Capítulo 3
Alessandra Andrade
Sim, eu estava exausta. Parecia que o Danilo estava querendo provar alguma coisa com as suas investidas ontem a noite. Um papo de que tudo se encaixava melhor entre a gente, que éramos uma dupla incrível e imbatível, juntamente com a sua insistência em querer me fazer dormi na sua casa, após várias rodas de sexo; onde teimosamente eu demorava a goza, detalhe esse que rendeu uma bela enxaqueca e sugou todas as minhas energias para o dia seguinte; ele fazia parecer querer instalar alguma coisa entre nós, como se quisesse dar nome ao que realmente tínhamos. E, o que nós realmente tínhamos, pelo menos para mim, era puro sexo e escape momentâneo. Eu pensei que já tivéssemos deixado mais do que claro antes.
Por isso, quando ele me manda mensagem, me desejando bom dia e perguntando se eu tinha dormido bem ou queria um café bem quente, depois da nossa noite estonteante de ontem, eu me vi obrigada a bloquear o celular e revirar os olhos. Se ele acha que aquela noite foi tão incrível assim, a ponto dele se vangloriar tanto dela, ele está erroneamente enganado. Ele só conseguiu me estressar ainda mais, com toda a sua cobrança e marcação de território. "Será que já estávamos com prazo vencido?". Enrugo a testa, guardando o celular no bolso e não querendo mais pensar nisso. Eu tinha que me concentra na Fernanda.
Assim, quando avisto a sua cabeleira loira perto do bebedouro, juntamente com os seus três filhos de menores, eu suspiro fundo. "Será que ela não tinha realmente com deixar os seus filhos?" Eles eram pequenos e precisariam de uma supervisão constante de um adulto. Aqui, não seria um bom lugar para eles. Tínhamos algo importante para tratar.
— Fernanda! — A chamo, ao acenar para ela e a mesma, sorrir radiante ao me ver, mesmo, que depois tenha murchado, ao revelar a culpa que sentia por ter trazido os seus pequenos até aqui.
Sei que internamente eu a tinha recriminado por isso, mas ao ver o seu rosto de cansaço e impotência por não saber o que fazer com ele, eu me compadeci dela.
— Mil perdões, Alê! Sei que não deveria trazer eles até aqui, mas eu não tinha com quem deixá-los. — Ela logo se justifica, tentando pegar a mão de um que havia se soltado e já queria correr.
Ok! Isso seria bem difícil aqui.
Logo, eu sabia que ficaria comigo, o cargo de cuidar deles, quando ela estivesse lá dentro. Não teria a mínima possibilidade de ela entrar com essas crianças, quando algo estava sendo julgado e avaliado pela justiça. Porém, eu também teria que garantir os seus diretos com cidadã. O que eu iria fazer?
Merda! Eu não queria admitir, mas a presença do Danilo, seria muito bem vinda agora. Ele poderia ficar com as crianças, enquanto eu entrava com a Fernanda e garantiria que tudo ocorresse completamente bem. Assim, eu não tinha escapatória.
— Tudo bem, Fernanda! Eu sei que você está dando o seu melhor. — Lhe acaricio o braço, após lhe cumprimentar. — Eu fico com elas, enquanto um amigo meu chega. Você precisa ir conversa com o seu defensor público, ele tem algumas estratégias para combinar com você e ganharem juntos, esse caso. — Ela parece sentir um pouco de esperança e conforto com as minhas palavras. Faltavam poucos minutos para audiência começar.
— Ôh, muito obrigada, querida Alê! Você é um anjo que caiu do céu. Eu nem sei como te agradecer por ter providenciado tanto para mim. Eu nem saberia por onde começar com isso tudo... se não fosse por você e sua ajuda para me guiar, eu teria me perdido. — Ela me abraça fortemente e sinto as lagrimas querem cair.
