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˖࣪ ❛ MADMAX
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JULES VASCULHOU AS gavetas da mãe, levantou o colchão, arrumou a cama e sorriu ao ver uma boa quantia de dinheiro ali. Ela pegou todas as moedas que pôde e as colocou no bolso de seu jeans preto rasgado.
Ela sentiu uma interferência em seu walkie, pegou e revirou os olhos.
— Julie, você me copia? — Dustin Henderson, um de seus melhores amigos, falou.
Dustin costumava chamá-la de 'Julie' o tempo todo desde que a conheceu, porque ela supostamente parecia menos rude do que 'Jules'.
— Estou copiando vocês, rolinhos. — falou. — Já achei dinheiro, vejo vocês no fliperama.
Deixou o walkie-talkie sobre a escrivaninha e saiu do quarto da mãe, desceu as escadas e foi para a cozinha.
Fazia quase um ano desde que encontraram Eleven na floresta, o desaparecimento de Will, as mortes em Hawkins e a luta com o demogorgon. Tudo isso virou sua vida de cabeça para baixo.
O outro lado a perseguia todas as noites em pesadelos, sobre os quais ela não contava a ninguém.
Ninguém além dos médicos, mas apenas porque eles a forçaram.
— Vou sair com os meninos, até logo. — Jules deixou um beijo na bochecha de sua mãe, enquanto a senhora sorria e continuava cortando os legumes.
Era a primeira vez que ela tinha uma amiga, e ela havia sido tirada dela da pior maneira. Eleven os salvara, mas a que custo?
Saiu de casa e pegou sua bicicleta, sentiu o mesmo calafrio de quando haviam acabado de chegar, mas ignorou completamente. Tornou-se parte de sua rotina desde que chegou a Hawkins.
Começou a pedalar rápido, a casa dela era bem mais longe que a dos meninos, então sempre demorava mais que os outros e tinha que sair quase meia hora antes para chegar na escola. Ela deu uma olhada rápida nas árvores atrás dele e suspirou.
Ela viu a grande placa que dizia 'ARCADE' iluminando o local e sorriu, parando sua bicicleta e ficou ali, esperando os demais.
Ao longe, Jules viu três bicicletas se aproximando em alta velocidade e revirou os olhos enquanto Lucas tentava derrubar Dustin de cima dele.
Os meninos desceram, pararam suas bicicletas e nesse exato momento, apareceu o carro de Joyce trazendo Will. Mike se virou para ver a morena.
— Você esperou muito? — Pergunto a ele, ao mesmo tempo em que Will sai do carro e se aproxima deles.
— Não, não se preocupe. — ela negou, dando-lhe um sorriso.
Os cinco entraram no local e foram direto para o jogo preferido de Jules (Dragon's Lair), o primeiro a jogar seria Dustin, pois queria vencer a morena. Eles inseriram o token e esperaram.
Para matar o dragão, use a espada mágica, dizia a animação da princesa Daphne, com voz de flerte.
Dustin suspirou nervosamente. — Oh Deus. Estou em território desconhecido.
O jogo começou e os meninos começaram a dizer para ele fazer as coisas, enquanto Jules mantinha os braços cruzados e ria, claramente eles o estavam confundindo.
— Calem-se! — repetiu o do gorro, até que todos se calaram quando o dragão assassinou o cavaleiro. — Não, não, não! Eu odeio essa merda superestimada, seu filho da puta! Pedaço de merda!
— Você não é ágil o suficiente, mas um dia você será. — Lucas falou.
Jules interrompeu. — Até lá, a princesa Daphne é minha. — ela sorriu.
O de cabelos cacheados balançou a cabeça.
— Não, tanto faz. Ainda sou o melhor em Centipede e Dig cavado.
Isso era verdade, Dustin teve a pontuação mais alta. Pelo menos foi o que os meninos pensaram.
— Tem certeza? — perguntou o gerente do fliperama, comendo batatas fritas.
Os cinco franziram a testa, mas Dustin ainda mais.
— Certeza de que?
Eles se entreolharam e rapidamente foram até a máquina de jogo, enquanto Dustin empurrava todos e Jules para longe, pedindo permissão.
— Deixa eu passar! — Dustin exclamou.
Jules revirou os olhos. — Desculpe, desculpe-me.
— Não, não, não. Ei, não!
Eles viam o placar e depois o nome do jogador. Will exclamou surpreso com o número.
— 751.300 pontos!
Mike abriu os lábios. — Isso é impossível.
— Quem é Mad Max? — Dustin perguntou.
— Alguém melhor que você.
Dustin mostrou o dedo do meio para Keith, enquanto Jules cruzava os braços e levantava uma sobrancelha.
— É você? — Will perguntou.
Keith bufou. — Você sabe que eu odeio Dig Dug. — ele comeu outra batata frita. — Se você quer informação, então eu quero algo em troca. — ele olhou para Jules e Mike.
Os meninos se entreolharam e rapidamente pararam na frente da morena.
— Encontre uma da sua idade, vovô. — Dustin falou com a testa franzida.
Keith também franziu a testa. — Não foi isso que eu quis dizer, garotinho.
Eles entenderam o que ele quis dizer e olharam para Mike. O homem de cabelos pretos percebeu e negou rapidamente.
— Não, não, não. Impossível. Você não vai sair com ela.
— Mike, por favor. Consiga o encontro com Nancy. — Lucas tentou convencê-lo.
