Capítulo 04 - Lua, 103 minutos.

Tenham uma boa leitura

#ConchasRosas

No começo, éramos apenas nós três. Conheci Hoseok e Momo ainda no primeiro ano do ensino médio, éramos inseparáveis e caóticos. No terceiro ano, Sunha e Jimin se juntaram a nós no nosso grupo de "desajustados", e no mesmo ano nossa tradição de viajar para Busan nas férias de verão começou.

Foi assim até o momento que Min Yoongi entrou no grupo no meu primeiro ano de faculdade, com Seokjin e Namjoon a tiracolo.

Éramos três, depois cinco e por fim nove.

Mas quando viramos oito, definhamos como um castelo de areia levado pelas ondas da praia na maré alta, restando apenas fragmentos do que fomos antes.

Como o mar afrontoso que rompe contra um paredão de rochas, nossas ideias começaram a se chocar; inconstantes demais, divergentes demais, e o pior: o que seriam o momento de nos juntarmos, para trazer cada um para mais perto, tornou-se o momento em que nos encolhemos em nossas bolhas e deixamos que nossas próprias marés empurrasse cada um contra um paredão de culpa e remorso, de uma maneira tão dolorosa que impedia alguns de nós de se livrar dela 一 eu era um desses.

Como se a espuma do mar me consumisse, tornou-se difícil escapar do escoamento de sentimentos gerados dentro de mim. Tudo aquilo era incontrolável, assim como o oceano à noite, impossível de deter toda a culpa e um pouco de remorso; era impossível deter a dor.

Assim como era impossível deter a sensação de ardor e vermelhidão na maior parte do meu corpo, essa é a primeira e mais dolorida coisa que consigo registrar depois da latente dor que sobe do meu pescoço até a lateral da cabeça e se espalha de forma gradual pelo resto da cabeça, ricocheteando até o ponto de origem.

A segunda coisa que registro é uma criança, em torno dos seus oito anos, segurando uma bola muito colorida, com o tronco inclinado para frente, impedindo que o sol chegasse no meu rosto.

一 Desculpa, moço. Foi sem querer 一 ela choramingou de forma fofa, verdadeiramente arrependida. 一 Não queria ter te machucado, mas a bola escorregou

Os olhos da criança se enchem de lágrimas, um bico trêmulo surgindo nos lábios sujos de alguma substância colorida. Enquanto isso, continuo deitado, sem saber como reagir enquanto encarava seu rosto gordinho.

一 Ei, está tudo bem. 一 Sentei depressa, desorientado e totalmente dolorido, mas ignorando tudo para fazer a menina parar de chorar. 一 Não chore, por favor.

Peço com a voz baixa e gentil, portando um sorriso amigável no rosto, mesmo que minha cabeça parecesse ter sido feita de bola de basquete por um grupo de titãs. A garotinha desfez o bico lentamente, mas ainda tinha os olhos úmidos com a promessa do choro que, até aquele momento, não havia acontecido.

一 O senhor não está bravo? 一 nego. 一 Nem machucado? 一 nego novamente.

A garota espreme os olhos, unindo as sobrancelhas quase inexistentes e franzindo o nariz para avaliar meu rosto abertamente, procurando um traço mentiroso nas entrelinhas. Nesse meio tempo, reparo nas bochechas queimadas de sol, denunciando a quanto tempo estava na praia; as roupas de banho com o chapéu combinando, ambos da cor amarela, junto com a bola que acredito ser a prova do crime.

一 Tudo bem, moço. Acredito em você. 一 Ela passou a bola para o outro lado do corpo, aliviada. 一 Mamãe disse que se eu machucasse mais uma pessoa com a bola, ela não me deixaria mais brincar em sua companhia em público 一 ela segreda baixinho, botando a mão perto da boca em forma de concha, como se a mãe fosse surgir a qualquer momento.

一 Não estou machucado, mas tome cuidado com a bola. Ela pode machucar você e também os outros 一 aconselho e a menina concorda com a cabeça, acenando e dizendo tchau enquanto corre para o lado direito da praia.

Ainda muito sonolento, fico sentado na areia, mesmo com uma voz irritante anunciando meu atraso para o evento de Seul, encarando a praia quase vazia àquela hora da manhã.

