UMA DISTRAÇÃO COM SURPRESA

Os ventos balançam os cabelos loiros da garota desesperados para trás conforme Adam aumentava a velocidade para se aproximar da Ferrari 488 pista spider. O garoto infelizmente teve que deixar seu Impala preto de lado, os chefes que comandam as corridas queriam ver os melhores modelos de carros na pista, por isso estava ainda se acostumando com o Lamborghini Aventador na cor verde. A velocidade que chegavam era a maior de toda a vida de Belinda, e por mais que no começo isso a assustou, agora sentiu uma adrenalina ao ver que estavam prestes a passar do Hills.

— Quer dizer que Adam Thompson irá perder para seu arqui-inimigo. — ela sorriu após o provocá-lo.

— Belinda, você é um anjo quando está de boca fechada. — ele resmungou ainda sério, mas logo em seguida deu um sorriso de lado.

Mas mesmo depois da resposta azeda, ela não o deixou quieto.

— Eu não quero perder, é a minha segunda vez e seria um desastre ser uma perdedora. — a garota estava querendo testar seu limite.

— Se tem uma coisa hoje, é que você não irá perder. — piscou.

O rapaz acelerou o carro, e fez a curva mais aberta, Belinda sentiu seu coração acelerado, e a visão quase embaçada por causa do nervosismo, a mente dela estava em alerta sobre Olívia e a sensação da adrenalina fazia seu cérebro pensar em como ela estaria agora e o mais atormentador, se ela estava viva.

Ultrapassou Logan, que ao ver o carro deslizar para sua frente berrou de fúria e aumentou ainda mais a velocidade. Ele detestava Adam mais do que tudo, quando o garoto chegou nas corridas clandestinas, rapidamente roubou seu lugar de ganhador, ele sempre esteve em primeiro, ninguém era páreo, até o Thompson aparecer.

— Deveria ter mais fé em mim, Bel. — Adam disse e saiu do carro para ser aplaudido pela multidão que já estava eufórica.

— Eu sempre tive, mas gosto de provocá-lo. — a garota gritou e piscou.

Belinda andou até o carro de Logan para dizer que ele foi ótimo, na verdade, ele foi incrível.

— Logan Hills, tenho que confessar que fez um bom trabalho. — comentou.

Apesar da raiva que estava sentindo, o garoto rapidamente a deixou de lado quando escutou a voz suave de Belinda.

— Mas parece que você me venceu. — ele sorriu.— Na próxima te deixo ganhar. — piscou.

Quando passou o olhar para procurar Adam em volta das pessoas, sentiu seus olhos queimarem de fúria ao vê-la conversando com Logan.

— Te vejo em breve. — disse antes de sair.

— Até mais, Belinda, filha do prefeito. — ele ainda estava mais bonito do que na noite em que ela o viu pela primeira vez, o cabelo louro penteado para trás porque já estava grande, os olhos azuis brilhando com uma intensidade tão alta e a roupa preta que realçava seu corpo malhado.

A garota ia se aproximando de Adam quando estourou a voz fina de Loren.

— Mas faz tempo que não ficamos a sós.

— Eu não posso agora, Loren. Tenho coisas a resolver. — o garoto pronunciou e revirou os olhos.

— Porque trouxe aquela garota de novo? Quando será minha vez de correr com você, estou com saudades. — disse manhosa e deu um selinho de surpresa no Thompson.

Aquilo de alguma maneira afetou Belinda, ela não queria demonstrar que estava começando a se apaixonar pelo garoto, não agora, porque estão passando por um momento delicado. Mas não queria vê-lo se relacionando com outras. Caminhou até o Impala que estava do outro lado da pista de corrida, esperaria o rapaz por lá.

Assim que entrou fechou a porta com força, cruzou os braços e por mais que quisesse ficar sem olhar para onde ele estava, não conseguiu e quando reparou observou o Thompson caminhando em passos firmes para onde ela estava. A sua jaqueta preta de couro balançava de acordo com seus passos, era possível já visualizar algumas tatuagens no seu pescoço e mão, como a serpente que envolvia a metade do pescoço e descia para o peitoral, e as asas de anjo juntamente com a palavra " amor" escrita em letras grossas, na mão a rosa e na outra uma rosa do vento juntamente com uma chave, ela tinha vontade de perguntar sobre o significado de cada uma, mas nunca teve coragem.

— Gostou do papo com Logan? — Ele indagou com o semblante fechado.

— Sim, ele sabe perder muito bem. Além do mais, parece que sua companhia quer voltar para o lugar dela. — Rebateu no mesmo tom de ironia que ele usou.

— O Hills nunca sabe perder. — Resmungou. — Talvez a Loren volte a correr comigo, ela não sai do carro sem dizer um parabéns e vai correndo atrás do perdedor. — Disse mal humorado e aquilo ferveu o sangue de Belinda.