— Eu não vou prostituir minha irmã!
Agora eles voltaram o olhar para Jules, que também balançou a cabeça e bateu levemente na cabeça deles.
— E eu não vou usar Chrissy. Ela nem tem a sua idade.
Dustin entrou na conversa: — Não, não a leve para um encontro. Porque ele espalhou sua erupção para toda a sua família.
— A acne não é uma erupção cutânea e não é contagiosa, seu garoto imprestável.
— Bom para nada?
Enquanto continuavam a discutir, dois membros do grupo começaram a sentir algo estranho. Ninguém notou que Will estava saindo, nem a pontada que deu na cabeça de Jules. A morena engoliu a saliva, sentiu-se tonta.
— Jules... Jules... Jules!
Ela se assustou e ergueu a cabeça, Mike e os outros a olhavam com as sobrancelhas franzidas.
— Sinto muito, o que houve? — ela pergunto, agindo como se nada tivesse acontecido.
— Vamos recuperar o primeiro lugar.
O homem de cabelos pretos notou que Will não estava e rapidamente foi até ele, um tanto preocupado.
E assim passaram a noite no fliperama, jogando até recuperar o primeiro lugar.
★
Jules entrou na escola e caminhou com os fones de ouvido até o armário, mas antes disso viu Will abrindo o dele e se aproximou com um sorriso.
— Ei, Byers. — ela falou, e ele se virou para ela e sorriu para ela.
— Alô, Jules. — ele abriu o armário e tirou alguns livros-caixas — Os outros estão na sala?
— Acho que sim. — ela deu de ombros e então viu um papel que estava caindo e que o moreno pegou bem na hora. — O que é isso?
Ela se moveu para trás de Will para olhar por cima do ombro e franziu a testa quando viu o jornal sobre como 'Um menino voltou à vida' supostamente e havia x's desenhados nos olhos da foto de Will, ao lado de um texto que dizia em verde 'menino zumbi'.
— Que idiotas. — Jules murmurou. Ela viu o olhar no rosto de seu amigo e suspirou. — Vamos.
Ela pegou o papel e o amassou com irritação na mão direita enquanto seu braço livre o envolvia no ombro de Will.
— Juls... — ele riu.
— Você sabe o quão interessante você é, certo? Quer dizer, eu tenho sorte que alguém como você é um dos meus melhores amigos. – ela falou, fazendo Will sorrir e abaixar a cabeça de vergonha. – Eu quero que você nunca se esqueça disso.
Ele assentiu, não apagando o sorriso. — Não vou, prometo.
Eles caminharam e entraram na sala, Will foi para seu lugar atrás de Dustin e Jules foi para o dela, que era ao lado do de Dustin, o oposto de onde Lucas estava. O professor os acompanhou com os olhos e continuou a aula.
Apoiou um cérebro de plástico na mesa e falou:
— Este é o cérebro humano. Eu sei, não parece muito. — os meninos, exceto Will, olharam com interesse, prestando muita atenção. — É até um pouco nojento. Mas considere isto, há cem bilhões de células dentro deste milagre da evolução. Todos trabalhando em uníssono. — Jules sorriu, divertido. — Não, eu não errei ou gaguejei. Cem bilhões.
Nesse exato momento a porta da sala de aula se abriu, fazendo com que todos olhassem para lá.
Uma garota ruiva entrou, seguida pelo diretor. Ela ignorou os olhares de todos e parecia um tanto irritada.
Jules teve que se esconder quando a viu, ela a achou muito bonita. E isso não acontecia com frequência, isto é, antes ela se sentia atraída por outras garotas, mas todas não passavam de uma paixão impossível. Mesmo na primeira vez que aconteceu, sentiu como se estivesse violando algum tipo de lei estúpida sobre mulheres não namoram mulheres.
Por isso evitava as perguntas dos amigos sobre se estava interessada em alguém, talvez algum 'menino' da escola.
— Ah, deve ser a aluna nova. — falou o professor.
— Isso mesmo. Toda sua. — o diretor disse antes de se despedir.
A ruiva tentou ir direto para um assento, mas claramente não era o que o professor queria.
— Ok, espere aí. Não vai ser tão fácil. — disse ele, detendo-a. — Chega mais perto, não se acanhe. Jules, rufar de tambores.
A morena assentiu e em seu caderno começou a bater palmas em um ritmo específico, até que o diretor a apresentou.
Max desviou o olhar para a garota que tocava bateria, o que parecia meio estúpido para ela.
— Classe, por favor, dêem as boas-vindas da ensolarada Califórnia ao último passageiro a se juntar a nós nesta viagem de curiosidades, Maxine. — Jules deu o toque final e sorriu.
— Eu sou Max. — ela falou.
Os quatro garotos pararam de sorrir, enquanto a única garota do grupo olhava para Max, achando que ela tinha uma das vozes mais bonitas que ela já tinha ouvido.
Sim, talvez tenha caído um pouco rápido demais.
— Desculpe? — disse o professor.
— Ninguém me chama de Maxine. Eu sou Max. — ela explico.
Jules se virou e ouviu Lucas sussurrar.
— MadMax.
Jules fiz uma careta, isso seria possível?
Max foi até seu lugar e sentou-se com os braços cruzados, sem perceber o olhar que os cinco estavam lhe lançando.
Isso estava apenas começando.
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