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˖࣪ ❛ CAÇA-FANTASMAS
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NÃO ACONTECEU MUITA coisa no fliperama. Jules se acovardou e saiu de lá o mais rápido possível, voltando para seus amigos, que a bombardearam com perguntas. O que ela respondeu pacientemente.

Depois que Mike basicamente não queria nada com Mad Max, eles finalmente chegaram à casa dos castanheiros. Jules estava em sua bicicleta, um pouco à frente deles.

– O que fazemos agora? — Lucas perguntou.

— Vamos em frente com o plano. — disse Dustin.

A morena virou a cabeça por alguns segundos. — Mike não vai gostar.

— Na minha opinião, esse grupo não está em uma ditadura, mas em uma democracia. — respondeu ele, fazendo Julie revirar os olhos.

— E se Max disser não? — ela pergunto, um pouco nervosa.

— Como você pode recusar isso? Grrr.

Lucas colocou a cara de nojo de volta. — Eu te disse para não fazer mais isso.

— Até amanhã. — os dois se despediram, enquanto Lucas seguia direto para sua casa.

Entraram no terreno da propriedade de Dustin, enquanto chegavam à varanda da casa e desciam das bicicletas, deixavam-nas 'estacionadas' e suspiravam pelo dia cansativo. Eles caminharam até a porta, mas um barulho os deteve.

— Miaus! — Dustin chamou para o gato de sua mãe.

Jules sentiu um arrepio correr por ela, ela tentou ignorar e Dustin fez o mesmo com o barulho estranho, os dois se viraram e foram até a porta, entraram e tiraram as mochilas. A mãe de Dustin os cumprimentou e deu um grande abraço em Jules, enquanto seu filho era repreendido por ter chegado tarde demais.

— É sempre bom ter você aqui, Julie. — a mãe de Dustin falou, com um sorriso caloroso.

Dustin franziu a testa. — Arrume seu próprio apelido, mulher.

A morena sorriu, sentindo-se à vontade como sempre ficava quando vinha à casa de Dustin. Eles foram para o quarto e prepararam o saco de dormir no chão, onde Jules deveria dormir, mas nunca foi assim, porque a mãe de Dustin o obrigou a deixar a cama para sua melhor amiga e para ele dormir no chão.

Depois do jantar, a noite chegou e enquanto todos dormiam, a menina de olhos castanhos também tentava, mas era impossível para ela.

O céu estava vermelho, tão vermelho como se tivesse coletado o sangue de milhares de pessoas ali. Uma grande tempestade assolava a cidade, com nuvens negras e um cheiro pútrido por toda parte.

Jules sentiu suas mãos tremerem enquanto olhava em volta e engolia em seco.

— Chega... — Jules murmurou, levando as duas mãos à cabeça. — Chega!

De repente, a tempestade ficou mais forte, como se provocada por seu grito. Ela sentiu o nó na garganta quando se virou e agora havia apenas corpos ao seu redor, mas não qualquer corpo.

Ela conhecia todos eles.

Porque eles eram seus amigos.

— Você tem que parar de correr, Jules... — uma voz ecoou de todos os lados.

Ela acordou abruptamente, soltando um grito, enquanto suas bochechas estavam completamente encharcadas, ela se abraçou e se escondeu nos lençóis.

— O que está acontecendo?! — Dustin acordou assustado, tropeçando ao tentar ir acender a luz. Seu cabelo estava bagunçado e seus olhos se estreitaram de sono, ele apertou o botão e foi para a cama onde estava sua melhor amiga. — Julie, você está bem?

Ele tentou estender a mão, mas Jules se abraçou com mais força, como se quisesse se tornar menor. Dustin entendeu, e então sua mãe entrou pela porta de roupão, com o gato nos braços e uma expressão preocupada no rosto.

— Tudo bem. — Dustin sussurrou para ela.

Ela hesitou, mas depois se afastou da porta.

— Pesadelo. — murmurou a menina sob os lençóis. — Tive um pesadelo, é constrangedor, desculpe por te acordar.

Dustin suspirou: — Tudo bem, Julie. Sai daí, vamos.

Ela bufou e descobriu, mostrando seus olhos inchados e cabelos igualmente bagunçados.

