Capítulo 6 - Finalmente respostas
Abro os olhos lentamente e me sento. Demoro um tempo para perceber que estou de volta no jato.
- Perfeito - Escuto o homem dizer de algum canto. - Já pode se levantar.
Me levanto lentamente e ando até minha poltrona, me sento nela, e alguns segundos depois, o homem sai das sombras e se senta na minha frente. Olho para ele, demorando alguns segundos para perceber que ele estava sem capuz. Cara, aquilo escondia muita coisa: pra começar, seus olhos eram castanhos, sua barba mal feita era loira, assim como seus cabelos que estavam cuidadosamente penteados para trás. Ele aparenta ter uns 20 anos... Talvez mais.
- Ok... Cumpri a minha parte. Sua vez de cumprir a sua. Quero minhas respostas. - Digo.
- Como prometido você vai tê-las. Pergunte. Tudo o que você quiser saber. Mas uma pergunta de cada vez, por favor. Tempo é o que temos de sobra.
- Tá. Então.. Qual é o seu nome?
- Henri - Diz com simplicidade.
- Hum.. E o que é aquela máquina? - Digo apontando para a "Cadeira-Máquina".
- Aquilo se chama Animus, com ele você reviveu uma parte da memória de seu antepassado indígena, Teçá, ele nasceu em 1623, essa memória foi de 1642... Um tanto triste, posso dizer..
- Mas, porque você fez eu reviver a memória dele? E porque essa parte?
- Isso foi mais um teste.. Escolhi essa parte aleatoriamente. Nem eu sabia como era. Olha, essa é uma parte que você precisa de bastante atenção: Teçá descobriu algo que pode mudar o mundo, algo que se cair em mãos erradas, tudo aquilo que você chama de vida irá mudar completamente. Se nós estivermos certos, esse objeto também vai impedir que a maior das catástrofes aconteça, que é algo que vai acontecer em breve. Entenda, você é a única que pode reviver as memórias de Teçá.
- Que objeto seria esse?
- Ainda não sabemos.. Mas pretendemos descobrir com a sua ajuda.
- E porque apenas eu posso reviver as memórias dele? Porque vocês não simplesmente pegam meu sangue, e fazem isso?
- Isso é muito mais do que apenas "seu sangue", tem a ver com DNA, linhagem genética, entre outras coisas... - Lanço um olhar interrogativo para ele. - É difícil explicar.
- Certo... E para onde estamos indo?
- Para o QG da irmandade... Que fica em San Francisco
- Você falou dessa irmandade quando nos encontramos também... Que irmandade é essa?
- Bom.. Isso vai ser meio difícil para você engolir, mas vamos lá: nós nos chamamos assassinos. Nós protegemos a paz e a liberdade em uma luta secreta contra os templários, que ao contrário de nós, querem controlar tudo e a todos. - Percebo que ele olhava fixamente para uma marca em seu dedo anelar que parecia ter sido feita com algo quente.... Tipo, bem quente.. Aquela marca tinha a forma de um anel. - Nós e eles existimos antes, até, das cruzadas. Os templários estão enriquecendo e se fortalecendo através das indústrias Abstergo. Atualmente estamos perdendo deles por falta de recursos, e de membros na irmandade.
- Então... A Abstergo, que ajuda pessoas, é na verdade algo que quer controlá-las? - Digo surpresa.
- Sim, a Abstergo é só um disfarce para conseguir o apoio, dinheiro, etc. Ela é praticamente constituída por templários.
- E quanto aos homens na minha casa? Eles eram da Abstergo... Pelo que eu sei, eu e minha família não temos nada a ver com esse negócio de templários e assassinos.
- Bom, agora não tem mesmo, mas.. - Ele dá uma breve pausa. - O seu pai era um assassino. Um dos melhores. Foi ele que me explicou tudo, do mesmo jeito que estou fazendo com você agora. Aqueles homens queriam um documento do seu pai, que continha uma lista de nomes e fotos de cada assassino vivo no mundo.. Se eles conseguissem esse documento, seria apenas uma questão de tempo para o fim dos assassinos. Felizmente, eles não conseguiram.
- Ok... Isso é mesmo difícil de engolir... Só tenho mais duas perguntas: como o meu pai morreu?
- Uma templária assassinou ele, porque, como eu disse, ele era um dos melhores, e era um grande problema para eles...
- Templária? Tem mulheres nisso também?
- Claro que tem. Mulheres, homens.. Última pergunta? - Essas respostas curtas que ele está dando estão me deixando confusa. Talvez se eu fizesse perguntas curtas, ele dê respostas longas. Ok... Essa lógica é confusa.
