jules inclinou a cabeça.

— E há outra coisa. Os répteis são de sangue frio, ectotérmicos. Eles adoram o calor, o sol. Dart o odeia, o machuca.

— E se não for nem girino nem réptil...

— Então descobri uma nova espécie.

Dustin o acariciou e passou para Julie, que aceitou sem reclamar ou fazer careta, observando enquanto Dart se acomodava novamente em suas mãos.

Ela se inclinou o máximo que pôde, enquanto o animal não identificado fazia um som baixo em sua direção.

A campainha tocou, assustando-os. A morena entregou para Dustin, que o colocou de volta na caixa. Os seis saíram da sala do clube audiovisual, fechando a porta atrás deles.

— Temos que mostrar ao professor Clarke. — Lucas falou.

— E se minha descoberta for roubada? — perguntou um Dustin muito preocupado.

— Sua descoberta não será roubada.

— Estou pensando em chamá-lo de Dustonoius polywogus. — nesse momento, Max chegou e ficou ao lado de Jules. — O que você acha?

A ruiva respondeu sem hesitar: — Acho você um idiota.

Jules riu, enquanto Mike revirou os olhos com a presença dela.

— Algum dia, quando eu for rico e famoso por isso, não venha rastejando e dizendo: 'Oh meu Deus, Dustin, sinto muito por ser tão mal-humorada na oitava série.'

O último sinal soou, indicando o fim do dia. Lucas, Max, Dustin e Jules estavam com o professor Clarke, enquanto Mike foi procurar Will.

— É por isso que estou atrasado para a aula.

— Chegamos. — interrompeu a morena.

— Julie, é o meu momento. — Dustin se virou para ver sua melhor amiga.

Ela ergueu as mãos em sinal de paz: — Todo seu, cachos.

O professor parecia interessado mais do que qualquer coisa na armadilha.

— Muito bem. Essas portas funcionam?

— Sim, obviamente. Mas não se trata da armadilha, trata-se do que está dentro dela. Isso pode mudar sua percepção do mundo.

— Estou oficialmente interessado. — sorriu o professor.

— Muito bem. Primeiramente, quero esclarecer que esta descoberta é minha, não sua.

Lucas interrompeu impacientemente: — Dustin, por favor, mostre a ele.

— Certo, tudo bem...

A porta se abriu e Mike entrou correndo.

— Pare! Sinto muito, professor Clarke. Foi uma piada, eu disse para ele parar.

Ele pegou a armadilha de Dustin, fazendo o mesmo franzir a testa.

— Que diabos está fazendo?

— Temos que ir embora. Agora. Agora!

Eles o seguiram rapidamente, entrando na sala do clube audiovisual e após a passagem de Jules, Mike fechou a porta na cara de Max, trancando-a bem a tempo.

— Mike! — Jules repreendeu.

— É uma questão de grupo. — respondeu ele, justificando-se.

Eles cercaram a mesa, a ruiva continuou batendo na porta.

— Olá? Ah, vamos lá, pessoal. Posso passar?

Mike levantou a voz: — Não!

— Jules? — Max atacou novamente.

A morena suspirou: — Me desculpe.

Eles rapidamente mudaram de assunto e focaram em Will.

— Não entendo nada.

Mike bufou: — Você não entende?

— Will viu algo parecido com Dart no ano passado?

— Semelhante. Sem cauda, ​​claro.

Mike falou novamente. — E você ouviu isso ontem. Apenas o mesmo som.

— Por que você não nos contou antes? — perguntou a morena.

— Eu não tinha certeza.

Eles ficaram em silêncio, enquanto Jules olhava para a armadilha onde Dart estava, agora ela se sentia mais atraída pelo animal do que nunca e não conseguia entender o porquê.

— E se quando Will estivesse do outro lado, ele conseguisse a visão verdadeira? — Mike perguntou.

— A verdadeira visão?

— Dá a você o poder de ver o plano etéreo. — Jules respondeu a Lucas.

— Explique-me. — ele perguntou em tom suplicante.

— Talvez os episódios que Will tem não sejam lembranças, mas sejam reais. Talvez Will possa ver o outro lado.

Jules queria contar o que havia acontecido no Halloween, mas não teve coragem.

— Isso significaria...

— Esse Dart é do Outro Lado.

Lucas falou novamente: — Teremos que levar isso para Hopper.

— Estou de acordo.

Dustin recusou. — Não é impossível. Se levarmos para Hopper, Dart morrerá.

Mike começou a ficar impaciente.

— Talvez ele devesse morrer.

— Como pode dizer isso? — Dustin perguntou, um tanto irritado.

— Como você pode não dizer isso? É do outro lado!

Dustin defendeu sua posição. — Talvez. Mas se for, isso não significa que seja ruim.

— É como dizer que alguém que vem da estrela da morte não é mau!

— Temos uma ligação.

Will e Jules se entreolharam, sem saber como expressar seu ponto de vista na conversa.

— Uma ligação? Por que você gosta de nougat? — Mike levantou a voz.

— Não! Por que você confia em mim?

Lucas franziu a testa. — Ele confia em você?

— Sim, porque prometi cuidar dele.

Um barulho vindo da armadilha os assustou, Jules deu um passo para trás, enquanto Lucas estendia o braço na frente dela.

Mike correu e pegou a lâmpada como arma.

— Não o machuque.

— Só se ele atacar.

Dustin abriu as portas e um Dart com o dobro do tamanho do mostrado antes, fazendo o mesmo som irritante que machucava os ouvidos de Jules.

— O que? — ela sussurrou.

Algo começou a se contorcer dentro dele, até que uma espécie de 'patas' traseiras saiu de seus lados, manchando a mesa com uma gosma vermelha nojenta.

Ele olha para todos os meninos, até ficar parado na direção de Jules, aproximando-se lentamente dela. A morena franziu a testa, enquanto sua respiração acelerava.

Mike viu o que Dart estava fazendo e ergueu a lâmpada pronto para acertá-lo.

— Não! — Dustin atrapalhou.

E a partir desse momento tudo foi de mal a pior.

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