A CORRIDA

Belinda se desprendeu dos braços definidos do garoto, assim que escutou a voz de Jackson Davis.

— Nunca decepciona, Thompson. — Bateu em suas costas e logo se abraçaram.

— Parece que tive um amuleto da sorte que fez um ótimo trabalho. — Piscou na direção da garota.

Assim que escutou aquelas palavras foi atingida por diversas pessoas correndo e gritando o nome de Adam, perdendo assim, o rapaz do seu campo de visão.

Ela caminhou em passos rápidos daquele tumulto. Eles parabenizaram Adam como se fosse um Deus e ele parecia adorar aquilo, já que estava com um enorme sorriso enquanto era levantado pela multidão. Sentou em uma das últimas arquibancadas, afinal precisava do garoto para ir embora.

— Também odeia o Thompson? — escutou uma voz rouca soar atrás de si.

Virou rapidamente e encontrou um rapaz que, provavelmente, teria a mesma idade que Adam, vinte. A pele branca como neve, os cabelos louros brilhantes, os olhos azuis como a cor do céu e o corpo malhado, com certeza era uns dos garotos mais bonitos que já tinha visto.

— E você, quem seria? — Indagou depois da pergunta que fez sobre Adam.

— Logan Hills, prazer. — Estendeu a mão em sua direção.

— Belinda Reynolds. — Segurou firme na mão do rapaz.

— Reynolds como o prefeito? — perguntou confuso.

— Sim, filha. — Deu de ombros.

Detestava que fosse apenas conhecida por isso.

— O que traz a filha do prefeito de Reedson, para este lado escuro da cidade? Afinal, você não deveria ser perfeita? — Perguntou em um tom de ironia.

— O mesmo que você; vim ver a corrida. E a perfeição não existe. — Deu a resposta ácida.

Ela estava longe de ser um bom exemplo, odiaria ser um robô como os seus pais desejavam que ela fosse.

— Mas eles acham que ele é! — Ele apontou com a cabeça para as pessoas que se encontravam lá embaixo.

Abriu um belo sorriso sentando-se ao seu lado.

— O pessoal adora esse babaca. — Resmungou olhando na direção do Adam e as pessoas em sua volta.

Logan parecia odiar o rapaz, o seu olhar estava frio, os punhos estavam fechados como se estivesse controlando a raiva, mas a questão era o porquê de todo esse ódio.

— Porque o detesta tanto? — Indagou curiosa.

— Adam Thompson é podre por dentro e por fora. — Respondeu com amargo.

— Como pode ter tanta certeza disso? — Perguntou novamente.

Conhecia Adam a sua vida inteira praticamente, sabia que o garoto era envolvido com coisas erradas, como participar de corridas clandestinas e o uso de drogas, mas sabia que ele fazia isso por ter que lidar com a família desestruturada.

— É só olhar para ele. O jeito soberbo que ele olha para as pessoas, como se fossem meros mortais e ele um deus poderoso. — Fez uma careta ao terminar de falar.

Encarou Adam e pode observar que ele estava feliz, não conseguia enxergar aquilo que Logan tinha acabado de falar. Era bom ver que apesar de tudo que ele e Olivia passaram, existia algo que ao menos o fazia sorrir verdadeiramente.

— Não me diga que está apaixonada por ele? — O patas novamente chamou sua atenção de volta para ele.

— O que? Não! — Respondeu rapidamente.

— Então por que está olhando assim para ele?

— Assim como? — Indagou confusa pela pergunta de Logan.

— Como se o desejasse. — Respondeu.

Encarou novamente Adam, o sorriso aberto e os olhos brilhantes como uma pedra esmeralda, sentiu seu coração acelerar e então finalmente ele a encarou, parecendo que tudo em volta tivesse parado, por conta da troca dos dois jovens e existissem apenas eles no universo inteiro.

Logo o contato foi quebrado quando Thompson olhou Logan sentado ao lado da garota, sentiu uma raiva enorme consumí-lo por inteiro.

Desceu dos braços da multidão que o segurava no alto.

— Festa! — Gritou para que as pessoas saíssem do seu redor, para que ele pudesse passar e fosse separar Belinda daquele babaca.

