CORRA, O TEMPO ESTÁ ACABANDO

Belinda deixou que as lágrimas saíssem sem conseguir parar, sentia como se tudo aquilo fosse culpa dela —, na realidade era, não deveria ter colocado Olívia e Steve naquilo tudo, ela deveria protegê-los.

— Ele quem? — Adam berrou segurando em seus braços e a encarando.

Assustou-se com o grito do garoto e pela primeira vez sentiu medo de Adam. Seu rosto estava vermelho, os olhos estavam em um verde mais escuro.

Recuou para trás livrando-se das mãos grandes do garoto.

— Eu não sei. Estávamos procurando um nome ou algo que ligasse a ele, a única certeza que tenho é que ele é o Serial Killer que está matando várias pessoas. — Respondeu alto.

— Isso não está acontecendo. — O garoto balançou a cabeça de um lado e para o outro. Encarou a parede que estava ao lado da Reynolds e socou com força.

Belinda pulou para o outro lado, observou a reação de Adam, ele estava possesso. Olhou para os lados e viu uma porta que dava acesso ao banheiro, não pensou duas vezes e caminhou para dentro do local. Sabia que o Thompson precisava se acalmar e ela precisava de um tempo para pensar.

Fechou a porta, vendo que o banheiro estava vazio, escorregou escorada na parede, deixou que todas as lágrimas viessem à tona, estava cansada de fingir suas emoções. Belinda tentava pensar em algo que pudesse salvar a melhor amiga, porém não sabia quase nada sobre o assassino.

— Bel! — Escutou a voz grossa do Adam do outro lado e as batidas na porta.

Levantou com vista ainda embaçada e abriu a porta. Não teve coragem de encarar o rapaz, caminhou até a pia, lavando o rosto, precisa raciocinar, ela sempre foi mais racional do que emotiva.

Encarou Adam, seu rosto ainda estava vermelho juntamente com os seus olhos, ele havia chorado.

— Preciso ir até sua casa, talvez tenha alguma pista. — Comentou com a voz baixa.

— Belinda. — Pronunciou e aproximou-se. — Me desculpa. — Pediu.

Segurou a sua mão, sentiu os pêlos do seu corpo se arrepiarem com o toque, encarou cada movimento no rapaz que subiu lentamente com mão no seu braço, até parar no em seu rosto. A respiração da garota estava pesada.

— Tudo bem. — Ela respondeu.

— Não está nada bem, a Olívia também é muito importante para você e agi como um babaca depois de ter beijado você. — Pronunciou encarando o seu olhar.

O Thompson a puxou para um abraço, Belinda sentiu-se segura de novo, como se nada naquele momento pudesse afetá-la.

— Precisamos ir. — A garota comentou depois de alguns segundos parados abraçados.

— Claro, iremos salvá-la. — Ele deu um sorriso fraco e segurou em sua mão.

O caminho até o carro parecia assustador, os corredores escuros pareciam estar se fechando, querendo aprisionar, a respiração estava descontrolada, a única coisa que a trazia de volta ao mundo real era a mão de Adam segurando a sua.

Entrou no carro tentando respirar fundo, porém não adiantou, sua mente não parava por um segundo de pensar e imaginar coisas, não sabia o que encontrariam quando chegassem ao local, se encontrariam sangue espalhado pela casa. Sentia seu corpo frenético e um pressentimento ruim instaurado no coração.

Escutava apenas a respiração agitada do garoto ao seu lado e o barulho das rodas colidindo com o asfalto, aquilo era terrível e ela sabia que a culpa da amiga ter sido sequestrada por uma maníaco era sua. Desejava nunca ter colocado os dois melhores amigos para investigarem junto com ela.

O garoto parecia estar aéreo como se não estivesse ali, Belinda sabia que Olívia era tudo o que ele tinha, a única família que ele podia contar e que sempre estaria ali, aquilo deixava sua culpa ainda maior.

Assim que avistaram os trailers alojados tudo no mesmo local, sentiu uma pressão ainda maior, Adam estacionou em um que tinha alguns desenhos feitos pela Thompson mais nova, como o enorme coração que tinha a inicial dos quatros: O+S+B+A, Olívia, Steve, Belinda e Adam.

Abriu a porta do carro, porém foi impedida pela mão do rapaz segurando o seu braço.

— O que houve? — Indagou o encarando confusa.

— Eu vou na frente. — Disse autoritário e Belinda apenas consentiu, afinal era sua casa.

Em passos lentos o garoto caminhou até a casa e abriu a porta, entrou dentro do trailer averiguando se não tinha nada macabro. Deu um sinal positivo para que a moça pudesse entrar no ambiente.

Ao entrar no local pode observar os móveis revirados, a mesa de jantar estava virada no chão juntamente com as quatro cadeiras, o sofá estava torto. Pode observar algumas decorações jogadas e quebradas por todo o trailer, como se ele quisesse mesmo deixar rastros ou então disfarçar os que deixou.

