Capítulo 26 - Vocês nao ousariam...
- Pode se levantar, Alice. Já estamos quase chegando. - Me levanto do animus devagar e retiro o visor do meu rosto. Fico de pé e me sento na cadeira do jato.
Estávamos no jato particular da Irmandade, a caminho de Recife.
Íamos pegar o frasco antes dos templários.
O jato era pequeno, com seis pequenas janelas ovais, sendo três de cada lado, e com seis lugares, porém ele foi um pouco modificado para que o Animus pudesse caber nele, sobrando então apenas uma mesa com duas cadeiras. Quase não havia corredor, pois o Animus ocupava praticamente todo o espaço. Henri estava sentado a minha frente, limpando a lente da sua sniper com um pano.
Alex era o único que estava em pé, mexendo em algo no tablet. Ficamos em silêncio durante alguns minutos, até que a voz de Jadson (o piloto) diz pelos nossos comunicadores:
- Preparando-se para a aterrissagem. Todos devem se sentar e colocar os cintos de segurança.
Nós três trocamos olhares. Não havia outra cadeira para Alex.
- Anh.. Henri.. - Alex começa. Henri rapidamente olha para o pequeno espaço que sobrava em sua cadeira, e antes que Alex continuasse, coloca rapidamente sua sniper apoiada no espaço livre.
- Aqui não tem espaço. - Diz ele. Olho para o meu lado. Sou pequena e magra, por isso há espaço suficiente para que uma pessoa do porte de Alex caber pela metade.
- Senta aqui então.. - Digo me espremendo um pouco na parede do jato para dar mais espaço para ele.
Alex se senta e coloca o restante do cinto que havia. Ficamos bem juntos, o que nos fez corar um pouco. Ficamos em um silêncio constrangedor até que Henri o quebra:
- Então.. Você vai ir com que armas, Alice?
- Apenas com uma pistola e minhas Hidden Blades, por que?
- Ah. Porque eu não sei o que deu em mim quando peguei essa rapideira francesa, sendo que eu só vou dar cobertura e pegar o frasco... Acho que peguei esse hábito de meu antepassado.. De qualquer maneira isso só me atrasaria.. Quer pra você?
- Ah.. Pode ser, então. - Ele tira o cinto da bainha e me entrega a espada. Deixo-a em cima da mesa para colocá-la depois, pois agora não iria dar pra me levantar com Alex colado em mim. - Hábito do seu antepassado? Ele era francês?
- Sim. Seu nome era Arno. - O silêncio volta, mas Alex o quebra dessa vez.
- Relembrando... - Diz Alex. - Os templários também estão vindo. Eles vão propor a troca, e você, Alice vai dar o frasco falso enquanto Henri pega o verdadeiro. - Sinto um aperto no coração quando Alex fala sobre a troca. Como eu pude ser tão burra?
Aparecer junto com Peter em público e ainda ter a capacidade de pensar que os templários não notariam?
Eles estavam um passo a nossa frente todo esse tempo e nem sequer nos demos conta. Eles sabiam sobre Peter, e agora só vão nos usar porque temos a localização exata do objeto.
Obviamente eles não sabem que sabemos o que planejam, o que nos dará uma ligeira vantagem.
Ficamos à noite passada toda em claro, pensando em algo para enganá-los. Acabamos criando um frasco falso para dar para eles em troca de Peter. Tenho até medo de imaginar o estado em que ele estará.
Meus pensamentos são interrompidos quando o jato começa a descer, tremendo como louco.
A trepidação me faz virar a cabeça para a esquerda, porém infelizmente (ou felizmente) Alex também se vira nesse momento, fazendo nossos lábios se tocarem. Em um gesto instintivo me afasto, batendo a cabeça na parede do jato.
Ignoro a dor e olho para frente, obviamente vermelha. Henri olha para nós com um sorriso malicioso.
Quando finalmente pousamos, tiro o cinto rapidamente e me levanto, pegando a espada e colocando em minha cintura.
Alex também se levanta e pega o tablet.
- Os templários estão quase chegando. Vocês só tem alguns minutos. Vão logo. - Ele diz.
Henri e eu colocamos os capuzes sobre a cabeça e saímos do jato apressados. O jato pousara em uma grande clareira da floresta.
Nos entreolhamos e adentramos a floresta.
- Bem.. De acordo com as memórias de Teçá... O frasco está dentro de um buraco, super bem escondido em uma caverna que a entrada está coberta por folhas e cipós... - Começo, tentando ao máximo diferenciar o local do restante da floresta. O que é praticamente impossível. - Seria mais fácil se você tivesse a visão especial de Teçá.. Estou começando a achar que encontrar esse frasco vai ser mais difícil do que achar uma agulha em um palheiro.
- E quem disse que eu não tenho? - Olho para ele surpresa, e como em resposta ele revira os olhos ironicamente. - Eu não lhe expliquei? Praticamente todos os assassinos tem essa visão. Nós chamamos de visão de águia.. Porém você pode chamar da maneira que quiser.
- Eita.. Como se esqueceram de falar isso pra mim?!
Ele dá de ombros, então, para e fecha seus olhos. Ele fica uns três segundos nessa posição, até que os abre novamente, piscando algumas vezes.
- Porque parou? Já tá cansada? - Diz irônico. Voltamos a andar, e depois de alguns minutos andando em linha reta, Henri para abruptamente, fazendo um sinal para eu parar também.
- Eles chegaram! Rápido, se prepara! - Exclama Henri mexendo em seu bolso e entregando o frasco falso pra mim. Pego ele e coloco-o dentro do casaco. - Boa sorte.
Henri sai correndo e rapidamente se camufla no meio do mato.
Me viro para correr para o outro lado, porém dou de cara com uma grande pessoa de terno. Olho para cima para ver quem era, e vejo Artemus. Bem, não o Artemus que eu conheci no Senado, e sim metade dele. A outra metade de sua cara agora era de metal. Um dos olhos agora era apenas um vidro vermelho.
- Ora, ora, ora.. - Diz uma voz atrás dele. Nem era necessário ele sair de trás de Artemus. Já sei quem é o dono dela.
O presidente Bartholomeu Dias.
- Mas que surpresa adorável.. - Diz enquanto sai de trás de Artemus com as mãos nas costas. - Alice.. A causa de minha queda.. - Ele para, me encarando. - Mas também de minha ascenção. - Completa. - Reconhece esse camarada aqui? - Diz, apontando para Artemus. - Lembra-se dele? Pois é.. Ele, graças a você, virou um ciborg. Gastei milhões de reais tentando mantê-lo vivo.. Até que valeu a pena, pois ele está mais forte, e... com algumas coisas a mais. - Ele abre um sorriso maléfico. - Porém ele não gostou. Disse-me que a explosão queimou o seu melhor lado.. E que agora está feio..
"Ele disse que está com raiva de você. Ele está louquinho para te matar.. Porém eu não acho que valha a pena... Você deve ser um grande ás para a irmandade.. Eu sou um político. Seu resgate deve valer um bom dinheiro.. Além disso, você tem algo que eu quero."
Finjo-me de desentendida, então Bartholomeu estala os dedos.
- Tragam o prisioneiro! - Diz
Minha visão vai diretamente para trás de Bartholomeu. Não sei o que me surpreende mais: Peter com hematomas pelo corpo todo, com um grande olho roxo e com suas roupas em trapos, ou a imagem da templária que o empurrava. Era impossível não reconhecer aqueles olhos azuis e aqueles cabelos castanhos como o mel ondulados. Mesmo em baixo daquele chapéu de três pontas, dava para reconhecê-la de qualquer lugar.
- Mãe?
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