III

— Xywyn, acorda — disse uma voz de forma brusca, balançando o ombro da dracomante.

Ela abriu os olhos rapidamente, com o coração acelerado. Sentou-se depressa, vendo Dorven diante de ti. O elfo tinha o cenho franzido e seus olhos eram uma mistura de irritação e tristeza.

— O que está acontecendo? — questionou a maga-espadachim, mirando o exterior da carroça ao perguntar.

Antes que Dorven respondesse, ela entendeu claramente a situação. Kobolds haviam invadido o acampamento durante a noite. Devia haver uns quarenta deles ali, se não fosse mais. Aqueles seres, que mais pareciam lagartos bípedes, estavam armados com lanças e espadas e trajavam armaduras de couro, confirmando o que Xywyn já lera a respeito daqueles seres. Eles odiavam armaduras de metal, pois essas os deixavam com muito frio. Os corpos deles não regula a temperatura também quanto os de outras raças.

Havia um kobold que chamava atenção por ser um pouco maior. Ele trajava uma armadura mais elaborada, expondo menos escamas do que os demais. Por sinal, estas eram azuis, cor incomum naquela raça e que Xywyn não viu em nenhum outro inimigo. Este parecia dar ordens aos demais.

— Peguem humanos para o forn — Xywyn ouviu a criatura ordenar a um aliado menor e de escamas verdes, mas não conseguiu distinguir o significado da última palavra.

A dracomante observou o ambiente em busca de mercadores ou de mercenários. Mais à frente, perto de uma árvore, viu um tronco ao qual estavam amarrados Karl, Bastian, Jesper, Anton, Bendik e os cocheiros, todos eles vigiados por um grupo razoavelmente grande de inimigos. Não muito longe deles, encontrou Aksel. O coitado estava caído sobre uma poça formada pelo próprio sangue. Xywyn sentiu a tristeza apertando o coração ao compreender que aquele aliado não voltaria para casa.

— Temos que fazer alguma coisa — falou a dracomante, levando uma mão ao rosto.

— Não há o que fazer — era a voz de Hans. Xywyn olhou para trás e encontrou o líder fora da carroça. — Atacar essa quantidade de kobolds é suicídio.

— Por que eles não nos atacaram?

— Não sei — respondeu, coçando a barba. — Já chegaram parecendo saber exatamente o que queriam. Eu consegui fugir, mas os rapazes não tiveram a mesma sorte. Retornei quando percebi que estavam ignorando a carroça.

— Não podemos deixar que levem todas essas pessoas — protestou a dracomante, tendo o bom senso de falar tão baixo quanto possível.

— Não temos o que fazer — lamentou. — Vamos fugir para Fossgardr e arrumamos outro serviço por lá. Haverá alguém com mais bom senso, alguém que não queira acampar no território desses monstros.

— Eu não vou embora sem lutar — rosnou a dracomante, bufando e encarando Hans, tentando conter a raiva que a sugestão causara nela. — Já passei por coisa pior caçando dragões com meu pai. Não vai ser um bando de kobold que vai me fazer fugir.

Xywyn suspirou e começou a pensar no que fazer. Hans queria fugir e Dorven não havia se manifestado, o que devia ser um sinal de que tinhas as mesmas intenções de seu chefe. Ela não podia contar com os dois e precisava derrotar uma quantidade surreal de kobolds. Ou não. Eu só preciso libertar os prisioneiros. Matar essas lagartixas bípedes é inteiramente opcional.

Um sorriso brotou nos lábios da dracomante, enquanto ela pensava com calma nas etapas de seu plano. Não precisava agir de forma apressada, mas não podia permitir lentidão. Entretanto, uma boa dose de improviso se faria necessária. Que o olho de Kállador seja a minha visão.

Xywyn começou a se levantar, quando teve seu braço puxado para baixo. Virou-se para Dorven, contendo a vontade de gritar, mas manteve o foco e apenas se desvencilhou do contato com o elfo.

— O que pensa que está fazendo? — questionou a dracomante.

— Se vamos agir juntos, preciso saber o plano antes de sair da carroça. Não vou atacar essa quantidade de inimigos sem uma estratégia traçada — declarou Dorven, fazendo brotar um largo sorriso no rosto da maga-espadachim.

— Se esse elfo imbecil vai embarcar na missão, fica muito feio se eu fugir, então conte comigo também — disse Hans, fitando Xywyn com um olhar de aprovação.

A dracomante olhou para os kobolds, que já começavam a se retirar. Eles haviam colocado todas as mercadorias que conseguiram na carroça de uma única carruagem e botaram dois lagartos para conduzirem o veículo. Os demais foram conduzindo o tronco com os humanos capturados.

— Ouçam bem o que estou pensando — pediu Xywyn antes de explicar o seu plano.

***

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