ADAM THOMPSON
O lado de fora da casa dos Madson's foi filmada durante duas horas seguidas sem interrupção durante a madrugada. Era nítido que a câmera estava posicionada em uma única posição sem tremer a imagem, nem mesmo apareceu algo da pessoa que estava filmando.
— Quem poderia ter feito isso? — Logan perguntou assustado.
Era tudo o que Belinda queria saber. Essa pergunta se passava na cabeça de todos que estavam presentes ali.
— Não estamos mais seguros aqui, precisamos sair o quanto antes. — o xerife informou.
A garota sentiu um frio percorrer pelo seu corpo e se a pessoa que filmou ainda estiver ali? Ou até mesmo os vendo por alguma câmera escondida. O quão sádico era aquilo?
— Podem passar a noite no hotel Islandi, perto do centro da cidade, é bastante calmo e não tão vazio. Faremos um turno durante toda a noite — o outro policial disse.
O xerife e o restante do pessoal da polícia confirmou, logo saíram da sala para conversarem a sós. Sobrando apenas os dois jovens.
— Irá conosco? — Steve indagou.
— Sim! Provavelmente a essa hora meus pais já devem estar dormindo e odeiam ser acordados — respondeu dando de ombros.
— Vou pegar algumas coisas no quarto, venha comigo. — O garoto segurou firme em sua mão e subiram pelas escadas até chegar ao local.
A garota não conseguia concentrar-se direito no caminho que percorreu até o lugar, sua mente ainda estava presa naquela fita. O amigo estava assustado com aquilo tudo, apesar de tentar não demonstrar a Belinda.
— Acho melhor ligar para Olívia. — Falou lembrando de que precisava da sua melhor amiga naquele momento.
— Não está muito tarde para isso? — o garoto rebateu.
— Preciso dela — limitou-se a dizer.
Em passos curtos caminhou até o banheiro que ficava do lado do quarto azul de Steve. Olhou atentamente para todos os cantos do cômodo para certificar que estava sozinha. Discou o número da Thompson, que logo no segundo toque, atendeu.
— B! O que houve ? — indagou com a voz embargada.
— Pode me encontrar no hotel Islandi daqui à meia hora? — perguntou logo em seguida.
Belinda estava com medo de tudo à sua volta, apesar de o medo ser grande queria descobrir o que estava acontecendo. Poderia ser apenas um trote que alguns adolescentes fazem antes de chegar o Halloween ou então era algo muito mais assustador.
— Sim! O Adam vai me levar. Você está bem? — a amiga questionou em um tom de preocupação.
— Estou! Aconteceu algo assustador essa noite, estou na casa dos Madson's, estamos indo para o hotel. Irei te contar tudo quando chegar.
A garota concordou e logo em seguida a chamada foi desligada.
Respirou fundo antes de abrir a porta, mas, assim que abriu deu de cara com alguns agentes de polícia.
— Está tudo bem, pequena B? — a senhora Willians indagou a encarando.
A mulher fazia parte do departamento da polícia da cidade a mais de dez anos, ainda mantinha a boa forma com os músculos definidos e rosto jovial.
— Sim. Apenas conversando com uma amiga — respondeu.
— Certo! Os Madson's estão a esperando lá embaixo — avisou.
Belinda concordou descendo as escadas rapidamente.
— Vamos? — Steve perguntou segurando em sua mão.
Ela assentiu com a cabeça e assim dirigiram até o hotel.
— Chegamos, crianças — o xerife anunciou depois de quinze minutos dirigindo na estrada escura e florestal da cidade.
Logo vinham atrás duas viaturas protegendo Belinda e os Madson's, passariam a noite no hotel, vigiando.
Assim que passaram pela entrada principal, Belinda viu a amiga sentada em uma das cadeiras ao lado de Adam Thompson, o seu irmão.
O garoto dois anos mais velho que a irmã, estava sentado na cadeira de tons vermelhos de um jeito despojado, com a mão esquerda apoiada no braço da cadeira, as pernas em cima da mesa de centro, parecia estar com uma cara nada boa.
O jeito intimidador que Adam encarava qualquer pessoa deixava as meninas loucamente apaixonadas. Cabelo cortado em corte de marinheiro, as longas tatuagens que preenchiam seu corpo, os olhos verdes como pedra de esmeralda, o tom de pele branco que facilmente o deixava avermelhado o que era totalmente o oposto de sua irmã, que tinha a pele negra como a mãe. O garoto havia puxado ao pai. Tudo no Thompson era errado. A forma como vivia, sempre passava a noite em bares ou boates, envolvido com corridas clandestinas da cidade. Adam era extremamente perigoso.