Eu lhe faço carinho nas costas e devo imaginar a carga que ela deve estar carregando, mesmo sendo tão nova e tendo que lidar com tudo isso. A Fernanda tinha apenas 24 anos. Casou com 15 e logo teve o seu primeiro filho, com 17 teve o segundo e o terceiro com 20 anos. Foi abandonada ainda grávida do último filho. Contudo, ela disse que ainda havia ficado com a casa e estava tentando seguir em frente com a sua vida; isso, até descobrir que o infeliz do seu ex marido, havia vendo a sua propriedade que inesperadamente, naquela época, ela precisava deixar a sua casa.
Uma lástima; ou uma fodida sacanagem daquele filho de uma...
"Argh!!!! Deixa-me quieta, senhor!" Tento controlar a linha e a raiva para onde os meus pensamentos estavam me levando naquele momento.
Assim, a Fernanda se despende de mim e vai até uma salinha ao lado, para falar com o seu defensor público e eu fico ali, com os seus filhos de 9,7 e 4 anos. Brian, Benjamin, Benício.
— Ok! Me deixa falar com o Danilo. — Falo comigo mesma, tentando segurar a bolsa do menor, pegar na sua mão e ainda ligar para o meu salvador da pátria naquele momento. Sei que estava fazendo uma sacanagem com ele agora, mas depois, teríamos a nossa conversa, para esclarecermos tudo novamente sobre o que realmente tínhamos. Eu não queria que ele confundisse tudo; mas caso acontecesse, iriamos terminar tudo isso que havíamos começado. Indico os bancos laterais da parede para os maiores e peço com um olhar, para que me acompanhem.
Eles se implicam trombando um no ombro do outro, mas não fazem tanto agito, quanto o menor. Logo, eu o pego no braço e tento o distrair com alguma brincadeira infantil, para que pare de ficar pulando e querer sair correndo o tempo todo. Digito uma mensagem rápida para o Danilo e aguardo que ele me retorne o quanto antes.
Enquanto isso, sorrio para o pequeno Benício no meu braço e começo a lhe fazer cosquinhas, querendo descobrir quais são os seus pontos francos e o que eu preciso fazer, para que ele se canse logo e possa ficar quietinho, para quando o Danilo chegar.
Olhando o seu sorriso de dentes de leites quase perfeitos, me pergunto como seria ter um filho com as suas semelhanças e características tão claramente na sua frente. O Benício era lindo, um clássico gaúcho com cabelos loiros e olhos claros.
Eu me pergunto se tivesse tido a oportunidade de amar verdadeiramente alguém, a ponto de ter filhos com eles, eu teria sido uma boa mãe. Eu não posso dizer que sou uma verdadeira fã de crianças, porque eu nunca tive como conviver com alguma delas, para afirmar isso, mas dizer que eu não me encantava com os seus sorrisos fáceis, a fala puxada das suas terras e da sua vivacidade de querer viver, era mentira. Embora eu tivesse o Leonardo, o meu gato, como o meu filho, não era a mesma coisa de educar e criar uma criança.
Perdidas em meus pequenos devaneios, me vejo encanta com o menino Benício, mesmo que eu tenha o visto poucas vezes nesses longos dois anos, ele era incrivelmente lindo e cativante. Treloso, mas que não nos dava espaço para sentir raiva ou alguma frustação, para repreendê-lo. Imagino que já deva ser cansativo criar um menino pequeno, quem dirá três e dar atenção para todos eles ao mesmo tempo.
Assim, como eu não tinha muito o que fazer com o meu tempo, até o Danilo chegar, eu tentei me distrair e animar os três, para que não ficassem tão pra baixo, devido a toda essa situação. Simulando um torneio para enlaçar um boi elétrico, onde o mesmo, era o pequeno Benício no meu braço, eu comecei o mover de um lado para o outro, pedindo para que os seus outros dois irmãos, provassem que são uns verdadeiros peões de rodeio.
A quem diga que a felicidade verdadeira de uma criança é contagiante. Basta um sorriso dela para você, para que todo o seu humor mude e você possa enxergar a vida de uma forma mais positiva. Contudo, eu só não esperava que isso tudo mudasse tão rápido.
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