— Dessa forma, você poderia facilmente interpretar um assassino maluco. — ele falou.

Ela o olhou séria e ele sorriu para ela.

A mãe de Dustin voltou, com duas xícaras de chocolate quente, entrou no quarto e veio até a cama, os dois se sentaram e Jules se acomodou para dar espaço para eles.

— Obrigada. — Jules murmurou, aceitando o copo.

— Foi muito ruim? — a mulher perguntou. A garota assentiu, não querendo falar muito sobre isso. — Estamos aqui, querida. Termine o chocolate e volte a dormir, amanhã você tem aula.

Ela saiu da sala e os dois melhores amigos se entreolharam.

— Tem a ver com...?

— Sim. — Jules respondeu. — Aparentemente nunca acaba.

Dustin a abraçou forte, ele sempre viu a oportunidade de abraçar alguém e aproveitou, ele era um grande fã de contato físico. Jules, por outro lado, já estava um tanto acostumada.

A morena olhou para seu traje com insegurança, sua mãe o havia escolhido e ela não pôde recusar. Ellen estava ansiosa para vê-la como Chapeuzinho Vermelho.

Ela ajustou o capuz da capa vermelha que descansava em seus ombros e gostou muito mais do visual. Talvez fosse o cabelo dela que estava errado.
Resolveu deixá-lo solto, para que combine muito mais.

— Vou mandar para sua mãe, Jules. — disse a mãe de Dustin, com um grande sorriso.

Dustin estava com sua fantasia de Caça-Fantasmas e seu equipamento de prótons, enquanto abraçava Jules pela cintura, que apenas sentiu o brilho em seu rosto ao rir da traição de Dustin.

— Você pode me explicar de novo o que Chapeuzinho Vermelho tem a ver com o Halloween? — perguntou Dustin, enquanto saíam em busca de suas motos.

— Fácil. Se continuar me provocando, eu mesmo contratarei o grande lobo mau para acabar com você.

Dustin franziu a testa ofendido, e a de olhos castanhos riu. Eles subiram em suas bicicletas e começaram a procurar primeiro por Lucas e depois por Mike.

Jules teve que usar um short preto por baixo da saia preta, o bom é que não era tão curto assim, isso ajudava ela a não ficar desconfortável. A camisa branca, por outro lado, lhe caía bem e era confortável.

— Venkman! — Dustin cumprimentou assim que viu Lucas.

— Stantz! — ele exclamou, juntando-se a eles em sua moto. Ele colocou a mesma emoção ao cumprimentar a morena.

Jules sorriu para ele e eles foram direto para a casa de Mike. O menino de cabelos pretos apareceu rapidamente, sem dar tempo de cumprimentá-lo, e então eles entenderam quando viram a Sra. Wheeler sair pela porta com sua câmera na mão.

Eles seguiram o caminho até a escola, e enquanto cantavam a música do filme 'Caça-Fantasmas'. O que era o motivo de suas fantasias.

Eles forçaram Julie a cantar com eles também, o que ela recusou no início, mas depois achou engraçado.

Turu, turu, tururu. — ela murmurou.

Eles estacionaram suas bicicletas e a morena colocou a mochila nos ombros, enquanto ela descansava nas costas. Will apareceu e todos se cumprimentaram.

— Venkman! — ele repetiu a ação de Dustin com Lucas.

Mike franziu a testa, notando que havia dois Venkmen.

— Ei, por que você é Venkman?

Lucas franziu a testa também. — Porque eu sou Venkman.

— Não, eu sou Venkman.

Will tentou acalmar a situação.

— Por que não pode haver dois?

— Porque na vida real só existe um. Planejamos isso meses atrás. – Mike apontou para si mesmo. – eu sou Venkman, Dustin é Stantz, Will é Egon, você Winston e Jules é Julekka. — ele falou.

A morena franziu a testa, de repente se sentindo perdida no que eles estavam falando. Que ela era quem? 'Julekka' nem é um personagem do filme.

Dustin bateu com a palma da mão na testa. — Isso foi uma surpresa, Mike! — ele sussurrou.

— Eu me sinto confusa. — ela murmurou.