— Vamos procurar por alguma pista que seja diferente. — Sugeriu.

— Está tudo destruído. — Adam afirmou abismado sentando-se no sofá. — As poucas coisas que tínhamos estão quebradas.

Belinda sentiu um incômodo forte no peito, aquela cena era dolorosa, sabia que Adam fazia coisas erradas, mas também trabalhava duro no Meet's, um bar que ficava logo na esquina, porque o dinheiro da corrida não era o suficiente para pagar as contas de drogas da mãe.

— Ei! — Agachou ficando em frente ao rapaz. — Olhe para mim. — Pediu com delicadeza segurando a mão dele na sua.

Adam a encarou e seus olhos brilharam como uma verdadeira jóia colocada em frente ao sol.

— Daremos um jeito, posso até roubar algumas decorações estranhas que tenho na minha casa. — Brincou.

O rosto de Belinda se iluminou vendo o pequeno sorriso que brotou nos lábios do garoto.

— Não precisa fazer isso. — Resmungou o Thompson.

— É claro que preciso, sua casa precisa ser tão esquisita como a minha. — Deu de ombros.

Odiava as decorações que sua mãe pediu para o arquiteto colocar, eram horríveis, principalmente a de rinoceronte de ouro, aquilo era assustador.

— Agora levante-se, precisamos verificar se não tem algum rastro. — Estendeu a mão para que ele se colocasse de pé.

— Já disseram que você é ótima nisso? — Adam perguntou.

— Não muito, na verdade já me disseram várias vezes que deveria parar. — Respondeu lembrando das conversas que tinha com os pais.

— Não pare jamais, esse é o seu dom. — Sorriu fraco e Belinda apenas confirmou com a cabeça.

— Vamos nos dividir, você olha o seu quarto e o da sua mãe, vou olhar o da Oli. — A garota disse.

Assim se dividiram entre os cômodos da casa, assim que chegou no quarto da amiga, sentiu uma vontade enorme de chorar, mas segurou as lágrimas, precisava ser forte para encontrá-la. Observou que alguns dos pôsteres de algumas bandas de rock estavam rasgados, os seus discos estavam espalhados por todo o corpo, segurou o que elas mais escutavam juntos, o álbum dos The Beatles "Abbey Road", poderia até dizer que estava arranhado de tanto que escutavam, principalmente quando resolvia passar a noite ali. O quarto era simples, sem nada de extravagância, apenas pequenas coisas que eram o estilo da garota.

— Está tudo? — Adam gritou.

— Sim. — Respondeu no mesmo tom.

— Encontrou algo? — Indagou.

— Ainda não e você?

— Nada no quarto da minha mãe, irei olhar no meu. — Respondeu, saindo. Belinda ficou em um silêncio perturbador até se recompor.

Caminhou lentamente pelo local, não encontrando nada diferente, quando ia sair pelo porta, observou que havia um papel debaixo de um dos posters que tinha um bilhete que tinha escrito para amiga, quando estavam no primeiro dia do ensino médio, Olívia está com tanto medo de sofrer racismo, que Belinda colocou dentro do armário da amiga na hora do intervalo para quando ela abrisse se sentisse menos temerosa, estava jogado no chão, a tonalidade do papel era diferente dos demais, pegou o papel vendo uma caligrafia bem escrita.

" Vejo que concluiu a fase 01, Senhorita Reynolds. Certamente, não duvidei que não fosse capaz de encontrar esse papel, afinal todos a consideram como a melhor investigadora, mas é isso que iremos descobrir a partir de agora.

O tempo está contra você, a cada minuto que passa mais distante fica da sua amiga. Agora vamos ao enigma.
O frio da noite me assola todos os dias, os ventos balançam as minhas folhas e os sons que escuto todas as noites me aterrorizam.

Basta desvendar qual é o local e saberá o nosso próximo jogo.

Até mais, detetive. "

— Adam! Encontrei algo. — Gritou ainda relendo o que estava escrito no bilhete.

O garoto saiu correndo desesperado para o quarto.

— O que? — Perguntou assim que chegou na porta.

Belinda levantou o papel que estava em suas mãos para ele. Ele segurou a carta e a leu.

— Que doente! — Gritou com ódio.

A garota não sabia a metade que ele estava sentindo, por mais que Olívia fosse sua melhor amiga, Adam era o irmão, ele cuidou dela a vida inteira, aquilo era doloroso demais.

— Calma, iremos resolver esse enigma. — Segurou o papel de volta.

Belinda sentou na cama ainda pensativa, mas nenhum local aparecia na sua mente, era como se ela não conhecesse nada, e a pressão de Adam a encarando piorava tudo.

— Não consigo pensar em nada. — Bufou colocando as mãos na cabeça.