Em uma velocidade surpreendente, o pessoal gritou e foram em direção a saída para irem à casa de Brad Wilson, o organizador da corrida dessa noite. As festas sempre ocorriam na casa de quem organizava as corridas.

— Ei cara, te vejo lá? — Jackson perguntou.

— Sim, mas antes preciso salvar meu amuleto da sorte que está perto do mal. — Respondeu com raiva encarando Belinda e Logan conversando.

— Ele não consegue ficar longe daqui. — Davis disse com desgosto enquanto encarava o rapaz.

Odiava Logan tanto quanto Adam.

— Parece que não. — Revirou os olhos ao ver o garoto sorrindo.

— Precisa de ajuda? — Indagou ao amigo.

— Sei lidar com o Hills sozinho, obrigado. — Bateu em suas costas.

— Te vejo lá então. — Jackson pronunciou e saiu abraçado com uma garota morena.

Caminhou em passos rápidos até as arquibancadas, mas foi parado quando Emma Green entrou na sua frente.

— Gatinho, parabéns pela corrida. — Ela colocou a mão em seu abdômen.

— Obrigado, Emma. — Tirou sua mão.

— Tem tempo para nós dois essa noite?— Indagou com um jeito malicioso.

— Hoje não. — respondeu.

Emma Green, era uma garota que havia feito sexo apenas duas vezes e desde então tem o procurado sempre.

— Qual é, faz tanto tempo que não aproveitamos juntos. — Sorriu provocadora.

Encarou Belinda que olhava toda aquela cena confusa, mas logo desviou o olhar, voltando a prestar atenção no que Logan estava dizendo, fazendo com que suas mãos se fechassem no formato de soco ainda mais com raiva.

— E vamos continuar assim. — Respondeu controlando a irá e saiu sem esperar a resposta da garota.

Não estava nem um pouco afim de continuar aquela conversa tosca.

Seus passos eram firmes, poderia socar a cara de Logan naquele momento, o que não seria a primeira vez.

— Você sempre está nos lugares que não foi convidado, Hills. — Disse em um tom provocativo.

— E você sempre me procurando. — Respondeu no mesmo tom.

— Vamos, Belinda. — Encarou a garota que os olhava extremamente confusa.

— Então você é a namorada do Adam Thompson? — Perguntou à moça com uma cara de decepção.

— Não! Somos apenas amigos. — Respondeu levantando-se e ficando ao lado de Adam.

— Agora nos dê licença, temos algo muito mais importante a fazer que conversar com você, Hills. — Segurou no braço da garota.

Logan revirou os olhos.

— Até mais, Belinda Reynolds. Foi um prazer te conhecer. — Piscou para ela.

— Até mais, Logan Hills. — Abriu um leve sorriso para o rapaz.

Quando já estavam distantes de ambos, virou-se à Belinda e a indagou com um semblante fechado:

— O que ele queria?

— Estávamos apenas conversando sobre a corrida. — Mentiu.

Não queria contar sobre a conversa que tiveram sobre ele.

— Sério? Apenas sobre isso? Porque não acredito em você? — Indagou.

— Sim, não posso fazer nada a respeito da sua desconfiança. — Deu de ombros. — Ele parece ser uma boa pessoa. — Disse mentindo e começou a andar para fora do local.

Na verdade, ela não gostou nenhum pouco da aura que o Logan transmitia, mas não precisava demonstrar isso a Adam, não quando estava adorando ver o maxilar trincado do garoto e o jeito intimidador que ele tinha quando estava irritado.

— Espera! — Adam gritou e correu para alcançá-la, parando na sua frente. — Ele não é uma boa pessoa e nunca será, Logan Hills é bárbaro, Bel. — Segurou em seus braços.

— Engraçado, ele disse a mesma coisa sobre você. — Deu de ombros, o rebatendo.

— Por favor, Belinda. Fique longe dele. — Pediu.

Trocaram olhares por alguns segundos.

— Tá bom. — Concordou com o Adam. — Mas agora vamos para a festa, não é você que disse que esta noite eu precisava me divertir. — Sorriu e piscou para ele.

— Então vamos ao local onde a diversão apenas começa. — Thompson segurou em sua mão e juntos caminharam até o carro.

O caminho até a festa foi silencioso, parecia que estavam confortáveis em relação ao que houve no local da corrida, mas uma pergunta rodeava a mente de Belinda, porque Adam e Logan se odiavam tanto?