— Quero ir direto para casa. — Pronunciou apenas isso, não queria dizer nada que fosse se arrepender em minutos.

— Ainda temos que resolver o próximo enigma. — O Thompson falou mais calmo.

— Posso fazer isso sozinha. — Rebateu.

— Sabe que acharemos muito mais rápido se trabalharmos juntos. —Suspirou fundo. — Não quero que demore ainda mais, esse jogo doentio precisa acabar o mais rápido possível.

Belinda deixou sua raiva de lado, quando se lembrou da melhor amiga, ela deveria ser sua prioridade agora e não um ataque de ciúmes, esqueceria Adam, ele não poderia estar ofuscando seus pensamentos.

— E se esse jogo for o único motivo dele não ter matado Olívia ainda? — Perguntou, sentindo a dor daquelas palavras, mas tinha quase certeza que poderia ser verdade. — Talvez precisamos jogar de um modo diferente, não sempre fazendo o que ele diz, precisamos procurá-la além dessas pistas, que podem ser até falsas.

Não poderia acreditar nunca em um psicopata, não quando eles adoravam brincar com você e testar seus limites. Belinda não queria dizer, mas já estava na hora da polícia entrar junto com eles totalmente, com as cartas e a caçada.

— Então vamos fazer isso, tenho alguns contatos da cidade que podem procurar por algo. — Adam disse.

— Talvez alguns dos amigos ricos do meu pai tenha alguma informação, já que parece que ele gosta de se vestir bem. — Pronunciou ao se lembrar dos sapatos caros.

— Porra! Como eu queria que nada disso estivesse acontecendo. — bateu no volante do carro.

— Ei! Vamos encontrar ela. — Depositou a mão em seu braço. — Eu prometo. — Tentou confortá-lo mesmo tentando convencer a si mesmo que iam achá-la.

Olívia precisava voltar viva.

Adam estacionou em frente ao trailer que estava com a luz acesa, o que deixou o garoto em alerta. Poderia ser apenas uma pessoa e como ele estava a detestando agora.

— Quero que fique aqui. — Ele pediu a Belinda que o encarou confusa.

— Qual o problema? — Indagou.

— Minha mãe está aqui, e provavelmente drogada. — Respondeu e saiu do carro.

A vontade de Belinda era ir atrás dele, porém sabia que o problema com a mãe era intenso para os dois, Olívia às vezes chegava chorando na casa de Steve ou então ligava desesperada dizendo que a mãe estava a ameaçando atrás de dinheiro.

— O que está fazendo aqui? — Adam indagou furioso assim que viu a casa revirada, com tudo jogado no chão.

— Cadê o dinheiro? — A mulher perguntou desesperada, a cocaína em seu organismo já estava fazendo efeito, tinha cheirado a poucos minutos.

— Não tem nenhum, e mesmo se tivesse não daria para uma drogada. — Respondeu com nojo.

— Escuta aqui garoto. — Chegou perto apontando o dedo em sua direção. — Eu sou sua mãe e exijo respeito. — Gritou.

O sangue do Thompson ferveu, ele já estava farto, aguentava a mulher por causa de sua irmã, mas eles não mereciam aquele tipo de mãe, ao menos perguntou sobre Olívia ou se estavam bem.

— Você deixou de ser minha mãe no momento em que se tornou uma viciada e nos trocou por alguns sacos de cocaína. — Berrou.

Belinda saiu do carro assustada com os gritos, por mais que não quisesse se envolver com aquilo, ela não poderia deixar que o pior acontecesse, então invadiu a casa.

— Eu quero que você vá embora daqui, agora. — Adam berrou.

— Essa casa é minha, seu ingrato. — A mulher que estava com o semblante decaído, e magra por causa da quantidade de drogas que ingeria por dia, gritou.

A garota então interveio antes que tudo piorasse.

— Adam! — Berrou chamando a atenção dos dois.

— Caralho, Belinda. Eu te pedi apenas uma coisa e você não consegue cumprir. — A raiva aumentou quando viu a garota.

A Reynolds era impulsiva, não sabia controlar suas ações, então fazia tudo o que queria mesmo que isso custasse, e por mais que o rapaz admirasse isso nela, naquele momento ele apenas sentiu uma fúria enorme porque Adam não queria que ela se metesse.

— Desculpa, mas vocês estão gritando um com o outro, fiquei preocupada. — Disse.

— Belinda Reynolds, a filha do prefeito, o que estava fazendo aqui? — Perguntou Violet Thompson com um sorriso no rosto.

— Isso não importa, agora saia dessa casa. — Mandou Adam novamente, porém a mulher não o escutou.