Noto a manta com estampa quadriculada abaixo de mim 一 protegendo meu corpo de ter contato com a areia quente 一 e uma bolsa grande demais para ser minha ao meu alcance. Estranho imediatamente, um questionamento martelando na minha mente como o relógio bigbang.

Como tinha chegado ali?

Lembro perfeitamente de estar sozinho na praia e de não ter avisado ninguém sobre minha saída, então quem tinha colocado meu corpo de forma tão cuidadosa em cima de uma manta?

Com esforço, tento lembrar o que exatamente tinha acontecido depois que fui parar na praia, mas minha cabeça doía como nunca antes, desviando toda minha atenção para o incômodo latente entorno da cabeça Minha pele e músculos também pareciam ter sofrido algo no curto espaço de tempo que não foi registrado; doloridos e vermelhos como no dia que comecei a correr 一 ainda no primeiro ano da faculdade 一 para um evento importante.

一 Preciso banir o soju do meu cardápio 一 reclamei, colocando a culpa de toda a situação nas bebidas do jantar de Sunha.

O sol aquece meu couro cabelo dolorido, como uma massagem de mãos quentes e gentis o suficiente para fazer com que minhas pálpebras se fechem e meu rosto incline em busca de mais do calor confortável do sul da manhã. Não quero pensar em como estou atrasado para o evento, ou de como meu chefe pode se decepcionar comigo, apenas penso em esperar a pessoa que tirou meu corpo do mar e agradecer por seu gesto, devolvendo a bolsa e a manta em suas mãos, para só então começar a considerar se comprar uma passagem de avião não será mais prudente nessa altura do campeonato.

Por trás das minhas pálpebras, posso ver pequenos pontinhos de luz surgindo como fogos de artifício, e isso é o suficiente para que eu entenda que recebi o suficiente de sol por toda aquela semana conturbada, então desço meus olhos até a imensidão azul.

Há poucos banhistas no mar, a maioria deles com crianças pequenas e boias coloridas a tiracolo, rindo e tentando ensinar as crianças a nadar com pequenos incentivos em direção a outro adulto. Observo um casal de mulheres mais perto da faixa de areia, elas tentam ensinar uma criança à ir de uma delas até a outra com o auxílio da boia em forma de rosquinha, comemorando quando a criança se desprende do corpo de uma delas e dá impulsos pequenos em direção à outra, com as mãozinhas gordas bem agarradas no plástico colorido. A criança dá uma risada fofa bem mais perto da outra mulher e ergue as mãos em direção a ela, pedindo que a pegue, mas tudo ocorre muito rápido.

Assim que a criança solta as mãos da boia, ela afunda na água como se pesasse uma tonelada. O desespero preenche o ar entre as duas mulheres, mas a mulher que está mais perto é rápida o suficiente para mergulhar e erguer a criança para a superfície menos de cinco segundos depois. A criança, assustada, chora a plenos pulmões, e apesar disso, posso ver o alívio no rosto das mulheres.

Solto a respiração que nem sabia estar prendendo, tão aliviado quanto elas em ver a criança chorar depois de ser erguida.

Amargamente, lembro da sensação de ter o pulmão lutando por ar e os ouvidos sendo pressionados pela pressão das águas quando a lembrança infantil ー mas tão vívida que parecia ter acontecido há duas horas atrás ー reaparece na minha frente, com minha versão de um pouco mais de sete anos experimentando o gosto de um quase afogamento, proporcionado diretamente por um primo.

Mesmo com as lembranças borradas pelo tempo, lembro como era prazeroso nadar improvisadamente na parte mais rasa da praia em um dia quente. Naquela época, era tudo que eu gostava nas férias de verão, que uma vez em sempre, consistia-se em visitas até meus tios e primos em Seul por quase duas semanas inteiras. Duas semanas inteiras que eram resumidas a praia, sorvete e competições bestas criadas pelos adultos a fim de entreter eu, Jongsu e Hari.

Foi em uma dessas competições bestas que Jongsu, dois anos mais velho que eu e um belo nadador, puxou minhas pernas até depois que a água cobrisse minha cabeça e meus pulmões passassem a lutar por ar. Foi Hari que alertou os adultos antes que Jongsu chegasse à costa; mamãe que tirara meu corpo da água e prestara os primeiros socorros.

