UMA VISÃO PERTURBADORA
O choro fino e desesperador percorria por todo aquele porão que a garota estava algemada, não fazia ideia de quantos dias estava ali, mas seus pulsos que tinha a coloração negra agora estava marcado pela roxidão, estava faminta e desejava sua casa, a água e os biscoitos de água com sal que era dado, não a sustentava em nada, estava tão entorpecida pela dor que passava o dia todo dormindo ou quando ele aparecia trazendo diferentes "brinquedos" ao quais nomeava, para machucar sua pele fina e macia, as coxas estavam retalhadas por um tipo de chicote, a barriga perfurada por uma faca fina, e o rosto com hematomas dos tapas desferidos diariamente.
Olívia desejava a morte mais do que tudo, porque a dor que sentia era agonizante, mas sabia que ele estava jogando com sua melhor amiga, e por isso que não a matou ou era isso que ela tentava se convencer a cada dia que passava. Não sabia a cor do seu cabelo, ou seu rosto, sabia a cor da pele branca com uma cicatriz que viu rapidamente quando ele lhe bateu, no braço esquerdo grande como de queimadura e de seus olhos azuis que não transpareciam nenhuma emoção, a não ser quando a agredia, podia ver o prazer. Ele usava uma máscara velha, com alguns rabiscos aleatórios, mas com um enorme pássaro desenhado, igual já viu nos corpos de suas vítimas.
— Vejo que está mais quieta hoje, querida. — A voz tenebrosa soou pelo local fazendo com que a garota se arrepiasse.
Nos dois primeiros dias ela gritava muito, porém ninguém escutava, não sabia se tinha alguém além dele porque nunca escutava movimentos no andar de cima, como se passasse o dia sozinha na enorme mansão.
— Fico triste quando não me responde. — Fez uma cara de tristeza. — Ainda mais sabendo que adorava conversar com sua amiga Belinda, ou melhor B. — Ainda com a expressão neutra.
Ela não dizia nada para ele. Nunca disse. A não ser os gritos de socorro.
— Hoje ela encontrou minha pista, junto com os seus dois seguidores fiéis, quase foram pegos pela polícia, mas é claro ela sempre foi mais esperta. — Segurou o chicote que tinham nas pontas objetos afiados que perfuram a carne. — Eu acho ela muito esperta, se não fosse tão irritante, talvez tentaria ser amigo dela, provavelmente nunca desconfiaria que eu sou o homem que está com sua melhor amiga.
Bateu forte no braço da garota com o chicote, a fazendo berrar pela dor e encurvar o braço, as lágrimas saiam do seu rosto sem parar.
— Pronta? Quero ver o sangue jorrando quando eu cortar sua garganta. — E novamente pode ver em seus olhos frios, a sensação de satisfação e outra chicotada foi transferida sobre o braço.
Ela não aguentava mais, até que desmaiou pela dor é medo que sentiu em ser seu último suspiro, seu corpo estava tentando a proteger.
A garota já estava ali há quatro dias. E isso já estava cansando ele, detestava ter que ficar muito tempo sem matar sua presa, ainda mais quando é uma das preciosas, por mais que tivesse matado já dois jovens desde quando a sequestrou, eles eram irrelevantes em comparação ao caos que a morte de Olívia pode trazer, queria brincar com Belinda porque soube que ela estava o procurando, a filha do prefeito da cidade, o que poderia acontecer quando todos achassem que ela fosse louca enquanto ele mexia com sua mente ou quando aparecesse morta porque tirou sua vida, é o que ele ansiava. Belinda Reynolds o caçou e irá encontrá-lo. Todos daquela escola iam pagar pelo que fizeram.
Quando agredia suas vítimas sentia prazer porque era a mesma coisa que seus agressores de tantos anos naquela maldita escola nos anos 70 fizeram com o seu corpo, ainda carregava as marcas, e sua mente era marcada por diversos pesadelos bizarros, mesmo depois de vê-los mortos, nada o satisfazia, ele queria matar cada vez mais, a forma que achava prazeroso ao ver o sangue escorrer entre suas mãos ou os gritos de desesperos que saciavam sua alma, ele era um animal frio, cruel e que não media esforços. Mas tinha o sigilo, o rosto de bom moço para todos e ainda pagar pelos que estavam o ajudando.
A marca que levava consigo no seu rosto, foi a última vez que o agrediram, as palavras e xingamentos quando eles abusavam sexualmente de si era vivo ainda. " Um gay como você não deveria nem existir", "você vive para nós satisfazer" e entre outras que era uma marca em sua vida.
Após o banho gelado para tirar aquele líquido que tanto adorava quando estava em contato com sua pele, vestiu o terno Louis Vuitton, sempre o deixava de reserva na mansão que trazia suas vítimas, justamente pela sujeira que causavam. Ninguém sabia sobre esse local, a não ser a polícia que sabia muito bem que não deveriam entrar ali, não quando sabem que ele era o dono.