— B! — a amiga gritou correndo em sua direção a abraçando.
A garota pôde se sentir mais segura nos braços da morena.
— Fiquei tão preocupada com vocês. — Disse ao abraçar Steve. — Agora vendo essa quantidade de policiais estou mais ainda.
Adam caminhou na direção dos garotos com um rosto fechado, mas logo que se aproximou soltou um sorriso sarcástico.
— Belinda Reynolds, a filha do prefeito, se meteu mais uma vez em confusão, querendo bancar Sherlock Holmes — debochou.
— Adam Thompson, o bad boy ainda não aprendeu que eu sempre estarei enfiada em confusão? — rebateu.
Era assim que conversavam com o sarcasmo sempre presente.
Ele apenas soltou um riso fraco e encarou o chão.
— Pessoal, vamos subir — o xerife informou.
Os três amigos caminharam juntos, ficando para trás apenas o Adam e o Madson mais velho.
— Ainda está aprontando muito garoto? Correndo nas corridas clandestinas e se envolvendo com a gangue? — o xerife perguntou para o Thompson.
— Do mesmo jeito — respondeu dando de ombros.
Por mais que Adam fizesse coisas ilícitas, era um bom garoto que cresceu em um lar desestruturado, assim como Olívia. Mas tinha o sonho de poder sair daquela cidade e de todos os problemas que o envolviam.
Belinda olhou para trás encontrando os olhos de Adam, que talvez não passasse de pura impressão, mas tinha um certo brilho que para ela parecia de felicidade ao vê-la, apesar de todas as farpas que comumente trocavam.
O quarto em tons de vermelho e dourado era extremamente elegante, um dos melhores hotéis no centro da cidade.
— Agora pode falar o motivo de ter me ligado no meio da madrugada — a amiga disse se jogando na cama.
— Uma fita — Steve falou.
— O quê? — Adam perguntou segurando o riso.
— Não é engraçado. — Fechou a cara para o Thompson mais velho. — Estávamos dormindo, todas as luzes da casa ao redor estavam desligadas.
— Espera! Você estava dormindo na casa dos Madson's, de novo? — Olívia indagou e a garota apenas assentiu com a cabeça. — Seus pais novamente?
— Sim, mas não quero falar sobre isso — respondeu impaciente. Sentiu o olhar de Adam queimar as suas costas, mas deu continuidade ao que aconteceu na madrugada. — Escutamos um barulho muito alto no andar de baixo, pensei que fosse o xerife, porém ele apareceu no quarto do Steve logo em seguida. Corremos para o andar de baixo e encontramos essa fita em uma caixa, o som estava ligado com um barulho insuportável.
Adam ouvia todas as suas palavras de forma calma, não deixando transparecer as emoções.
— Meu Deus! Ainda bem que estão a salvo. — Olívia abraçou os dois amigos.
Steve parecia ainda assustado ao seu lado, o amigo sempre foi o mais fraco do grupo para esse tipo de coisa, parecia que a qualquer momento desmaiaria.
— Ei! Vamos buscar algumas comidas, acredito que estão com fome. — A Thompson pronunciou chamando o garoto, que prontamente confirmou com a cabeça.
Os dois amigos saíram do quarto, restando apenas Belinda e Adam. A loira se jogou na cama, deixando que por alguns segundos seus olhos descansassem.
— Foi tão assustador assim? — A voz rouca do rapaz a despertou.
— Desde quando o bad boy se importa? — perguntou provocando.
— Qual é, B. Você sempre foi amiga da Olivia, se isso aconteceu com você, imagino que também possa ocorrer com ela — respondeu apreensivo.
Sentiu uma pontada de decepção ao escutar aquilo, por um momento ela pensou que ele se importava com ela, mas Adam Thompson apenas se importava com sua família, ou melhor com Olívia, já que a mãe sempre o rejeitou.
— Você continua péssimo como sempre. — A garota deu de ombros.
— Não é isso que as garotas que deitam na minha cama dizem. — Sorriu diabólico.
— Nojento. — Fez uma careta.
A garota não se deu ao trabalho de dizer mais nada, a madrugada estava sendo cansativa demais para continuar com as provocações.
Após longos minutos em silêncio e deixando que os seus pensamentos fossem até todas as evidências que tinham do serial killer, Adam a chamou novamente.
— Fico feliz que esteja bem — comentou rapidamente.
— Certeza? Você teve a oportunidade de se livrar de mim para sempre — falou morbidamente.