Depois de passar dois dias inteiros sem querer olhar na cara de um Jongsu arrependido e choroso, voltamos à praia. Não corri para o mar com Hari e Jongsu como das outras vezes, tampouco cheguei perto da água cristalina pelo resto do dia, permanecendo sentado na areia com os adultos. Isso se repetiu em todas as vezes que visitamos o mar, e depois se estendeu para os todos passeios que envolviam qualquer atividade aquática.

A hesitação, junto com o medo de ter outro quase afogamento sempre estavam lá.

Com a criança mais calma, as mulheres saíram da água, passando por mim lentamente, conversando entre si baixinho e depois sumindo para uma lojinha na beira da areia.

Volto meus olhos para o mar, observando os banhistas que saiam, buscando do dono da manta e da bolsa.

Alguém sai da água, vestindo um wetsuit¹ preto e carregando uma prancha na lateral do corpo, os cabelos verdes-menta molhados de maneira charmosa, caindo nos olhos felinos, então, quando presto um pouco mais de atenção, consigo reconhecer todo aquele conjunto de coisas.

Min Yoongi está caminhando em minha direção, um sorriso travesso estampado no rosto enquanto tenta abrir o wetsuit com apenas uma das mãos.

A primeira coisa que eu faço é rir, completamente desacreditado, petrificado e com um gosto ruim na boca; talvez da bebida, que além de ter apagado minha consciência a ponto de me fazer dormir na praia, tenha criado uma ilusão realista à beira-mar, ou mesmo o choque que cobriu meu corpo e estômago assim que meus olhos esbarraram nas madeixas verdes.

A segunda coisa que eu consigo fazer é piscar lentamente, como se a qualquer momento aquela visão fosse sumir, tentando avidamente afastar as lágrimas que faziam barreira nos meus olhos. Repentinamente a dor de cabeça parece piorar.

一 Hoje não é meu dia de sorte, não consegui nenhuma onda. 一 Ele para em minha frente, ainda segurando a prancha e com o wetsuit no lugar.

Não respondo. Minha voz sendo engolida por todas as emoções que giram no meu interior como um furacão, congelando meus músculos mais críticos e nublando minha mente. Meus braços formigam loucamente e meus tímpanos doem com a quantidade de sangue que meu coração faz bombear.

Meu Deus! Eu posso apenas botar meu jantar da noite anterior para fora?

一 Está tudo bem, Tae? Você parece um pouco pálido. 一 O Min se aproxima mais um pouco, posso até ver estrelas quando ele faz isso, mas não digo nada.

E-eu... Você... Meu deus! 一 gaguejo apavorado. Não consigo falar uma frase inteira sem minha garganta doer, sem sentir as lágrimas chegarem.

Yoongi larga a prancha de qualquer jeito na areia, sem se importar com o baque abafado quando ela atinge o solo fofo, agachando-se na minha frente. O rosto muito próximo ao meu.

Faço a menção de tocá-lo, erguendo as mãos em direção ao rosto de bochechas fofas de maneira desajeitada, mas não completo a ação; uma onda de ansiedade e choque se estende por meus músculos, varrendo qualquer coordenação motora conquistada ao longo da vida.

Minha mãos tremem no ar, Yoongi as encara com os olhinhos afiados em pura preocupação.

一 Você está tremendo, Taehyung 一 ele soa preocupado quando olha minhas mãos trêmulas, as pega e prende junto às dele com um aperto gentil entre nós. 一 E está pálido, meu deus. Você precisa parar de ficar muito tempo no sol, isso te faz mal.

Quero dizer para ele que isso não me faz mal, tampouco causa tantos sintomas estranhos e desconfortáveis quanto a imagem que estou tendo dele, mas não consigo abrir a boca sem que outra onda de tremedeira atinja minhas mãos.

一 Vou chamar o Hoseok, vamos te levar para casa.

Ele grita por alguém, tão alto que meus ouvidos doem e lágrimas caem dos meus olhos enquanto encaro nossas mãos juntas. Uma agitação surge ao meu lado direito e cinco novas sombras impedem que o sol chegue aonde estou sentado, mas apesar de todo o torpor que cobre meu corpo como uma segunda pele, movo minha cabeça para o alto, em direção a eles.

Namjoon está olhando pra mim, os cabelos castanhos médio escapando do boné esverdeado e uma camisa da mesma cor, mas com a estampa de um bonsai cobrindo o tronco. Momo está mais ao lado, o cabelo com madeixas vermelhas brilhando à luz do sol, e então Sunha, Jimin e Hoseok

Hoseok está ao lado de Yoongi, que compartilha a mesma expressão preocupada que todos os outros seis.