- Seu bracelete.
- Que?
- Seu bracelete é algum tipo de arma... Como funciona?
- O nome dela é Hidden blade, lâmina oculta se preferir. Ela é um sistema simples: basta mover a mão para trás, - para mostrar, ele ativa a lâmina. - e para desativá-la, basta fazer a mesma coisa. A lâmina também pode ser uma faca. - Ele usa o dedo indicador para fazer a lâmina "ficar de lado", de forma que fique como uma faca, embora a lâmina-faca ainda esteja presa no bracelete. - Todos os membros da irmandade possuem pelo menos uma dessas.
- Posso vê-la?
- Claro, mas cuidado. Use essa luva para transformá-la em faca, senão seu dedo pode cortar. - Ele diz isso e me da a luva que estava usando. Ele tira a Hidden blade e me entrega. Amarro ela em meu pulso e a ativo. A lâmina de 20 centímetros de projeta quase que automaticamente. Com meu indicador, puxo a lâmina, transformando-a na faca. De fato, se olhar a lâmina de perto, dá para ver claramente que ela é muito afiada, acho que ela rasga facilmente qualquer tipo de couro. - Isso mesmo, agora desative ela e me entregue. Estamos quase chegando. - Devolvo a Hidden blade e coloco o cinto, mas uma dúvida surge em minha mente.
- Eu tenho mais uma dúvida - Ele levanta uma sobrancelha de forma interrogativa. - Você ter me salvado foi pura coincidência, certo?
- Errado, estive observando você e sua família durante praticamente um ano, esperando pelo dia em que os templários fossem invadir a sua casa para pegar esse documento. Te salvar deles estava em meus planos.. Estamos quase chegando, eu preciso testar uma coisa quando chegarmos, então eu peço que você faça tudo o que eu disser, ok?
- Tudo bem. - O jato pousa em um hangar particular que estava vazio, nós descemos dele, e andamos até um Onix preto e entramos nele. Durante o caminho, observo fascinada as ruas e construções de San Fransisco. Nunca saí do Brasil, e a visão de um lugar totalmente diferente me deixava alegre, que era exatamente o que eu precisava, depois de tudo o que aconteceu hoje. Após alguns minutos, estacionamos em frente de uma tecelagem abandonada, Henri me disse pra sair do carro e esperá-lo lá dentro enquanto ele checaria o quarteirão para ter certeza que não estamos sendo seguidos.
Entro lá dentro e olho em volta: não havia nada além de algumas máquinas de costura e poeira. Continuo andando até ver um pequeno abajur empoeirado que estava encostado na parede. Ele estava praticamente invisível pois estava muito camuflado no meio da poeira. Fico encarando o objeto, até que reparo que o botão de ligar/desligar estava sem pó nenhum! Parecia até que alguém o havia limpado recentemente. Examino o botão por mais alguns segundos, enquanto decido se o aperto ou não. "Qual seria o problema de apertar o botão? Uma luz iria sair do abajur, e iluminar o chão. O que mais poderia acontecer?" Penso. "Mas o botão está limpo... Porque alguém se preocuparia em limpar esse botão, se tem todo esse lugar pra limpar?" Finalmente a curiosidade me domina e eu aperto o botão.
Bem, tecnicamente uma luz saiu, mas não uma luz qualquer, e não iluminou o chão, mas sim, praticamente todo o lugar, ela não tinha a forma de um feixe (como praticamente todas as luzes dos abajures), ela parecia um símbolo, não sei o que ele significava, mas ele lembrava um "triângulo deformado". Dei um passo em falso para trás, fazendo eu cair na camada de poeira que eu acho que algum dia foi o chão. Fico encarando o símbolo até que ele desaparece de repente e tudo volta a ser como antes. Escuto um "clic" vindo de algum lugar, e logo depois o barulho de algumas máquinas se movendo para o lado, mostrando um grande buraco de mais ou menos uns 10 metros de largura.
Me levanto e ando até o buraco enquanto tiro a poeira que grudou em mim. Arrisco olhar para o buraco: vejo um lance de escadas que levavam para um nível inferior. Não pude ver o fim das escadas, mas a curiosidade me fez descer. Porém, quando eu coloco o pé no primeiro degrau, escuto Henri chegando.
- Eu só fico 7 minutos longe, e você já descobre a entrada secreta para a irmandade? Isso foi muito rápido! Eu disse que esse abajur tava muito na cara. Mas não, porque ninguém me escuta? - Ele disse enquanto se aproximava.
- Pera, então a irmandade fica aqui? Em uma tecelagem abandonada?