— Sim! Você é a garota mais insuportável que conheço, mas é bom ter alguém me enfrentando mesmo que sempre perca. — Piscou.
Ela levantou rapidamente, encarando aquele olhar frio do garoto.
— Adam Thompson, eu sempre ganho — disse firme.
— Em seus sonhos. — Deu de ombros.
— Continua o mesmo convencido. — Revirou os olhos. — Eu te enfrento porque sou a única corajosa ao ver que você é apenas um garoto malvado que finge ser durão. — Sorriu maliciosa.
— Não Belinda, você gosta de ver esse lado meu — respondeu.
— O lado que você finge? — indagou, provocando ainda mais.
— Irei te mostrar esse lado. — Levantou. — Amanhã tenho uma corrida e você irá comigo, o que acha? — falou sugerindo.
— Excelente ideia! Com um assassino a solta.
— Está com medo? Você estará ao lado do poderoso Adam Thompson, não há o que temer — gabou-se.
— Tenho aula no outro dia. — Tentou fugir novamente.
Por mais que não temesse Adam, não gostava nenhum pouco do submundo que vivia. Era repleto de drogas, mortes e outras ilegalidades. Tinha medo desse lado da cidade.
— Sério? Essa desculpa? Nós dois sabemos que você não é essa garota certinha que aparenta ser para as pessoas da sociedade — debochou.
E novamente Adam estava certo. Belinda não era nenhum terço do que se mostrava ser para as pessoas da cidade, ela gostava de aventura, de desvendar os assassinatos. Odiava a farsa que criava quando estava na frente dos pais e das outras pessoas que possuíam poder na cidade, ela não era uma garota inteligente que pensava apenas em passar na universidade e ser uma grande médica, estava longe disso.
— Preciso manter minha boa imagem — rebateu.
Viu Adam suspirar fundo.
— Tudo bem. Ninguém gostaria de conhecer um pouco do tão implacável Thompson — falou cabisbaixo.
Sabia que todos da cidade não gostavam dele, a não ser por ela, Olívia e o xerife, até Steve tinha sentimentos negativos ao seu respeito.
— Certo! Irei com você amanhã — decidiu. — Mas por favor, não me deixe sozinha com aquelas pessoas — falou séria.
— Jamais — pronunciou.
Steve e Olívia chegaram com alguns salgadinhos e logo atrás o Xerife vinha com alguns refrigerantes.
— Pensei que estavam mortos — a Thompson mais nova brincou.
— Quase, mas poupei a vida do seu irmão — respondeu sorrindo.
— Sabemos muito bem que Belinda ganharia — o Xerife disse entrando na brincadeira.
Todos sentaram na pequena mesa que tinha no quarto, distribuindo os lanches para cada um.
— Encontraram um novo corpo. — O Madson mais velho falou chamando a atenção de todos da mesa que comiam em silêncio.
— Aonde? — Belinda indagou.
— Na floresta, perto da casa dos Fing's.
— Já tem o nome da vítima? — Steve perguntou.
— Jennie Clark — respondeu.
Lembrou da garota caminhando pelos corredores de High Vientra com seus longos cabelos ruivos e um sorriso encantador. Era uma das pessoas mais amigáveis do colégio, sempre conversando com todos, mas tinha problemas com a família, a mãe havia morrido muito cedo, quando ela tinha apenas três anos e o pai desde então bebia descontroladamente, nunca estava sóbrio, batia várias vezes na garota e pior de tudo roubava todo o dinheiro que ela conseguia para se alimentar e deixar as contas da casa em dia. Belinda uma vez tentou ajudar, porém, ela não quis.
— Ela era admirável — Olívia pronunciou.
A Reynolds concordou com a cabeça.
— É melhor descansarmos, amanhã temos um dia longo — o xerife ordenou.
— Vamos para casa. — Adam se levantou falando com a irmã que logo fez a mesma coisa.
— Vejo vocês amanhã. — Ela se despediu.
O Thompson mais velho apenas saiu sem dizer nada.
— Não se esqueçam! Preciso de vocês três, na delegacia logo após a escola, temos um crime para desvendar.
— Sim, senhor — disseram em uníssono.
Olivia saiu deixando apenas os três.
Belinda levantou e se deitou em uma das camas de casal do quarto, depois de alguns minutos sentiu Steve deitar ao seu lado.
— Está tudo bem? — indagou o rapaz.
— Sim, apenas me abrace — pediu.
O garoto logo a abraçou completando a conchinha.
Os pensamentos de Belinda viajaram para os olhos frios e brilhantes de Adam, e de algum jeito sentiu um conforto ao lembrar deles e se permitiu dormir.
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