A água escorre dos dedos de Yoongi até os meus, frios como o inverno russo, perdendo-se entre a areia quente. Remexo meu corpo na manta, tentando sair do centro daquele grupo, e quando penso que terei ao menos um sucesso ao erguer parte do corpo, uma tontura severa afeta meu corpo.

O cenário praiano oscila brutalmente, como uma câmera sendo chacoalhada e a escuridão toma forma.

Na segunda vez que recobro minha consciência, minha cabeça parece pior do que antes, mais pesada e pulsante, como se o coração no meu peito estivesse subindo andares acima. Porém, dessa vez não há criança, praia ou Min Yoongi à primeira vista, tampouco meu grupo de amigos. Apenas o refúgio escuro do quarto de hóspede da casa dos avós de Jimin em Busan.

O cheiro de lavanda impregnado em todas as paredes do quarto é o primeiro traço de familiaridade que preciso para saber exatamente onde estou, e isso, de alguma forma, traz tranquilidade à minha mente. Se estava na casa dos senhores Park, que agora é de Jimin e Sunha, todo o resto tinha sido apenas um sonho de alguém muito bêbado.

Certo? Certo!

Então afundo na cama, tranquilo por ter sido um sonho, e ao mesmo tempo, decepcionado por ter sido apenas isso: o sonho de uma noite qualquer.

Não penso na minha volta para Seul ou sobre o evento que prometi comparecer para Hyungsik, até que o som de uma notificação preenche o cômodo de forma estridente, fazendo minha cabeça doer mais.

Procuro o telefone cegamente pelo colchão, os olhos fechados e a metade do rosto enterrado no travesseiro, o qual cheirava como o resto da casa.

一 Péssima hora para mandar mensagem, Hyung 一 a reclamação sai abafada e rouca, como se há muito tempo não bebesse água.

O aparelho acende, mostrando um wallpaper diferente do que eu lembrava da última vez, exibindo todas as três notificações na tela. Há duas notificações de um post curtido, outra sobre o clima em Busan, mas nenhuma mensagem ou ligação de Park Hyungsik.

Arrasto os olhos para focar um pouco acima das notificações, a procura das horas no centro da tela bloqueada, mas acabo esbarrando na data em letras brancas e pequenas contra o fundo escuro da tela, isso arranca um gemido engasgado da minha garganta.

12 de junho de 2018.

Meus olhos secam repentinamente, ardem em brasa e meu estômago embrulha; a sensação bizarra de ser engolido pelas águas como na minha primeira vez nadando em mar aberto, reaparece furiosa em meu interior, mas dessa vez, toda a água e pavor eram substituídos pela falta de compressão. Largo o celular na cama, empurrando-me para trás e então para fora dela. Mesmo depois que minhas costas batem no chão do quarto, reprimo um chiado de dor, encontrando-me estagnado o suficiente para focar em apenas uma coisa de cada vez. Não posso acreditar.

Quando e como tinha entrado naquela loucura? Sabia que nenhum dos meus amigos eram capazes de fazer algo assim, mas uma parte muito coerente da minha mente também apontava que era impossível voltar à 2018.

Sinto o gosto amargo dançar na boca, a saliva densa e quente insistia em descer como arame farpado pela garganta, arranhando a membrana quando o simples processo de engolir era feito. Meus dedos trêmulos e frios passaram por toda a pele das costas, massageando o local da batida com firmeza enquanto tento levantar, utilizando as pernas gelatinosas como minha base de apoio.

Tento conter o suor, resultado do nervosismo, passando os dedos pelas têmporas, pescoço, nuca e cabelo, mas tudo parece caminhar para uma direção pior quando meu cabelo, há algumas horas, consideravelmente grande, agora parecia curto até demais.

É apenas um sonho. Isso não aconteceu.

É o que repito na minha cabeça, sentando de forma ereta na cama de antes. Quero acreditar que é apenas um dos muitos sonhos vividos que todos falam, ou a datagem na tela é apenas um erro qualquer do sistema. Isso acontece muito, eu sei.

A tela se ilumina outra vez e não consigo conter os olhos curiosos e atentos à superfície, e todas minhas teorias caem por terra quando a data reaparece no mesmo lugar, da mesma forma.