- Não é exatamente "em uma tecelagem abandonada", é no subsolo da "tecelagem abandonada". - Ele diz com ironia. - Então, vamos descer logo, já que você descobriu a entrada. - Dito isto, começamos a descer o longo lance de escadas.
Depois de mais ou menos oito minutos descendo, nos deparamos com uma parede totalmente branca e lisa. Olhei para os lados, mas não tinha saída. Henry colocou sua mão na parede, e uma luz (acho que num scanner) saiu da parede fazendo um barulho quando terminou de scanear, e uma voz diz de algum canto:
- Acesso permitido. - Henri dá um passo para trás e a parede desliza para a esquerda, mostrando uma porta de madeira. Henri a abre e entramos. Sigo Henri por vários corredores, cheios de pessoas que usavam jalecos de laboratório ou capuzes, até chegarmos no fim de um corredor, onde havia uma porta branca. Henri a abre e entramos em uma sala mais ou menos do tamanho de pelo menos duas quadras de tênis. A sala era totalmente branca, e é toda revestida com o que parecem ser painéis retráteis. A sala não tinha nenhum móvel ou qualquer coisa do tipo, apenas no canto da sala, que há uma cabine com diversos botões coloridos, protegida com uma parede de vidro. Henri anda até ela é se senta atrás da cabine.
- Agora, quero que você faz tudo o que eu disser ok? - Assinto com a cabeça. - Quando você acendeu aquele abajur, apareceu um símbolo, lembra dele? Aquele é o símbolo dos assassinos. Esse mesmo símbolo está em algum lugar nessa sala. Quero que você use o que Teçá lhe ensinou para encontrá-lo.
- Como assim? Teçá é apenas o meu antepassado, como ele pode ter me ensinado algo?
- Um dos efeitos colaterais do Animus é que você absorve tudo o que revive, ou seja, você adquiri as habilidades de seu antepassado. Esse é um teste para ver se você conseguiu absorver as habilidades, podem ser poucos, mas alguns não conseguem absorve-las. - Ok, isso é estranho. Mas vamos lá: o que Teçá me ensinou que possa ser usado? Acertar alvos com flechas indígenas? Usar um machado? Não, acho que isso não me ajudaria muito...
Fecho os olhos para poder pensar direito, mas nada do que eu possa usar me vem à mente. Fico de olhos fechados por um bom tempo, até que depois de alguns minutos, pude ouvir a respiração de Henri, e barulho de passos fora da sala. Pude sentir tudo à minha volta. Abro os olhos confusa e vejo tudo com mais nitidez "Claro! A visão especial de Teçá." Enquanto olho pela sala, maravilhada, encontro o símbolo dos assassinos no canto da parede. Meus passos ecoam enquanto eu ando na direção do símbolo, enquanto ando, perco o foco, fazendo-me perder a visão especial.
- Aqui. - Digo a Henri enquanto aponto para o símbolo.
- Muito bem. Agora, só mais 1 teste. - Ele aperta um botão do painel, que fez com que uma parte da parede delize, mostrando um arsenal com algumas armas de fogo, algumas espadas, e alguns arcos e flechas. - Pegue um arco e uma aljava, e volte para o meio da sala. - Caminho até o arsenal e escolho um arco de madeira e uma aljava com penas naturais (o mais próximo do arco que Teçá usava) e volto para o centro. Henri aperta mais uma série de botões, fazendo aparecer 10 alvos. - Acerte todos eles de onde você está o mais rápido que puder. - Assim que ele diz isso, ele pega um cronômetro e começa a contagem. Pego uma flecha e a posiciono na corda enquanto puxo. Miro em um alvo e atiro. A flecha cai exatamente no centro do alvo. Atiro as outras flechas por extinto, lá pela quinta flecha, eu desligo a minha mente e só atiro, me entregando as habilidades de Teçá. Quando termino, Henri encara o cronômetro impressionado - Trinta segundos! Nossa! Você absorveu mais do que eu esperava! Seus alvos estavam em uma distância entre 18 e 50 metros. Se com uma seção você já absorveu tudo isso... Fico imaginando o quanto você progredirá nas próximas! - Diz ele enquanto anda na minha direção. Fico escutando perplexa. Tudo isso é novo demais para mim, tipo, nem se passou um dia, e eu já sei e aprendi coisas que eu jamais pensei que existia na vida real.
Fico sem falar nada, só observando a animação de Henri, até que alguém entra na sala. Me viro e vejo que era um garoto. Ele anda até nós e diz:
- Alice Salmazy Sachs. Finalmente te encontrei. - Diz ele com um sorriso.
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