— Porque tenho a impressão de que está mentindo? — Indagou o Xerife depois de perguntar quatro vezes o que eles estavam fazendo na floresta.
O lado bom de sempre mentir é que você sempre saberá a história e contará ela da mesma forma que contou a primeira vez. Belinda sabia exatamente o que tinha inventado, e fez questão de responder às quatro vezes, não deixando Steve falar porque sabia que o garoto poderia acabar dizendo coisas que não faziam parte do que disseram antes.
— Já disse quatro vezes a mesma resposta, como poderia estar mentindo se não acrescentei nem mesmo uma vírgula. — Rebati fingindo estar enfurecida.
— Certo! Vamos analisar o dedo com cuidado, ver no banco de dados a digital para nos levar até o corpo, provavelmente é outra vítima.
Os dois jovens saíram da delegacia apreensivos porque sabiam que aquilo era apenas o começo de uma era marcada por sangue e sofrimento.
— Preciso voltar para casa, já são 19:00 horas. —
Por mais que sua vontade fosse ir para a casa de Adam ler a próxima pista, não poderia deixar sua mãe, não depois vê-la chorando.
— Pensei que voltaríamos para os trailers, ver a carta. — Steve comentou.
— Em breve, mas agora preciso despistar minha Elena Reynolds. — Sorriu de lado e seguiu em direção a sua casa.
Na verdade Belinda não queria que Steve fosse junto para casa de Adam, sabia que o garoto poderia ser impulsivo quando se trata de pessoas que não gosta ou odeia, como o caso que houve no jogo de seu adversário, Chace Woods, do American Chicago, ele o socou na partida de basquete, seu amigo detesta o garoto mais do que tudo, sempre se provocando ou brigando. Com Adam não seria diferente, pois ele tem um gene forte e briguento assim como Steve.
Ao chegar em casa, foi correndo para seu quarto, precisava de um bom banho quente para tirar a sujeira da sua queda, e sua mãe não poderia sequer ver o estado como chegou, ou então uma série de perguntas seriam feitas.
Ao vestir o vestido verde cor escura, que sua mãe lhe dera no dia em que fez dezessete anos, ela o adorava e seria uma ótima noite para usá-lo. Belinda desejava que essa noite fosse normal, como as outras antes de tudo isso estar acontecendo. Porque sua mãe não poderia suspeitar de nada.
— Ah! Querida, você está encantadora. — Falou Elena quando observou a filha descer pelas escadas.
— Quero que essa noite seja especial para nós duas. — A garota sorriu fraca.
— Sinto muito. — Sua mãe baixou o olhar e encarou os seus scarpins vermelhos que combinavam com seu vestido creme com leves desenhos dourados. — Infelizmente tenho uma reunião de última hora com a mulher do prefeito de Misterfield, temos que debater alguns projetos juntas.
Um balde de água fria abrigou a garota, mas ela não poderia ter criado esperanças, não se lembrava da última vez que saiu apenas Elena e ela juntas para fazer qualquer coisa ou até mesmo passaram uma tarde juntas assistindo filmes. Sempre estivera ocupada. Liam Reynolds foi a única pessoa da família que soube lhe dar amor e carinho, sempre esteve ao seu lado, custe o que custasse.
— Sem problemas. — Deu um sorriso falso. — Preciso encontrar um amigo para discutirmos sobre um trabalho. — Mentiu.
— Perfeito! As duas tem compromisso, podemos marcar para outro dia. — Sorriu e saiu apressada para a garagem.
Voltou para o quarto e pegou seu celular. O garoto atendeu no terceiro toque.
— Adam? — Indagou Belinda.
— B? — No mesmo tom de indagação
— Posso me encontrar com você na sua casa? — Estava receosa de estarem a sós.
— Podemos nos encontrar, mas não em minha casa, estou indo para uma corrida, posso passar na sua casa. — A voz grossa do rapaz causou arrepios, e a lembrança do beijo que tiveram na noite da corrida invadiu sua mente.
Longos segundos se passaram.
— Belinda! — A voz de Adam a trouxe de volta da recordação. — Aceita esse desafio? — Perguntou a provocando. Ele sabia que ela nunca rejeitaria um desafio.
— Aceito, contanto que me deixe correr ao seu lado. — sorriu.
— Nunca existirá melhor co-pilota. Já estou perto da sua mansão. — Desligou.
Belinda correu para o andar de baixo, abrindo a porta da frente que dá acesso à entrada principal da casa.
Observou de longe o Impala preto de Adam. Sentiu uma eletricidade passar pelo corpo. O efeito do Thompson sobre si era enorme.