— Pode responder uma pergunta? — Indagou encarando Adam que estava focado na estrada.

— É sobre Logan, certo? — Perguntou e a garota confirmou com a cabeça. — Sei que tem diversas perguntas, mas não quero me lembrar de tudo agora, temos uma noite incrível pela frente e não quero estragá-la.

— Tudo bem. — Sorriu levemente e voltou a encarar a estrada escura.

Foram longos quinze minutos ao chegar na casa onde estava sendo realizada a festa. Era em uma mansão no lado leste da cidade. Os tons da casa eram branco com dourado, além de um enorme jardim logo na entrada. Assim que passaram pelos portões, escutaram a música eletrônica, que estava alta o suficiente.

Adam estacionou o carro ao lado de uma BMW preta. Quando saíram do carro, o pessoal que estava ao redor da entrada o parabenizou.

Belinda tentou passar por eles, mas foi impedida com uma mão segurando o seu braço, quando olhou para trás viu os olhos verdes do Thompson, a encarando profundamente.

— Não se esqueça que irá se divertir comigo ao seu lado. — Sussurrou em seu ouvido, fazendo-a se arrepiar.

— Contato que me deixe beber. — Deu de ombros.

— Então vamos, Bel. — Segurou firme em sua mão e entraram dentro da casa.

Assim que passaram empurrando as pessoas em volta, respiraram fundo.

— Quero um Dry martini e um whisky puro. — Pediu ao barman.

— O que mais tem de tão interessante nessas festas? A não ser os carros esportivos que tem lá fora. — Indagou.

— Relaxe, ainda irá descobrir isso e amanhã me conta. — Piscou.

— Amanhã? — Perguntou.

— Ainda acha que irá para escola? A sua ressaca será enorme. — Respondeu.

Odiava faltar aula, perdia todo o conteúdo e nas próximas aulas ficava sem saber o assunto, mas era tão bom esquecer que tinha um serial killer a solta e poder viver apenas uma noite como uma adolescente comum.

— Dry martini para você. — Estendeu a taça em sua direção.

A garota bebeu tudo em gole e sentiu a garganta queimar.

— Calma, assim vai ficar bêbada rápido. — Disse Adam.

— É o que quero, duas rodadas de tequila, por favor. — Pediu e logo depois sorriu para Thompson.

Sentiu o efeito do álcool a atingir depois de beber as duas doses de tequila, mas ainda conseguia manter o raciocínio.

— Vamos dançar. — Adam segurou em sua mão e a puxou para a multidão.

Era algum tipo de música eletrônica, com batidas envolventes. Ela nunca foi boa em dança, afinal, ao invés de ir ao balé, ia à aulas de perícia criminal com o irmão.

— Não sou boa nisso. — Comentou.

— Deixe que as batidas guiem seus movimentos. — Adam começou a se remexer.

Belinda fechou os olhos escutando a música alta, aos poucos foi deixando que suas pernas mexessem conforme os toques do som, e logo em seguida os braços.

— Muito bem. — Escutou Adam gritar.

Então abriu os olhos vendo o garoto sorrir em sua direção e abriu um enorme sorriso.

Sentia-se energizada com aquele momento.

A música agitada acabou, trazendo agora uma melodia mais calma, pode observar alguns casais se juntando e dançando colados.

Olhou para Adam que a encarava.

— Aceita? — Indagou o rapaz.

— Claro. — Sorriu e juntou o seu corpo com o dele.

Thompson passou o braço esquerdo na cintura dela e a garota passou os dois braços envolta de seu pescoço.

Eles dançaram levemente para um lado e para o outro. Belinda encarou os olhos verdes do rapaz, enquanto ele fez o mesmo, passaram alguns minutos assim.

Sentia que algo a prendia nele, como imã e metal, sempre sendo puxados um para o outro.

— Você é linda. — Ele sussurrou.

— Depois de doze anos que foi perceber isso? — Indagou sorrindo.

— Não, desde a primeira vez que te vi protegendo a Olívia daqueles brancos horríveis, que te achei bela. — Pegou uma mecha do seu cabelo e brincou com ela.