— Agora voltamos para você. — Lucas disse e então olhou para Mike irritado. —Eu nunca aceitei ser Winston.

Eles começaram a discutir e Jules aproveitou para se aproximar de Will, ainda carrancudo.

— Já vimos o filme milhares de vezes. Quem diabos é Julekka? — Jules perguntou em um tom baixo.

Will sorriu um pouco. — Nós não queríamos que você se sentisse excluída, então os meninos e minha mãe ajudaram a fazer uma fantasia de Caça-Fantasmas, mas com seu próprio personagem, apenas mudamos um pouco o nome.

A morena demorou alguns segundos para processar aquilo. Ela sentiu um calorzinho no peito, os meninos quase sempre se preocupavam em não deixá-la de fora, mas isso era outro nível. Jules nunca se importou se eles queriam sair sem ela ou coisas assim, porque eram sempre os quatro até a chegada dela e ela entendia.

Mas desde que a conheceram, não saíram uma única vez sem sua presença, sempre a incluíram em todos os seus planos.

Isso a fez se sentir em casa. Sua casa.

— Isso é... Uau. — ela sussurrou, sem saber o que dizer.

– Pessoal!

O ônibus chegou e o grito de Dustin interrompeu a discussão entre os dois amigos, eles se aproximaram e entenderam o motivo do grito.

— Por que ninguém está fantasiado? — Jules perguntou.

O sinal tocou e eles xingaram ao mesmo tempo sabendo o que tinham que passar. Eles entraram na escola e começaram a andar pelo corredor, com os olhares de todos voltados para eles.

— Quando eles tomam essas decisões?

— Todos eles se fantasiaram no ano passado. — lembrou Will.

— É uma conspiração. Eu já disse a você. — Dustin falou.

Mike disse para agir como se não fosse nada, mas não era fácil com tanta gente rindo deles.

Jules tentava ignorar o máximo que podia, com sua capinha e os olhos um tanto baixos.

— Quem eles vão chamar? Aos nerds!

O grito daquela garota fez a morena se virar, parando seus amigos.

— Por que você simplesmente não cala a boca?

Dustin e Lucas tiveram que pegá-la pelo braço e convencê-la a deixá-lo passar. Não valia a pena começar uma briga.

A realidade é que Jules é uma das pessoas mais doces que existem, mesmo que ela sempre coloque a felicidade de sua família e amigos acima da dela, mesmo que eles digam que não é a coisa certa a fazer.

Mas quando se tratava de intimidar seus melhores amigos na escola, ela claramente assumiu um caráter mais forte. Ela não permitiria que eles passassem pela mesma coisa do ano passado.

Ela foi até os armários e colocou a mochila lá, tirou o livro que deveria usar e fechou bem quando ouviu risadas atrás dela. Ela se virou e começou a andar, mas quando deu o primeiro passo, seu corpo colidiu com o de outra pessoa, derrubando-a no chão.

— Merda! — a outra pessoa reclamou.

Os olhos de Jules se arregalaram quando ela reconheceu aquela voz fofa e calorosa, e ela se levantou e saiu o mais rápido que pôde.

Max acariciou seu braço com uma careta e se levantou, pegando seu skate. Ela olhou em todos os lugares, tentando encontrar o culpado por trás de sua queda, mas desistiu quando viu que não daria em nada.

Já na aula, Jules estava sentada na sala da professora de Clarke, prestando bastante atenção, quando a porta se abre e Joyce entra por ali com a diretora.

Ela carregava a fantasia dos Caça-Fantasmas nos braços junto com o equipamento de prótons.

Jules sorriu quando seu olhar se fixou nela e apontou para a fantasia em seus braços.

— Com licença, professor. Estou aqui para deixar isso com Jules.

A turma toda se virou para vê-la, enquanto a morena se levantava e se aproximava de Joyce.

— Obrigada. — ela agradeceu alegremente.

A mulher beijou sua bochecha e cumprimentou de longe o filho, que baixou o olhar envergonhado assim que os olhares se voltaram para ele.

A ruiva sentada na ponta franziu a testa, acompanhando a cena com os olhos, e reconhecendo imediatamente 'a menina do Arcade' como a batizara sem saber seu nome.

Ela não podia acreditar que era uma colega de classe.

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