— Quer dizer que a filha do prefeito está louca para ir a uma corrida no lado mais perigoso da cidade? — Adam indagou ironizou, ou ao menos foi o que tentou, já que não estava querendo deixar que ela visse o quando estava desesperado pela irmã. Ele não precisa de compaixão.
— Desde quando Adam Thompson vem buscar uma garota na porta de sua casa? — Rebateu.
Entrou dentro do carro sem esperar sua resposta.
— Desde quando essa garota é você. — Respondeu piscando.
Belinda sentiu seu ar indo embora no momento em que escutou aquelas palavras. Encarou o garoto que dirigia tranquilamente, a pele branca que entrava em contato com as luzes dos postes da cidade o deixando ainda mais bonito.
— Você está com o papel? — Perguntou quebrando o silêncio.
— Dentro do meu bolso. — Respondeu e antes de Belinda se inclinar para o pegar e ele falou. — Mas B, não quero que fique presa nisso ou se culpe por ele ter sequestrado Olívia, vocês estavam juntas e qualquer uma poderia estar lá agora. — Ele fechou os olhos tentando controlar as lágrimas.
— Sinto que deveria ter sido eu, talvez fosse melhor para todos. Olívia ainda tem o mundo inteiro para conhecer. — Ela deixou que as lágrimas escorressem.
Se recordou das palavras de sua amiga "B, eu quero conhecer o mundo, viver em novas culturas, me apaixonar e me divertir ao máximo antes de morrer."
— Não, Belinda! Olhe para mim. — Pediu e colocou a mão em sua perna. — Seria melhor se ninguém estivesse nessa situação, você é importante, principalmente para Olívia e sei que pode resolver tudo isso, mas não quero que deixe isso lhe afetar. — Sorriu fraco e enxugou uma das lágrimas que ia descendo em seu rostos.
Era aquele lado que ela gostava de Adam. Quando ele demonstrava que se importava com as pessoas.
— Aqui está. — Entregou o papel na cor creme em suas mãos.
A garota segurou firme, se aquilo era apenas só o começo faria de tudo para ganhar, mesmo que estivesse brincando com um psicopata, ela teria sua amiga de volta.
" O primeiro passo está cumprido! Gostou da minha lembrança? Confesso que foi muito difícil tirá-la, ele não parava de gritar por isso espero que a guarde bem.
Senhorita Reynolds, esse jogo está sendo minha animação dos últimos dias, além de matar, estou ansioso para a próxima fase.
A meia noite quando o sino do relógio bate desesperado, as luzes da cidade são desligadas, os sons dos pássaros ecoam trazendo o medo e o desespero.
Até mais, detetive. "
Belinda sentiu nojo com aquelas palavras, a imagem do dedo humano veio em sua mente, trazendo novamente a sensação de ânsia.
— A corrida será longa? — Perguntou a Adam que estava com olhar focado na pista.
— Não! Preciso apenas enfrentar o Logan Hills e estaremos de volta o mais rápido. — Respondeu.
— Porque sempre corre?
— Preciso de dinheiro. Os jovens adoravam gastar sua grana com jogos perigosos. — Deu de ombros. — Chegamos. — avisou.
Na verdade Adam precisava desse dinheiro pagar as dívidas que fizera com seu antigo chefe, ele estava preso a ele enquanto não pagasse o valor e mesmo que Olívia estivesse preso com aquele covarde seria muito pior se ela caísse na mão de quem Adam estava devendo, porque não seria uma única pessoa, ele não poderia deixar isso acontecer sendo ele o culpado.
O terreno de chão já estava cheio de jovens bebendo e gritando.
Assim que saíram do carro Jackson Davis apareceu com seu enorme sorriso contagiante arrancando um de Belinda.
— Belinda Reynolds. — Abriu os braços e a puxou para um abraço.
— Jackson. — Falou tentando demonstrar animação.
Adam pigarreou do lado deles, chamando a atenção.
— Desculpa Adam, a Belinda se tornou prioridade antes de você. — Comentou e abraçou o amigo.
— Não aceito ser trocado assim. — Resmungou, mas logo em seguida tentou transparecer um sorriso, o resultou em uma careta.
Adam não estava pensando direito desde que sua irmã fora sequestrada, na verdade, apenas fingia que estava agindo como antes de tudo, mas ele estava um caos por dentro. E trazer Belinda consigo era uma segurança, ele se sentia confortável com ela ao seu lado, porque o fazia lembrar de Olívia.
— Novamente a trouxe? — Indagou e o Thompson apenas assentiu. — Você gosta de um perigo, garota. — Jackson Davis piscou para ela.
Ele não fazia ideia do quanto Belinda gostava do perigo, ela tinha uma fascinação. Principalmente agora que ele está sendo a definição de um cara que usa sua velha jaqueta preta e rosto fechado.
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