Se lembrava de quando tinha salvo a amiga, elas tinham apenas seis anos e um casal de pele branca, viu as duas brincando e logo foram para cima da garota, a chamando de "preta imunda", e dando risadas sem noção, enquanto a garota se encolhia sentada no banco de madeira, além de dizerem que aquele lugar não era para ela, e então Belinda partiu para cima deles, o chamando de preconceituosos e que ligaria para a polícia, logo eles foram embora com medo. E ali pela primeira vez conheceu o quanto as pessoas são terríveis, prometeu a si mesmo que ajudaria Olívia e todas as pessoas que são pretas.

— Aquele dia foi terrível. — Suspirou fundo.

— Eu sei, mas você estava lá para ajudá-la. — Deu uma pausa. — Na verdade, sempre está. — Sorriu.

— Você também. — Comentou.

— Ela é tudo que eu tenho. — Disse.

A garota concordou com a cabeça.

— Gosto quando está tão focada em um crime que esquece de tudo. — Comentou.

— Isso acontece sempre e às vezes machuco as pessoas que amo por não prestar atenção.

Era verdade, sempre que estava determinada a descobrir algo, brigava com os dois melhores amigos ou com a sua família.

— Mas ainda sim, te deixa mais bonita. — Sorriu.

— Você também não é nada mal, Adam. — Deu um enorme sorriso.

— Você esquece, B. — Virou a garota para ficar de costas para ele, os corpos um do outro estavam grudados. — que todos aqui me desejam, até os homens. — Sussurrou em seu ouvido, e logo a guiou novamente para a garota ficar de frente para ele.

Se aproximaram ainda mais um do outro, os rostos estavam quase se encostando e os dois jovens ansiavam por aquele beijo. Os lábios se juntaram, trazendo uma explosão de sentimentos, era um beijo calmo mas que demonstrava desejo e atração. Os lábios mexiam-se devagar, como se tivessem todo o tempo do mundo para aquilo e nenhum dos dois queriam parar, mas a falta de ar foi insuportável e quebraram o contato.

Belinda encarou Adam que a olhava com desejo e teve a certeza que queria repetir aquilo mais vezes.

— Quer ir lá para cima? — Ele indagou.

— Quero. — Respondeu segurando em sua mão. Estava tão anestesiada pelo momento que não conseguia negar.

Caminharam em passos rápidos até o segundo andar da mansão, quando passaram pelo terceiro quarto do corredor sentiu o seu celular tocar. Puxou a mão de Thompson o fazendo parar. Segurou o aparelho, o nome de Olívia aparecia na tela. Mostrou o aparelho para o rapaz que a encarou preocupado.

Ela pediu para que ele não falasse nada e atendeu o telefone.

— Ei, está tudo bem?

— Belinda Reynolds, que honra poder falar com você. — Escutou uma voz grossa.

— Cadê Olívia? — Indagou preocupada e vendo que Adam também estava pela sua fala.

— Você parecia não estar tão preocupada com ela enquanto se divertia com seu namorado. — Continuou com a voz fria.

— Quem é você? — Gritou.

— Seu pior pesadelo, aquele que você irá temer até o fim. — Respondeu.

Sentiu um arrepio passar por todo o seu corpo.

— Você está com ela? — Perguntou apreensiva.

— Ela é uma garotinha que adora conversar, pena que não pode com a fita.

— Eu quero escutar a voz dela. — Berrou.

— É claro. — Escutou um barulho de uma fita sendo retirada com força.

— Oli. — Gritou.

— Sou eu, por favor me tira daqui, Bel. — Implorou chorando. — Ele está me machucando.

Lágrimas começaram a cair sobre o rosto de Belinda e Adam a olhou confuso e sem saber o que fazer.

— Eu prometo que irei. — Berrou.

— Ótimo. Agora o que resta é você desvendar o jogo ou então diga adeus para sua amiga. Você que me procurou desde o princípio, então chegou a minha vez de te procurar, Belinda. — Desligou.

Olhou para Adam, como contaria sobre aquilo, ele mesmo disse que ela era tudo o que ele tinha.

— O que houve? Onde a Olívia está? — Indagou preocupado.

A garota balançou a cabeça informando que não.

— O que ela tem? Cadê ela, Belinda? — Ele gritou.

— Eu não sei, ele a pegou. — Chorou mais ainda.

Não teve coragem de olhar para o Thompson, sabia que a dor seria maior.

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