— Sabe uma garota rica como você poderia me dar algum dinheiro, afinal seu pai não ia gostar de saber que sua filha está saindo com um garoto que toda a cidade detesta. — Ela chantageou Belinda.

— Você não vai dizer nada. — O Thompson disse entredentes.

— Vou sim, enquanto não receber algum dinheiro, não saio daqui e peço para alguns amigos espalharem a notícia. — ameaçou.

Belinda olhou para Adam que estava perdido com tudo que estava acontecendo.

— Certo! — A garota tirou uma nota de cem dólares da sua carteira azul com listras brancas e entregou a mulher. — Mas eu quero que deixe o Adam e Olívia em paz, chega que os procurá-los, sem visitas e muito menos ligações, nada espalhar que estive por aqui.

— Prometo! — Após pegar o dinheiro, foi embora.

O garoto encarou Belinda ainda incrédulo pelo o que acabara de acontecer, como sentia nojo da sua própria mãe, a mulher que o gerou, mas parecia que saiu dentro de outra pessoa.

— Não deveria ter feito isso. — Ele disse mais calmo.

— Fiz porque ela iria embora e não queria que algo de ruim acontecesse. — Belinda mordeu os lábios com força.

— Ela sempre volta. — Suspirou fundo e começou a organizar os pratos e copos que estavam fora do lugar na cozinha.

— Olívia sempre ficava arrasada quando ela vinha. — Comentou enquanto dobrava as roupas que estavam espalhadas.

— Ela sempre ficava assim, detesto quando ela aparece, sempre trás o caos consigo. — Travou o maxilar tentando controlar a raiva.

Adam jogou o prato com força contra a pia, o despedaçando por inteiro. Sua família sempre foi desse jeito, as únicas lembrança boas que tivera era quando seu pai, Oliver Thompson era vivo, uma vez quando foram passar o dia na praia em Misterfield, quando tinha 8 anos, ainda se lembra como hoje, a areia quente queimando seus pés, a sensação de paz que as ondas do mar traziam, sua mãe e seu pai sorrindo e brincando um com o outro, Olívia pulando na água. Mas tudo isso acabou quando chegaram em casa, Oliver e Violet começaram a discutir porque a mulher descobriu que ele estava tendo um caso fora do casamento, foram pratos e copos quebrados naquele dia, Olívia chorando desesperada em seus braços enquanto ele tentava tapar os ouvidos da garota para ela não escutar os xingamentos.

Ele tinha medo de ser assim como seu pai, e por mais que tentasse se afastar do lado obscuro da cidade, Adam ainda estava preso ao seu chefe, no começo foi por inocência, mas quando viu já tinha se afundado, exatamente com Oliver, o garoto tentava de todas as formas de ser não como ele, um homem sem escrúpulos, ainda lembrava de suas palavras quando o pai lhe agredia "seja homem, você quer ser igual aos viadinhos da sua escola?", "você precisa comer uma mulher para ver o que é bom", "para de chorar, você é um homem, porra" e entre outros que o assombram até hoje, por isso que fez e fazia de tudo para Olívia nunca precisar passar por isso, porque ele sabe como esses traumas o machucam, mas tudo foi em vão quando ela foi pega por aquele psicopata.

— Ei! — Belinda correu e segurou sua mão. — Podemos arranjar um jeito dela nunca mais voltar. — Ela fez um círculo em sua mão.

Os olhos verdes do garoto se encontraram com os seus e a garota sentiu uma energia percorrer por seu corpo, a necessidade de ter os seus lábios junto aos dele, era o que mais desejava, sua boca estava formigando.

— E vamos pensar nisso, mas antes preciso terminar de arrumar a casa e encontrar Olívia. — Disse se afastando dela.

Belinda sentiu falta do calor de suas mãos, mas aquilo não era hora para deixar que suas emoções falassem mais alto, ela precisa focar em Olívia e de como fariam para encontrá-la.

— Você está certo! Irei lá para fora, o silêncio me ajuda pensar melhor. — Abriu a porta e quando a fechou suspirou de alívio.

Caminhou até o começo da floresta, ficando parada ainda no pouco de luz que restava do poste. Segurou seu celular procurando pelo som de relógio que sempre deixava gravado. Quando começou, fechou os olhos e deixou que sua mente viajasse para longe.

Imaginou todo o mapa da cidade, os principais pontos, o parque Kings que ficava no centro de Reedson, rodeado de pinheiros e carros vendendo comida, as pessoas sempre o visitavam, mas não fazia nenhum sentido. O lago Woldque ficava a poucos quilômetros do parque, porém quase ninguém gostava de ir atualmente, porque tinha encontrado o corpo de uma das vítimas lá . O único lugar que poderia descartar agora era a floresta. Enquanto se concentrava no relógio, se deixou imaginar toda a tensão que aconteceu com Adam, tinha o desejo de abraçá-lo e dizer que tudo ficaria bem, mas nem ela mesmo sabia se ficaria.

