8 - Trilha Perigosa
Patrícia dava-se conta do caminho arriscado que estava tomando. Sua consciência, porém, martelava o contrário: "Não faça isso", mas ela parecia não querer ouvir.
"Meu Deus, o que estou dizendo? Tirar o corpo de lá? Isso não é um livro."
Em vão sua consciência insistia. Seus pensamentos, porém, iam por outro caminho:
"Ema é sozinha, poucos vão sentir a sua falta, nada mais vai trazê-la de volta. Não lhe resta mais nada, mesmo. E eu tô fudida, sem grana. Grudo nesse cara, ele vai receber uma herança... Mas para receber a herança não poderá ser acusado do crime..."
Uma réstia de luz lhe dizia: "Se ele fez isso com ela, poderá um dia fazer com você. Melhor, ele vai fazer, a questão é: quando"? Mas ela ignorou mais uma vez aquela sensata voz interior.
Conhecedora de muitos aspectos relativos às investigações policiais e ao direito penal, mesmo atordoada — e com um pouco de álcool no sangue, intimamente estava ciente de que acabaria se precipitando no erro, ao tomar decisões sem esfriar a cabeça. Era um emaranhado de sensações difusas, pensamentos conflitantes.
Por fim, o dinheiro que ele possivelmente herdaria e algo ainda mais cruel e surreal: a vontade de vivenciar uma trama policial de verdade, tudo isso a impeliu a uma decisão. Declarou:
— Precisamos tirar o corpo dela de lá, mas como vamos fazer isso?
Carlos sentiu-se encorajado a seguir o rumo que ela escolhera, mesmo que por sua própria influência:
— Só você vai poder dizer. Não faço ideia!
— Vamos pensar juntos... Você disse que Ema se hospedou num chalé, dentro de uma pousada. Será que alguém ouviu a briga?
— Não acredito. O chalé é bem isolado, com garagem, tem muita mata em volta... Difícil alguém ter ouvido.
— Ah! Tem uma garagem privativa? Então acho que tenho uma ideia... Você está de carro?
— Sim, aluguei um. Está aí na rua — respondeu, sem perceber aonde ela queria chegar. — O que você pretende?
— Um velho clichê de filmes policiais: colocar o corpo dela no porta-malas... E levar para algum lugar!
— Parece arriscado. E depois?
— Depois... Depois, eu não sei. Pensamos no caminho.
Ao entrarem no carro, ele se virou para ela:
— Você sabe que é um caminho sem volta, não sabe?
— Sei, mas não me lembre disso, senão eu desisto. Vamos logo!
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Será que nossos protagonistas fizeram a pior escolha? Uma trilha sem volta? Que tal registrar um voto e continuar? Mas não deixe de comentar...
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