— Estamos cansados, e a ansiedade de saber que a Oli está em perigo piora tudo, vamos pensar com calma.

— Acho melhor voltar para a casa. — Belinda pronunciou.

Se lembrou que de Steve, não tinha avisado ao garoto o que tinha acontecido, e não avisaria hoje, precisaria de uma boa desculpa para dizer o motivo que estava com o Thompson mais velho.

— Não posso te deixar esse horário, já são três da madrugada, não depois do que houve com a Olívia. — Ele comentou.

— Prometo que sei me cuidar. — Piscou.

A garota levantou-se para poder ir em direção a seu lar para poder pensar melhor sozinha, sem toda essa energia caótica que sentia de Adam, mas ao tentar passar pela porta foi impedida pelo rapaz.

— Bel, eu sei que é teimosa, mas me escuta apenas essa vez, sei que está desesperada para procurar Olívia como eu estou, mas precisamos pensar juntos. — Segurou uma mecha do cabelo loiro de Belinda e colou detrás da orelha.

Ao olhar os olhos de Adam marcados pela dor, sentiu que precisaria ficar ali, por ele.

— Tudo bem, mas antes preciso de alguma comida, minha barriga está descontrolada por fome e não consigo me concentrar. — Tentou desviar o foco para o Thompson não a desconcentrar de seus pensamentos .

— Temos o famoso macarrão com queijo enlatado, irei esquentar no forno. — Adam saiu para ir fazer o macarrão e Belinda o seguiu.

Era a comida que a garota sempre comera quando vinha à casa dos Thompson's, na verdade até gostava, porque era raro às vezes que a mãe deixava comer comidas enlatadas.

A garota segurou alguns cacos de alguns vasos que foram quebrados e os jogou fora.

— Não precisa fazer isso. — O garoto disse.

— Estou apenas recolhendo para não nos machucar. — Sorriu e continuou recolhendo o que estava quebrado.

O forno apitou avisando que o macarrão já estava pronto, Belinda sentiu o cheiro do queijo derretido e aquilo alegrou seu paladar.

— Um belo prato de macarrão com queijo para uma garota faminta. — Estendeu o prato em sua direção.

Após se sentir satisfeita com a refeição, a mente da jovem não parava nenhum segundo em pensar que lugar poderia ser aquele, sabia que era fácil de desvendar, se não fosse Olívia que estivesse correndo perigo, já teria descoberto a muito tempo.

— Pode dormir no meu quarto, sei que gosta de pensar quando está sozinha, está menos bagunçado que os outros. — Adam comentou.

— E você? Onde irá dormir ? — Indagou.

— Na sala. — Deu de ombros.

— Não, eu durmo aqui. — A última coisa que ela queria era incomodar Adam, ele já estava passando por bastante coisa.

— É sério, Bel. Não me importo em dormir aqui, quando minha mãe voltava depois de passar dias se drogando pelas ruas, dormia aqui, tinha medo que alguém entrasse pela porta e fizesse algum mal à elas duas, já estou acostumado. — Deu um pequeno sorriso.

— Tudo bem, irei deitar, preciso pensar um pouco. — Levantou do sofá.

A garota sempre passava a noite em claro quando precisava resolver algum caso e desse não seria diferente, seria pior, não descansará enquanto encontrar o próximo enigma.

— Boa noite, A. — Desejou.

— Boa noite, Bel.

A garota caminhou até o quarto, observando que tinha apenas algumas coisas reviradas, mas não eram tantas. Deitou na cama de casal que havia, deixando que seus pensamentos fossem levados para longe até o que está escrito no papel, porém ao se virar e sentir o perfume do rapaz, ela lembrou-se do beijo, sentiu um misto de emoções passarem pelo seu corpo, o cheiro amadeirado que exalava no quarto era bom.

Deixou aqueles pensamentos de lado, e tentou focar em sua amiga, Olívia precisa ser salva o mais rápido possível, o que poderia ser aquele local que ele estava se referindo, pensou em algum parque, prédio, mas nada fazia sentido. Até que lembrou de um que se encaixava.

Sentou na cama, era isso, tinha que ser. Levantou correndo para ir até a sala, mas quando abriu a porta bateu em Adam.

— Aí. — Resmungou com dor na cabeça, já que a sua foi de encontro com o queixo dele.

— Nossa. — Ele se afastou segurando o queixo.

— Porque estava parado na porta? — Indagou curiosa.

— Queria saber se estava bem. — Respondeu devagar.

— Tenho algo a dizer, eu sei qual é o local. — Disse animada.

— Descobriu? Qual seria? — Perguntou rapidamente.

— É a floresta da cidade. — pronunciou.

Sentia uma felicidade enorme, poderia descobrir onde sua amiga estava e aquele maníaco pagaria por tudo o que ele está fazendo.

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