— Belinda! — Escutou sua voz grossa e um estalo.

Abriu os olhos e encarou seu rosto assimétrico a poucos metros do seu, a sensação de querer beijá-lo desesperadamente a atingiu, não conseguia pensar em mais nada além daquilo, sentiu seu coração acelerar como de costume agora quando ele estava perto.

— O que estava fazendo? — Indagou ela enquanto desligava o som do relógio no seu celular.

— Me concentrando. — Deu de ombros. — Estava tentando refazer o mapa da cidade mentalmente. — Comentou.

— Sabe eu nunca tinha percebido o quão inteligente é, já tinha reparado em alguns traços e sempre ouvi Olívia dizer sobre isso, mas agora vendo tão de perto, é diferente. — Falou olhando profundamente em seus olhos.

— Queria ser o suficiente para trazê-la de volta. — Encarou o chão, sentiu as lágrimas brotarem, porém não queria chorar ali na frente de Adam que estava sentindo uma dor maior que a sua.

A dor era tão forte de não saber se ela estava viva, que a consumia por dentro. Belinda sempre teve problemas em se relacionar com muitas pessoas e Olívia era a única que a entendia por completo. A única pessoa que a garota pode contar sobre tudo e não parecer uma psicopata.

— Vamos ser! — Afirmou com o tom de voz mais elevado. — Agradeço que não chamou a polícia naquela hora, mas acho que está na hora deles saberem, mesmo que isso interfira no jogo doentio dela com você.

Adam Thompson nunca imaginou que estaria preocupado com a segurança da filha do prefeito da cidade de Reedson, ele detestava o homem, por mais que tivesse sido criado junto com Belinda Reynolds nunca a olhou além de uma garota mimada que tem uma obsessão maluca por crimes, mas desde o momento em que a viu assustada no quarto de hotel por causa de uma fita, ele sentiu uma necessidade enorme de protegê-la. Sabia que ela gostava de desafios, mas quando a convidou para corrida jamais pensou que ela fosse aceitar, já é considerado um perigo para a sociedade. O rapaz nunca fez questão de demonstrar que era tudo isso que diziam, na verdade tatuou o seu corpo por causa da fama de Badboy que já tinha e gostava de ser visto assim, mas as pessoas odiavam por isso, porém Belinda era diferente.

— Tem certeza disso? — Indagou. — Eles ficarão diariamente atrás de você.

— Já estou acostumando com isso. — Falou indiferente. A polícia da cidade adorava parar o garoto sem motivo algum, até mesmo foi preso algumas vezes sem explicações.

— Tudo bem! Porém você estará nessa comigo, quero que saibam que está me ajudando.

— Como quiser. — Levantou o olhar surpreso para ela que não entendeu nada.

— Tenho um lugar em mente, o relógio central que fica no meio da praça, ele bate com a primeira parte, porém as luzes nunca são desligadas. — comentou.

— Um ótimo lugar, mas poderia ser a relojeria do William. — rebateu.

Belinda o encarou por alguns segundos, e parecia que todas as peças se encaixavam na sua mente, não era nenhum daqueles locais.

— Acho que sei onde está a próxima pista. — sorriu fraco.

— Onde? — O garoto perguntou sentindo sua mão suar frio novamente, e a sensação de medo a assolou, mas teve que controlá-la.

— Igreja Saint Benedict. O sino sempre bate a meia noite e nesse horário quase toda a cidade já está com as luzes apagadas, os pássaros vivem em cima da construção. — Indicava todos os pontos da pista fazendo movimentos com as mãos, era nítido a sua emoção ao ver que estava mais próximo de ver Olívia, mesmo que uma parte de si achava que não a veria com vida.

— Você está certa! É a única igreja onde todos se reúnem nos dias de natal e páscoa, com eventos memoráveis. — Estava impressionado com a descoberta da garota. — Mas não podemos ir agora. — Soltou um ar de decepção. — Não antes de contar tudo a polícia e ter a certeza de que vão nos proteger.

No começo não queria a polícia envolvida, mas era puro egoísmo, Olívia precisava de toda ajuda possível, principalmente de várias mentes pensando em um só propósito: encontrá-la com vida. Estava decidido que faria o que fosse necessário para trazê-la de volta para o lar deles.

— Está na hora de eles saberem o quão doentio e psicopata esse homem é. — Afirmou se sentindo aliviada por estarem fazendo isso.

Porém, o que Belinda não sabia era o quão perversa era a mente dele, além de qualquer outra que já estudou. Os jogos iam muito além de um simples dedo. Ele sabia sobre tudo e todos.

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