Puta merda!

O ar de repente parece pesado demais, obrigando meu pulmão a trabalhar o dobro para puxar o mínimo de ar suficiente para sobreviver. Se algo habitasse meu estômago, seria capaz de vomitar.

Não era real. Não poderia ser. Passado era passado, afinal de contas, ninguém poderia, ou conseguiria, voltar ao passado.

Mas e se?

Em um momento impensado, pedindo ajuda a qualquer um de lá de cima, deixo o quarto de hóspede para trás. O corredor cor creme está vazio, as três portas fechadas bem distribuídas pelas paredes, denunciando que todos pareciam ter voltado às atividades rotineiras.

Todos, menos Jung Hoseok.

Empurro a porta entreaberta do quarto que Hoseok está ocupando 一 e que sempre ocupa em todas as viagens para Busan 一 sem cerimônias. Hoseok, que tinha um livro acadêmico em mãos, ergueu os olhos até mim.

O formigamento de familiaridade fez meu coração se acalmar.

一 Quais são as possibilidades de viajar no tempo? 一 questionei afobado.

一 Poucas, muito poucas. 一 Ele ergue as sobrancelhas e fecha o livro, há uma careta preocupada em seu rosto. 一 Por quê?

Dou três passos até Hoseok, que se assusta com a rapidez com que faço os movimentos e eu 一 ainda em estado de adrenalina 一 balanço a cabeça de forma agressiva.

一 Quais são, Jung?

E mesmo com Hoseok parecendo assustado, confuso e receoso em começar o assunto, ele pigarreia e continua.

一 Buracos de minhocas, partículas que viajam na velocidade da luz, cilindro de corda cósmica. Mas todas essas teorias são frágeis, pois não têm fundamento prático.

Concordo devagar, absorvendo a informação cuidadosamente e mergulhando minhas mãos ainda trêmulas nos bolsos.

一 Você está bem? O sol fritou seu cérebro tanto assim para você perguntar sobre viagem no tempo?

Hoseok se aproxima com a expressão ridiculamente preocupada no rosto, colocando uma das mãos na minha bochecha e checando algo que eu não sabia dizer o que era.

一 Sua pele ainda está quente, vai tomar um banho frio antes que comece a perguntar sobre as probabilidades de clonar alguém. 一 A diversão inunda o rosto de Hoseok e eu o encaro.

Ele age como se nunca tivesse se afastado durante os cinco anos que transcorreram, como se todo o comportamento de distância comigo nunca tivesse existido, isto me faz duvidar da veracidade das minhas lembranças mais recentes. Tudo parecia exatamente no mesmo lugar.

Talvez a morte de Yoongi e todos os acontecimentos posteriores não fossem mais do que um sonho; um longo pesadelo torturador do qual meu subconsciente resolveu afligir ao meu estado de inconsciência. Mas eu tinha visto a morte habitando o corpo muito pálido de Min Yoongi, tinha sentindo a dor esmagadora do luto e da saudade no enterro, e por longos cinco anos, todos sofreram. Eu lembro, mas então... como ele parecia totalmente vivo e bem?

A vontade de vomitar o jantar da noite passada 一 se é que tinha uma noite passada 一 reaparece com um bolo engasgado.

一 Sim, eu vou, só que... 一 começo cauteloso, tentando formular algo coerente. 一 Okay, estamos em 2018. O eclipse de 103 minutos aconteceu?

Hoseok concorda, unindo as sobrancelhas em confusão.

一 Sim, em janeiro.

Paro de escutar no momento seguinte, os batimentos cardíacos soando agressivos nos meus ouvidos, criando um zumbido insuportável demais para que qualquer outro som além dele seja perceptível.

Não escuto Hoseok mais uma vez.

Não sei quando volto para o quarto de hóspedes 一 o mesmo que acordei 一, sequer entendo o que Hoseok tinha falado ao entrar comigo, focado em apenas um único objetivo: encontrar algo que parecesse estranho o suficiente para confirmar que era um sonho.

Algo irritantemente alto apita em cima da cama 一 meu celular. Não consigo evitar desviar minha atenção para o aparelho. Na tela bloqueada, a mensagem aparecia de forma destacada, como se zombasse da situação.

Seokjin-hyung arranjou confusão, mas estamos chegando com sua comida favorita, Tete.

A mensagem era de Min Yoongi.

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